sábado, 2 de dezembro de 2023

A Música das Esferas, e Pitágoras, em Portugal. Um diálogo de Ângelo Ribeiro, de 1919, prefaciado por Leonardo Coimbra e agora Pedro Teixeira da Mota.

 (Texto ainda a ser melhorado...)
Vivo enigmaticamente continua ainda hoje o mistério d' A Música das Esferas, pois pouca gente conhece a sensibilidade e sabedoria de Pitágoras, ou dos pitagóricos que o seguiram, de quem tal designação despontou, e poucos a  conseguem ouvir em vida terrena. 
É verdade que ainda existem grupos ou linhas espirituais, sobretudo indianos, nos quais a meditação no som interno é uma prática diária, e assim algumas almas conseguem ouvir certos sons interiores que podem entrar em ressonância ou ser uma manifestação interna da cósmica música das esferas e partículas.
 Já outras pessoas assumem mais simplesmente um som ou zumbido ou crepitar que lhes ressoa constantemente nos ouvidos, como uma continuidade, ou um afloramento nos ouvidos, da vibração cósmica que subjaz todo o universo e os seres, e tentam harmonizar-se, silenciar-se, interiorizar-se, desassossegar-se/nirvanizar-se nele...
Se imaginarmos um aparelho que conseguisse registar este som  numa pessoa viva, e depois se focasse tal aparelho num corpo morto, constatar-se-ia que já não se ouviria, e então teríamos de aceitar que tal som provém da vida, seja do sangue em movimento, seja de uma correnteza subtil cósmica que o anima e nele ressoa. 
Em verdade, o som interno pode ter vários níveis e ser atribuído a essas duas fontes e assim ter uma origem também não orgânica mas psico-espiritual: uma receptividade a um som, por vezes mesmo musical, que tanto poderia ser eco do sistema solar, e hoje já há gravações computoriais de tal,  como a da omnipresente energia divina cósmica, e tal resultar audível pela harmonia anímico espiritual que alcançamos.
Devemos  então discernir um som  que ouvimos constantemente originada na circulação e pressão sanguínea e  que crepita nos ouvidos, e outro som já vindo dos mundos internos, do nosso peito subtil, da gruta e íntimo do coração, ou até do eixo da coluna vertebral subtil. Pode-se pensar ainda que este som interno  pode  vir do Cosmos, com os nossos ouvidos espirituais a captarem-na de uma dimensão subtil e a conseguirem fazê-lo chegar aos nossos ouvidos subtis e físicos...
Como então poderemos abordar melhorar esta subtil correnteza musical que une os mundos e seres e que alguns poetas ouviram e sentiram, em especial nas suas comunhões com a natureza, a amada, o espírito e a Divindade? 
Como a captarmos ou conseguirmos ouvir ou quem sabe irradiar-emanar melhor?
Há os que cantam e oram, por vezes com harpa, como foi o caso de Marsilio Ficino, e que nas suas maravilhosas cartas a ela se refere, e depois de cantarem silenciam-se e tentam comungar com ela. 
Há as técnicas indianas yoguicas de se fechar os ouvidos, de se repetir o som Aum,  de se seguir a respiração com um som curto para o começo de cada inspiração e expiração, e outras com mantras sonoros e gestos ou mudras que se transmitem nas iniciações.
Há pessoas que cantam ou repetem litanias, mantas sagrados, preces íntimas, longamente e no fim sentem que há mais reverberação, alguns confessando ouvirem o som sagrado do Universo, ou mesmo a música interior, que se pode chamar a interna música das esferas.
Outros apontam a necessidade de estarmos mais auto-conscientes e unindo os ouvidos e a visão interior do espírito.
E há quem experimente o som zumbido provindo dos mundos subtis. E a palavra interna sem som que clarifica ou chama......
Entre nós houve vários pensadores, escritores que aludiram à Música das Esferas, ou discorreram ou poetizaram. 
Um a realizá-lo valiosamente foi o açoriano Ângelo Ribeiro, num livro de poesia Verbo Antigo que levou até o prefácio do seu amigo e mestre Leonardo Coimbra, e foi publicado em Lisboa pela famosa Livraria Ferreira, na rua do Ouro, 132-138, em 1919, com  belos desenhos de H. Pelágio. O exemplar que partilhamos foi dedicado com estima ao escritor e professor Teófilo Júnior, nascido em Arronches em 1891.

