O dito décimo primeiro, anónimo, que os organizadores das Sources de Sagesse Persane, Eugen Hettinger e Cornelia Pechtota escolheram é mesmo muito concentrado, embora a sua pluridimensionalidade simbólica seja grande. Diz-nos muito simplesmente:
«O náufrago agarra-se às cordas do vento.»
Comentário: Somos todos náufragos no Oceano da existência e por isso tentamos sobreviver nadando ou agarrando-nos ao que podemos. Assim na vida avançamos sós, ou dando as mãos aos outros, aos guias, aos astros, ao vento. Qual a regra de verdade, ou de coerência, ou de objectivo no nosso navegar? A de lutarmos por não soçobrar e antes a pura luz do Amor clarificar, alcançar e partilhar.
As cordas do vento a que se podem agarrar as pessoas podem ter características, valores e eficácias diferentes. Quais são as mais fortes, firmes e seguras?
Temos de conseguir discernir nos vários níveis da realidade em que navegamos quais são então esses laços que estabelecemos com o que nos rodeia e que implicam influências e interdependências.
A que recorremos mais quando adoecemos, enfraquecemos, duvidamos?
As cordas do vento é uma imagem muito bela, que nos remete para navegações míticas, aventurosas, de demanda, e em Portugal a tradição das viagens marítimas foi muito grande ao longo dos séculos, até a União Europeia ter consigo acabar com grande parte da frota marítima portuguesa. Mas até então, quantas navegações, tempestades, naufrágios, quantos seres agarrados pelas suas orações ao ventos desejados?
Seria necessário relermos a Peregrinação de mestre Fernão Mendes Pinto, ou as relações reais que Bernardo Gomes de Brito compilou na perene História Trágico Marítima para conhecermos e sentirmos esses momentos, em que pessoas, barcos e circunstâncias foram salvas pelas cordas e fios dos ventos e porventura por quem os sopra ou influencia.
A imagem que nos é oferecida como acompanhamento do dito "agarra-te bem às cordas do vento e da respiração-aspiração", de um cervídeo com asas, é bela e pujante, e impulsiona-nos a lançarmos as mãos e o coração ao mais alto possível, pois assim as asas crescerão e soprados, pela nossa respiração e aspiração alcançaremos a desejada comunhão...
Eis-nos com a primeira quadra de Omar Khayyam, na antologia francesa das Sources de Sagesse Persane que temos comentado, uma quadra muito rica de significações, ao realçar como a respiração ou sopro está em constante acção e logo podendo ser usada na transmutação de estados afectivos e psíquicos, os quais frequentemente nos escapam ao controle, ou não são os melhores para as harmonias do campo unificado de consciência e informação mundial. Omar Khayyam é neste poema um mestre espiritual instruindo-nos a estarmos mais conscientes da nossa respiração e como ela é o factor neutral e puro que pode alterar a balança das polaridades, ou pelo menos evitar que as soframos desequilibrada ou inconscientemente, apelando antes a conseguirmos sentir a alegria, a felicidade pura de vivermos no presente tão frágil quão divino do aqui e agora. Eis o ruba'i:
«Entre a fé e a descrença, a respiração. Entre a certeza e a dúvida, a respiração. Alegra-te no sopro presente onde vives, Pois a própria vida está no sopro que passa.»
Há
um espaço ténue frequentemente entre as águas claras e as escuras,
entre a dúvida e a certeza, o amor e o ódio, a luz e a sombra, o qual pode ser facilmente alterado pelas circunstâncias ou o calor de uma discussão.
Discerne pois bem onde estás e respira com intensidade e o melhor
possível, para estares em paz ou poderes mesmo alcançar valiosas, belas e verdadeiras interacções e realizações. Entre o
céu e terra corre uma circulação ininterrupta energética e consciencial
que liga também o teu passado ou futuro e é só no presente que a tua
plena criatividade se pode exercer nos sentidos mais libertadores
possíveis. Respirar então bem o presente, senti-lo, desfrutá-lo,
ajuda-nos a determinar-nos bem conscientemente, amorosamente,
sabiamente.
