sábado, 30 de agosto de 2025

Dia Mundial do Ambiente. Um texto para a celebração, dos meus tempos de jovem ecologista espiritual.

Estando a concluir um texto para o In memoriam do Afonso Cautela, na busca das referências a ele, encontrei este texto solto que menciona a sua livraria Peninsular como um dos locais alternativos, e resolvi partilhá-lo. Contextualizarei melhor as ideias expressas, futuramente. Creio que foi escrito em Junho de 1978 e não terá sido distribuído. 

                                                         
           «Om
Celebra-se hoje [5 de Junho, de 1977 ou 1978] o dia mundial do Ambiente, unificação por todo o planeta dum pensam
ento sobre o que nos rodeia e onde andamos, nesta nossa peregrinação aqui e agora no Universo, e em Portugal.

Ambiente tanto exterior como interior, tanto visível como invisível e que no fundo é toda a vida de cada um de nós nos seus aspectos de relação. Por isto é fundamental não só todos os aspectos serem repensados e consciencializados, como também daqui resultarem modificações reais e sensíveis  na vida de cada um e da sociedade.

Estamos no amanhecer da era astrológica do Aquário, e por toda a Terra se pode observar já o despontar de alternativas harmoniosas, em contraste com os padrões habituais desequilibrados de produção e consumo.Trata-se realmente duma mutação a realizar não só no foro individual de cada um, mas a reflectir-se no exterior no social do trabalho e da vida de cada um.

Alienados de nós próprios e da Ordem do Universo, as poluições e exploração são o resultado lógico desta falta de sintonização e harmonização, que é o trabalho mais urgente e criativo a fazer-se. 

Se o ambiente está já no sangue do sub-desenvolvido, ou na poluição das lixeiras, ou na mortandade dos animais e humanos, ele está também em causa nos desejos formulados e nas emoções sentidas perante as diversas situações em que participamos diariamente.  Aqui cabe-nos uma tarefa de sabermos optar com discernimento face aos estímulos e influências baixas, produtoras de toda a gama de sentimentos que vão desde a irresponsabilidade ao medo, da violência ao sexualismo.  E, em estreita ligação, o controle dos nossos pensamentos, que na maior parte das pessoas não são só alheios, como involuntários: os livros e as modas, os jornais e os partidos, a televisão e as ideias feitas, literalmente esmagam a criatividade  das pessoas  e a sua capacidade de alterarem os seus modos de vida nesta sociedade tecnocrática e materialista que não hesita em destruir a fauna e a flora, na sua ganância de lucros e de industrialização, sem mencionarmos os milhares que se gastam nos armamentos, que servirão um dia para os humanos se auto-destruírem.  

Mas como nós somos imortais, espíritos incarnados em corpos materiais, estes sim perecíveis, está bem de ver que é da nossa identificação com o corpo físico que nasce a ignorância criadora de desejos que sustentam o actual modo de vida dito materialista, despossuído da transcendência Divina, e das finalidades cooperadoras na realização dum plano, que conduz a humanidade para a sabedoria e o amor.

É para esta tomada de consciência e para o seu frutificar que tantos movimentos alternativos, espirituais e comunitários têm surgido, apontando a necessidade de transformar-nos primeiro, antes que possamos correctamente agir no mundo, e oferecer toda uma série de práticas e experiência que permitem a harmonização e unidade com a vida.

Assim os ditos problemas do ambiente devem ser tratados a partir da unidade da vida, e com um conhecimento real de tudo, visível ou invisível que está implícito, e no próprio local, o que requer seres harmonizados e conhecedores; a tal revolução cultural que não se fez no país, mas é claro não só no povo, mas sobretudo nos dirigentes, que esperemos que deixem de ser guiados [ou corrompidos] pelos grupos de pressão que estão por detrás das nucleares, dos armamentos e de tantos bens de consumo.

Felizmente no nosso país a nova era vai-se tornando possível em alguns pontos que apontamos aqui como intuição-sugestão de práticas, teoria e contactos interessantes que podem ser aprofundados e irradiados-partilhados: 

Em Lisboa os diversos restaurantes vegetarianos e macrobióticos, as livrarias S. António [do Tony Silva], Peninsular [do Afonso Cautela] e a do Victor Quelhas; a Sociedade Teosófica, r. Passos Manuel, 20, cave.

Em Sintra, os ensinamentos não violentos (de Lanza del Vasto e da Arca, com a Manuel Lourenço), rua Carlos França, nº 9. 

No Porto, a Pirâmide, R. do Bryne 50, restaurante e centro conhecedor das experiência biológicas e conhecedoras no Norte.

Em Porto Brandão, Caparica, a Agrosanus, r. 28 de Maio, com o Luís Vilar.

Em Lagos a cooperativa de Barão de s. João com o Deodato Santos

Revistas e jornais como a Urtiga, a Alternativa, o Nostra, a Gnose, a Via Macrobiótica (r. Sacadura Cabral, 89, à Cruz Quebrada); a Carta Urgente (r. Fernando Santos, 13, 1º Setúbal); a Raiz e Utopia, (r. António Maria Cardoso, 68,1º Lisboa).

Que possamos realizar a nova era em nós e à nossa volta, criando assim o ambiente luminoso e amoroso da Harmonia do Universo.»

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