sábado, 9 de agosto de 2025

Angra do Heroísmo e a sua aura vulcânica, de paz e do divino Espírito. Impressão duma viagem em 2015, registada no diário

                                              

Há cerca de oito anos estive na ilha da Terceira para conferenciar na Angra sobre Antero de Quental, visitar duas pessoas amigas e a ilha, e consignar ou dar alguns livros. 

                                      

Foram dez dias, e registei algumas impressões num diário, hábito que desde o começo da juventude preservo, enchendo cadernos e mais cadernos, com muitas páginas partilháveis, tal esta:

«É possível que a grande paz que se sente em Angra do Heroísmo, nos Açores, sobretudo ao anoitecer, tenha como causa também, para além da relativa acalmia psíquica de uma cidade pacata e com pouca gente, a aura vulcânica que lhe subjaz e a consequente proximidade ou iminência  dos tremores de terra, que já aconteceram e podem acontecer a qualquer momento, ao que se poderá acrescentar outros  dados: o respeito ou mesmo temor que tal gera nos habitantes, a memória do ocorrido que impregna os muros ou ainda está visível em ruínas e finalmente os muitos seres que, subitamente, num cataclismo destes, ao morrerem, se elevam para o meio ambiente atmosférico subtil da cidade  e de certo modo o refrigeram, estancam, silenciam... 

O capacete de nuvens que cobre com frequência a cidade e os campos também contribuirá para uma certa irrealidade que a parece banhar e que talvez faça com que os seus habitantes tenham mais presente nos seus ouvidos o crepitar das esferas ou partículas do éter celestial e, por essa subtil convivência diária com infinito etérico que nos envolve, mais facilmente se entreguem seja ao grande Oceano que os pode engolir, seja à Mãe Terra e suas casa que os pode soterrar, seja a Jesus, Maria, Deus, divino Espírito, crendo ou sabendo que suas almas continuarão vivas e bem encaminhadas no além..

A calma omnipotente que se sente em Angra faz com que os próprios animais se aproximem mais dos homens e os homens das mulheres, e as crianças dos idosos e assim os impérios fraternos do Espírito santo e suas festas tiveram mais sucesso, pois são invocações de uma Divina Protecção, doadora de abundância, de amor, de fertilidade, aqui tão presente e necessária.

Ao fim de um dia na ilha da Terceira entendo um pouco de Praia e de Angra estarem bem abertas a quem quer receber as vibrações subtis que a ilha poderá proporcionar.

Escrevo encostado à porta de um Império do Espírito Santo sobre o sexto degrau e sob um bom telhado aligeirado com certa humildade. Orei e meditei bem.

A paz da rua, das casas, da gente recolhida no interior delas, e sempre bastante concentrada, introspectiva, fechada a bem ou a mal como resultado da insularidade e da alma colectiva e ambiental, convida-nos a tentar sentir mais o grande Oceano envolvente da ilha, os Espíritos da Natureza, tais os dragões subterrâneos, que por aqui vivem e inspiram, e o Anjo da Guarda ou Arcanjo da cidade ou da ilha, um mistério maior que mesmo assim invocaremos e cultuaremos, tal como o divino Espírito Santo.»

Sem comentários: