domingo, 20 de junho de 2021

Livros de Shinto, 89, brevemente apreciados. "Best" Shinto Books, a short review.

 ACTA ASIATICA. Bulletim of the Institute of Eastern Culture, nº 51. STUDIES ON SHINTO. Tokyo. The Toho Gakkai, 1987. In-4º máx. de VII-123 p. Valiosos artigos de Minoru Sonoda (Religious situation in Japan in relation to Shinto), Shoji Okada, Koremaru Sakamoto, Haruo Sakurai, Keni Ueda (The Monotheistic Tendency in Shinto Faith) e Naofusa Hirai.

ACTES DU XXIX CONGRÈS INTERNATIONAL DES ORIENTALISTES. 1976. Japon. Vol. I and 2. In-4º 173 págs. Artigos de Yogi AKASHI, V. M ALPATOV. Richard C. BUCKSTREAD, Albert CRAIG, Robert S. ELLWOOD (Shinto and the discovery of history in Japan, Jeanne Godberstz), Howard H. HIBBETT, Patrik Le NESTOUR, Hiroshi MIJAYI (Yamazaki Ansai and the formulation of Suiga Shinto), Richard PILGRIM, Keiji SENOO (What did the Jesuit Fathers (padres and irmãos) of the 16 century think about Budhism in Japan?) Patricia G. STEINHOFF (Spiritual Tenko and the Tenko Bungaku movement), etc. (89)

ANAIS UNIVERSITÁRIOS. Série Ciência Sociais e Humanas. Nº 6. Covilhã, Universidade da Beira Interior, 1995.  In-4º 341 p. Br. Organizados by José Manuel Santos,  na seccão II Tradições Orientais e estudos comparativos Oriente/Ocidente, foram publicados os seguintes artigos: Klaus Held (World, Emptiness, Nothingness: a Phenomenological Aproach to the Religious Tradition of Japan), Chan Wing-Cheuk (The problem of Ego in Yogacara Buddhism and Phenomenology), Günter Wohlfart (Nature and Ethics in Zen: the Concept of Zi-Ran (self-so) as a Taoist source in Zen), Graham Parkes (The Cosmic Buddha Exponds the Teaching through Rocks). O Shinto só foi abordado, no último e bem valioso artigo, em algumas linhas, que traduzimos: «Quando as ideias Budistas chegaram ao Japão vindas da China,  entraram num ethos condicionado pela religião indígena  do Shinto, de acordo com a qual o mundo natural  e os seres humanos são igualmente prole do divino. No Shinto todo o mundo é compreendido como habitado por shin (também lido kami), ou espíritos divinos. Estes podem ser não só espíritos de antepassados mas tudo o que ocasiona espanto e reverência: vento, trovoada, raios, chuva, sol, montanhas, rios, pedras, árvores. Tal atmosfera [ethos] seria naturalmente receptiva à ideia que a terra a as plantas participam na natureza de Buddha». Em seguida,  não referindo o Shinto, este está porém fortemente implícito, nomeadamente no culto solar e na profunda transformação que o seco budismo indiano recebe do ethos ou shin, ou espírito panteísta nipónico: «O primeiro Japonês a usar a frase  mokuseki bussho ("A natureza-Budha de árvores e rochas"), foi aparentemente Saicho, fundador da escola Tendai no Japão, no começo do nono século, apesar de ele não ter desenvolvido a ideia. A ideia foi desenvolvida, num modo espectacular, por um contemporâneo de Saicho, Kukai, que tornou a ideia da budicidade de todos os fenómenos central na sua filosofia.  Kukai pegou na ideia abstracta do dharmakaya (o mais elevado nos "três corpos" de Buddha: uma realidade eterna, imutável e sem forma impregnando ou penetrando todo o universo) e tornou-a magnificentemente concreta clamando que o Cosmos pode ser compreendido - e experienciado - como a manifestação, ou corpo, do Buddha cósmico Dainichi Nyorai, o Grande  Sol Buddha». (nº88).

ANESAKI, Masaharu. QUELQUES  PAGES DE L'HISTOIRE RELIGIEUSE DU JAPON. Paris, 1921. In-8º de 72 p. Um dos estudiosos da religiosidade nipónica com formação ocidental, Anesaki (1873-1949) foi um devoto do Budismo de Nichirem (1222-1282), o que se reflecte nesta obra, que não contempla o Shinto. Capítulos: «O Príncipe Shotoku [573-622], pioneiro da civilização japonesa [introdutor do Budismo]; Dengyo e Kobu, organizadores da hierarquia budica; Honen, o santo pietista; Nichiren, o profeta; Introdução do budismo Zen e os seus efeitos na civilização japonesa; Uma fase do movimento religioso no Japão moderno»; neste último, descreve brevemente os casos de iluminados individuais inspirados no Budismo e Cristianismo: Takayam, Kiyozawa,Tsunashima,

ASSANO, Nagatake & NOMA, Seiroku. L'AU-DELÀ DANS L'ART JAPONAIS. Paris, 1963. In-4º máx. 94 p.  Exposição realizada no Petit Palais com obras vindas do Japão de: 1 - escultura (cerâmica do período Jômon, cf., a imagem e, já posteriores, budistas) e 2 - pintura Zen, acerca da visão do além, o diálogo dos homens, a natureza eterna e o culto dos grandes seres e dos deuses. Belas imagens a preto e branco.

                                         

ASTON, William. G. SHINTO, The Way of the Gods. London, 1905. In-4º de 300 p. Bom livro, um dos mais reeditados e aqui na sua 1ª edição, um clássico. Com xilogravuras, como a reproduzida em cima representando a Divindade e deusa solar Amaterasu Omikami. William Aston (1841-1911), com vinte e três anos de Japão e dois de Coreia, foi um dos pioneiros do estudo da língua e literatura japonesa, tendo traduzido os clássicos. As suas duas obras finais são as que tratam do Shinto,  vendo os kami ou deidades como personificações e deificações de homens, e descrevendo bem os mitos e cultos, transcrevendo comentários e orações,  embora ainda com bastante preconceitos, nomeadamente contra a  magia e a adivinhação, considerando nelas  que «o elemento patológico é decididamente predominante», quando, embora os meios pareçam ridículos e supersticiosos, o mais importante (e eficaz) é a fé, o poder da palavra, as vibrações dos seres e coisas e a acção empática psíquica à distância. Assim Aston, embora conhecendo bem o Kojiki, o Nihongi e o Yengishiki, os textos mais antigos do Shinto, não consegue compreender nem certos aspectos dos mitos,  símbolos e actos mágicos ou espirituais, nem a importância dos grandes teorizadores (Motoori Norinaga e Hirato Atsume)  da renovação do Shinto Puro, concluindo a obra com afirmação que o Shinto como religião nacional está praticamente extinto, prognosticando que o Budismo e o Cristianismo se tornarão as grandes religiões. 

BLACKER, Carmen. THE CATAPALTA BOW. A study of Shamanistic Practices in Japan. Surrey, 1975, aliás 1992, 3ª edição. In-4º de 384 p. Muito boa investigação e bem ilustrada. Explica como a ligação entre os mundos visíveis e invisíveis continua a fazer-se «com transes, poder de salvar espíritos perdidos, contactar os numina locais, curar doenças causadas por espíritos zangados», pois encontrou-se ainda com vários ogamiyasan, ou ascetas curadores, bem como os yamabushi do Shugendo, nomeadamente da montanhas de Omiwe  e Miwa, que eu também peregrinei, tendo até numa encontrado os yamabushis. Partiha mantras, técnicas, práticas.
                                                  

BOUCHY, Anne. LES ORACLES DE SHIRATAKA. Vie d'une femme spécialiste de la possession dans le Japon du XX siècle. Mirail, Presses Universitaires du Mirail. 2005. In-4º 256 p. Reedição da edição de 1992, aumentada. Bom trabalho de campo ao longo dos anos. Uma das ideias valiosas, desta investigação acerca de uma shaman e vidente japonesa, é a de que os kamis não venerados são infelizes e causadores de problemas no humanos, algo presente nas fundações do culto doméstico, tão praticado, entre outros, por romanos e nipónicos.

                                           

BREEN, John and TEEUWEN, Mark (Edited by...). SHINTO IN HISTORY. Ways of the Kami. Hawai, 2000. In-4º gr. 368 p. Excelente. Coordenado por dois bons estudiosos de Shinto, que contribuem também, doze contributos de bons investigadores:Tim Barret (Shinto and Taoism in early Japan), Sonoda Minoru (Shinto and the natural environment), Nelly Hauman, Allan Grapard, Bernard Scheid (Reading  the Yuiitsu Shinto myobo yoshu: A modern exegesis of an esoteric Shinto text), where is expounded the famous mantra Mujo reiho shinto kaji), W. J. Boot, Brian Bocking, Nicola Liscutin (Mapping the sacred Body: Shinto versus popular beliefs at Mt. Iwaki in Tsugaru), Anne Walthall, Nitta Hitoshi, Sakamoto Koremaru, Kamata Toji e Isomae Jun'ich. Com mapas e boas notas e bibliografia.

BUCHANAN, Rev. D. C. INARI: Its Origin, Development and Nature. The Transactions of Asian Society, Tokyo, 1938. In-4º 191 p. Muito bom sobre o culto de Inari, Kami feminino da agricultura, e os seus templos, ritos, festas e raposas.

