Saudar o amigo, o conversador, o utopiano, o discípulo, o mestre, tudo isso pairará sobre esta pequena invocação de Agostinho da Silva, com quem tive a fortuna ou privilégio de conversar muitas vezes no seu apartamento na Travessa do Abarracamento de Peniche: -”O meu amigo...”
Já lá vão mais de trinta anos quando, por indicação do meu irmão mais velho Carlos, como Agostinho da Silva amante do Brasil e também já no além, comecei a visitá-lo com regularidade, dada a proximidade da nossa casa na rua de S. Marçal da sua (embora o meu local de residência se modificasse depois), e sobretudo porque senti uma sintonia de amizade, de busca, de demanda, de cavalaria de amor, de espírito e de universalidade.
Na verdade, todos os que conheceram mais calmamente Agostinho reconheceram nele um mestre da amizade e da conversa pura, onde, qual capitão de barca, estava sempre a velejar de acordo com os ventos subtis que levavam qualquer conversa por alturas e paragens inesperadas, sempre nutridas por mãos de experiência calejadas, e um coração confiante, amoroso e alegre e uma cabeça culta, informada, sabendo adaptar-se a qualquer resposta ou proposta criativamente.
Na verdade, todos os que conheceram mais calmamente Agostinho reconheceram nele um mestre da amizade e da conversa pura, onde, qual capitão de barca, estava sempre a velejar de acordo com os ventos subtis que levavam qualquer conversa por alturas e paragens inesperadas, sempre nutridas por mãos de experiência calejadas, e um coração confiante, amoroso e alegre e uma cabeça culta, informada, sabendo adaptar-se a qualquer resposta ou proposta criativamente.
Assim, após uma 1ª incursão inesperada à Índia, numa viagem de ida e volta por terra, parti em 1979 de novo para lá então já munido por Agostinho da Silva dos nomes dos seus amigos, e encarregado de saber das suas necessidades, amigos que eram dos últimos bastiões da cultura portuguesa em Goa. Vim deste modo a contactá-los e a ouvir a sua sabedoria e os seus queixumes saudosos duma mátria que os abandonara, forçada é certo: Renato de Sá e o Centro de Cultura Portuguesa, o dr. Rangel director do Clube Vasco da Gama, os responsáveis pelo Instituto Meneses Bragança, e ainda o Padre Alberto Mendonça e, finalmente, o subtil e beatífico jornalista António de Meneses,vindo depois a transmitir a Agostinho as impressões e resultados dessa estadia rica dum ano na Índia.
Com efeito é de realçar o interesse universalista e multicultural constante de Agostinho, (formado nas escolas de Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Hernâni Cidade e António Sérgio, e com um percurso original de pedagogo em Portugal e no Brasil), com ênfase na comunidade dos povos da língua portuguesa, nomeadamente Brasil, Timor, ilha de Moçambique e Goa, sendo a missão que sentia atribuída a tal comunidade e povos, conforme uma das Cartas Várias de 1986, a alta função de «guiarem o mundo ao reconhecimento da sua verdadeira essência: a do espírito na matéria esplendendo».
Todavia, na Carta do mês seguinte confessa: «guiá-los ao reino de Deus, o que já de resto levantaria outras dificuldades quanto por exemplo, à concepção de Deus, ou até ao aceitar da ideia». Daí que, a propósito destes objectivos de ecumenismo, de estudos comparativos e de práticas espirituais, se desse conta cedo, muito pioneiramente, por exemplo, já em 1961, em plena imersão no Brasil, de 1944 a 1964, que: «de qualquer modo, pouco se fez quanto à teologia do Espírito Santo, em si própria, e nas ligações que parecem existir com atitudes como as do Tao ou as do Zen; talvez neste ponto o estudo teológico levasse a entender melhor a facilidade e a fecundidade das ligações dos portugueses dos Descobrimentos com as civilizações do Oriente e dessa base de partida para que realmente se unissem as duas formas de comportamento no mundo».
Eram os desejos, ideais e sonhos de Agostinho da Silva da continuidade e aprofundamento das primícias do universalismo algo dinamizado por alguns portugueses a partir do séc. XV, correndo por entre as veias e as palavras, os actos e as conversas (1) sobretudo duns tanto amigos, cultores da Língua, ou mesmo grande Alma Portuguesa, e da Prisca Teologia ou Filosofia Perene, do Espírito Santo, da Fraternidade dos seres, religiões, povos e civilizações.