Ângelo Ribeiro quando escreve este livro é ainda um jovem, pois nascera em Angra do Heroísmo em 7 de Janeiro de 1886, manifestando desde cedo o seu republicanismo e vocação pedagógica. Acabara de concluir (em 1917) o seu curso de Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa, e começava a singrar como tradutor, escritor, professor e jornalista nos meios intelectuais,  e em especial da Renascença Portuguesa, tendo uma boa relação com Leonardo de Coimbra, que o convidará a ser professor de História na recém criada Faculdade de Letras do Porto, o que exerceu de 1923 a 1931, data em que a Universidade foi extinta, sendo depois professor liceal em Lisboa, até ser obrigado em 1936 a reformar-se, com 50 anos, desincarnando, pelo coração, pouco depois a 5 de Outubro de 1936. Foi um amante da antiguidade, dando à luz na Renascença Portuguesa duas traduções de Platão,  o Fédon, diálogo com a alma e a morte de Sócrates com prefácio de Leonardo Coimbra, e a Apologia de Sócrates, e podemos considerá-lo um espiritual.
A obra partilha uma dedicatória grata, justa e ascensional: 
A LEONARDO COIMBRA
Ao filósofo-artista da Alegria, a Dor e a Graça, em que maravilhosamente se canta a nostalgia das Regiões Mais Altas
                                                      A. R.
Leonardo Coimbra, professores e alunos da Faculdade de Letras do Porto, nos anos 20. Cremos que Ângelo Ribeiro será um dos à sua direita.
 Este Verbo Antigo foi a sua primeira obra, escrevendo ainda mais uns doze livros e traduções e vários artigos em revistas (nomeadamente na Águia, já que na teosófica Ísis apenas está como colaborador potencial no nº1, de 1923, após Leonardo Coimbra e Teixeira Rego) e jornais, além de numerosos verbetes na História de Portugal coordenada por Damião de Peres.
Verbo Antigo contém seis poemas dedicados a temas e seres da Grécia: Logos, As Lágrima de Heráclito, A Flecha Imóvel, A Suprema Afronta, As Sandálias do Poeta e o último é o consagrado à subtilíssima Música das Esferas, referida por exemplo em certa dimensão, para além de Pitágoras, e de muitos outros, por Homero quanto ao canto das Sereias que ajudavam as almas a ascender.

E no prefácio de mestre Leonardo Coimbra, que originalidade ou intuição mais valiosa se deverá destacar?
Conhecendo Leonardo Coimbra por intermédio do meu pai que o ouviu uma vez, e de Sant'Anna Dionísio, com quem dialoguei muitas vezes, tendo-o lido em várias das suas obras e  sentindo-o, eis como transmitiremos ou parafrasearemos algumas das melhores linhas do seu pensamento e ensinamento, e  assim hermeneutizo o seu prefácio:
Leonardo Coimbra é um ser de fogo, que se consegue abrir ao espírito, ao corpo de luz, e transmiti-lo pela palavra, pela voz, pelo entusiasmo, ou seja, en theos, em Deus.  Considera que cada ser,  sendo um artista em potencial, pode irradiar pela sua vontade o fogo ou faísca que ressuscita a alma daquilo ou de quem  ele vê e contempla, e que tal se processa como um desabrochamento de uma flor, de um chakra ou centro de forças, e em especial o da consciência espiritual.
Este despertar consciencial realiza-se sempre num local, num tempo, numa zona, num plano de concretização de vários níveis subtis de emoção e sentimento, de pensamentos e ideias.
Alguns destes são mais eternos, sagrados e profundos, e se os auscultamos, evocamos e repetimos, sentindo-os, esse Logos ou Inteligência ou Ideia (tão amada e demandada entre nós por Antero de Quental) torna-se então palavra, ritmo, proporção, poesia, canto, mantra, magia, desvendação, alegria, graça.
E assim a palavra e ideia que emitimos é tanto uma corrente de forças que sai de nós, da nossa boca, cabeça e peito, como uma corrente que nos chega dos tais planos logóicos onde fluem essas ideias e qualidades divinas em ritmos e sonoridades bem subtis.
O artista espiritual,  quem tenta descobrir e desvendar mais o espírito e sua vida, exerce a sua alma e corporalidade com bastante desvelo e harmonia, procurando acertar e ser eficaz nas proporções e ritmos de sons e sentimentos, palavras, gestos e transmissões.
Ele, mais do que apenas um corpo, é sobretudo uma alma em metamorfose a exercer-se criativamente na irradiação, mas também no silêncio acolhedor e no esforço de reminiscência ou memória supernal, essa que nos poderá ligar aos céus e até à música das esferas.
E então, se procuramos mesmo o coração da vida, o espírito, a Divindade, tal comunhão com a tradição espiritual leva-nos às vias já consagradas pelas tradições imemoriais, tal a música das esferas da antiga Grécia, de Orfeu, de Pitágoras e de outros sensíveis à magia subtil do som e da palavra, do canto e da música, dos sentimentos e da intenção-aspiração, em comunhão com a Anima Mundi, a Alma do Mundo, hoje designada também como o Campo, the Field, o Campo unificado de energia, informação, consciência, em que todos estamos entretecidos...
Leonardo Coimbra, com Teixeira de Pascoaes.