                                             

CAHIERS D'EXTRÊME-ASIE nº16. 2006-2007 Volume édité par Bernard Faure, Michale Como, Iyanaga Nobumi. RETHINKING MEDIEVAL SHINTO. REPENSER LE SHINTO MEDIEVAL. Kyoto, French School of Asian Studies, 2009. In-4º 392 p. Contribuem vinte e um estudiosos do Shinto e da religiosidade nipónica para esta valiosa publicação. Destaque para Anna Andreeva, Abe Yasuro, Lucia Dolce, Kadoya Atsushi, este sobre a formação dos ícones Shinto.

CAILLET, Laurence. JAPON. FÊTES TRADITIONELLES EN ASIE. Paris, Musée Kwok On, 1984. In-4º 43 p. Descrição, bem ilustrada, das festas e ritos sazonais, a grande maioria provenientes do folclore religioso shamanico-shintoista.
  CHAUVELOT, Robert. LE JAPON SOURIANT. Ses Samourais, ses Bonzes, ses Geishas. Paris, 1923. In-4º gr. 222 p. Bem ilustrado, boas descrições do muito que este arguto viajante viu ou participou.

                                                           
DARUMA. Revue d'Études Japonaises. Nº 4, Automne 1998. Toulouse, Éditions Philippe Piquier. In-4º 313 p. Bons artigos de vários especialistas, num número dedicado à Epistemologia. Destacaremos de Alain Rocher, L'Herméneutique silencieuse - Lecture, comentaire et compréhension dans les traditions shintoïstes.

 DAVEY, H. E. LIVING THE JAPANESE ARTS & WAYS. Berkeley, 2008. In-4º máx. 211 p. As várias palavras chaves da cultura e espiritualidade japonesa, e exercícios nas várias artes ou caminhos, "do".  

                                            
DUTRA, Osório. O PAIZ DOS DEUSES. Aspectos, Costumes e Paisagens do Japão. Rio de Janeiro, Livraria Leite Ribeiro, 1922. In-8º XI-291 p. Boas
descrições, em trinta pequenos capítulos (alguns reeditáveis) das atribulações, encantos e reflexões dum diplomata sensível, colocado um ano no Japão. Com prefácio de João do Norte («brilhantes páginas de observação erudita e sagaz», dirá), que referencia Fernão Mendes Pinto e Wenceslau de Moraes, tal como Osório Dutra que o transcreve algumas vezes, embora não fiquemos certos que se encontraram, já que Wenceslau, também diplomata, renunciara ao seu cargo em Kobe e japonizara-se em Tokushima, desde 1913. Uma das citações lapidares de Wenceslau é esta: «A religião xintoísta, diz ele, é, principalmente, um culto de glórias, de heróis, de amor acrisolado pela pátria; calha bem com a criança que inicia, entre esperanças, os seus passos na existência. A religião budista despreza os gostos deste mundo, cura da alma, do além da vida terreal; vai bem com os mortos».

                                              

EARHART, H. Byron. A RELIGIOUS STUDY OF THE MOUNT HAGURO. Tokyo, Sophia University, 1970. In-4º máx. de 212 p. Excelente estudo sobre o culto e a espiritualidade em relação às montanhas no Japão, sobretudo do monte Haguro, e sobre os ascetas do Shugendo. 

ELLWOOD, Robert & PILGRIM, Ricard. JAPANESE RELIGION. New York, 1992. In-4º 162 p. Bom trabalho dividido e duas partes e nove capítulos, 1ª: A Panorama of Japanese Religion: The Japanese way; Moments and memories: an imaginary tour (Tokyo, Kamakura, Kyoto/Nara); Japanese Religion in historical perspective ( The Story, with their periods; Modern Japan; Scenes from the Past; Exemplary persons: Shinran Shonin, Motoori Norinaga); Counter cultures (Outside the mainstream; Exemplar movements: the Caterpilar cult, Nichiren and Nichiren Budhism, Nakayma Miki and Tenrikyo). 2ª Specific Patterns in the Religion of Japan: Religion and the arts; Conceptual worlds, Ritual and pratice of Religions; Religion and Society; Japan in change and continuity.

 FROIS, Luís S. J. KULTURGEGENSÄTZE EUROPA JAPAN 1585. TRATADO EM QUE SE CONTÉM MUITAS SUSINTA E ABREVIADAMENTE ALGUMAS CONTRADIÇÕES E DIFERENÇAS DE CUSTUMES ANTRE  A GENTE DE EUROPA E ESTA PROVINCIA DE JAPÃO.  Von Josef Franz Schütte S. J. Tokyo, Sophia University, 1955. In-fólio peq. XXXV-89-289 p. Texto bilingue alemão e português, embora a introdução esteja apenas em alemão. Luís Fróis foi um dos melhores missionários, pois era médico, e neste trabalho compara em quatorze capítulos Portugal e o Japão: «Do que toca aos homens em suas pessoas e vestidos; Do que toca às mulheres em suas pessoas e trajos; Do que toca aos meninos em sua criação e custumes; Do que toca aos bonzos que são seus religiosos; Dos templos e couzas que tocam ao culto e religião; Do modo de comer dos Japões e seu beber; Das armas e da guerra; Dos medicos, mezinhas e modo que tem de se curar; Dos livros e modos de escrever dos Japões; Do que toca às fabricas  das casas, ruas e jardins; Do que toca aos cavalos e seus dogus; Das embarcações e seus custumes e dogus; Dos autos, farças, danças, cantar e instrumentos de musica; Das couzas extraordinarias.» Se no capítulo das crianças Fróis elogia bastante os japoneses, nos dois capítulos religiosos, à parte algumas observações imparciais, desfere críticas exageradas constantes ao comportamento dos bonzes, zen, yamabushis, ou mesmo às suas formas artísticas e ritos. No restante da obra é bem mais observador comparativista imparcial, ou seja,  era bem um missionário prosélito a escrever... 


 FUJISAWA, Dr. Chikao. COMPLETE UNIVERSALITY OF THE JAPANESE WAY OF THINKING - A new Interpretation of Shintoism. Tokyo, The Hokuseido Press, 1958. In-8º 161 p. B. Professor universitário de filosofia e política, citando Jung, Cassirer, Marcel Granet, Gabriel Marcel, Heidegger, o autor oferece uma visão actual  do "Universalismo diversificado" ou "transcendentalismo científico" do Shinto, no qual o transcendente e o imanente são harmonizados pela consciência fenomenológica de se ter sido criado pelos Kami. Interpretando dentro de uma perspectiva neo-shintoista baseada no Ying e Yang, a etimologia de palavras e conceitos chaves como Kami, Michi (caminho, e divino sangue), Musubi, Shinto, Hito, Hi (Sol, e Um), Makoto (verdade e sinceridade), Kiku (crisântemo, e ouvir-obedecer), Mikoto (divindade e palavra honrada)  Fujisawa explica ainda os principais Kami e o que eles significam em termos de princípios e de energias, tal Takami  Musubi no Kami, que se manifesta como Saki Mitama, alma desabrochante e Kushi Mitama, e alma ou dinâmica despojante.  A parte mais surrealista é a ligação que tenta fazer do Shinto com Moisés, a Bíblia e aspectos do judaísmo e do cristianismo, crendo ou escrevendo algumas ingenuidades ou toleiras grandes. Interessantes explicações acerca de várias festas e matsuris. Critica fortemente as imposições e censuras norte-americanas à ligação divina e religiosa do Imperador, descrevendo bastante da sua origem e funções. Melhores partes do livro: o conceito de kami, etimologias filosofantes e espiritualizantes, e as festividades.
 
 GOI, Masahisa. GOD AND MAN. Revised edition. Chiba, Byakko Press, 1983. In-4º 119 p. B. Valiosa obra com capítulos:" Man's Relationship to God. The various realms of Man existence. Divine Ministers and Guardian Spirits. How to overcome Karma. True and false Religions. A guide for Spiritual Growth. Questions and Answers. Prayer for Peace." Masahisa Goi nasceu em 22-XI-1916, em Tóquio (morreria em 1980) e aos 33 conseguiu a ligação com o seu espírito divino, e a partir de 1955 iniciou um movimento Byakko Shinto Kai, que usa o mantra "Possa a Paz prevalecer na Terra", e ainda hoje é muito activo, estando a sede no sopé do Monte Fuji. Em 1890 desincarna e sucede-lhe a filha adoptiva. A sua obra (mais de 60 livros) contém muitos aspectos shinto mas vai mais longe pelas suas meditações e experiências espirituais. Recebia diariamente centenas de pessoas a quem ajudava pela  clarividência, ensinamentos e a Luz divina que através dele passava, Byakko, significando Luz branca. Uma estadia neste grupo será certamente valiosa.

                                                 

GRAPARD, Allan G. THE PROTOCOL OF THE GODS. A Study of the Kasuga Cult in Japanese History. California, 1996. In-4º XIV-295 p. Excelente história deste santuário Shinto em Nara, da família Fujiwara, e da sua inter-relação com o templo Budista de KofuKuji, desde o período Heian (794) até ao séc. XX. Allan Grapard é um dos grandes especialistas actuais do Shinto.

