segunda-feira, 14 de junho de 2021

The teachings of Bô Yin Râ about the Father, the fathers, the Primordial Light, the spirit within us.

 
 This designation of God as Father, developed by Jesus in his teachings (or in what we have from them...), in its most known formula of praying (Pater Noster) and in the Gospels words and parables (in sharp contrast with the tribal and revengful Jehova), may in our days be felt a bit outdated, as why the Divine Being would be only Father and not also Mother? Why just mention the Masculine principle and not the Feminine one, as both are in God or in the Divine Being?
Or Bô Yin Râ in his opera omnia more than one time speaks on the Father, and some times also about the Fathers, and indeed it will be much valuable  to have an integral aproach to all his mentions of the Father, and Fathers, this last expression used in relation to the Primordial Masters, the sons of the Primordial Light, the ones that didn't fall into the human body and physical realm and are the Fathers of the emissaries or  masters on the physical manifestation...
 
 
 In the Book of the Living God, one of the first and most important, we can find valuable contributions:  «The ‘beginning’: – First Being [Ursein], – begets from itself the First Light [Urlicht], and the First Light begets the Word.  
 But the Word has the light of life, and the light shines forth in the Word which begets the ‘Father’: – Original Spiritual Man [Urgeist Menchen]– in the deep silence of eternity, which today is, as it always was and will remain always» 
After this main sense,  the one more close to the Father of master Jesus, we find another use for Fathers, they are the spiritual beings not fallen, the primordial masters, from whom the masters on earth receive energies and blessings:«We have been born into this earthly life as emissaries of the sons of the First Light: – of the fathers of the Light in the Word», the ones which guide them: Never has he desired his given task himself. Yet in the spirit he was prepared for it before being born; when his time had come, the fathers in the First Light found him ready, like ripe fruit on a tree»
Anyway, even the noninitated persons can attain the Father provide they reach their inner center, their true being or I: 
 «Yet you can only become spiritually conscious when your consciousness is accepted by ‘I’, in the way as ‘I’ lives in the spirit from eternity to eternity… It is in ‘I’ alone that the ‘Father’ is recognised and loved, that the ‘First Word’ is recognised and loved and that the ‘First Light’ is recognised and loved!»
 
In his book The Mystery of Golgotha (Das Mysterium von Golgatha, Leipzig, 1930), indeed one of the most richest  in higher teachings of the work of Bô Yin Râ (1876-1943),  divided in ten chapters: The Mystery of Golgotha, The most dreadful of our enemies, Love and hate, Growth of the soul, Spiritual guidance, Occult practices, Mediunism and artistic creation, At the Source of Life, The “Admission in the White Lodge’’ and, last, Foolish inventions, we can feel the very deep and beautiful  wisdom of Bô Yin Râ, which speaks about all these realities or subjects and also about the mystery of the union of the human spirit with the Divine Being, the Living God in us, still giving some clues about the Masters, the bearers of the Primordial Light, how they are characterized,  how is their unity and their communion with the will of the mysterious Father...
 There Bô Yin Râ writes that the Father is  the Primordial individualization of Being from the Divine, and is also the Word of God manifested in the heart and spirit of each one of the  masters, in order to be their Guide and Master.
 "The Word of God manifested in the heart and spirit of each master".
These are indeed very deep and original teachings that should be meditated, in synchronicity with the quest of receiving the divine streams, through the celestial spirits and masters, for achieving union with the individual spirit, the jivatman in us, and the God within...
As we don't have almost books written by disciples of Bô Yin Râ (although we should mention Felix Weingartner and Rolf Schott), about their meetings and conversations about these higher subjects, and as we don't have also many records of his disciples about their own experiences, we are faced with a certain "solo", the flight of the alone to the Divine, as Plotinus spoke, although Bô Yin Râ sugested that it was good for the disciples to create small groups of three persons to discuss their common path, but very few people attain that soul friendship... 
So, this a humble contribution to a better understanding of the path of the Spirit and to the Living God, specially in Bô Yin Râ teachings and so let us try to read more the Book of the Living God and "The Mystery of Golgotha" and contemplate also his so deep paintings,  two of them being shared here...
Much Light, Love and Strenght on all, on you, on us.... Aum...

