Entre as instruções espirituais do famoso asceta e místico russo, natural de Kursk, o staretz (ancião, guia) e santo Serafim de Sarov (1754-1833), publicadas pela 1ª vez em 1839, encontram-se várias valiosas e já publicamos algumas no blogue,tal como a biografia. Esta diz respeito à doença, corporal, pois noutras abordou as psíquicas, tal a tristeza, a distração, o desespero, a preocupação, o apego, embora tudo esteja relacionado no todo que somos...
Baptizado com o nome de Prokhore, entra no mosteiro de Sarov, que se erguera no começo do séc.XVIII, com 19 anos e será só após oito anos, já com 27 anos, que se torna monge e recebe o nome de Serafim com que se tornará depois conhecido e santificado. Sofreu bastante em vida, pois a vida no deserto, poustynia, que significa vazio (ainda que densamente arborizado), de Sarov era difícil, embora ele fosse forte e corpulento e se exercitasse a cortar madeira para as construções das ermidas e capelas onde esteve, por vezes em invernos rigorosos e em que partilhava o pão com que se alimentava com os simpáticos ursos que o visitavam, hoje animal totémico ou simbólico da Rússia. Viveu muitos anos como eremita isolado na floresta. Mas iluminado por Deus, teve de voltar para o mosteiro e ensinar e aconselhar as pessoas que acorriam pela sua forte irradiação espiritual e a fama de discernir os espíritos ou interior das pessoas. Distantes de dois séculos, as suas instruções conservam a memória desses encontros e diálogos e a perenidade da sabedoria salvífica. Oiçamo-lo no que ficou recolhido dos seus ditos sobre a doença:
«O corpo deve ser o servo da alma, pois a alma é que é a soberana. Quando o corpo enfraquece pela doença tal pode ser um sinal da misericórdia Divina, pois as paixões também enfraquecem pela doença e a pessoa pode voltar a si mesma [reencontrar-se, purificar-se, harmonizar-se, curar-se].
Por vezes acontecem doenças por causa das paixões, e se então retirardes os pecados as doenças desaparecem ou cessam, pois elas ocorrem em nós por causa do pecado, tal como afirmou São Basílio Magno (no Discurso sobre a verdade de que Deus não é a causa do mal).
As pessoas perguntam: De onde vêm as doenças? De onde vêm as lesões corporais?
O Senhor (Kyrios) criou o corpo, e não a doença, criou a alma, e não o pecado. E o que é que é o mais salutar e necessário? - A união com Deus, uma relação perseverante com Ele, através da devoção e amor.
Ao perdermos o Amor, separamos-nos de Deus e, separados ou afastados Dele, tornamos-nos sujeitos a vários males ou doenças. Mas os que conseguem suportar a doença com paciência e vencê-la, tal é considerado como uma proeza ou feito ascético, que vale até mais na purificação da alma.»
Ao perdermos o Amor, separamos-nos de Deus e, separados ou afastados Dele, tornamos-nos sujeitos a vários males ou doenças. Mas os que conseguem suportar a doença com paciência e vencê-la, tal é considerado como uma proeza ou feito ascético, que vale até mais na purificação da alma.»
Após esta série de ensinamentos sobre a importância da higiene psíquica e religiosa da alma para que ela não seja vencida pelas doenças, foi acrescentada uma instrução que S. Serafim de Sarov terá dado a quem se queixaria dum mal frequente, por vezes derivado não só do excesso de trabalho mental, mas também de má alimentação e outros excessos ou irregularidades, deste modo transcrita:«Entre as doenças, a dor de cabeça pode ser causada por uma actividade mental agitada ou demasiado forçada.»
Acrescentemos ou desenvolvamo-la: «E recomenda-se então descanso mental, contacto com a natureza, enraizar com os pés no solo, massagens, dormir, lavagens repetidas, jejuar, exercício do corpo e mais actividade devocional do coração, desenvolvendo-se afectos, sentimentos, cantos, aspiração, adoração, pois assim as energias psico-físicas deixam de estar a ser chamadas e usadas demasiado no polo da cabeça ou cerebral, abrindo espaço para que esta zona descanse e se reconstitua energética e circulatoriamente, e intensifica-se antes o fogo do coração, pelo qual nos religamos mais ao fogo do Amor e Ser Divino, Sol central ou Logos do macro e do micro...
Acrescentemos ou desenvolvamo-la: «E recomenda-se então descanso mental, contacto com a natureza, enraizar com os pés no solo, massagens, dormir, lavagens repetidas, jejuar, exercício do corpo e mais actividade devocional do coração, desenvolvendo-se afectos, sentimentos, cantos, aspiração, adoração, pois assim as energias psico-físicas deixam de estar a ser chamadas e usadas demasiado no polo da cabeça ou cerebral, abrindo espaço para que esta zona descanse e se reconstitua energética e circulatoriamente, e intensifica-se antes o fogo do coração, pelo qual nos religamos mais ao fogo do Amor e Ser Divino, Sol central ou Logos do macro e do micro...


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