GROTENHUIS, Elizabeth Ten. JAPANESE MANDALAS. Representations of Sacred Geometry. Hawaii, 1999. In-4º máx. 227 p. Muito bem ilustrado e excelente contextualização visual, doutrinária, histórica e literária das mandalas budistas e shintoístas.

HEARN, Lafcadio. JAPAN'S RELIGIONS. Shinto and Budhism. New York. 1966. In-4º 356 p. Excertos dos livros Japan, Kokoro e Glimpses. Com Wenceslau de Moraes, Lafcadio foi um dos pioneiros sábios ocidentais a japonizar-se, se assim se deve dizer, dando descrições fabulosas do Japão do séc. XIX. 
 
HEARN, Lafcadio. OUT OF THE EAST. London, Kegan Paul, NY. 1900 (?). In-4º 341 p. Capítulos de reflexões breves sobre acontecimentos e costumes nipónicos, com breves referências ao Shinto: o espelho feminino e sagrado, o kami (Suijin-Sama) dos poços e as suas cerimónias, Shi-ryo e Iki-ryo, fantasmas de vivos e de mortos, a morte e o casamento.
 

HEPNER, Charles William. THE KUROZUMI SECT OF SHINTO. Tokyo, 1935. In-4º 270 p. Ilustrado. Muito bom, estudo pioneiro e clássico sobre esta linha Shinto, com várias orações e ensinamentos práticos tradicionais e intuídos pelo carismático fundador Monetada Kurozumi (em cima na imagem). Nas 54 páginas iniciais há uma boa explicação do Shinto e da sua evolução, e depois vida e obra, ensinamentos e por fim a organização. Constante transcrição dos textos originais em japonês, com a tradução inglesa. Só em relação ao politeísmo, às curas e à magia e à adivinhação utilizados por Monetada é que Charles Hepner faz críticas exageradas, ao estar condicionado pelo monoteísmo judaico-cristão e não compreender certos aspectos do mundo subtil e invisível.

HERBERT, Jean. DIEUX ET SECTES POPULAIRES DU JAPON. Paris, 1967. In-4º 283 p. Muito bom, de um notável conhecedor, abrangendo já as seitas do séc. XIX e XX, bem apresentadas.

HERBERT, Jean. LA COSMOGONIE JAPONAISE. Paris, 1977. In-4º 283 p. Dum notável conhecedor do Shinto: A criação do Mundo, a Grande confrontação, A consolidação da Terra, a pacificação da Terra, a partir do Kujiki (612) Kojiki (712), Nihongi (720), Kogoshui (807), Sendai Kuji Hongi (fim do séc. IX) e o Engi-shiki, de (967), este com muitos noritos ou ladainhas.

HERBERT, Jean. LES DIEX NATIONAUX DU JAPON. Paris, 1965. In-4º 343 p. Muito bom, um notável conhecedor da espiritualidade e mitologia japonesa, e indiana, bastante exaustivo acerca dos principais Kami.

                                          

 HERBERT, Jean. AUX SOURCES DU JAPON. LE SHINTO. Paris, 1965. In-4º 374 p. Excelente obra, das mais abrangentes e profundas na leitura esotérica ou espiritual do Shinto. Muito bem ilustrada com desenhos.

 HERBERT, Jean. LA RELIGION D'OKINAWA. Paris, Dervy, 1980. In-8º de 101 p. Última obra deste notável orientalista e japonológo, já com 83 anos (1897-1980), realizada na companhia de dois mestres shintoistas, Akira Nakanishi e Yoneo Okada, para a qual visitou 60 locais de culto e dialogou com 36 sacerdotizas (noros) Shinto em quatro das ilhas do arquipélago de Okinawa, já que lá são quase só as mulheres a exercerem desde alta antiguidade a função de intermediarização. Há contudo também os utas, homens curadores, inspirados ou mediuns.

HITOSHI, Miyake. SHUGENDO. Essays on the structure of Japanese Folk Religion. Michigan, 2001. In-4º gr. XV-306 p. Excelente história do Shugendo, da sua concepção de kami, os rituais, austeridades, exorcismo, shamanismo e religião popular. Ilustrado. 
                                        
 
 HORI, Ichiro. THE FOLK -BELIEFS IN JAPAN. (Minkan Shinko), Summary, 1958. In-4º máx. 17 p. Texto policopiado de parte do livro Iwanami-shoten, Tokyo, 1951, e enviado com dedicatória ao prof. André Varagnac. Investigação numa comunidade rural e num santuário Shinto, com dois kamis: Takeminakata-no-kami Gozu-tenno, do tipo Goryo-shin, ligado às epidemias. Além disso nos Iwaide, que albergam a deidade tutelar de família amplificada,  predominam Inari, Shinmei e Hachiman. Calendário anual dos cultos e festivais, as associações religiosas. Culto dos Espíritos Ancestrais, dos Espíritos Mortos, das Montanhas e a concepção do Além. Os Homens-Deuses, e as crenças religiosas e as tradições dos missionários (budistas) itinerantes. Os shamans, a magia do Nembutsu (orações para os mortos irem para um paraíso budista) e a mais activa do Shugendo (Shinto, Budismo e Tantrismo) e do Onmyo-do (Shinto e Taoismo). Compara na conclusão o culto rural japonês da Natureza ao Dionisíaco, e o dos homens-deuses ao solar ou apolíneo dos semi-deuses, dos gregos (nº87).

 HORI, Ichiro. FOLK RELIGION IN JAPAN. Continuity and Change. Chicago, 1983. In-4º 277 p. Muito bom, com capítulos sobre: Main Features of Folk religion in Japan; Japanese social structure and Folk Religion; Nembutsu as folk religion; Mountain and their importance for the idea of the Other World; Japanese Shamanism; The new Religions and the survival of Shamanic Tendencies.

HUNTLY, Hope. KAMI-NO-MICHI. The Way of the Gods in Japan. London, Rebman Lt. 1910. In-4º339 p. Cart. O romance é "dedicado a todas as almas que aspiram" e no prefácio diz: «O desejo da autora é guiar o seus leitores fielmente ao longo deste honrado mas meio esquecido Caminho dos Deuses, abrindo o caminho com reverência, e não mãos iconoclastas, por reconhecê-lo como o Caminho pelo qual os Japoneses foram divinamente conduzidos até à sua presente altitude mental. O caminho é traçado num triplo aspecto - Ético, Filosófico e Romântico.» Com belas ilustrações, transmitindo dados e ensinamentos Shinto.

 JANEIRO, Armando Martins. O PEREGRINO. Lisboa, 1962. In-fólio oceânico de 72 p., em papel de arroz. Dentro de estojo em algodão estampado ao modo japonês. Valiosa aproximação a Wenceslau de Moraes, com referências importantes ao Shinto e ao Budismo na sua vida e obra e como ele foi acolhido pelas duas religiões aquando da sua morte. Belíssima edição, muito bem ilustrada com um postal até escrito por Wenceslau, uma toalhinha japonesa e uma gravura de final do séc. XIX, além de imagens de Wenceslau. Tiragem de 100 exemplares numerados.
 JAPANESE RELIGION. A Survey by the Agency for Cultural Affairs. Tokyo, 1982. In-8º 270 p. Com fotografias e estatisticas (cerca de 76.000 Jinja). Contributos de Arai Ken, Kawawat Yuiken, Matsumoto Shigeru, Matsuno Junko, Miyake Hitoshi, Suzuki Norihisa, Tamaru Noriyoshi, Tomikura Mitsuo, Ueda Kenji, com boas aproximações às várias religiões, às formas religiosas populares e aos novos movimentos, explicitando até os vários tipos de cura magnética usados.

                                            

JINJA BOOK. Jinja People, Arata Jinja Hike Jinja A to Z. Tokyo, 2011. In-4º 113 p. Na sua maioria em Japonês, espécie de guia shintoista muito actual e com belas imagens a cores dos santuários (jinja) e descrevendo suas características.


 JOLIVALT, Sylvain. ESPRITS ET CRÉATURES FABULEUSES DU JAPON: Rencontres à l'heure du Boeuf.  Paris, Édition You Feng, 2007. In-fólio 248 p. Capítulos: Os Mestres do Ar, Os Reis dos Ares, Os Protectores das Montanhas e da Terra, Os Oni, Os Fantasmas (Yurei, Dorotabo, Tenome, Hitodama, Ubume, Funayurei), As Metamorfoses, Os que deveriam ser inanimados, Anexos.  Além dos bons textos descritivos de todas estas entidades subtis, Sylvain Jolivalt desenhou-as muito e bem em alegres desenhos aguarelados.

JOURNAL OF ASIAN AND AFRICAN STUDIES. Editor K. Iswaran. SPECIAL NUMBER ON THE SOCIOLOGY OF JAPANESE RELIGION. Guest Editores Kiyomi Morioka e William H. Newell. York University, Toronto. Vol. III. Nº 1-2. 1968. E. J. Brill Publishers. 1968. Im-4º160 p. Destaque para artigos de Tokutaro Sakurai, The Major features and characteristics of Japanese Folk Beliefs; de Tsuneya Wakimoto, Manshi Kiyozawa and the Otani sect of Shinsu Budhism: a study of his early life; de William H. Newel and Fumiko Dobashi, Some problems of classification in Religious Sociology as shown in the History of Tenri Kyokai. No fim, a Integrated Bibliography destaca em termos de obras publicadas:Shin Anzai, Kizaemon Aruga, Kyoto Furuna, Toshiaki Harada, Ichiro Hori, Fujio Ikado, Akira Ikeda, Iromasa Ikegami,  Mikiharu Ito, Hideo Kishimoto, Kyomi Norioka, Iichi Ogushi, Tokutaro Sakurai, Hiroo Takagi, Choshu Takeda, Ansho Togawa, Keiichi Yanagawa e Kunio Yanagida.