domingo, 13 de junho de 2021

A demanda da Palavra ou Verbo de Deus, num pouco conhecido poema de Fernando Pessoa. 13-VI-2021

São muitos os textos e os poemas (e algumas cartas, nomeadamente a Casais Monteiro)  em que Fernando Pessoa partilha a sua busca interior e espiritual e a partir de dado momento em termos de gnóstico cristão, e onde, embora criticando a Igreja de Roma, se confessa contudo Cristão e da Igreja Católica ou Universal.
Entre os poemas mais significativos desta linha, alguns dos quais publiquei nas obras Rosea Cruz e Poesia Profética, Mágica e Espiritual, destacam-se alguns, tais como   No Túmulo de Cristian Rosenkretuz, Eros e Psique, Iniciação, Ieoshua Ben Pandira. Mas um muito pouco conhecido mas nos conhecimentos ocultistas e doutrinários
muito semelhante na mensagem aos já referidos é o que vamos transcrever e podemos mesmo considerá-lo como um dos mais belos, pungentes e profundos poemas de Fernando Pessoa no qual o próprio enfraquecimento do seu forte cérebro e  pensamento é confessado, face à experiência crescente dolorosa de que o mal impera e que o bem é apenas um odor ou incenso suave que perpassa ou suaviza a vida. E resolvemos então contextualizá-lo um pouco e oferecê-lo às almas leitoras amigas do tão criativo poeta neste seu dia de aniversário de 2021...

O seu coração sente-o  estéril, oprimido por tanta notícia violência e injustiça, interroga-se se tudo é vão, seja no querer seja no chorar, e o eco do poema último da Mensagem, Nevoeiro, perpassa no nosso ouvido interior. A visão gnóstica de um demiurgo menor, ou seja um criador limitado ou executor, e a descida do ser humano ao mundo material é traçada e como ele perdeu a ligação com a sua essência espiritual e a Divindade ou Bem. Por fim, a solução ou salvação ou iluminação desponta. Oiçamo-lo então:
«Sangra-me o coração. Tudo que penso
A emoção mo tomou. Sofro esta mágoa
Que é o mundo imoral, regrado e imenso,
No qual o bem é só como um incenso
Que cerca a vida, como a terra a água.
Todos os dias, oiça ou veja, dão
Misérias, males, injustiças — quanto
Pode afligir o estéril coração.
E todo anseio pelo bem é vão,
E a vontade tão vã como é o pranto.
Que Deus duplo nos pôs na alma sensível
Ao mesmo tempo os dons de conhecer
Que o mal é a norma, o natural possível,
E de querer o bem, inútil nível,
Que nunca assenta regular no ser?
Com que fria esquadria e vão compasso
Que invisível Geómetra regrou
As marés deste mar de mau sargaço —
O mundo fluido, com seu tempo e espaço,
Que ele mesmo não sabe quem criou?
Mas, seja como for, nesta descida
De Deus ao ser, o mal teve alma e azo;
E o Bem, justiça espiritual da vida,
É perdida palavra, substituída
Por bens obscuros, fórmulas do acaso.
Que plano extinto, antes de conseguido,
Ficou só mundo, norma e desmazelo?
Mundo imperfeito, porque foi erguido?
Como acabá-lo, templo inconcluído,
Se nos falta o segredo com que erguê-lo?
O mundo é Deus que é morto, e a alma aquele
Que, esse Deus exumado, reflectiu
A morte e a exumação que houveram dele.
Mas está perdido o selo com que sele
Seu pacto com o vivo que caiu.
Por isso, em sombra e natural desgraça,
Tem que buscar aquilo que perdeu —
Não ela, mas a morte que a repassa,
E vem achar no Verbo a fé e a graça —
A nova vida do que já morreu.
Porque o Verbo é quem Deus era primeiro,
Antes que a morte, que o tornou o mundo,
Corrompesse de mal o mundo inteiro:
E assim no Verbo, que é o Deus terceiro,
A alma volve ao Bem que é o seu fundo.»