 Transcrevamos agora textualmente algumas das melhores ideias-forças prefaciais transmitidas por Leonardo Coimbra a convite de Ângelo Ribeiro:
« (...) A sua homenagem é a boa e doce brisa, que toma a flor, que a embala, na repetição acalentadora da sua forma.
Uma luz se acende no Espaço e uma outra responde ao seu apelo - duas consciências em companhia na imensa solidão e bruteza do ambiente.»
« (...) Um livro é uma simples massa mecânica ou um formidável condensador de pensamento, como o explosivo que é simples peso ou, diante do reagente próprio, reservatório de energias, arremessando gestos, fragmentando, estilhaçando. Não dorme o fogo no próprio coração das pedras?»
«(...) Onde o artista pousa a alma ressalta uma faísca de animação e vida, como se o nosso olhar, perfurando os olhos dum cego, lhe reacendesse as cinzas amortecidas. É o fogo de Heráclito animando o universo e, do fundo das cousas, respondendo ao nosso amoroso chamamento.
A arte é uma obra de ressurreição: quando revivemos um artista morto, o seu espectro é ao nosso lado, convivendo e amando.»

Oiçamos finalmente então o belo diálogo, bem no ambiente da Grécia antiga, entre Filolau (c.490-385), um dos filósofos pitagóricos mais sábios, e que viveu na cidade (que seguia a via pitagórica) de Crotona, autor dum livro com os arcanos de Pitágoras que Platão comprou quando  viajou até Tarento com esse fim, e Símias, o tebano, de Tebas, discípulo de Sócrates, amigo de Cebes, o autor da famosa Tábua Moral, num diálogo imaginal que nos é oferecido segundo a valiosa sensibilidade e compreensão de Ângelo Ribeiro,  para quem  a música das esferas chegará ao ouvido atento e aberto ao ritmo e harmonia das esferas, planetas ou coros do Cosmos,  o qual (alma-ouvido) se torna lira multicórdia, ou seja, precipita ou coalesce em sons a harmonia subtil numérica e musical dos planos espirituais, seja do Macrocosmos seja do Microcosmos. Ou como ele diz numa frase de valor perene, e que se pode tornar para nós citação de cor, ou de coração: «E todo o Ser é viva comunhão/ Na fúlgida harmonia sideral.»

Anote-se que Ângelo Ribeiro a anteceder A Música das Esferas, contextualizou-a pitagoricamente com cinco citações, que fotografamos, e transcrevemos parcialmente:
«Pitágoras, grego da Jónia, nasceu em Samos em 584, e fundou em Crotona uma associação filosófica, religiosa e política, que adquiriu grande influência naquela cidade e em outras colónias  gregas de Itália sendo por fim perseguida e dissolvida, e assassinado o fundador, em Metaponto (504). [Há outras versões do fim.]
                                                  Diógenes de Laércio.
 