Consultada uma versão em inglês, a
de Justin Huntly McCarthy, dada à luz em 1889, e onde ele narra tanto as
vicissitudes da primeira tradução ocidental, de 1858, de Edward FitzGerald,
como a génese da sua paixão pelos Ruba'iyat de Omar Khayyam e logo da sua demorada tradução em prosa,
encontramos a quadra da Antologia, no meio da XVI: «Only a breath
divides faith and unfaith, Only a breath divides belief from doubt. Let
us then make merry while we still draw breath, For only a breath divides
life from death». Tal como lemos, o final recebeu um tradução do persa
diferente da que transcrevi: «Gozemos enquanto ainda respiramos, Pois apenas uma
respiração separa a vida da morte». Podemos
então de novo realçar o estarmos alegres na vida, o vivermos
harmoniosamente, e sabermos até desfrutar a riqueza da respiração que
nos anima, e neste sentido tantas práticas espirituais assentam em
consciencialização e realização de diferentes tipos de respirações e
energetizações possíveis.
Já na tradução de J. B. Nicolas, Les Roubaïates, editada na parisiense Seghers, em 1965, encontramo-la na quadra 20: «A distância que separa a incredulidade da fé é apenas a de um sopro, a que separa a dúvida da certeza é igualmente um sopro; passemos então alegremente este espaço precioso de um sopro, pois a nossa vida está separada da morte também pelo espaço de um sopro». Ou seja, despertemos e rejubilemos no presente e avancemos bem conscientes da preciosidade da respiração vital, amorosa e espiritual. Omar Khayyam
(1048-1131), nascido em Nishapur, no Khorasan, nordeste do actual Irão,
foi um genial poeta e filósofo, matemático e astrónomo e a sua obra
oscila entre o epicurismo e o espiritualismo, entre o cepticismo e a
visão da unidade do Universo. Pouco após a primeira tradução ocidental ganhou
grande reconhecimento nos meios de vanguarda da época, tal o dos
pré-rafaelitas e espalhou-se
por todo o mundo, a Portugal também chegando, nomeadamente com Gomes
Monteiro, Alberto J. Jardim, Fernando Pessoa, que traduziu algumas
quadras e se inspirou para várias suas, Fernando Couto, A. César Rodrigues,
Maria Alhiete Galhoz (com as suas Canções de beber - Ruba'iyat na obra de Fernando Pessoa) e Halima Naimova (Umar-i Khayyam. Ruba'Iyat, com cinquenta e uma quadras traduzidas directamente do persa), com estas duas almas luminosas e tão dedicadas à cultura tendo eu ainda dialogado algumas vezes.
Discutir-se
a espiritualidade mística sufi ou não de Omar Khayyam tem dividido, como a respiração-sopro da quadra, o campo dos especialistas, tanto mais que o seu primeiro
tradutor considerava-o um epicurista, materialista e anti-religioso. Destaquemos
porém que um bom mestre da espiritualidade yogui tão afim da sufi,
consagrou-lhe de 1937 a 1944 uma série de artigos que se tornaram em
1994 um tratado bem ilustrado. Nada mais nem menos que o autor da famosa
e valiosa Autobiografia de um Yogi, o mestre indiano Paramahansa Yogananda: Wine of the Mystic. The Rubaiyat of Omar Khayyam.
A spiritual interpretation, na qual considera que Omar Khayyam tinha
uma elevada realização espiritual, assinalada pela sua visão interior e a
ligação à Divindade ou ao Um. Esperamos um dia trabalhar e partilhar
algo desta aproximação e visão, invocando as inspirações e bênçãos de
tão grandes almas da tradição persa e indiana... Segue-se um vídeo com algumas quadras ou rub'iyat, bem musicadas e cantadas...
A nona fonte da Sabedoria Persa encontra-se também em muitos povos, e aconselha-nos a sermos mais gentis, a estarmos mais atentos a cada momento quanto ao que poderemos dar aos outros e ao mundo de melhor. O dito, como a maioria deles, foi comentado viajando num autocarro lisboeta, e acrescentado na transcrição.
«A delicadeza é uma moeda que enriquece não a quem a dá mas a quem a recebe.»