Este poema é muito belo e profundo, e como a maioria dos poemas espirituais de Fernando Pessoa não teve ainda os seus comentadores habilitados e sensíveis. Um pequeno contributo darei, e assinalarei nos primeiros quintetos a utilização da simbologia maçónica, seja da Divindade, como o Geómetra, o grande Arquitecto do Universo seja dos seus instrumentos, tal o nível ou a régua que em alguns textos inéditos ou pouco conhecidos Fernando Pessoa explicará.

Após os lamentos, o misere inicial, Fernando Pessoa interna-se numa revisitação da visão gnóstica do mundo, da queda e como ficamos privados do estado primordial, paradisíaco ou da comunhão com o Bem, o Mestre, o Espírito e como podemos aproximar-nos dele pela  Verdade e o Belo, e nesse sentido um dos melhores meios de recuperarmos tal estado é cultivarmos tais qualidades. 
A tradição templária, a rosacruz e a maçónica afloram na demanda da Luz e da reconstrução da ligação ao, ou mesmo construção, do Templo espiritual. Aliás Fernando Pessoa tem dezenas de textos ocultistas e espirituais que glosam o que sepulta, tapa ou mata o Mestre, Palavra,  Verbo ou o Bem em nós, um dos veios mais bebidos pela sua musa ocultista, sendo tal ungido ser ou nível o vencedor dos três inimigos da alma, tipificados em geral como o  mundo, a carne e o diabo, ou seja os desejos dos outros, de si ou de mais que si....
  
Assim talvez o mais significativo e desafiante registado no poema seja a busca da Palavra ou Verbo, do Bem, ou seja, da nossa capacidade pelo Verbo, pelo Logos, pela comunhão com o Plano e a Inteligência divina, reassumirmos a nossa comunhão e dimensão espiritual e logo religação divina...
Certamente importante e misterioso é quem é o Ser ou a Palavra ou a doutrina-prática, que religa ao Divino, ou seja quem é que Fernando Pessoa via e considerava ser o Verbo, o Mestre, o laço entre a humanidade  e a Divindade...
Se formos para uma visão cristã normal o Verbo é Jesus Cristo e então poderíamos dizer que Fernando Pessoa apesar das suas críticas fortes à Igreja de Roma ou aos meios católicos conservadores dos jornais que o atacaram aquando da polémica do Projecto da proibição das Associações Secretas, continuava um cristão, ou tornara-se um cristão, algo que os  adeptos do Pessoa mistificador, fingidor ou que seja pagão não gostam muito de admitir e pensar. Mas talvez seja esta a verdade. Aliás confirmada por alguns textos e sobretudo pelo seu final selo de autenticação que é a sua nota biográfica de 30 de Março de 1935, sem dúvida o seu  testamento, ainda que certamente o que se passou evolutivamente na sua alma até ao seu último pensamento e momento na Terra seja um mistério, tal como era para ele próprio, astrólogo de tantos milhares de horas e horóscopos, ao confessar umas horas antes de morrer: I don't know what tomorrow will bring. 
 
Saibamos então concluir o templo da nossa alma talhando o corpo espiritual pelo Bem e pelo Mestre, pela palavra e a acção justa e verdadeira, de modo a que a Divindade ressuscite mais em nós, na Humanidade, e em Fernando Pessoa....

Quadras espirituais na manhã de S. António e de Fernando Pessoa. 13-VI.2021.

O meu subtil coração
É um grande mistério.
Saberei respeitá-lo?
Saberei cultivá-lo?

I worship the divine Nour or Light
with the fulness of my devoted heart.
Practising this blessed communion
Make me feel peace, love and joy.

Esta luz que se me desvela
pede-me contudo para vencer
as sucessivas vagas do pensar
e manter a sintonia no adorar.