 «Instruídos nas matemáticas, os pitagóricos foram levados a crer que a explicação última das coisas estava nos números. Os números são anteriores e superiores às coisas, que se submetem às suas leis. São a única [ou primordial] realidade e a eles se reduzem todos os objectos do pensamento.
                                                    Aristóteles. Metafísica.
 
 «Filolau de Crotona foi da seita [ou sodalidade, irmandade] de Pitágoras... Era da opinião que tudo se faz por meio da necessidade e da harmonia. Foi o primeiro a ensinar que a Terra se movia em círculo, doutrina que outros atribuem a Hicetas de Siracusa.
                                                        Diógenes de Laércio.
 
 «O céu inteiro é uma harmonia e um número.
                                            Pitágoras (seg. Aristóteles)


A MÚSICA DAS ESFERAS

«Filolau, derradeiro iniciado
Nos sagrados mistérios pitagóricos.
Tem júbilos extáticos, eufóricos,
em face do Universo desvendado

E o seu olhar surpreso,
Seguindo a curva ideal
Das lívidas esferas
É lampadário acesso
Na refulgência astral
De eternas primaveras.

E seu ouvido atento
É lira multicórdia
Ás vibrações étéreas,
Reproduzindo, lento,
A lúcida rapsódia
Das mil corais sidérias.

Filolau, derradeiro iniciado
Nas doutrinas do Mestre bem-amado,
Afirma que a ciência de Crotona
É para a gente dória
Maior glória
Que para a clara Atenas a memória
Do sagrado troféu de Maratona.

E na noite de Tebas, perfumada,
Luarizada,
Silenciosa,
Mostra a Símias a via luminosa
Que conduz à ciência misteriosa,
Do Ritmo e da Harmonia do Universo.

Filolau
 
- Em tudo quanto vês nada é disperso
Como os sons que, da lira, uma criança
Tira a esmo, sem ordem, sem medida...
No Mundo, tudo corre e é mudança:
Mas em toda a mudança se surpreende
A relação constante, definida,
De dois números simples - como aquela
Que em uma melodia, a mais singela,
Um som a outro som acorda e prende.
 
Símias
 
Teu dizer não me deixa, não, surpreso.
Os físicos da Jónia,
A gente idónea
De além Peloponeso,
Já tinham mergulhado
Olhares penetrantes,
Desflorantes,
Desfibrantes,
Como feixes de luz, no Ignorado.

E na alma ansiedade,
Haviam devassado,
No oculto pensamento,
A muda Realidade -
E, em parte do mistério,
O enigma do Sidério
Para eles, tudo é vida, é movimento.

Filolau
 
A muda Realidade - 
Afirmas tu, ó crédulo Tebano!
Assim a humanidade!
Não sabe ouvir o teu ouvido humano:
É porta a que o divino vem bater,
E não ressoa,
E não ecoa,
E jamais se abrirá.
É harpa abandonada, a carecer
De cordas de oiro,
E que o Eolo jamais desferirá!

Visão de agoiro!

Pitágoras, ó mestre bem-amado,
Teu verbo augusto
Será, no mundo angusto,
Por séculos e séculos olvidado!

É viva a Realidade:
Anima-a a inteligível Unidade,
Alma do mundo,
De cujo ser profundo 
Sai todo o Número e toda a Extensão.
E todo o número é comunicação
Da parte com o todo inicial.
E todo o Ser é viva comunhão
Na fúlgida harmonia sideral.

No mundo, tudo corre: é movimento,
E o movimento é Número e Extensão.
Foi este o pensamento
Enorme, suprahumano
Do Mestre italiano.
É viva a Realidade:
Dá-se, fala-nos, canta,
E no ritmo de suas atitudes
Há belas, sensuais similitudes
Com a graciosidade
Harmoniosa,
Que embala, vence, encanta,
Duma dansa de ninfas perpassando,
Refluindo, ondulando,
Na sombra misteriosa,
Duma floresta idosa.

