O material extraído, a céu aberto, no tempos dos fenícios, cartagineses e romanos foi mais o ouro, a prata e o cobre e depois sobretudo a pirite, com forte teor de enxofre, a galena, a blenda e a calcopirite, e durante uma centena de anos deu rendimento aos seus donos e ao Estado. Em 1965 foram desactivados os trabalhos por esgotamento do minério, já a ser buscado a 500 metros de profundidade, certamente com momentos dantesco ou pelo menos de perigosas derrocadas como ainda me narraram familiares de quem lá trabalhou.
A degradação dos edifícios foi depois rápida mas mesmo assim conserva-se hoje uma nobreza misteriosa, talvez associada à muita energia ali consumida na decantação dos minerais procurados e valiosos, numa febre interior e exterior que tanto queimou como purificou e uniu numerosas almas trabalhadoras, o seu carácter ígneo ainda se sentindo, sobretudo se a peregrinarmos nos meses quentes e caminharmos sobre as escórias do minério fundido e deixarmos a nossa imaginação intuir a vida que em toda a ampla zona se desenrolou.
Uma visita breve com a Alice Baptista, a ensinar e a morar em Serpa, em 5 Junho de 2021, levou-me a conhecer e a recolher estas imagens da paisagem fortissimamente intervencionada ou mesmo esventrada pelo homem e oferecendo-nos espelhos de água da sua grandeza e miséria, ou talvez mais até da fugacidade e transitoriedade da vida manifestada neste plano físico da existência cósmica, tão reflectida nos azuis do céu e da lagoa, questionando-nos mesmo: - O que extrairemos da combustão da nossa vida? O que resultará de valor eterno? Quantos restos, ruínas, charcos, incompletudes? Que futuro espera a Humanidade nestes tempos de tanta opressão e manipulação dos seres?
Quais entradas e saídas para planos mais luminosos ou subtis...
Descodificar os sinais, discernir muito da história intensa e difícil das vidas humanas no trabalhar da mina certamente exige mais estudo e horas de visita e de meditação e assim cobrimos este artigo sob o manto diáfano "Da memória silenciosa da mina de São Domingos", pondo-a sussurrar pelas imagens das configurações ou morfismos que as fotografias espelham e sugerem...
Assim na terra como no céu, as nuvens e o seres passam cruzam, transmitem, iluminam...
Um veio azulado que irrompe na encosta em grande parte sepultada pela escória mineral
A pequena pedrada no charco, de água algo acidificada, e que vai irradiar por todo o lago.... Assim na nossa mente e alma, os mantras ou orações curtas tanto ajudam a aquietar e ritmizar as ondulações mentais como a criar ressonâncias integradoras e iluminadoras em nós, no nosso campo psico-mórico, e no todo, na anima mundi, em que estamos interligados..
Que as cascatas das bênçãos espirituais e divinas nos inspirem e guiem sempre....
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