Comentário: O respeito, a compaixão, o amor, a solidariedade e o sacrifício pelos outros são qualidades elevadas na espécie humana e são elas que mais fertilizam e aperfeiçoam a humanidade e, quando bem vividas e praticadas, dão luz às almas tanto dos que recebem como dos que dão. O famoso dito da sabedoria indiana, tão próxima da iraniana, pela irmandade dos Vedas e do Avesta, de que "tens direito à acção que te compete mas não aos frutos dela" (Bhagavad Gita, 2.47), diz-nos algo neste sentido: o que fazes aos outros não te faz direito a ter frutos neles, não saberás se frutificarás neles, mas sobre a tua alma os efeitos das qualidades manifestadas caem imediatamente, embora por vezes imperceptivelmente. Tenta pois seres o mais cuidadoso e delicado e nestes tempos de redes sociais procura acautelares-te na crítica forte que possas achar que se deva fazer. Ser respeitador e simpático com os outros, compartilhar ou acolher alegrias e dores com sensibilidade e paciência, prepara as almas para abraçarem e atravessarem as provações ou exigências que inevitavelmente se deparam no caminho da auto-realização espiritual e humana. Que a tua alma e aura seja um tanque ou lago de montanha que recebe constantemente as energias do céu, pela respiração, a vista exterior e interior, os esforços, os sentimentos e os pensamentos, e as acumula, assimila, aperfeiçoa e irradia para todos os vales e seres da Terra, com delicadeza ou amor...
Nesta oitava semente da Sabedoria Persa encontramos um excerto dum poema de Hafiz
em que, na sua linha de fiel do Amor, o vinho inebriante e alquímico é exaltado. A imagem ambiental é famosa, a da estalagem ou tenda, muitas vezes no
deserto fora da vila, onde o vinho, proibido pela religião islâmica,
era derramado, vinho metáfora do amor que a secura e o
formalismo da religião ou da vida social não conseguem frequentemente
manter vivo, fresco, circulante. E assim os santos ou mais puros, ou que tal se
consideram, pode ser que um dia tenham de pedir a uma mulher ou a uma prática mais mística, a graça ou vivência unitiva que lhes faltava do Amor.
«Receio bem que os santos, que criticam os embriagados, venham a ter de ir um dia dizer as suas orações na loja de vinho»
A identificação com certos ideais, doutrinas, regras de vida, comportamentos se leva a sentimentos de superioridade ou mesmo à condenação dos outros, é certamente perigosa e nociva, ao estarmos a separar-nos dos outros e ao pensarmos que detemos a verdade, ou somos melhores ou mais puros Ora
a verdade é muito mais abrangente e misericordiosa, inclusiva e amorosa
que as nossas limitações, preconceitos e zelos e por isso devemos
tentar desenvolver mais o amor desinteressado, a abertura do coração, a
aceitação do outro, da diferença e do que aparenta ser erro, ou mesmo
pecado, mal. Na
balança da alma, seja por julgamento externo seja por auto-avaliamento
próprio, conta mais a abertura do coração e a irradiação do Ser Divino
que está em nós para os outros, do que a separatividade, a
superioridade, o conhecimento, a posse aparente da razão ou da verdade. Se
te valorizas demais, terás fatalmente de ser humilhado e rebaixado pela
vida. Como podes julgar tão facilmente os defeitos dos outros sem
saberes das causas e dos processos em curso? Para quê criticares,
discutires e tentares convencer o outro, se para isso ele não está
preparado ou disposto? Dar mais exemplos vivos, vivenciar, solidarizar-se, eis o caminho.
Sê
amor, sê tu próprio o estalajadeiro que fornece o vinho do amor
fraterno e ao divino, que tanto o que critica como o que é criticado bem precisam...
Não
te deixes prender demasiado em hábitos, padrões, valores de tal modo
que percas tanto a capacidade de simpatia e amor adaptativo com o que te
rodeia, como a capacidade de estares mais em amor provindo do teu
interior, ou da reciprocidade da tua alma afim.
Eis-nos na sétima frase ou poema da Sabedoria Persa, esta anónima, recomendando-nos a sábia paciência de deixarmos certas palavras emotivas ou ardentes serem pronunciadas só depois de terem amadurecido e do nosso ser de algum modo ter ardido com elas. Um dito muito rico quanto a leituras possíveis, e que na antologia Sources de Sagesse Persane vem acompanhado de uma bela miniatura persa da colecção Kofler-Truniger, em Lucerne.