Símias
 
A mágicos da Assíria ouvi contar
E meus olhos o podem comprovar,
Que, no giro dum ano, todo o Céu
Uma volta perfeita descreveu.
Concedo-te que sejam movimento
Os astros, o ar, o próprio firmamento.
Tudo é móvel, disseste, no Universo:
Porém é incontroverso.
Que enquanto a meia-esfera cristalina
Do céu
Jocundo,
Sobre a minha cabeça, sibilina,
Desliza, lentamente -
Eu sou imóvel, Eu,
Centro do Mundo,
De pé neste rochedo,
Dominadoramente:
Sustenta-me o granito mudo e quedo.

Filolau
 
Se ouvisses o granito!
Sua própria dureza é mais um grito
Angustiado
Do peito alanceado,
A queixar-se da própria imperfeição.
Sua rugosidade
É crispação
Duma asa encarcerada
Na ansiedade
De desprender o vôo
Na loira madrugada.

Centro do Mundo, sou-o
Acaso?
Eu - humílimo vaso
De vis imperfeições?
 
E a Terra, colossal reservatório
De tantas abjecções,
Jamais poderia ser
O extremo somatório
Das altas perfeições.
As lívidas Esferas taciturnas
São outras tantas urnas,
Tenebrosas, soturnas,
De baixa imperfeição.
 
E o esplendor que nelas julgas ver
É comunicação 
Do fogo que irradia
O Ser imóvel,
Centro do Mundo, fulcro universal,
Pois sempre o imóvel foi superior ao móvel.
E o centro dessa Esfera supra-astral
(A curva eleita,
A mais perfeita
De quantas ela envolve)
Perfeito tem de ser,
Pois dele tudo envolve:
É imóvel, luminoso.
A Luz e o Repouso
São, na série dos Bens universais, 
O que de mais
Alto e perfeito posso conceber. 

Embora pese ao divo coribante
E à própria Cibele,
O Imóvel tudo impele:
A terra é urna errante.
Como as outras esferas taciturnas,
Aladas urnas,
Frágoas soturnas,
A Terra, globo errante,
É presa ao mesmo laço
Da harmonia
Cariciante,
Que as leva pelo Espaço,
Na argêntea sinfonia!

Símias

Cibele dança
E não descansa...
E meus sentidos negam-se à evidência,
Porque
Esta impotência?

Atende, e vê!
Não com teus olhos flébeis,
Escravos débeis
Da Ilusão...
Mas sim à chama viva da Razão.
O dia, a noite, o luar, o inverno, o verão,
A rotação anual
Da meia-esfera astral
Afirmam-te a harmonia universal.

E o número preside ao sincronismo
Do cósmico bailado
Das esferas, errando pelo abismo
Opalizado.

E o Número regula, arquidivino,
A lúcida cadência
Das Esferas, cantando o sacro hino
Da Existência.

Maravilhosas fugas orquestrais
De ninfas estelares,
Nas órbitas perfeitas, circulares,
Das rotas siderais!»
 
«E o esplendor que nelas julgas ver
É comunicação 
Do fogo que irradia
O Ser imóvel,
Centro do Mundo, fulcro universal, »

Após este maravilhoso hino à harmonia da Alma humana com a do Mundo, que emana da esfera da Inteligível Unidade Primordial ou Divindade, oiçamos para finalizar o nosso genial filósofo e matemática, amoroso e combativo, poeta e espiritual, Leonardo Coimbra,  no prefácio comentando o poema diálogo Música das Esferas:
«E a lira de Pitágoras é para além do som, que só para o homem desatento e estúpido é inexpressivo, a relação numérica, a proporção que liga e une as coisas em fraterno convívio e fraternal comunicação.
É também o concerto destas vozes que das encostas se levantam, e por cima do rio se chocam em unidade perfeita, subindo aos céus, como prece da Noite, cantando.»
 
Oremos e dancemos, cantemos e meditemos com Pitágoras, Filolau e Símias,  Leonardo Coimbra e Ângelo Ribeiro na comunhão da Música das Esferas, do som e vibração Divina!...!
 
Uma visão espiritual da música cósmica primordial, por Bô Yin Râ.





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