KAGEYAMA. THE ARTS OF SHINTO. Tokyo, 1973. In-4º máx. 143 p. Muito bom e bem ilustrado. Capítulos: on varieties of Shinto Art, Shrine Treasures, Shinto Sculpture, Painting of Shinto Deities, Art of Kasuga Cult, Art of Hachiman Cult, Art of Sanno Cult, Art of Kumano Cult. Some photos of  artistic artefacts very rare to be seen.

                                                  

 KAMI. Contemporary Papers on JAPANESE RELIGION, nº 4. Inoue Nobutaka, General Editor. Tokyo, Kokugakuin University, 1998. In-4º 247 p. Valiosos estudos de Inoue Nobutaka,  de Ito Mikiharu e de Norman Havens sobre os conceitos de Kami e os casos específicos de alguns;  de Matsumura Kazuo, sobre a tão sagrada Amaterasu o mi kami; de Ueda Kenji acerca de Motoori Norinaga; de Inoue Nobutaka acerca de Shinri;  e de Sasaki Kiyoshi acerca de Amenominakanushi no Kami. Com muita nota de rodapé e bibliografia.

 KUROZUMI, Tadaaki & KOHMORO, Isshi. THE LIVING WAY. Stories of Kurozumi Munetada, a Shinto Founder. Narrated by....  Altamira Press, 2000. In-4º XXXVI-212 p. Com uma introdução de 16 páginas valiosas de Willis Stoez mas nas quais vê exageradamente influência confuncionista na obra de Munetada., transcrevem-se 127 histórias, por vezes comoventes, da vida de Munetada Kurozomi, e os seus ensinamentos ligados à ligação profunda que tinha com a Divindade feminina do Sol, e para ele também a Divindade em si, Amaterasu o-mi-kami, narrados e explicados por dois dos seus discípulos.

                                                

KYBURZ, Josef A. CULTES ET CROYANCES AU JAPON. Kaid, une commune dans les montagnes du Japon Central. Paris, Maisonneuve, 1987. In-4º gr. de XXV e 293 p., mais fotografias. Excelente monografia sobre uma zona montanhosa Kiso e um município Kaida, ainda fora da civilização moderna (nos anos 60 e 70), e o seu estado ou vida social, nomeadamente os cultos oficiais e os populares, em especial as deidades das montanhas e caminhos, bem como acerca do cavalo. Bibliografia quase toda em japonês, e logo pouco conhecida, muito boa.

LITTLETOWN, C. Scott. UNDERSTANDING SHINTO. Origins. Beliefs. Pratices. Festivals. Spirits. Sacred Places. London, Duncan Baird, 2002. In-8º 112 p. Bom resumo dos principais aspectos do Shinto, com boas fotografias coloridas. Algumas vezes reflecte preconceitos ocidentais e norte-americanos, tais como considerar obsessão várias das práticas no corpo, alma e ambientes de wa, a benigna harmonia e pureza, nomeadamente tomar banho diário ou tirar os sapatos dentro de casa. Os nove capítulos contém no fim extractos de textos antigos contextualizadores.

LOWELL, Percival. OCCULT JAPAN. Shinto, Shamanism and the Way of the Gods. 1894 aliás 1990. In-4º 379 p. Práticas ocultistas e shamânicas, sobretudo de transes, exorcismos, festas e vidências que este matemático, astrónomo e viajante presenciou. Lowell  (1855-1916), no 1º cap. narra possessões que presenciou de espíritos considerados kamis em Ontake. No 2º aproxima-se  de vários conceitos e práticas do Shinto. No 3º narra  milagres ou tomadas de posse e movimentação invisível de objectos. No 4º são novos casos de possessão de espíritos, ou descida de Kami. No 5º peregrinações, 6º purificações, 7º uma ida ao santuário de Ise, onde intui que o facto de um dos Kamis ali venerados, Ara mitama no miya, ter possuido uma filha da casa imperial significaria o reonhecimento dos kami continuarem a possuir os que se abrem a eles, e no 8º, após muitas páginas de teorização pouco conseguida sobre pensamento, vontade e eu, sonhos e hipnotismo, expõe a sua teoria dos japoneses terem pouca individualidade e de imitarem sobretudo, concluindo que são os antigos deuses raciais, os kami,  que ainda hoje incarnam nos possuídos, como observara no 1º e intuíra no 7º cap.

McFARLAND, H. Neill. THE RUSH HOUR OF THE GODS. A Study of the New Religious Movements in Japan. New York, Harper, 1967. In-4º269 p. B. Bons capítulos acerca de: Japon's Religious Heritage; Social crisis and the rise of new Religions; and its characteristics. E os grupos ou movimentos: "1º Konko-Kyo: a functional Monotheism; 2º PL Kyodan: an epicurean movement; 3º Seicho No Ie: Divine Science and Nationalism; 4º Rissho Kosei-Kai: Buddhism of and for Laymen; 5º Soka Gakkai: a multiphasic mass movement". Cada grupo com a sua história, doutrinas e práticas bem descritas. Resumo brevíssimo: 1º fundado por Kawate Bunjiro (1814-1883, e que a partir de 1867 recebeu o sacerdocio Shinto e em 1868 a autorização de se considerar um ikigami, um kami vivo) e baseado na ideia de que o Kami (um especial, Konjin)  só se manifesta se o humano quer (atteno). Com bastantes aspectos de Shinto, tendo sido um dos 13 grupos reconhecidos em 1882, no Kyoha Shinto, o Shinto não oficial, o sectário. Desenvolveram um Intituto de Investigação Doutrinária. O 2º também tem aspectos Shinto mas menos, e a Fonte de tudo é Mioya Okami, a Divindade Parente, e a falha de ligação com ela é causadora de problemas, havendo um ministerio de Restauração, e estudos psicosomáticos das doenças. 3º fundado por Taniguchi Masaharu (1893-1985) que passou pela Omoto-Kyo e criou o seu grupo, com vicissitudes várias, pois apoiu bastante o imperador na grande guerra. Mistura mais de Cristianismo, Budismo e Mentalismo. 4º budista, na linha de Nichiren (1222-1282), e usando muito o mantra do Lótus Sutra: Myoho-renge-kyo. 5º Soka Gakai, budista e o mais politizado, fundado por Makiguchi Tsunesaburo (1871-1944). McFarland valoriza estas seitas por responderem às necessidades e frustrações populares, apenas receando, como norte-americano, o seu nacionalismo.

 MARRA, Michele. REPRESENTATIONS OF POWER. The Literary Politics of Medieval Japan. Hawaii Press, 1993. In-4º X-240 p. Boa análise de como os textos literários na poesia, drama, comédia e narrativa serviram os interesses dominantes político-económicos, e de assimilação ao Budismo daquilo que não o era, tal a apropriação de símbolos, e desvalorização dos kamis e da sua ligação fundadora ao Imperador, já que eles eram apenas suijaku, manifestações,  da honji, a fonte ou base original Budista, geralmente personificada em Amitaba.

                                              

 MARTIN, J.-M. LE SHINTOISME ANCIEN. Paris, Maisonneuve, 1988. In-4º de 358 p. Bons estudos sobre os deuses e seus mitos, rituais, purificação, shinto e shamanismo, culto dos mortos, invasão do budismo. Por vezes com alguns preconceitos ocidentais e católicos.

                                  Goi01

MATSUDAIRA, N. LES FÊTES SAISONNIÈRES AU JAPON. (Province de Mikaya). Étude descriptive et Sociologique. Paris, MaisonNeuve, 1936. In-4º gr. de 172 p. Excelentes descrições de festas tradicionais imemoriais e crenças subjacentes.

                                            

MATSUMOTO, Nobuhiro. ESSAI SUR LA MYTHOLOGIE JAPONAISE. Paris, Librairie Orientaliste Paul Geuthner, 1928. In-4º 144 p. Excelentes estudos: Resumo dos Mitos Japoneses, Os Deuses de Izumo, As tribos da ilha Kynshu, Os descendentes Solares. Com bastante conhecimento e visão espiritual. 

METAXA, Ina. LE JAPON MYSTIQUE. Tokio, Les Chemins de Fer, 1927. In-8º 59 p. B. Vinte e três pequenas mas muito sensíveis e artísticas descrições, histórias ou poesias ligadas a certos locais ou personagens, com belas fotografias, tais como O Santuário da Ilha de Miyajima, Nikko,  Santo Nichiren, O-Bon a festa dos Mortos, A Legenda da Ponte Celeste (Ama-no hashidate), Festa do O Mikoshi, Tanabata Sama, festa das Estrelas, Flor de Cerejeira, Santuário de Isé, etc. 

MITSUMA, Shingo and Akika. THE STORY OF THE ORIGINATION OF JAPAN. The spiritual history of Japan in the original age. Tokyo, 2004 (?). In-4º gr. 28 p. História em caracteres japoneses e resumos em inglês, com belos desenhos coloridos para jovens, dos mitos fundacionais do Shinto e do Japão.