«Se uma palavra te queima a língua, Deixa-a arder.»
Comentário: As palavras são por vezes sentidas em nós como entidades ígneas, fortes, e de quando em quando receamos transpô-las para a palavra falada ou mesmo para a escrita. Sabermos senti-las, sopesá-las, saudá-las antes de sabermos o destino que lhes vamos dar é importante, embora frequentemente as pessoas, impacientemente, não consigam mantê-las no seu interior o tempo suficiente para as envolver de mais valiosas energias e intencionalidades. É no fundo a questão da palavra justa, mágica, que bem pronunciada tem efeitos seja de invocação seja até de evocação do que foi nomeado. Daí que as palavras-nomes que se atribuíram aos Deuses foram tão dedilhadas, mantrizadas, cantadas, oradas. Por vezes penso quando estou a repetir uma palavra sagrada, quantas pessoas o estarão a fazer nesse momento, ou quem foi aquele ser que as pronunciou mais vezes, ou quem melhor a conseguiu assimilar e ser um com ela. Saibamos então escolher e cultuar alguns nomes ou palavras, com tal consciência e concentração que saibamos até inflamá-los antes de os pronunciarmos, pois por tais modos enriquecemos o pecúlio do nosso saber de cor, que segue no coração e ser subtil nosso, pela eternidade a dentro. Neste sentido houve as tabuinhas com orações e nomes para intensificar a consciência no caminho do além, ou para invocar os protectores e guias celestiais, que os devotos ou iniciados egípcios, persas, gregos e romanos levavam ou sabiam de cor. Certamente que este dito da sabedoria persa, como acontece sempre, é pluridimensional e, logo, podemos fazer outra hermenêutica mas catártica: Se no teu coração ou interior houver vozes, gritos, orações ou apelos exprime-os, ora em silêncio, ora com a voz. Para que, desbloqueada a tensão, o rio do Amor divino flua por ti e pela unidade dos seres e do mundo, e para que possas depois no silêncio ouvires as respostas do Universo, ou do teu próprio espírito...
Pintura de um pré-rafaelita: da escuta da voz subtil...
A morte de um amigo, o Joaquim Veiga, com quem convivemos algumas vezes, e nos recebeu mesmo em sua casa, em Bagueixe, Bragança, subitamente, é sempre uma tristeza, uma abalo, um cortar de fios de afectividade humana, uma voz que desaparece ou pelo menos se subtiliza... Como estará a mulher, provavelmente arrasada ou entristecida, e ele mesmo, já nos planos subtis?
Estava
ele bem preparado, a sua consciência íntima de si mesmo atingira o
nível do espírito e do seu corpo espiritual?
As suas reflexões e
meditações serviram para fortalecer a sua consciência de ser um espírito
que um dia deixaria o corpo físico para trás e avançaria pelos mundos
subtis, rumo aos mundos espirituais a que pode chegar? As
perguntas, dúvidas e questionamentos de si mesmo terão desperto nele
uma capacidade de ouvir interiormente e de receber as respostas
necessárias, que o farão agora estar sem medo, confiante e desperto? Conseguiu
ele ir-se aperfeiçoando espiritualmente e aprender a arte de morrer em
vida e logo estar já bastante desprendido da terra, pronto a partir, sem
olhar para trás, sem tristeza, sem estar preso a nada, antes apenas
aspirando à ligação à verdade, ao bem, aos seres e mundos espirituais? O
que poderemos nós fazer por ele, agora que, sem o corpo físico, paira na sua
interioridade de alma mais ou menos luminosa e desperta, com dois
caminho ou focos de atenção e volição abertos: o da Terra donde se libertou e a que se prenderia, e o dos mundos subtis e
espirituais, ainda com os seus patamares mas que ascende às verdadeiras realidades, rumo à Fonte Divina?