Tantos poetas e grandes almas e seres
gerados ou inspirados nesta Luz ou Nour.
E nós, saberemos bem acolhê-la
E vivenciá-la profunda e amorosamente? 


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Dia do Arcanjo de Portugal, 10 de Junho. 2021. Breve meditação e invocação, dharmica.

Nestes tempos tão complexos e manipulados dos vírus e vacinas,  neste dia 10 de Junho,  de Portugal, de Camões e das Comunidades da Língua Portuguesa, ainda conseguiremos equacionar ou intuir a existência e as  funções tradicionais do Arcanjo e núcleo elevativo espiritual de Portugal e dos Portugueses?

Apontar, aspirar, convergir para o centro...
 Podemos pensar que será basicamente inspirar os portugueses na melhoria dos seus corpos, almas, ambientes, vidas e em especial na realização espiritual e na religação a Deus para que haja uma  vida inter-relacional mais harmoniosa para os seres, os eco-sistemas, o planeta, a Humanidade.

A missão ou tarefa em relação a Portugal seria assim comum a todos os Arcanjos e países, ainda que com as especificidades dependentes das características, qualidades, capacidades e contextos de cada povo, país e habitante, no seu devir histórico, económico, ecológico, cultural e religioso.

Todavia, como cada ser é único no seu caminhar e as individualidades, portuguesas ou as que se destacam mais nacional e internacionalmente e se tornam  reconhecidas, podem ou não conseguir estar ligadas ao Arcanjo de Portugal e ao mundo espiritual e divino,  em geral observamos governantes, ministros, deputados e dirigentes muito pouco sábios e alinhados verticalmente com os Anjos, Arcanjos e o dever-missão ou dharma nacional, europeu (e, por exemplo, não russófobo) e mundial. 

Ora nestes tempos de alinhamentos e submissões, corrupções, alienações e dispersões, poucos são os políticos ou portugueses que agem, falam ou pensam em sintonia com os elevados propósitos divinos que  o Arcanjo poderia inspirar ou transmitir para Portugal e para o mundo, e assim há uma certa frustração geral, uma certa morte do Portugal antigo fundado por D. Afonso Henriques e por tantos em lutas vivido, em esforços e abnegações laborado, em poemas e obras de arte cantado...

Túmulo de D. Afonso Henriques, na Sé Velha de Coimbra. Nicolau Chanterene, 1519.
Ora como o Arcanjo vive em planos espirituais elevados precisamos mesmo, e poucos o fazem, de nos interiorizar, silenciar e elevar bastante para o sintonizar, intuir ou contemplar e com ele interagir seja na adoração, aspiração, contemplação e religação a Deus, seja na vivência e irradiação de ideias, propósitos e energias abençoantes de discernimento, justiça, paz e amor.

O Arcanjo de Portugal, a entidade que envolve o país, que paira sobre ele, ou que é um espaço-plano identitário colorido especial, e que tem aura subtil espiritual e divina, pode desvendar-se como um ser angélico, como uma silhueta angélica, como uma nuvem multi-colorida, como um feixe de irradiações em guarda-chuva, ou mesmo uma chuva de raios, possibilidades  e intenções. Mas muito pouca gente viu realmente o Arcanjo de Portugal, embora alguns tenham escrito sobre ele, em geral projectando suas ideologias ou então meras deduções dos papéis atribuído a Anjos e Arcanjos. E assim alguns identificaram-no a um S. Miguel guerreiro, outros a um mensageiro da Paz, mas de facto o Arcanjo de Portugal não é Mikael, criação do já tardio Livro de Daniel, e depois zelotamente explorado no Apocalipse e que foi até atribuído a França e a Israel, países de facto com governante e mentalidades bastante violentas...