 MONUMENTA NIPPONICA. vol. 47, nº 2 Summer. Tokyo, Sophia University, 1991. In-4º gr. cerca de 160 p. Bons artigos, com  a tradução por Allan G. Grapard do Yuiitsu Shinto Myobo Yoshu, de Yoshida Kanetono. O número 3 de Outono também bom, com partes do Hosshinshu, histórias dos monges e peregrinos ascetas (hijiris).

MORAES, Wenceslau de. RELANCE DA ALMA JAPONESA.  Lisboa, Portugal-Brasil Soc. Editora, s/d. (1928). In-8º de 256 p. Doze capítulos muito belos e sábios, estando sobretudo no quarto, A Religião, a sua compreensão acerca do Shinto, embora em vários outros o descreva, cite ou presuponha. Wenceslau de Moraes tem uma obra riquíssima de interacção muito sensível com a alma e o povo, os costumes e a religiosidade do Japão.

 MORAES, Wenceslau de. RELANCE DA HISTÓRIA DO JAPÃO.  Porto, Edição de Marânus, 1924. In-8º de 299 p. Dezanove capítulos muito belos e sábios, estando sobretudo nos primeiros a sua compreensão e sensibilidade acerca do Shinto e do Budismo. Após ter realçado a divinização do imperador e do povo considerados filhos dos Deuses, diz-nos:«da vida para além do túmulo, dos prémios e dos castigos ultra-terrestres, conferidos aos bons e aos maus, não curou. Os espíritos dos mortos pairam sobre a terra. O povo presta-lhes culto - culto aos espíritos da familia, culto aos espíritos dos chefes, culto aos espíritos aos heróis, - a que junta o culto ao soberano existente, aos espíritos dos soberanos falecidos, aos deuses e ao Sol; quem, chegando ao Japão, não se impressionou com o ruído matinal das mãos batendo palmas, quando o sol rompe no horizonte?...»

                                     
MORAES, Wenceslau de. SERÕES DO JAPÃO.  Lisboa, Portugal-Brasil Soc. Editora, s/d. (1923). In-8º de 256 p. Dezoito capítulos valiosos, tais como Momiji, O Budismo e o Amor, Hatakeyama Yuko, A Arquitectura Religiosa no Japão (sendo neste que encontramos mais acerca do Shinto), Pés luminosos, Iroha no Datoé, Album do exotismos Japoneses, o Vestido da Japoneza, os Brazões Japonezes, Vestígios da passagem dos portugueses no Japão, Yanaghidani Kwannon, Chryantehmos, as Cascatas de Kobe, A correspondência epistolar no Japão, Mankamero, Uji - A terra do Chá, Anora e a sogra, A paisagem japoneza. Wenceslau de Moraes viveu trinta e um anos no Japão.

                                                 

NAGAI, Shinichi. GODS OF KUMANO. Shinto and the Occult. Tokyo, 1968. In-4º 142 p. Com 101 fotografias excelentes. Os Deuses (Kami) e a Arquitectura, valioso estudo.

 NELSON, John K. A YEAR IN THE LIFE OF A SHINTO SHRINE. 1996. In-4º 286 p. Boa descrição da vida num santuário shinto tradicional, o Suwa Jinja, na martirizada Nagasaki, realizada por um professor universitário em Austin de Estudos Asiáticos, descrevendo bem o ciclo anual de mais de cinquenta rituais e festividades, os matsuris, que contextualiza bem, nos significados intrinsecos e nos efeitos positivos na comunidade humana e divina. Com boas fotografias.

NIKKO TOSHOGU. Shrine Picture. Album fotográfico. 1924. In-4º oblongo. 24 p. Belas imagens dos japoneses em matsuris, para além das riquezas arquitectónicas e artísticas contidas nos edifícios deste idilico santuário Shinto, erguido em honra de Iyeyasu Tokugawa (1542-1616), numa zona de montanhas e lagos belos.

NUKARIYA, Kaiten. THE RELIGION OF THE SAMURAI. London, 1973. In-4º XVI-253 p. Kaiten Nukariya foi um monge budista zen que viveu entre 1867 e 1934, tendo publicado este livro em 1913, com um título algo forçado pois a obra é mais uma história do budismo e em especial do Budismo zen, com bastantes citações, mas quase sem referências aos samurais e menos ainda ao Shinto, contendo porém no Apêndice críticas aos outros ramos do Budismo, «ilusórios e preconceituados». Faz algumas incursões filosóficas ou psicológicas quanto ao Eu,  mas o interesse maior está nas citações.

                                             Sayo Kitamura Whois

OGAMISAMA (KITAMURA, Sayo). KEY TO HEAVEN. A Concise Explanation of God's Teaching. Tabuse, Tensho-Kotai-Jingu-Kyo, 1965. In-8º 185 p. B. Obra anónima de histórias e ensinamentos de Sayo (1900-1967), nascida numa família seguidora do Budismo da Terra Pura,  e que recebeu o kami Kotainin, e a 12 de Agosto de 1945 foi consagrada como a Filha única de Deus Absoluto, iniciando a sua missão contras forças negativas. Valorizou muito a sinceridade e gratidão, o apoio e polimento mútuo dos casais (e dos filhos que aos 3 ou 4 anos passam por fase de assunção do ego e que devem ser então bem cuidados), e o mantra Namiyo ho ren ge kyo para purificar o coração e para redimir os espíritos negativos, que tanto são entidades como também os nossos pensamentos negativos, além de redimir os espíritos dos antepassados. Criticou bastante os políticos e desenvolveu danças (mugas) para libertação do ego. Este movimento Tensho Kotai Jingu Kyo continua activo.

OKADA, Mokichi. JOHREI, Divine Light of Salvation. 1984. In-4º 240 p. Obra filosófica e espiritual escrita pelo fundador (1882-1955) da Sociedade Johrei (1972), com doutrinas sobre o ser humano e práticas de evocação e transmissão da luz curadora (johrei), uma prática comum à maioria dos novos movimentos nipónicos. Capítulos, após a Introdução: Estrada para a Salvação. Dinâmica da Cura Espiritual. Hinos e Orações. Mokichi Okada teria atingido o estado de kenshinjitsu (conhecimento completo da verdade e dos fenômenos do Universo), numa experiência em 1926, fundando a Igreja Messiânica Mundial em 1935, que antecedeu a Sociedade Johrei. O fundador do grupo Mahikari, Yoshikazu Okada, foi um ministro-sacerdote do Johrei. Demasiado messiânico, na crença de um julgamento próximo, o fim do mal e o começo de um paradisíaco Mundo Cristal. Deus é visto como um criador e o ser humano deve establecer uma relação pessoal com ele e cumprir a sua vontade e plano. O pecado seria o afastamento de Deus e do amor ao Eu espiritual e ao próximo, o que se cria nuvens subtis (cuja materialização são as toxinas) que obscurecem a alma, impedindo-a de controlar o elemental (ou astral), os desejos desordenados do coração ou  mesmo de algum espírito que entre nele. Com um diagrama dos vários níveis do ser humano e valorizando a acção Anjo da Guarda.

OKAKURA, Kakasu. THE IDEALS OF THE EAST with Special Reference to the Art of Japan. Introduction by sister Nivedita. Calcutta, 1973, In-4º 143 p. Impresso em 1903 é uma visão sumária mas sensivel da arte ao longo da história do Japão, por um Tenshin (coração celestial) que viveu entre 1862-1913 e apoiou e desenvolveu bastante a pintura e os museus no Japão.

ONO, Dr. Sokyo. THE KAMI WAY. An Introduction to Shrine Shinto. Tokyo, International Institute for the Study of Religions, 1960. In-4º 118 p. Com cinco capítulos: The Kami Way. Shrines. Worship and Festivals. Political and social Characteristics. Some Spiritual Characteristics. Livro bom e simples.

 OUTLINE (An) of SHINTO TEACHINGS compiled by the Shinto Commitee for the IX International Congress for the History of Religions. Tokyo, 1958. In-4º máx. 33 p. Bastante sabedoria no modo como caracterizam e aprofundam os principais conceitos e factos do Shinto. Por exemplo, "matsuri, é aproximar o Divino, atingir acordo com o Divino, viver em dependência do Divino". Três capítulos: Outline of Shinto. View of Man and World-View. Shinto and Ethics, os dois últimos de Sokyo (motonori) Ono. Realçam como «a atmosfera única do santuário Shinto - a harmonia com a natureza e a proximidade do mistério da eternidade, - leva a uma fé num poder convincente misterioso.»

PONSONBY-FANE. STUDIES IN SHINTO AND SHRINES. Kyoto, 1953. In-4º 575 p. Um dos melhores autores ocidentais, sobre o Shintoísmo, excelente trabalho.


 PIGGOTT, Juliet. JAPANESE MYTHOLOGY. London, Paul Hamlyn, 1969. In-fólio de 141 p. Capítulos: The Country and its Creation, A Historical Survey, The Beliefs and Deities of Japan, Creatures and Spirits, Heroes and Heroines, Men and Animals, Stories Old and New. Boas aproximações aos temas e muito bem ilustrado.

                               

PONSONBY-FANE. VICISSITUDES OF SHINTO. Kyoto, 1963. In-4º XIII-423 p.  Muito bom, fruto de grande vida e investigação no Japão, dezanove anos, com grande actividade diplomática também.