Com efeito é de realçar o interesse universalista e multicultural constante de Agostinho, (formado nas escolas de Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão, Hernâni Cidade e António Sérgio, e com um percurso original de pedagogo em Portugal e no Brasil), com ênfase na comunidade dos povos da língua portuguesa, nomeadamente Brasil, Timor, ilha de Moçambique e Goa, sendo a missão que sentia atribuída a tal comunidade e povos, conforme uma das Cartas Várias de 1986, a alta função de «guiarem o mundo ao reconhecimento da sua verdadeira essência: a do espírito na matéria esplendendo».
Todavia, na Carta do mês seguinte confessa: «guiá-los ao reino de Deus, o que já de resto levantaria outras dificuldades quanto por exemplo, à concepção de Deus, ou até ao aceitar da ideia». Daí que, a propósito destes objectivos de ecumenismo, de estudos comparativos e de práticas espirituais, se desse conta cedo, muito pioneiramente, por exemplo, já em 1961, em plena imersão no Brasil, de 1944 a 1964, que: «de qualquer modo, pouco se fez quanto à teologia do Espírito Santo, em si própria, e nas ligações que parecem existir com atitudes como as do Tao ou as do Zen; talvez neste ponto o estudo teológico levasse a entender melhor a facilidade e a fecundidade das ligações dos portugueses dos Descobrimentos com as civilizações do Oriente e dessa base de partida para que realmente se unissem as duas formas de comportamento no mundo».
Eram os desejos, ideais e sonhos de Agostinho da Silva da continuidade e aprofundamento das primícias do universalismo algo dinamizado por alguns portugueses a partir do séc. XV, correndo por entre as veias e as palavras, os actos e as conversas (1) sobretudo duns tanto amigos, cultores da Língua, ou mesmo grande Alma Portuguesa, e da Prisca Teologia ou Filosofia Perene, do Espírito Santo, da Fraternidade dos seres, religiões, povos e civilizações.
E anos depois, no momento máximo da missão expansiva de Agostinho da Silva, ele próprio contabilizando primeiro em 500 e depois em 700 os que recebiam as suas periódicas folhinhas, os Amigos do Bem Comum, capazes de abanar tanta sonolência e indiferença e de lançar as bases ou impulsos duma quase revolução convivial que transformasse as pessoas e desvendasse uma das tradições mais especiais de Portugal, a do imprevisível Espírito santo, criança pura, liberdade responsável, comunhão, razão entusiasmada e ligação ao Divino mais forte em nós: «Crente é pouco/ sê-te Deus/ e para o nada que é tudo/ inventa caminhos teus.»...
Quiseram os fados que muitas vezes dialogasse com Agostinho da Silva, que algumas vezes os acompanhasse em saídas da sua torre de vigia na travessa do Abarracamento de Peniche, nº7, onde vivia com uma bela vista sobre o Tejo e o casario de Lisboa, rodeado dos seus livros e gatos, dum quadro com os nós da Marinha, e da amizade e amor de Violante, vizinha do lado, e duma ajudante, a Manuela, num ambiente marcadamente franciscano, tendência que estava na medula do seu ser, numa linha que ele reconhecia ser a de Portugal, e desenvolvida no séc. XIII com os franciscanos espirituais e os sonhos de Joaquim de Fiore do reino do Espírito Santo e que certamente também Jaime Cortesão, pai da sua primeira mulher, lhe transmitiu.
Aí recebia diariamente as pessoas ouvindo os seus problemas, dúvidas e anseios e, logo estabelecendo ligações, contactos e projectos. Assim vim a conhecer Raul Traveira, António Quadros, José Flórido, Aldegice Machado da Rosa, Santiago Naud, Dalila Pereira da Costa, Afonso Botelho, Barrilaro Ruas, Branca, Raposo Nunes, Nanda Lopes e outros. Simultaneamente, os diálogos na linha universalista da tradição espiritual portuguesa criavam clarificações, impulsos e interelações com todos estes e a pensadores e utopianos anteriores.
Certamente que nunca se considerava um mestre espiritual, e evitava mesmo práticas mais confessionais ou meditativas, embora reconhecesse que: «É-se religioso porque se afirma que, apesar de quanto separa, se põe acima de tudo, como valor, a unidade, se repele a divisão e se expressa o desejo supremo de fusão no Uno. Uno anterior à rebelião do anjo, com Deus e o Diabo, o Bem e o mal, o Ser e o não-Ser; Uno de que qualquer conceito é já limitação e a que nem sequer se pode atribuir existência, porquanto já são estas ideias de sujeito e objecto; é para este alvo do além de tudo que todas as flechas religiosas se dirigem; e nunca saberemos quando o atingem: porque o alcançá-lo necessariamente se exprime no silêncio». Por outro lado, mais horizontalmente, afirmou a sua ligação especial a um dos veios da espiritualidade afro-brasileira, o candomblé, e ao Zen, do Japão, por onde esteve uns meses sem que saibamos quase nada do que aí sentiu, viveu, pensou...
Nas conversas preferia deixar as rédeas dos nossos cavalos psíquicos encaminharem-nos em fulgurações de pensamentos sentidos, intuições vislumbradas, numa comunhão de corações e de forças, em diálogos por mim frequentemente puxados para os aspectos mais místicos e espirituais.
Nos finais dos anos 80 e começo 90 as suas cartas manuscritas circulavam então por umas centenas de pessoas (2) e antevia-se a possibilidade de se criarem alguns momentos de encontros colectivos que pudessem resultar quer num maior aprofundamento e influência da tradição do Espírito Santo, que se ia tornando talvez a coroação chave do seu pensamento, quer em vários tipos de reflexões e trabalhos culturais e educativos originais.
Oiçamo-lo, em Maio de 1990: «Numa espécie de simples e breve bilhete direi aos amigos que finalmente percebi, e decidido, que deverei dedicar os próximos tempos a suscitar a criação de lugares de fraterna conversa dos assuntos levantados no culto do Divino do séc. XIII, os de teologia, ou metafísica, como queiram, os do tratamento da criança,...».
Em Dezembro de 1991 anuncia «o Fundo Comum de El-Rei Dom Dinis, o início de um depósito destinado a fornecer o estímulo que mais conveniente for considerado para que se desenvolvam estudos e experiências, do que foi ideologia e ideal do povo português no século XIII, com os seguintes pontos essenciais; um, a que podemos chamar religioso ou místico ou filosófico, em que haveria a procura de um fundamental do mundo que fosse, a um tempo, físico e metafísico, universal e particular, libertador e disciplinador...»
Todavia, estes seus projectos, devido a certos envolvimentos de pessoas mais públicas ou políticas, e a acontecimentos, tal como o dinheiro do fundo passar a premiar teses universitárias, acabaram por não proporcionar os encontros dum verdadeiro grupo de amigos ou discípulos que discutissem e aprofundassem os veios da tradição, os espinhos dos problemas, as qualidades e desafios contemporâneos, unidos na amizade e no magistério ou intuições de Agostinho da Silva.
Com a sua morte, partiu exteriormente o amigo, mas conserva-se certamente no interior a sua presença bem disposta e confiante , tal como ele próprio nos diz nesta sua sábia quadra: «Jamais perdi um amigo/Só a morte mo levou/E vivo o deu ao Eterno/E vivo em mim o deixou».
E se algumas iniciativas de estudo, publicações e sobretudo colóquios de divulgação do seu pensamento e mensagem têm sido realizados, nunca alcançaram, por diversas causas, uma representatividade ou veracidade plenamente espelhante da profundidade ou potencialidades da sua gnose e daqueles com quem ele mais dialogava. Restam-nos porém, além das cartas e gravações que possuímos, as Obras completas que têm sido publicadas com regularidade (e estão sair agora em 2019-2020 nova publicações com inéditos) divulgando, as muitas facetas do pensador, professor, profeta (certamente, em alguns aspectos mais um vero provocador), amigo e mestre.
Tendo sido durante três anos director e transformador do almanaque Borda d’Água, no ano de 2006, ano do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, escolhi doze quadras suas para os doze meses e signos, interligando assim indissoluvelmente um filósofo ou mestre do Espírito Santo com um Almanaque que de algum modo partilhava alguns arquétipos da sabedoria da sua gente rural e simples, assim unindo céu subtil, onde Agostinho está plenamente, e a terra onde nós os vivos fisicamente ainda estamos em peregrinação. Não houve porém continuidade no Almanaque, além dos três a nos que pude transformá-lo e enriquecê-lo.
Relembrando, como ele disse, como sempre optimisticamente, que: «cada um de nós é um ente extraordinário, com lugar no céu das ideias; se nos soubermos lavar da lama que se nos pegou quando aparecemos na terra, seremos capazes de nos desenvolver, de reencontrar o que em nós é extraordinário, e transformaremos o mundo», ou ainda «cada vez olhando mais nos homens sua centelha divina e seu direito ao céu...», para finalizar esta mensagem escrita inicialmente para o In-Memoriam de Agostinho da Silva, e agora revista e modificada já no ano de 2019, desejamos que mais algumas almas vão despertando para uma vida mais fraterna, harmoniosa, criativa e espiritual ou mesmo para a Unidade Divina, estimuladas pelas ideias e exemplo de Agostinho.
Quiseram os fados que muitas vezes dialogasse com Agostinho da Silva, que algumas vezes os acompanhasse em saídas da sua torre de vigia na travessa do Abarracamento de Peniche, nº7, onde vivia com uma bela vista sobre o Tejo e o casario de Lisboa, rodeado dos seus livros e gatos, dum quadro com os nós da Marinha, e da amizade e amor de Violante, vizinha do lado, e duma ajudante, a Manuela, num ambiente marcadamente franciscano, tendência que estava na medula do seu ser, numa linha que ele reconhecia ser a de Portugal, e desenvolvida no séc. XIII com os franciscanos espirituais e os sonhos de Joaquim de Fiore do reino do Espírito Santo e que certamente também Jaime Cortesão, pai da sua primeira mulher, lhe transmitiu.
Aí recebia diariamente as pessoas ouvindo os seus problemas, dúvidas e anseios e, logo estabelecendo ligações, contactos e projectos. Assim vim a conhecer Raul Traveira, António Quadros, José Flórido, Aldegice Machado da Rosa, Santiago Naud, Dalila Pereira da Costa, Afonso Botelho, Barrilaro Ruas, Branca, Raposo Nunes, Nanda Lopes e outros. Simultaneamente, os diálogos na linha universalista da tradição espiritual portuguesa criavam clarificações, impulsos e interelações com todos estes e a pensadores e utopianos anteriores.
Certamente que nunca se considerava um mestre espiritual, e evitava mesmo práticas mais confessionais ou meditativas, embora reconhecesse que: «É-se religioso porque se afirma que, apesar de quanto separa, se põe acima de tudo, como valor, a unidade, se repele a divisão e se expressa o desejo supremo de fusão no Uno. Uno anterior à rebelião do anjo, com Deus e o Diabo, o Bem e o mal, o Ser e o não-Ser; Uno de que qualquer conceito é já limitação e a que nem sequer se pode atribuir existência, porquanto já são estas ideias de sujeito e objecto; é para este alvo do além de tudo que todas as flechas religiosas se dirigem; e nunca saberemos quando o atingem: porque o alcançá-lo necessariamente se exprime no silêncio». Por outro lado, mais horizontalmente, afirmou a sua ligação especial a um dos veios da espiritualidade afro-brasileira, o candomblé, e ao Zen, do Japão, por onde esteve uns meses sem que saibamos quase nada do que aí sentiu, viveu, pensou...
Nas conversas preferia deixar as rédeas dos nossos cavalos psíquicos encaminharem-nos em fulgurações de pensamentos sentidos, intuições vislumbradas, numa comunhão de corações e de forças, em diálogos por mim frequentemente puxados para os aspectos mais místicos e espirituais.
Nos finais dos anos 80 e começo 90 as suas cartas manuscritas circulavam então por umas centenas de pessoas (2) e antevia-se a possibilidade de se criarem alguns momentos de encontros colectivos que pudessem resultar quer num maior aprofundamento e influência da tradição do Espírito Santo, que se ia tornando talvez a coroação chave do seu pensamento, quer em vários tipos de reflexões e trabalhos culturais e educativos originais.
Oiçamo-lo, em Maio de 1990: «Numa espécie de simples e breve bilhete direi aos amigos que finalmente percebi, e decidido, que deverei dedicar os próximos tempos a suscitar a criação de lugares de fraterna conversa dos assuntos levantados no culto do Divino do séc. XIII, os de teologia, ou metafísica, como queiram, os do tratamento da criança,...».
Em Dezembro de 1991 anuncia «o Fundo Comum de El-Rei Dom Dinis, o início de um depósito destinado a fornecer o estímulo que mais conveniente for considerado para que se desenvolvam estudos e experiências, do que foi ideologia e ideal do povo português no século XIII, com os seguintes pontos essenciais; um, a que podemos chamar religioso ou místico ou filosófico, em que haveria a procura de um fundamental do mundo que fosse, a um tempo, físico e metafísico, universal e particular, libertador e disciplinador...»