Vai a sua consciência, agora sem o corpo
físico, conseguir aperceber-se do corpo ou organismo espiritual em que
vive agora e na qual se deve unificar é o meio para tomar consciência de si mesmo enquanto centelha espiritual? Tem ele suficiente calor de amor para não se sentir frio? Amou
ele abnegadamente, expandidamente, para agora poder ter acesso às
regiões espirituais elevadas dos seres de amor próximo do dito
amor incondicional, ou que seja do amor a todos os seres? Creio que sim. As vezes que com
ele dialoguei (e foi à volta da tradição espiritual portuguesa, numa palestra que fiz no Porto há anos acerca da Dalila Pereira da Costa que o conheci pela primeira vez), quando o visitei e me hospedou, a sua doçura de tracto, a sua boa
relação com a mulher (que certamente se manterá subtilmente, animicamente), irmãos e sobrinhos, o seu grande amor aos livros patente numa excelente biblioteca, os trabalhos que realizou com grande qualidade em França, os bons vizinhos, a terra e o jardim que tratavam (e dos quais tirei excelente fotografias) e a sua lúcida
crítica das ditaduras sanitárias, dos apartheids e opressões na Terra
Santa e do imperialismo, sinalizam-no como um Fiel do Amor e por isso
só podemos desejar e orar para que o Joaquim esteja desperto, aberto aos
guias, antepassados, anjos ou mestres que o inspirarão ou acompanharão nas
melhores vias ascensionais rumo à Divindade, e para que Ela vá brilhando mais nele.
Pintura do mundo espiritual de Bô Yin Râ.
Muita luz e amor, sentidamente, para ti, Joaquim. É a tua Hora! És um espírito luminoso, num corpo espiritual ágil! Avança para o alto e o mundo divino!
O "documentário sobre os Yoguis do Tibete" foi uma das suas últimas partilhas no Facebook. Saibamos sê-los, pois yogui significa religado, reunido ao seu espírito imortal... Que o Joaquim o possa vivenciar plena e luminosamente... Amen, Aum...
É
com um breve excerto da fabulosa obra de Hafiz, de Shiraz, que convivemos nesta
sexta fonte da sabedoria persa. Hafiz, com Saadi, Rumi, Firdowsi e
Khayyam, é o quinteto poético mais apreciado e cultuado no Irão de hoje e
no mundo dos amantes da poesia e sabedoria persa. Hafiz (1315-1390) é
um dos mundialmente mais conhecidos e valiosos poetas do Amor, humano, espiritual e
divino, fogo luminoso no qual todas as barreiras se diluem ou se
desvanecem para que as essências e as melhores qualidades venham ao de
cima. O seu diwan, a sua antologia de ghazals, muito usada para se abrir à sorte ou à fortuna, istixara, é uma das mais famosas
e lidas no mundo e entre nós Antero de Quental e Fernando Pessoa
mencionam-na. Quando estive no Irão em 2011 fiz uma conferência sobre
ele numa universidade em Teerão. Que este breve excerto nos desperte
mais a nossa e fortifique
«E dei conta de mim a gritar: - Ó Fortuna, o Sol levantou-se e tu ainda dormes! E a Fortuna respondeu-me: - Apesar de tudo, não desesperes».
Comentário:
A plenitude, felicidade ou fortuna que todos desejamos ou aspiramos não
surge nem se instala facilmente, pois é antes o resultado lento da
maturação de múltiplas sementes desabrochadas em árvores e que darão os
seus frutos fragrantes e nutritivos capazes de tornarem felizes os que
as souberam cultivar ou os que os receberão.. Tal como o Sol nasce no horizonte nas sucessivas estações em horas
diferentes, assim cada alma vê o Sol nascer ou brilhar mais na sua vida
na hora ou época apropriada, embora em cada novo dia o Sol visível e invisível possa derramar sobre nós influxos bem luminosos e benéficos. A perseverança na manutenção de uma consciencialização espiritual e de certas práticas harmonizadoras psico-somáticas intensificadoras do nosso acolhimento venerativo da luz e das irradiações criativas e felizes é a base da esperança que o Sol do Espírito e do Amor brilhará mais afortunadamente na nossa peregrinação da vida. - Levantei-me de manhã, virei-me para o Oriente e orei para as montanhas mais elevadas e os raios dos Mestres e da Divindade: - Possai vós inspirar-me a conseguir fazer a Fortuna brilhar mais na Terra....
- Quel amour l'Amour nous donne avec tant de Fortune....