 READER, Ian & ANDREASEN & STEFANSSON. JAPANESE RELIGIONS. Past and Present. Hawai, 1995. In-4º 190 p. An introduction, Folk Religion, Shinto, Buddhism, The New Religions, Christianity, Religion and politics. Short essays with a sacred or literary text at the end, well choosed. Esbean Andreasen vê na mútua interacção, a proximidade entre natureza, seres humanos e deuses, no significado religioso da família e dos antepassados, no valor essencial da purificação, nos festivais ou matsuris como celebrações, na prática diária e na estreita relação entre Religião e Estado, as principais características da religiosidade nipónica. Bem ilustrado.

                                                

 REVON, Michel. LE SHINTOISME. Tome Premier.  Paris, Ernest Leroux, 1907 In-4º  473 p. Embora por vezes algo escrito sob um olhar de superioridade católica e ocidental, é uma obra clássica e valiosa nos estudos do Shinto

REVON, Michel. LE SHINTOISME. Fasc. II.  Paris, Ernest Leroux, 1907 In-4º  229 a 391 p. Embora algo sob um olhar de superioridade católica e ocidental, é uma obra clássica e valiosa nos estudos do Shinto.

RICHIE, Donald & GEORGES, Alexandre. THE TEMPLES OF KYOTO. Tokio, 1995. In-fólio 152 p. Muito bem ilustrado.  Uma das cidades mais fabulosas pelos seus templos e santuários, que se conservam frequentemente ainda no meio de purificador e resguardante arvoredo, com todas as suas preciosidades e encantos, como admirei intensamente quando os peregrinei.

                                               

ROCHEDIEU, Edmond. XINTOÍSMO. Lisboa, Verbo, 1982. In-4º 235 p. Uma obra  razoável, mas com algumas sugestões erradas ou absurdas, tal a de que por detrás do espelho sagrado de Amaterasu o mi kami estaria em letras hebraicas, "Eu sou aquele que sou", para além de vários momentos em que trai uma certa sobranceria, tal a de chamar pantomices a rituais Shinto. Ilustrado. 

SCHURHAMMER, George. SHIN-TO. The Way of the Gods in Japan according to the printed and unprinted reports of the japanese jesuit missionairies in the 16º and 17º centuries. With 102 ilustrations and 12 coloured plates. Kurt Schrooeder, Bonn and Leipzig,1923. In-fólio peq. 110 p. Magnífica obra pioneira, pois trata da visão do Shinto pelos missionários no Japão, e que ainda náo foi devidamente trabalhada e até actualizada com imagens actuais. O autor, um erudito jesuíta, divide a obra em 1- The Mythological Period of Shintoism, 2 The Shinto Gods of Historical Times (from 711 to 1616). III - The Gods of Ryobu Shinto. IV Deification of Nature in Shintoism. V The Veneration of Mikado. VI The Shinto Worship. VII Shinto Ethics (The five commandements of the Kami). VIII Appendix: Texts. IX Explanation of Illustrations. Texto em alemão e inglês. Em cada um dos capítulos e partes o autor insere textos dos missionários que tratam dos temas em causa. Obra excelente e muito bela nas imagens.

SCHWARTZ, W. L. THE GREAT SHRINE OF IZUMO: Some notes on SHINTO, ANCIEN AND MODERN. Tokyo, The Transactions of the Asiatic Society of Japan. 1913. In-4º da 493 à 681 p. Bom estudo, pioneiro. Com fotografias boas e bastante erudição documental histórica e reitualistica.

SPEE, Joseph. SHINTO MAN. Tokyo, Oriens Institute for Religious Research, 1972. In-fólio peq. 80 p.  Capítulos: Shinto, History and structure; Basic Shinto thought on man; The Shinto kami; Elements of Shinto ethic; Shinto as Religion. O autor é um religioso católico e ainda que orientalista, lendo japonês e transcrevendo obras nipónicas, e conseguindo aprofundar muito bem os conceitos chaves religiosos universais, e particularmente cristãos e nipónicos (nomeadamente shintoistas e com boa comparatividade), acaba por afunilar um pouco a sua aproximação devido ao objectivo de não considerar um religião o Shinto, ora apontando criticamente o seu carácter obsoleto e arrogante ora apreciando a convergência do conceito de Kami modernamente para o do Deus ocidental. Seria apenas «uma religião civil, isto é, um sistema ideológico ou religioso dedicado à integração social na sociedade e que liga o papel do homem como cidadão e o papel da nação entre as nações com os seus mais elavados significados». É partidário ainda e que o Shinto dos santuários não tenha um tratamento especial do Estado.

STANLEY-BAKER, Joan. JAPANESE ART. Expanded edition. London, Thames and Hudson, 2000. In-4º de 222 p. Bom na contextualização das excelentes obras e pinturas reproduzidas, cobrindo os vários períodos, desde a pré-história e desenvolvendo mais os períodos Heian (797-1185), Kamakura e Muromachi (1185-1573), Azuchi-Momyama Edo (1576-1868) e Japão Moderno, a partir de 1868.
 STEINILBER-OBERLIN avec la collaboration de Kuni MATSUO, et de plusieurs prêtres et professeurs bouddhistes. LES SECTES BOUDHIQUES JAPONAISES. Paris, Édition G. Crés et Cª. 1930. Muito bom, a história, as doutrinas filosóficas, os textos, os santuários e as práticas das onze principais ou canónicas seitas budistas nipónicas, a partir de muitos diálogos com os seus bonzos. Com excelentes fotografias, intemporais.

                                                 

STISKIN, Nahum. THE LOOKING GLASS GOD. Shinto, Yin-Yang and a Cosmology for today. Massachusetts, 1972. In-4º de 157 p. Ilustrado. Bom, com valiosas visões ou compreensões dos princípios e energias  subjacentes ao Shinto numa linha de Ying e Yang e até de macrobiótica, longa vida pela pluridimensional alimentação

STREET, Julian. MYSTERIOUS JAPAN. London, 1922. In-4º de 349 p. Descrição de uma viajem e seus encontros e peripécias, mas com pouca relação com o Shinto. Contém é excelentes fotografias da época do povo japonês

STUDIES IN JAPANESE FOLKLORE. General Edition Richard Dorson. Indian, 1963. In-4º de 347 p. Acerca dos cultivadores do arroz, pescadores, ferreiros, adoradores, parteiras e iniciações juvenis, com dezasete contributos bons, com destaque para Narimitsu Matsudaira, The concept of Tamashi (alma) in Japan, e Hiroji Naoe,  A study of Yashiki-gami. The deity of House and Grounds.

                                                  

TANIGAWA, Tetsuzo. NATIONAL CHARACTER AND RELIGION. S/d. In-4º 15 p. Bom resumo das vicisitudes da religião na história nipónica e as significações e características de alma do Japão (yamato-damashii), espírito japonês (yamato gokoro) e carácter nacional (kokuminsei).

                                            

TSUDA, Itsuo. LE NON FAIRE École de la respiration. Paris, 1973. In-4º 207 p. Uma prática nipónica de respiração, postura e movimentos regeneradores. Ainda conheci e aprendi com o  mestre Itsuo Tsuda em Paris. 

 TSUNETSUGU, Muraoka. STUDIES IN SHINTO THOUGHT. Tokyo, Ministry of Education, 1964. In-4º 264-XXVII p.  Excelentes, bem sábios, sobre a unicidade do Shinto, a sua moral, o movimento do National Learning, Kamo Mabuchi e Motoori Norinaga, o escondido e misterioso no Shinto da Restauração,Hinata Shinto, etc.

                                             

TURNBULL, Stephen. THE SAMURAI AND THE SACRED. In-4º max. de 224 p. Magnificamente ilustrado, e abrangendo os vários aspectos e épocas, em especial Shinto, Budismo, Zen, Cristianismo, sendo o último capítulo: Samurai to Spirit.

 YAMAMOTO, Yukitaka. KAMI NO MICHI Way of the Kami. Introduction by the Rev. Dr. Stuart D. B. Picken. Tsubaki America, 1987. In-4º 125 p. Interessante biografia do 96º chefe dos sacerdotes (kannushi) do Grande Santuário de Kubatski (onde se encontra altarizado o importantíssimo Sarutahito Kami, o que rege a Terra), e que passou pela 2º grande guerra. Narra os seus exercícios psico-espirituais de Shinto, as experiências, encontros, viajens. As últimas cinquenta páginas sobre os princípios e os símbolos do Shinto, e ainda misogi e matsuri. Um condensado mas excelente livro, ilustrado.

YUSA, Michiko. RELIGIÕES DO JAPÃO. Lisboa, 2002. In 4º de 120 p. Obra média ou razoável, bem ilustrada.
 
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segunda-feira, 14 de junho de 2021

The teachings of Bô Yin Râ about the Father, the fathers, the Primordial Light, the spirit within us.