Todavia, estes seus projectos, devido a certos envolvimentos de pessoas mais públicas ou políticas, e a acontecimentos, tal como o dinheiro do fundo passar a premiar teses universitárias, acabaram por não proporcionar os encontros dum verdadeiro grupo de amigos ou discípulos que discutissem e aprofundassem os veios da tradição, os espinhos dos problemas, as qualidades e desafios contemporâneos, unidos na amizade e no magistério ou intuições de Agostinho da Silva.
Com a sua morte, partiu exteriormente o amigo, mas conserva-se certamente no interior a sua presença bem disposta e confiante , tal como ele próprio nos diz nesta sua sábia quadra: «Jamais perdi um amigo/Só a morte mo levou/E vivo o deu ao Eterno/E vivo em mim o deixou».
E se algumas iniciativas de estudo, publicações e sobretudo colóquios de divulgação do seu pensamento e mensagem têm sido realizados, nunca alcançaram, por diversas causas, uma representatividade ou veracidade plenamente espelhante da profundidade ou potencialidades da sua gnose e daqueles com quem ele mais dialogava. Restam-nos porém, além das cartas e gravações que possuímos, as Obras completas que têm sido publicadas com regularidade (e estão sair agora em 2019-2020 nova publicações com inéditos) divulgando, as muitas facetas do pensador, professor, profeta (certamente, em alguns aspectos mais um vero provocador), amigo e mestre.
Tendo sido durante três anos director e transformador do almanaque Borda d’Água, no ano de 2006, ano do centenário do nascimento de Agostinho da Silva, escolhi doze quadras suas para os doze meses e signos, interligando assim indissoluvelmente um filósofo ou mestre do Espírito Santo com um Almanaque que de algum modo partilhava alguns arquétipos da sabedoria da sua gente rural e simples, assim unindo céu subtil, onde Agostinho está plenamente, e a terra onde nós os vivos fisicamente ainda estamos em peregrinação. Não houve porém continuidade no Almanaque, além dos três a nos que pude transformá-lo e enriquecê-lo.
Relembrando, como ele disse, como sempre optimisticamente, que: «cada um de nós é um ente extraordinário, com lugar no céu das ideias; se nos soubermos lavar da lama que se nos pegou quando aparecemos na terra, seremos capazes de nos desenvolver, de reencontrar o que em nós é extraordinário, e transformaremos o mundo», ou ainda «cada vez olhando mais nos homens sua centelha divina e seu direito ao céu...», para finalizar esta mensagem escrita inicialmente para o In-Memoriam de Agostinho da Silva, e agora revista e modificada já no ano de 2019, desejamos que mais algumas almas vão despertando para uma vida mais fraterna, harmoniosa, criativa e espiritual ou mesmo para a Unidade Divina, estimuladas pelas ideias e exemplo de Agostinho.
E que trabalhemos com mais dinamismo e cooperação pelo aperfeiçoamento da Humanidade, na comunhão do Espírito Santo, que pode ser visto ora como a corrente de Amor inteligente substante a todo o Cosmos e que nos inspira a interelacionar fraterna e sabiamente com os outros ora que nos religa ao nosso Espírito santo individual interno, como fraternamente aos dos outros seres, e assim nos alinha, atrai e eleva mais à Luz e a Deus.
Notas:
1 «A palavra conversa tem a
mesma origem etimológica que converter, o que está implicado
quando um homem conversa com outro, é uma conversão de qualquer
deles ou dos dois ao mesmo tempo – é converter-se aqui,
converter-se a qualquer coisa que entenda os dois como as duas
partes, as metades de uma certa unidade. Quando conversamos com uma
pessoa, no fim de contas queremos converter-nos ou converter a nossa
dualidade numa unidade superior.»
2
«Vos iremos em folhinhas destas, dando as notícias
do que dentro de vós tem de vir para que vosso seja: calmamente,
alegremente, como as crianças brincaremos, nos realizaremos em vós
e em nós vos realizaremos a todos. Gratos à
vida e por ela a tudo gratificando».
3 comentários:
Está muito bom este teu texto. também é essa a recordação que tenho dele. conversas sempre interessantes...
Graças. Sim, encontros valiosos de alma na rapidez do tempo e da peregrinação terrestre, e que nos cumpre agradecer e partilhar...
está boa esta nova versão do artigo. para além de tu, o carlos e eu algum de nós mais era amigo dele?
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