No livro O Caminho dos meus Discípulos, publicado originalmente em 1932 na Alemanha (Der Weg meiner Schüler) e traduzido em França em 1991, o notável pintor e mestre espiritual Bô Yin Râ (1876-1943) dá bastantes indicações valiosas para quem quer avançar num caminho sério de espiritualidade pelo que resolvi resumir o seu conteúdo, capítulo a capítulo, já que ainda não está traduzido em português, e partilhá-lo no blogue.
No
1º capítulo Bô Yin Râ mostra o que significa ser discípulo de um mestre e
como uma pessoa se qualifica para tal.
É
pelos actos, vontade, sentimentos, pensamentos e palavras, em suma,
pela vida toda em acordo com o ensinamento dado, que conseguimos
estabelecer uma unidade no mundo do Espírito substancial com o
Mestre.
Um
discípulo é quem recebe e aprofunda o ensinamento e tenta ou compromete-se em si mesmo
a organizar a sua vida de acordo com ele e não quem apenas lê os seus livrose não passa para os actos e as formas de vida o que aprendeu.
Refere as críticas de jornais ou revistas que alguns discípulos lhe
enviavam e explica que, embora respeitando a opinião de qualquer ser,
logo nas primeiras linhas intui que atenção merecerá tal artigo. E, dispondo de uma faculdade de percepção espiritual que falta
aos críticos, naturalmente a tarefa deles de o criticarem ou
avaliarem é bem difícil de ser levada a bom porto
ou fundamentadamente.
Conta como recebia múltiplas cartas e como deixou de responder à
maior parte delas, não podendo alargar o número dos seus amigos
correspondentes, pois, ao satisfazê-los, acabaria por dispersar
muitas forças necessárias à sua concentração e missão. Ou como
ele diz: “poderia prejudicar os deveres essenciais de minha
existência, dispersando forças que exigem a mais íntima
concentração”. Este ensinamento é bem importante para qualquer pessoa no Caminho, dada a fácil dispersão em que podemos envolver-nos, e mais ainda hoje, acrescentaremos nós, com a internet e os telemóveis...
Bô Yin Râ
é crítico dos discípulos que se fazem missionários do seu
ensinamento, considerando que tal pode ser frequentemente contraproducente, valorizando antes a divulgação de sentido geral
que uma editora prossegue, para um público indeterminado, cabendo a
cada pessoa a liberdade e responsabilidade de se interessar, comprar
e ler.
No caso do missionário ou propagandista, pode haver
intromissões graves nos direitos de outras almas e criarem-se até
resistências e repúdios. Há
que confiar-se nas altas protecções de potências espirituais que
os seus livros têm, dirá mesmo, quanto a quem saberá deles ou a quem
chegarão os livros. Isto não quer dizer que não se deva falar dos
livros, claro.
Finalmente,
após estes avisos, Bô Yin Râ lembra que houve sempre mestres que exigiam
muito, e que ele já retirou na transmissão que faz da via que leva ao Espírito substancial muitas
das dificuldades que outrora existiam, embora tenha de haver sempre um
esforço persistente na ascensão à meta suprema, subida que deve
ser feita com «fé dinâmica na sua própria força» e com sábia repartição das forças, ou seja,
assente numa tranquilidade persistente, determinada, que se manifesta no dia a dia peregrinado em tal Caminho.
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