 
 This designation of God as Father, developed by Jesus in his teachings (or in what we have from them...), in its most known formula of praying (Pater Noster) and in the Gospels words and parables (in sharp contrast with the tribal and revengful Jehova), may in our days be felt a bit outdated, as why the Divine Being would be only Father and not also Mother? Why just mention the Masculine principle and not the Feminine one, as both are in God or in the Divine Being?
Or Bô Yin Râ in his opera omnia more than one time speaks on the Father, and some times also about the Fathers, and indeed it will be much valuable  to have an integral aproach to all his mentions of the Father, and Fathers, this last expression used in relation to the Primordial Masters, the sons of the Primordial Light, the ones that didn't fall into the human body and physical realm and are the Fathers of the emissaries or  masters on the physical manifestation...
 
 
 In the Book of the Living God, one of the first and most important, we can find valuable contributions:  «The ‘beginning’: – First Being [Ursein], – begets from itself the First Light [Urlicht], and the First Light begets the Word.  
 But the Word has the light of life, and the light shines forth in the Word which begets the ‘Father’: – Original Spiritual Man [Urgeist Menchen]– in the deep silence of eternity, which today is, as it always was and will remain always» 
After this main sense,  the one more close to the Father of master Jesus, we find another use for Fathers, they are the spiritual beings not fallen, the primordial masters, from whom the masters on earth receive energies and blessings:«We have been born into this earthly life as emissaries of the sons of the First Light: – of the fathers of the Light in the Word», the ones which guide them: Never has he desired his given task himself. Yet in the spirit he was prepared for it before being born; when his time had come, the fathers in the First Light found him ready, like ripe fruit on a tree»
Anyway, even the noninitated persons can attain the Father provide they reach their inner center, their true being or I: 
 «Yet you can only become spiritually conscious when your consciousness is accepted by ‘I’, in the way as ‘I’ lives in the spirit from eternity to eternity… It is in ‘I’ alone that the ‘Father’ is recognised and loved, that the ‘First Word’ is recognised and loved and that the ‘First Light’ is recognised and loved!»
 
In his book The Mystery of Golgotha (Das Mysterium von Golgatha, Leipzig, 1930), indeed one of the most richest  in higher teachings of the work of Bô Yin Râ (1876-1943),  divided in ten chapters: The Mystery of Golgotha, The most dreadful of our enemies, Love and hate, Growth of the soul, Spiritual guidance, Occult practices, Mediunism and artistic creation, At the Source of Life, The “Admission in the White Lodge’’ and, last, Foolish inventions, we can feel the very deep and beautiful  wisdom of Bô Yin Râ, which speaks about all these realities or subjects and also about the mystery of the union of the human spirit with the Divine Being, the Living God in us, still giving some clues about the Masters, the bearers of the Primordial Light, how they are characterized,  how is their unity and their communion with the will of the mysterious Father...
 There Bô Yin Râ writes that the Father is  the Primordial individualization of Being from the Divine, and is also the Word of God manifested in the heart and spirit of each one of the  masters, in order to be their Guide and Master.
 "The Word of God manifested in the heart and spirit of each master".
These are indeed very deep and original teachings that should be meditated, in synchronicity with the quest of receiving the divine streams, through the celestial spirits and masters, for achieving union with the individual spirit, the jivatman in us, and the God within...
As we don't have almost books written by disciples of Bô Yin Râ (although we should mention Felix Weingartner and Rolf Schott), about their meetings and conversations about these higher subjects, and as we don't have also many records of his disciples about their own experiences, we are faced with a certain "solo", the flight of the alone to the Divine, as Plotinus spoke, although Bô Yin Râ sugested that it was good for the disciples to create small groups of three persons to discuss their common path, but very few people attain that soul friendship... 
So, this a humble contribution to a better understanding of the path of the Spirit and to the Living God, specially in Bô Yin Râ teachings and so let us try to read more the Book of the Living God and "The Mystery of Golgotha" and contemplate also his so deep paintings,  two of them being shared here...
Much Light, Love and Strenght on all, on you, on us.... Aum...

domingo, 13 de junho de 2021

A demanda da Palavra ou Verbo de Deus, num pouco conhecido poema de Fernando Pessoa. 13-VI-2021

São muitos os textos e os poemas (e algumas cartas, nomeadamente a Casais Monteiro)  em que Fernando Pessoa partilha a sua busca interior e espiritual e a partir de dado momento em termos de gnóstico cristão, e onde, embora criticando a Igreja de Roma, se confessa contudo Cristão e da Igreja Católica ou Universal.
Entre os poemas mais significativos desta linha, alguns dos quais publiquei nas obras Rosea Cruz e Poesia Profética, Mágica e Espiritual, destacam-se alguns, tais como   No Túmulo de Cristian Rosenkretuz, Eros e Psique, Iniciação, Ieoshua Ben Pandira. Mas um muito pouco conhecido mas nos conhecimentos ocultistas e doutrinários
muito semelhante na mensagem aos já referidos é o que vamos transcrever e podemos mesmo considerá-lo como um dos mais belos, pungentes e profundos poemas de Fernando Pessoa no qual o próprio enfraquecimento do seu forte cérebro e  pensamento é confessado, face à experiência crescente dolorosa de que o mal impera e que o bem é apenas um odor ou incenso suave que perpassa ou suaviza a vida. E resolvemos então contextualizá-lo um pouco e oferecê-lo às almas leitoras amigas do tão criativo poeta neste seu dia de aniversário de 2021...

O seu coração sente-o  estéril, oprimido por tanta notícia violência e injustiça, interroga-se se tudo é vão, seja no querer seja no chorar, e o eco do poema último da Mensagem, Nevoeiro, perpassa no nosso ouvido interior. A visão gnóstica de um demiurgo menor, ou seja um criador limitado ou executor, e a descida do ser humano ao mundo material é traçada e como ele perdeu a ligação com a sua essência espiritual e a Divindade ou Bem. Por fim, a solução ou salvação ou iluminação desponta. Oiçamo-lo então:
«Sangra-me o coração. Tudo que penso
A emoção mo tomou. Sofro esta mágoa
Que é o mundo imoral, regrado e imenso,
No qual o bem é só como um incenso
Que cerca a vida, como a terra a água.
Todos os dias, oiça ou veja, dão
Misérias, males, injustiças — quanto
Pode afligir o estéril coração.
E todo anseio pelo bem é vão,
E a vontade tão vã como é o pranto.
Que Deus duplo nos pôs na alma sensível
Ao mesmo tempo os dons de conhecer
Que o mal é a norma, o natural possível,
E de querer o bem, inútil nível,
Que nunca assenta regular no ser?
Com que fria esquadria e vão compasso
Que invisível Geómetra regrou
As marés deste mar de mau sargaço —
O mundo fluido, com seu tempo e espaço,
Que ele mesmo não sabe quem criou?
Mas, seja como for, nesta descida
De Deus ao ser, o mal teve alma e azo;
E o Bem, justiça espiritual da vida,
É perdida palavra, substituída
Por bens obscuros, fórmulas do acaso.
Que plano extinto, antes de conseguido,
Ficou só mundo, norma e desmazelo?
Mundo imperfeito, porque foi erguido?
Como acabá-lo, templo inconcluído,
Se nos falta o segredo com que erguê-lo?
O mundo é Deus que é morto, e a alma aquele
Que, esse Deus exumado, reflectiu
A morte e a exumação que houveram dele.
Mas está perdido o selo com que sele
Seu pacto com o vivo que caiu.
Por isso, em sombra e natural desgraça,
Tem que buscar aquilo que perdeu —
Não ela, mas a morte que a repassa,
E vem achar no Verbo a fé e a graça —
A nova vida do que já morreu.
Porque o Verbo é quem Deus era primeiro,
Antes que a morte, que o tornou o mundo,
Corrompesse de mal o mundo inteiro:
E assim no Verbo, que é o Deus terceiro,
A alma volve ao Bem que é o seu fundo.»

Este poema é muito belo e profundo, e como a maioria dos poemas espirituais de Fernando Pessoa não teve ainda os seus comentadores habilitados e sensíveis. Um pequeno contributo darei, e assinalarei nos primeiros quintetos a utilização da simbologia maçónica, seja da Divindade, como o Geómetra, o grande Arquitecto do Universo seja dos seus instrumentos, tal o nível ou a régua que em alguns textos inéditos ou pouco conhecidos Fernando Pessoa explicará.

Após os lamentos, o misere inicial, Fernando Pessoa interna-se numa revisitação da visão gnóstica do mundo, da queda e como ficamos privados do estado primordial, paradisíaco ou da comunhão com o Bem, o Mestre, o Espírito e como podemos aproximar-nos dele pela  Verdade e o Belo, e nesse sentido um dos melhores meios de recuperarmos tal estado é cultivarmos tais qualidades. 
A tradição templária, a rosacruz e a maçónica afloram na demanda da Luz e da reconstrução da ligação ao, ou mesmo construção, do Templo espiritual. Aliás Fernando Pessoa tem dezenas de textos ocultistas e espirituais que glosam o que sepulta, tapa ou mata o Mestre, Palavra,  Verbo ou o Bem em nós, um dos veios mais bebidos pela sua musa ocultista, sendo tal ungido ser ou nível o vencedor dos três inimigos da alma, tipificados em geral como o  mundo, a carne e o diabo, ou seja os desejos dos outros, de si ou de mais que si....
  
Assim talvez o mais significativo e desafiante registado no poema seja a busca da Palavra ou Verbo, do Bem, ou seja, da nossa capacidade pelo Verbo, pelo Logos, pela comunhão com o Plano e a Inteligência divina, reassumirmos a nossa comunhão e dimensão espiritual e logo religação divina...
Certamente importante e misterioso é quem é o Ser ou a Palavra ou a doutrina-prática, que religa ao Divino, ou seja quem é que Fernando Pessoa via e considerava ser o Verbo, o Mestre, o laço entre a humanidade  e a Divindade...
Se formos para uma visão cristã normal o Verbo é Jesus Cristo e então poderíamos dizer que Fernando Pessoa apesar das suas críticas fortes à Igreja de Roma ou aos meios católicos conservadores dos jornais que o atacaram aquando da polémica do Projecto da proibição das Associações Secretas, continuava um cristão, ou tornara-se um cristão, algo que os  adeptos do Pessoa mistificador, fingidor ou que seja pagão não gostam muito de admitir e pensar. Mas talvez seja esta a verdade. Aliás confirmada por alguns textos e sobretudo pelo seu final selo de autenticação que é a sua nota biográfica de 30 de Março de 1935, sem dúvida o seu  testamento, ainda que certamente o que se passou evolutivamente na sua alma até ao seu último pensamento e momento na Terra seja um mistério, tal como era para ele próprio, astrólogo de tantos milhares de horas e horóscopos, ao confessar umas horas antes de morrer: I don't know what tomorrow will bring. 
 
Saibamos então concluir o templo da nossa alma talhando o corpo espiritual pelo Bem e pelo Mestre, pela palavra e a acção justa e verdadeira, de modo a que a Divindade ressuscite mais em nós, na Humanidade, e em Fernando Pessoa....

Quadras espirituais na manhã de S. António e de Fernando Pessoa. 13-VI.2021.

O meu subtil coração
É um grande mistério.
Saberei respeitá-lo?
Saberei cultivá-lo?

I worship the divine Nour or Light
with the fulness of my devoted heart.
Practising this blessed communion
Make me feel peace, love and joy.

Esta luz que se me desvela
pede-me contudo para vencer
as sucessivas vagas do pensar
e manter a sintonia no adorar.


Tantos poetas e grandes almas e seres
gerados ou inspirados nesta Luz ou Nour.
E nós, saberemos bem acolhê-la
E vivenciá-la profunda e amorosamente? 


quinta-feira, 10 de junho de 2021

Dia do Arcanjo de Portugal, 10 de Junho. 2021. Breve meditação e invocação, dharmica.

Nestes tempos tão complexos e manipulados dos vírus e vacinas,  neste dia 10 de Junho,  de Portugal, de Camões e das Comunidades da Língua Portuguesa, ainda conseguiremos equacionar ou intuir a existência e as  funções tradicionais do Arcanjo e núcleo elevativo espiritual de Portugal e dos Portugueses?

Apontar, aspirar, convergir para o centro...
 Podemos pensar que será basicamente inspirar os portugueses na melhoria dos seus corpos, almas, ambientes, vidas e em especial na realização espiritual e na religação a Deus para que haja uma  vida inter-relacional mais harmoniosa para os seres, os eco-sistemas, o planeta, a Humanidade.

A missão ou tarefa em relação a Portugal seria assim comum a todos os Arcanjos e países, ainda que com as especificidades dependentes das características, qualidades, capacidades e contextos de cada povo, país e habitante, no seu devir histórico, económico, ecológico, cultural e religioso.

Todavia, como cada ser é único no seu caminhar e as individualidades, portuguesas ou as que se destacam mais nacional e internacionalmente e se tornam  reconhecidas, podem ou não conseguir estar ligadas ao Arcanjo de Portugal e ao mundo espiritual e divino,  em geral observamos governantes, ministros, deputados e dirigentes muito pouco sábios e alinhados verticalmente com os Anjos, Arcanjos e o dever-missão ou dharma nacional, europeu (e, por exemplo, não russófobo) e mundial. 

Ora nestes tempos de alinhamentos e submissões, corrupções, alienações e dispersões, poucos são os políticos ou portugueses que agem, falam ou pensam em sintonia com os elevados propósitos divinos que  o Arcanjo poderia inspirar ou transmitir para Portugal e para o mundo, e assim há uma certa frustração geral, uma certa morte do Portugal antigo fundado por D. Afonso Henriques e por tantos em lutas vivido, em esforços e abnegações laborado, em poemas e obras de arte cantado...

Túmulo de D. Afonso Henriques, na Sé Velha de Coimbra. Nicolau Chanterene, 1519.
Ora como o Arcanjo vive em planos espirituais elevados precisamos mesmo, e poucos o fazem, de nos interiorizar, silenciar e elevar bastante para o sintonizar, intuir ou contemplar e com ele interagir seja na adoração, aspiração, contemplação e religação a Deus, seja na vivência e irradiação de ideias, propósitos e energias abençoantes de discernimento, justiça, paz e amor.

O Arcanjo de Portugal, a entidade que envolve o país, que paira sobre ele, ou que é um espaço-plano identitário colorido especial, e que tem aura subtil espiritual e divina, pode desvendar-se como um ser angélico, como uma silhueta angélica, como uma nuvem multi-colorida, como um feixe de irradiações em guarda-chuva, ou mesmo uma chuva de raios, possibilidades  e intenções. Mas muito pouca gente viu realmente o Arcanjo de Portugal, embora alguns tenham escrito sobre ele, em geral projectando suas ideologias ou então meras deduções dos papéis atribuído a Anjos e Arcanjos. E assim alguns identificaram-no a um S. Miguel guerreiro, outros a um mensageiro da Paz, mas de facto o Arcanjo de Portugal não é Mikael, criação do já tardio Livro de Daniel, e depois zelotamente explorado no Apocalipse e que foi até atribuído a França e a Israel, países de facto com governante e mentalidades bastante violentas...

O trabalho profundo que podemos realizar é trabalharmos e vivermos de modo justo  e procurarmos a ligação interior com a nossa centelha espiritual, com o Anjo da Guarda e, numa elevação e ampliação consciencial, tentarmos sintonizar  com a alma mundi portuguesa, esse ser celestial mais próximo da Divindade e para nos religarmos a Ela, e nesta prática e comunhão harmonizarmo-nos, fortalecer-nos, inspirar-nos face a tanto materialismo, pragmatismo, manipulação e corrupção que abundam e circulam nos Estados, governos, empresas, sociedades, partidos, grupos, igrejas, seitas. 

Arcanjo de Portugal, na charola do convento de Cristo em Tomar

   O Arcanjo de Portugal desafia-nos a não desanimar e sucumbir à horizontalidade da inevitabilidade da desumanização, exploração e degradação da humanidade, da ética, da liberdade e da natureza sustentável, que é prosseguida pelos grandes grupos de pressão económicos, farmacológicos e dos media, que tanto influenciam e corrompem políticos e cidadãos, destruindo muitos ecos-sistemas e espécies da Natureza.

O nota vibratória e apelo sintonizador e ressoante do Arcanjo   é que estejamos sempre ou o mais possível em calma, desprendimento, serenidade, destemor e que para isso uma vida sóbria, ecológica, de comunhão com a natureza e as pessoas afins e de pouca exposição aos meios de informação é fundamental para sintonizar com os planos animico-espirituais e para recebermos as energias conscienciais dos campos psico-mórficos naturais e espirituais, dos mestres, anjos, arcanjos e Divindade.

Anjo tenente das armas de Portugal, ou Arcanjo de Portugal, por Diogo Pires o Moço. Séc. XVI.

Sempre que conseguirmos interiorizar, orar, meditar, silenciar, adorar, estar em amor, estamos a activar  a taça do Graal, e o corpo de luz ou glória,  em nós, em Portugal, no mundo, e  a intensificarmos a nossa participação nos melhores sub-campos psico-mórficos do grande campo unificado de energia, informação e consciência que perpassa todo o planeta e humanidade.

Anjo da cura, outrora de uma farmácia, à rua de S. Paulo, Lisboa

 É um trabalho frequentemente solitário, pois pouca gente nos acompanhará em tais práticas, realizações e consciencialização, mas que cada um de tem de levar avante com dedicação e amor, tal como infante D. Henrique, governador e impulsionador da Ordem e de Cristo e das navegações,  afirmou na sua tenção ou lema: Talant de bien faire, esforço ou vontade de bem fazer, e que ao longo dos séculos os melhores portugueses, frequentemente perseguidos ou menosprezados pelos poderes públicos ou oligárquicos, foram realizando e assim se libertando da lei da morte, da obscuridade dos seguidismos e partidarismos, materialismos e fanatismos, ou ainda de seitas e fantasias, antes respirando na aura da Tradição Espiritual Portuguesa ou do Corpo Místico da Humanidade, abrindo seu coração e olho espiritual e agindo pelo bem da bio-diversidade, da Justiça e do Amor em Portugal, na Terra, no sistema Solar, no Cosmos...

Olho espiritual do coro do convento de Tomar.

Consigamos nós e recolher-nos e elevar-nos mais nesta comunhão com o espírito e com os eixos ou polos (Qutb) verticais de Portugal e do Mundo, sejam os mestres, os Anjos e Arcanjos, o Sol e a Divindade e suas Faces (Ishta devata) e, perante tanto  egoísmo e violência, imperialismo e apartheid, opressão, alienação e mistificação, sejamos seres de Luz livre, amorosa, divina, solidária, e das trevas e mentiras vencedora.

Pintura de Bô Yin Râ