O trabalho profundo que podemos realizar é trabalharmos e vivermos de modo justo  e procurarmos a ligação interior com a nossa centelha espiritual, com o Anjo da Guarda e, numa elevação e ampliação consciencial, tentarmos sintonizar  com a alma mundi portuguesa, esse ser celestial mais próximo da Divindade e para nos religarmos a Ela, e nesta prática e comunhão harmonizarmo-nos, fortalecer-nos, inspirar-nos face a tanto materialismo, pragmatismo, manipulação e corrupção que abundam e circulam nos Estados, governos, empresas, sociedades, partidos, grupos, igrejas, seitas. 

Arcanjo de Portugal, na charola do convento de Cristo em Tomar

   O Arcanjo de Portugal desafia-nos a não desanimar e sucumbir à horizontalidade da inevitabilidade da desumanização, exploração e degradação da humanidade, da ética, da liberdade e da natureza sustentável, que é prosseguida pelos grandes grupos de pressão económicos, farmacológicos e dos media, que tanto influenciam e corrompem políticos e cidadãos, destruindo muitos ecos-sistemas e espécies da Natureza.

O nota vibratória e apelo sintonizador e ressoante do Arcanjo   é que estejamos sempre ou o mais possível em calma, desprendimento, serenidade, destemor e que para isso uma vida sóbria, ecológica, de comunhão com a natureza e as pessoas afins e de pouca exposição aos meios de informação é fundamental para sintonizar com os planos animico-espirituais e para recebermos as energias conscienciais dos campos psico-mórficos naturais e espirituais, dos mestres, anjos, arcanjos e Divindade.

Anjo tenente das armas de Portugal, ou Arcanjo de Portugal, por Diogo Pires o Moço. Séc. XVI.

Sempre que conseguirmos interiorizar, orar, meditar, silenciar, adorar, estar em amor, estamos a activar  a taça do Graal, e o corpo de luz ou glória,  em nós, em Portugal, no mundo, e  a intensificarmos a nossa participação nos melhores sub-campos psico-mórficos do grande campo unificado de energia, informação e consciência que perpassa todo o planeta e humanidade.

Anjo da cura, outrora de uma farmácia, à rua de S. Paulo, Lisboa

 É um trabalho frequentemente solitário, pois pouca gente nos acompanhará em tais práticas, realizações e consciencialização, mas que cada um de tem de levar avante com dedicação e amor, tal como infante D. Henrique, governador e impulsionador da Ordem e de Cristo e das navegações,  afirmou na sua tenção ou lema: Talant de bien faire, esforço ou vontade de bem fazer, e que ao longo dos séculos os melhores portugueses, frequentemente perseguidos ou menosprezados pelos poderes públicos ou oligárquicos, foram realizando e assim se libertando da lei da morte, da obscuridade dos seguidismos e partidarismos, materialismos e fanatismos, ou ainda de seitas e fantasias, antes respirando na aura da Tradição Espiritual Portuguesa ou do Corpo Místico da Humanidade, abrindo seu coração e olho espiritual e agindo pelo bem da bio-diversidade, da Justiça e do Amor em Portugal, na Terra, no sistema Solar, no Cosmos...

Olho espiritual do coro do convento de Tomar.

Consigamos nós e recolher-nos e elevar-nos mais nesta comunhão com o espírito e com os eixos ou polos (Qutb) verticais de Portugal e do Mundo, sejam os mestres, os Anjos e Arcanjos, o Sol e a Divindade e suas Faces (Ishta devata) e, perante tanto  egoísmo e violência, imperialismo e apartheid, opressão, alienação e mistificação, sejamos seres de Luz livre, amorosa, divina, solidária, e das trevas e mentiras vencedora.

Pintura de Bô Yin Râ

terça-feira, 8 de junho de 2021

Da memória silenciosa da mina de São Domingos, Alentejo, em Junho de 2021.

