quinta-feira, 7 de agosto de 2025

Sobre o Amor. Reflexões, linhas de força e setas clarificadoras actuais e perenes.

 O Amor, que se diz unir tudo no Universo, o que é, como se originou, quais são os seu fins? É a essência da Divindade, o princípio da manifestação polar ou dual mas complementar, a lei da atração e repulsão, que unifica o microcosmos das partículas aos seres e sistemas no macrocosmos infinito e numa ordenação inteligente?

O Amor, que se diz reger, penetrar e reunificar tudo, estará contudo menos presente ou poderoso no Mundo, face ao que vemos de  ódio e crueldade  - as negações dele -  apenas porque estamos num processo em várias dimensões que nos escapam, porque estamos na decadência dum fim de um ciclo pesado, ou porque os seres, com as suas forças, que se opõem são muitos e alguns verdadeiramente diabólicos, adversários do Bem e do Amor qualidades, ainda assim tão maravilhosamente desenvolvidas e patentes em tantos seres?

Considerando que o Amor é sentido e tido como essência divina e  reconhecido como qualidade atractiva, unitiva, perfectiva dos seres vivos e particularmente dos humanos, nomeadamente como desejo de crescimento criativo na unidade com a beleza, com o que o complementa ou sente afinidade, o que o pode intensificar e desvendar mais nas nossas vidas, e o que é que o diminui ou mesmo apaga, como vemos no ódio e na violência e crueldade? 

                                                          
Será que é pela sua capacidade de se esforçar, crescer e criar, ou pelo suportar e superar laborosa e criativamente  dificuldades e contrariedades, ou ainda pelo enfrentar inimigos, o Mal, o diabolismo e os vencer, que o Amor se fortifica, verticaliza, aperfeiçoa e cresce, compreendendo-se então melhor o dito per aspera ad astra, "pelas asperezas até às estrelas" ou céus, que são também sinónimos da claridade da Sabedoria e Amor?

Aceitarmos o nosso estado ou condição presente psico-amorosa, seja qual for, com humildade e gratidão, é a base de desabrochamento do amor, pois então não nos diminuímos nem enfraquecemos ao lamentar-nos, ao queixar-nos, ao recriminarmos os outros, e antes ficamos aptos a mergulhar na nossa essencialidade e primordialidade, e logo a harmonizar-nos e a renascer para estágios de maior criatividade, amor e unidade, seja apenas em nós, seja com outra ou outras pessoas e colectivos, seja no Todo que nos é acessível ou que possamos influenciar pelas nossas acções e emanações.

Embora os bens do mundo sejam valiosos e úteis no caminho, o Amor deve estar acima deles, não se deixando diminuir ou enfraquecer por  causa deles, permanecendo puro ou firme na sua origem divina e integridade, face a pressões e corrupções, alienações e manipulações, modas e vícios e, desprendido,  poder controlar os gostos e atrações, os desânimos e repulsões  que se possam gerar e avançar determinado no seu dever tarefas ou missão, o swadharma, na sociedade e no Todo de que faz parte

Embora os objectivos da nossa vida, tarefas, projectos, missão e destino, o swadharma sejam bem importantes, o meio para chegar a eles, o caminho, a vibração vivida interiormente, é o mais valioso, e eis o amor auto-consciente, a poção alquímica que deve ser constantemente trabalhada, manejada, auscultada, mantida, cuidada, a partir do coração, do auto-conhecimento e da irradiação da energia psíquica que é amor, que é talento de bem fazer, como clamou na sua divisa o infante D. Henrique das navegações e descobrimentos

Sendo das características e fins principais do Amor-Sabedoria a reciprocidade, a igualdade e a criatividade, deveremos esforçar-nos por ser sinceros e interagir e partilhar fraternalmente a inteligência e empatia ou mesmo sentirmos e emanarmos a simpatia universal, e intensificando-a no amor mais pleno quando há grande reciprocidade, afinidades e unidade.