A mina de São Domingos, no Alentejo, concelho de Mértola, formou-se geologicamente há cerca de 350 milhões de anos e viveu discretamente até começar ser exploradas nos dois últimos milénios, e mais particularmente a partir de 1858, quando se estabeleceu a extracção industrial dos minérios, com electricidade, vagões e até caminho de ferro de 15 km até ao pachorrento rio Guadiana

O material extraído, a céu aberto, no tempos dos fenícios, cartagineses e romanos foi mais o ouro, a prata e o cobre  e depois sobretudo a pirite, com forte teor de enxofre, a galena, a blenda e a calcopirite, e durante uma centena de anos deu rendimento aos seus donos e ao Estado. Em 1965 foram desactivados os trabalhos por esgotamento do minério, já a ser buscado a 500 metros de profundidade, certamente com momentos dantesco ou pelo menos de perigosas derrocadas como ainda me narraram familiares de quem lá trabalhou. 

A degradação dos edifícios  foi depois rápida mas mesmo assim conserva-se hoje uma nobreza misteriosa, talvez associada à muita energia ali consumida na decantação dos minerais procurados e valiosos, numa febre interior e exterior que tanto queimou como purificou e uniu numerosas almas trabalhadoras, o seu carácter ígneo ainda se sentindo, sobretudo se a peregrinarmos nos meses quentes e caminharmos sobre as escórias do minério fundido e deixarmos a nossa imaginação intuir a vida que em toda a ampla zona se desenrolou.

Uma visita breve com a Alice Baptista, a ensinar e a morar em Serpa, em 5 Junho de 2021, levou-me a conhecer e a recolher estas imagens da paisagem fortissimamente intervencionada ou mesmo esventrada pelo homem e oferecendo-nos espelhos de água da sua grandeza e miséria, ou talvez mais até da fugacidade e transitoriedade da vida manifestada neste plano físico da existência cósmica, tão reflectida nos azuis do céu e da lagoa, questionando-nos mesmo: - O que extrairemos da combustão da nossa vida? O que resultará de valor eterno? Quantos restos, ruínas, charcos, incompletudes? Que futuro espera a Humanidade nestes tempos de tanta opressão e manipulação dos seres?

Avancemos e não tenhamos medo de confrontar as sombras ameaçadoras actuais, armados da nossa aspiração ardente à verdade, ao bem, ao belo, à liberdade, nas esteira dos ideais que nortearam alguns dos poetas e trabalhadores, idealistas e amantes, que nestas fornalhas arderam...










Há uma certa religiosidade ou espiritualidade no ar, na terra, nas escórias vulcânicas, no lago iridiscente, nas falésias e esporões, e sobretudo nos edifícios em ruínas, ainda conservando certa grandeza e geometria sagrada, arcos, nichos e óculos ou olhos, assinalando no erguer e  passar do tempo da História como devemos ser bem responsáveis dos nossos actos, pensamentos, construções, intenções e realizações..


Quais entradas e saídas para planos mais luminosos ou subtis...

Os jogos de sombra e de luz também nos atraem e encantam, seduzem e iniciam neste tabuleiro de xadrez por onde peregrinamos no jogo da vida, lila, na tradição indiana, e na qual devemos buscar a iluminação, relativa claro, mas que nos abra para a Realidade consciencial e divina primordial e subjacente...








Descodificar os sinais, discernir muito da história intensa e difícil das vidas humanas no trabalhar da mina certamente exige mais estudo e horas de visita e de meditação e assim cobrimos este artigo sob o manto diáfano "Da memória silenciosa da mina de São Domingos", pondo-a sussurrar pelas imagens das configurações ou morfismos que as fotografias espelham e sugerem...







 





Assim na terra como no céu, as nuvens e o seres passam cruzam, transmitem, iluminam...








Um veio azulado que irrompe na encosta em grande parte sepultada pela escória mineral




A pequena pedrada no charco, de água algo acidificada, e que vai irradiar por todo o lago.... Assim na nossa mente e alma, os mantras ou orações curtas tanto ajudam a aquietar e ritmizar as ondulações mentais como a criar ressonâncias integradoras e iluminadoras em nós, no nosso campo psico-mórico, e no todo, na anima mundi, em que estamos interligados..




Que as cascatas das bênçãos espirituais e divinas nos inspirem e guiem sempre....