O Amor flui por toda a pluridimensionalidade humana, física, éterica, astral, mental, causal, espiritual e divina, ainda que estes últimos  níveis sejam pouco conhecidos. Se nos limitamos só a um nível, erraremos. Devemos estar conscientes da circulação vital do amor nos diversos níveis ou corpos e da interação deles com os das outras pessoas, para evitarmos enganos, desilusões e antes alcançarmos boas realizações, o desabrochamento do corpo espiritual ou da glória e desferirmos as setas e irradiações do Amor que ligam a Terra e o Céu, os encarnados e desencarnados,  elevando-se assim o santo Graal cheio...

                                                   
A sinceridade do ser parte do coração e segue pelo sentimento e pensamento, palavras e actos. A palavra que brota do coração desvenda o nosso ser e ao ser emitida conscientemente intensifica as correntes do amor libertador, que tanto podem cortar com o Não como reforçar e unir com o Sim...

Inegavelmente o Amor por vezes flui dinamicamente e age, navega, viaja, demanda, cria, voa, mas outras vezes vai abaixo, desanima por sofrimentos e desilusões, e fica apenas latente, a observar, pulsar, respirar.  É então mais necessário o recolhimento interior e a aspiração à religação com os seres amados, o anjo, o mestre e a Divindade o que é trabalhado pela oração, o canto, a meditação, para que o esforço, o sopro e a graça reavivem os canais que alteiam a chama do amor e que,  intensificando-nos, pode chegar a esses seres mais amados, e abençoadores ou inspiradores. 

Aceitar o Amor, abrir-nos a ele, é querer transformar-nos ou suplantar-nos, pois ele confronta-nos e tende a mudar carácteres, hábitos e preferências, aperfeiçoando-nos e libertando-nos do não essencial, do superficial, do que pouco impulsiona o bem e o amor em nós e nos outros. 

Consciencializado no centro do peito e nas posturas corporais, na irradiação de bem querer no coração, o Amor torna-se fogo sacrificial,  erguendo-se ao céu da sua plenitude e manifestando-se ora no trabalho paciente mas infundido de amor, na criatividade exaltante e fecunda, na compaixão ou acompanhamento abnegado ora em comunhão sacra e adoração inefável.

 O Amor une dois ou mais seres na naturalidade das suas afinidades e une um casal ou família para criar um ambiente propício ao aperfeiçoamento recíproco e  ao sentir e realizar o mistério do Amor divino unitivo que liga corpo, alma e espírito, e a Terra e o Céu. E para a comunicação criativa das suas qualidades e potencialidades, a  geração de filhos, obras, investigações, abnegações, adorações, unificações, para a melhoria da Humanidade e da sua ligação ao Cosmos e à Divindade.

O Amor não deve falar muito de si, nem se mostrar demasiado, nem revelar o que consegue invisivelmente de comunicação ou circulação, pois há muita inveja e até ódio, e a demasiada luz e calor que ele tem ou traz incomoda e pode gerar reações das trevas. Talvez por isso o coração não se vê, e quem vê caras não vê corações, e mesmo as suas pulsações por poucos são escutadas e mais ainda as suas subtis emanações que apenas alguns artistas conseguiram intuir e desenhar, chegando-nos em pinturas de auras, em sagrados corações de mestres e mestras, e em filigranas douradas e jóias imaculadas, os quais de quando em quando devemos meditar ou contemplar, recuperando ligações a linhas de força, a psico-morfismos  ou arquétipos que nos ajudam no nosso caminho de peregrinos e fiéis do Amor dentro da história da Humanidade e da sua Filosofia Amorosa Perene.

O caminho do Amor neste século XXI é cada vez mais o da lucidez e da força ígnea de sabermos infundi-lo no nosso quotidiano, de amar criativamente quem devemos, ou o que devemos, e de afastar-nos do que não devemos amar, ou repudiarmos o que é falso, violento, hipócrita e racista, para melhor apoiarmos e amarmos os seres, actividades, grupos e povos que mais demandam a luz, a justiça, a  sabedoria, o amor, a paz. E que neste ano de 2025 cada vez avançam e se afirmam na batalha pela Humanidade multipolar e equitativa, e logo fraterna e amorosa, que todos os grandes seres luminosos desejam e apoiam, e que a Rússia, os seus aliados e o  BRICS lideram sacrificialmente a concretização...

                                          Lux, Amor, Pax!

Sem comentários: