segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pico della Mirandola. Biografia comemorativa da sua libertação da Terra, em 17-XI-1499.

É em Novembro, 17, que se comemora merecidamente o fim da meteórica passagem terrena de Giovanni Pico della Mirandola (ou João Pico de Mirandula) pois, tendo nascido numa manhã de Fevereiro de 1463, no condado de Concórdia, entre Ferrara e Mântua, e morrido uns escassos 31 anos depois, em 1494, em Florença, deixou contudo um tal rasto luminoso que ainda hoje quem entra em contacto com a sua obra,  vida e espírito não pode deixar de entusiasmar-se com o seu ardor e sabedoria, bem como amá-lo ou pelo menos admirá-lo pelo Amor em que se consumiu...
Nomeado protonotário apostólico aos 10 anos, a pedido de sua mãe aprendeu Direito Canónico desde os 14 anos na Universidade de Bolonha mas, com a morte dela em 1478, resolveu estudar em Ferrara pois o que gostava mais era de Retórica e Poesia. Em 1480 está em Pádua não só recebendo o magistério aristotélico e averroísta do sábio Ermolau Barbaro, como o hebraico de Elia del Medigo, para os seus estudos do Antigo Testamento, em especial o Genesis, acerca do qual editará mais tarde um profundo e imaginativo comentário, o Heptapulo, ou Discurso sobre os sete dias da criação
Em 1484, a convite do médico e filósofo Marsilio Ficino e de Lorenzo de Medici, o governante de Florença, Pico chega a esta urbe, então um centro de grande vitalidade artística e com desígnios de renovadora universal, na base duma simbiose entre a investigação (arqueológica, científica), a filosofia (sobretudo a neo-platónica) e a arte, onde se destacam o Studio, onde Policiano brilhava com a sua sensibilidade e alegria, e a Academia Platónica, da vila de Careggi, idealizada pelos Medici e por Marsilio Ficino, e onde dialogaram artistas como Botticeli, Verrochio, Ghirlandaio, Leonardo da Vinci, Lippi, Fancelli, Fillipino e Alberti.
Fresco pintado em 1488, com Pico ainda vivo, no meio de Ficino e Poliziano, por Cosimo Roselli e ainda hoje contemplável na igreja de Sant'Ambrogio, Florença...
Escreve então duas cartas que o tornam famoso, uma comentando a poesia de Lourenço, o Magnífico, outra a Ermolau Bárbaro, acerca do equilíbrio entre a essência e a forma, entre as Belas Letras e a Filosofia, manifestando com clareza a importância do equilíbrio dos extremos mas valorizando ainda assim a substância acima da forma. Erasmo, anos mais tarde e na sua linha de Humanismo equilibrado, ironizará os Ciceronianos (nomeadamente o francês Longueil), os que levavam um mês, na sua ânsia extremista de perfeccionismo formal, para escrever umas linhas, sendo forte e baixamente atacado ou caluniado por tal crítica, por um deles Julius Caesar Scaliger
Sempre na busca do conhecimento mais elevado, em 1485 Pico parte para a Sorbonne, a Universidade de Paris, onde assiste ao fervilhar de ideias e discussões que caracterizavam o funcionamento daquele grande centro cultural europeu. Em 1486 regressa a Itália e tem a sua aventura amorosa com uma bela dama casada, Margarida, que lhe pediu para a raptar. “Volúpia breve e exígua”, pois é alcançado no mesmo dia e, depois duma renhida batalha contra um número superior nas hostes adversárias, tem de a entregar.
Recolhe-se então em Perugia, aprofunda os estudos filosóficos, teológicos e até esotéricos  e inicia-se no Caldaico, com Mítriades, fazendo rápidos progressos devido à sua excepcional inteligência e capacidade de memorização. Com a sua exuberância juvenil, aliada à sua sede inexaurível de sabedoria, desembocava nas nascentes fabulosas da sageza antiga e o desejo de não só aprofundar e esclarecer essa Filosofia Perene, como o de estabelecer a concórdia entre todos os diferentes filões da mesma Tradição, emerge poderoso na sua alma.
Nasce então, da sua alta visão interior e concepção do ser humano, e do seu ardor optimista de elevação à Verdade e à Divindade, uma das mais belas obras do Renascimento,  A Oração da Dignidade do Homem, uma apologia breve, escrita em 1486 mas só publicada em 1496, e que serviria de introdução ao seu projecto de discussão universal de 900 conclusões ou teses, na qual a posição ímpar do ser humano no Universo, capaz de união com o Pai ou de degradar-se ao nível animal, é transmitida com bastante intensidade e mística, apoiada nas diversas tradições e metodologias espirituais e certamente nas suas intuições. Começa assim:
«Li, Padres muito veneráveis, nos textos Árabes, que interrogado o sarraceno Abdallah [pensa-se que fosse um tradutor árabe de obras persas] sobre o que lhe parecia de admirar mais neste quase palco do mundo, respondeu que nada lhe parecia mais admirável do que o homem, sentença esta de acordo com o que exclamou Mercúrio: Magno, ó Asclépio, milagre é o ser humano.»
Comenta ainda na mesma época, com grande entusiasmo e profundo conhecimento, uma Canção de Amor que o seu amigo Girolamo Benivieni compusera, resumindo a filosofia de amor de Platão e de Ficino, diferenciando-se em certos aspectos das posições do seu grande amigo e inspirador da famosa Academia Platónica florentina, Marsilio Ficino.
A obra de Girolamo Benivieni comentada por Pico...
 Acerca do Amor celeste e Divino diz-nos, numa linha ascensional que liga o ser humano ao ser angélico, sobretudo pela sua capacidade de contemplação:
“A beleza corporal exterior encoraja sobretudo a contemplar-se a da alma, donde nasce e provém a do corpo. Ora a beleza da alma é uma participação na beleza angélica que se eleva cada vez mais à medida que se atinge um grau mais sublime de contemplação, de tal modo que se chega à fonte primeira de toda a beleza, a Divindade...”
Escreverá ainda nesse seu magistral trabalho: “já explicamos que o Amor Celeste é um apetite intelectual e como em toda a alma bem constituída, todos os os outros apetites devem ser governados por esse; ora este governo, como se se diz no Fedro [e na canção de Benivieni “Amor que nas suas mãos/segura alto o freio do meu coracão"], é representado pelo freio. Diz então que o seu coração é refreado ou jungido pelo Amor; noutras palavras, cada um dos seus desejos depende do Amor; onde ele diz “coração” entenda-se, conforme está nos Livros Sagrados, que se atribui as operações das potências cognitivas da alma à cabeça e as apetitivas ao coração.”

Na valiosa aproximação de Pico della Mirandola à harmonia das capacidades e níveis do ser humano, e ao desabrochar do Amor Celestial, realçemos o valor dado à invocação do Amor. ou chama amorosa inspiradora do poeta e de quem aspira ao Bem, a Deus ou à Verdade e que, quando o Amor se acende mais em nós, ou desce sobre nós, ao nosso ser, peito e coração espiritual, é para nos envolver, fazer arder e elevar-nos à Unidade e à Divindade.
Mas onde trabalha mais nesses anos de 1486 e 1487 é no conjunto de 900 conclusões ou teses, resumindo as principais doutrinas de todos os tempos, dos egípcios e gregos aos persas, hebreus, latinos e árabes, provando o seu valor intrínseco, concordância e catolicidade (ou universalidade).
Uma edição quinhentista das 900 Conclusões ou Teses
Traduzamos as seis primeiras das "dez conclusões segundo a prisca (ou vetusta) doutrina do egípcio Hermes Trismegisto":

1- Onde haja vida, aí está alma; onde haja a alma, aí está a mente.
2- Tudo o que é movido é corporal, tudo o que move é incorporal.
3- A alma no corpo, a mente na alma, o verbo na mente e o pai destes, Deus.
4- Deus está cerca de tudo e por entre tudo; a mente cerca da alma, a alma cerca (ou à volta, em latim circa) do ar, o ar cerca da material.
5- Nada há no mundo sem vida.
6- Nada no universo é passível de morte ou de corrupção.  - Corolário: ubíqua é a vida, ubíqua é a providência, ubíqua a imortalidade.
7- De seis modos Deus denuncia ao homem o futuro: por sonhos, portentos, aves [voo], as estranhas [examinadas], espírito e a Sibila.»
 
[Veja ainda outras teses em https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2023/08/pico-della-mirandolaas-teses-de-egidio.html]

Viajar ou comunicar sob as bênçãos ou inspirações de Pico...
Tencionava convidar (com as despesas pagas de viagem... ) quem quisesse discutir as 900 Conclusões ou Teses, a Roma. A Cúria romana assustou-se e o papa Inocêncio VIII, depois de consultar uma comissão que considerou treze das teses heréticas, e insuficientes ou mesmo semi-heréticas as explicações que Pico ofereceu numa Apologia, proibiu-a por bula em 4 Agosto de 1487 devendo-se queimar as cópias manuscritas já impressas, e excomunga Pico della Mirandola. A desilusão deste foi grande e teve de abandonar Roma a toda a pressa. Acabou por ser detido por ordem do Núncio apostólico, já depois de ter estado nos Países Baixos, por Filipe de Sabóia, em França e  ficou preso no castelo de Vincennes. Acabará por ser libertado graças à acção de Lourenço de Médici e de Clara Gonzaga e à adesão do rei de França Carlos VIII.

Refugiado no ambiente liberal da Florença de Lorenzo de Médici, o Magnífico, seu admirador e protector, Pico della Mirandola continua os seus estudos espirituais explicando simbolicamente os sete dias da Criação do Génesis, no Heptaplus, uma obra à partida dificílima tais as limitações do Génesis ser uma manta de retalhos de tradições, imaginações e simbolismos, e sobretudo quando se tenta interpretar cabalísticamente, em que qualquer coisa pode significar tudo. (Mesmo assim há explicações valiosas, das quais dei eco em https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2017/08/ensinamentos-de-pico-della-mirandola.html)  Numa carta da época descreve, possivelmente já a trabalhar na sua próxima obra, o seu dia a dia: «de manhã aplico-me assiduamente na concordância de Platão e Aristóteles, as horas da tarde são para os amigos, e a recreação do espírito através da leitura de obras literárias, e as horas da noite reparto-as entre o estudo dos textos sagrados e um breve sono».
Em 1491, depois de vender grande parte dos seus bens ao sobrinho João Francisco Pico (que escreverá uma piedosa biografia do tio, traduzida para inglês por Thomas More), viaja com Policiano e Critino visitando várias bibliotecas, então verdadeiros e plenos templos da Sabedoria e da Divindade. Em 1492 publica o De Ente et de Uno, no qual desenvolve a identidade entre o Ser e o Uno e como ambos estão e são na Divindade, dedicado ao seu grande amigo, o retórico e poeta, Angelo Policiano (que teve alguns alunos portugueses e autor de uma longa e entusiástica carta ao D. João II), que lhe responderá assim: «A posterioridade narrará um dia que houve um certo Policiano, o qual foi tão estimado que mereceu que o Pico, luz de todo o saber, falasse dele num belíssimo livro, que trata das coisas sublimes. Rendo-te pois, pela imortalidade, graças imortais».

Ficino, Pico e Poliziano
Entretanto em 1493 morre prematuramente Lorenzo, o Magnífico, e em Ferrara recebe a notícia da eleição do novo papa, Rodrigo Bórgia, um humanista e esteta, o que pressagia a sua absolvição e a realizar-se de facto, liberta-lo-a de um certo pesadelo realmente singular: um excomungado andar vivo e livre tanto anos. Entretanto Ermolau Bárbaro, grande retórico e sábio, morre também e Pico sente-se mais isolado, aumentando a sua convivência com o austero reformador Savonarola, o qual se torna quase o mentor e líder de Florença, impulsionando Pico no ascetismo e pietismo cristão... 
É só em Agosto de 1493 que sai o breve de Alexandre VII absolvendo Pico della Mirandola,o qual, feliz, e pouco se sabe do desgaste que a excomunhão lhe provocara, passa logo a escrito as suas últimas vontades, nomeando testamenteiros Policiano e Savonarola, e entrega-se a uma vida cada vez mais retirada do mundo. 
Resolve então, sob a inspiração ou impulsão de Savonarola, que censurava e atacava fortemente tudo o que lhe parecesse paganismo, escrever um tratado contra a vaidade e a superstição dos astrólogos, as Disputationes adversus astrologiam divinatricem, os quais se gabavam de poder conhecer os destinos do ser humano, e põe  em causa na obra não as influências dos Astros mas a capacidade de através do conhecimento delas se poder determinar o curso dos acontecimentos das vidas humanas. Esta polémica chegará até Portugal e à corte da rainha D. Leonor, com a obra de Frei António Beja,  Contra os Juizos dos Astrologos, impressa por Germão Galhardo em 1525, em Lisboa, e foi nos nossos dias por José Vitorino de Pina Martins bem estudada e divulgada.
Uns meses depois, em 1494, uma febre prostrava Pico della Mirandola no leito da morte, e será certamente numa ardência amorosa de aspiração à Divindade e ao Uno que atravessou a porta do umbral neste dia de 17 de Novembro, em 1499.
Que muita luz e amor circulem entre nós e ele, agora e sempre, Amen...
A porta celestial, obra bela, actual, de Patrizia Giovanna Corttezi
Pese a ligeireza de algumas das suas teses ou a imaginação mistificador cabalística das suas explicações do começo do Universo segundo o Genesis, o seu valor como pioneiro da Filosofia Perene e da unidade das Religiões e Tradições, bem como as suas aproximações ao Amor, Beleza, Liberdade e  Verdade, serão valiosas perenemente...
Opera Omnia, Obra Completa, de Pico, numa edição veneziana de 1556
Para Pico della Mirandola, o Amor é a inclinação para o objecto do seu desejo, que é o Bem ou o Belo. A Beleza é a proporção justa, o brilho, a harmonia que resultam da combinação ou mistura de diferentes elementos. Por causa disto, diz-nos, o grande contemplativo Plotino pensava que a palavra Eros, Amor, derivava de orasis, que significa visão.
Dois tipos de visão se distinguem, a do mundo visível e a do mundo invisível ou inteligível, o qual abrange as ideias, os seres angélicos, a Divindade, e que é visto pela inteligência ou visão espiritual. Há portanto dois amores para Pico, o engendrado pela Vénus ou Beleza terrestre, e o da Vénus Celestial, o desejo por parte da inteligência da Beleza ideal. Será da Divindade que o ser humano pode receber a perfeição da Beleza máxima.
Medalha de Pico, com as três Graças: Pulcritude, Amor e Volúpia
 Para Pico as Três Graças eram consideradas as servas do Amor e representavam a juventude, o esplendor e a alegria... Ou seja, a capacidade de permanência e duração duma coisa ou ser na sua integralidade. A iluminação da inteligência e a movimentação da vontade para alcançar essa beleza, e a resultante felicidade, ou alegria, ao ser atingida.
Três graus principais podemos ainda distinguir no amor humano: primeiro, o amor da beleza exterior e corporal. Em seguida, o da imagem dessa pessoa ou coisa que amamos em nós sempre que a queremos pela imaginação. E, finalmente, a visão da Luz divina, através do nosso amor universalizado, no coração, e que nos eleva, ora súbita ora gradualmente para a sua Origem ou Fonte Divina. 

Pico realçava assim que a grandeza do ser Humano estava no objecto do seu livre arbítrio ou desejo, que criativamente o pode degradar em formas inferiores brutas, ou o pode regenerar em formas superiores, divinas, nomeadamente até unus cum Deo spiritus factus, ser feito um espírito com Deus, como culmina a ascensão humana no início da Oração da Dignidade Humana…
Eis um brevíssimo resumo biográfico daquele que veio a ser chamado «a mais pura figura do humanismo cristão», e que, ao que consta, transparecia a beleza angélica, como podemos ver na relativamente abundante iconografia, nomeadamente, na famosa pintura de Cosimo Rosseli, na igreja de S. Ambrósio, em Florença, pintada ainda em vida de Pico, e numa pintura do século XVI (provavelmente inspirada num fresco em Veneza, hoje perdido, de Bellini ou de Carpaccio, seus contemporâneos), que foi estudada por um dos melhores conhecedores de Pico e do Humanismo, o prof. José Vitorino de Pina Martins, encontrando-se hoje na posse da sua filha Eva Maria, em Portugal, onde aliás já desde o século XVI há sinais da influência de Pico, nomeadamente nas obras de Aires Barbosa, Frei António Beja, Garcia da Orta, Sebastião Toscano, Coelho Amaral, Frei Luís de Granada, etc.
José Vitorino de Pina Martins com o retrato de Pico della Mirandola, estudado na sua tese de doutoramento na Sorbonne. Está com as  vestes do doutoramento sorbónico, na sua  luminosa biblioteca... Muita luz e amor estejam na sua alma espiritual....


A pintura seiscentista de Pico della Mirandola, adquirida em Paris pelo prof. Pina Martins, devotamente contemplada por ele e os seus amigos, aqui eu, já depois da migração de Pina Martins para o mundo dos espíritos...
De facto, entre os amigos da perenidade de Pico della Mirandola, cabe destacar inegavelmente o investigador  e professor, e durante muitos anos Presidente da Academia das Ciências de Portugal, José Vitorino de Pina Martins, um grande estudioso e amador de Pico, Erasmo, Thomas More, Sá de Miranda, Camões, Pascal, Antero, etc. Com  ele convivi bastante, e confidenciou-me mais de uma vez a fortíssima impressão sentida (talvez de já ter  estado noutra vida em Florença, admitia) quando entrou pela primeira vez na basílica principal de Santa Maria Maior, onde se encontram os restos mortais de Marsilio Ficino...
Marsilio Ficino, no seu busto na parede da Basílica Maior, em Florença
 O inglês Jesup, na sua obra The Lives of Picus and Pascal, 1723, Londres, impresso por W. Burton, explica-nos que Pico della mirandola, na linha pitagórica e que ele tanto apreciava, “nunca estimou os ricos e os poderosos por o serem assim, mas as marcas de Honra, Piedade e Virtude sempre prenderam a sua afeição às pessoas em que apareciam”. E que costumava dizer «que a liberdade de acção e da mente devia ser estimada acima de todas as coisas, e que para a gozar, nunca residia muito tempo no mesmo lugar». E que «A mais pequena propensão para a devoção amorosa era preferível a tudo o que o homem pudesse conhecer». Ou ainda: «Nunca conheceremos a Divindade, nem as obras da sua criação, enquanto não A amarmos».
A Oração, [apologia ou discurso] da  Dignidade Humana é uma obra muito bela e nela encontramos valiosas descrições ascensionais do ser humano. Oiçamos  algumas para finalizar:
"E, se não ficar contente com a sorte de qualquer criatura, se recolher ao centro da sua unidade, feito um espírito com Deus, à sombra do Pai, que está acima de todas as coisas, a todas antecederá...
"Quem portanto não admirará o nossa camaleão? Ou de outro modo, quem poderá admirar mais outrem? Asclépio ateniense não errou ao dizer que nos Mistérios, devido à sua natureza mutável e susceptível de se transformar, se designa este ser por Proteu. Daí as metamorfoses célebres dos hebreus e pitagóricos. Por um lado, a mais secreta teologia dos hebreus transforma tanto Henoch num santo anjo da Divindade, chamada Malak háshekinah, tanto outras personagens noutras divindades. E os pitagóricos, os celerados em brutos. E, se acreditarmos em Empedocles, em plantas..."
"Se vires um filósofo discernir todas as coisas segundo a correcta razão, venerai-o: é um ser celeste e não terreno; se virdes um contemplador puro, liberto da preocupação corporal, retirado no santuário do espírito, já não se trata dum animal terreno ou celestial, mas de uma divindade muito augusta circumvestida de carne.»
Em 1998, em homenagem aos 500 anos da viagem de Vasco da Gama e aos principais artífices da ligação do Oriente e do Ocidente, publiquei o:

nele inserindo esta notícia, entre outras efemérides do dia 17 de Novembro:
 "Em Florença, a bela, assistido pelo austero Savonarola, em 1494, Pico della Mirandola, o príncipe dos humanistas, abandona o corpo rumo aos planos elevados da Divindade. Na lápide da sua sepultura ressoa inscrito: «Aqui jaz Pico della Mirandola. O Tejo e o Ganges conhecem-no, e porventura os antípodas». O historiador das Décadas da Ásia, João de Barros terá talvez pensado nisto quando diz que os portugueses ultrapassaram tanto «as próprias fábulas da gentilidade grega e romana, que vêm a ser antípodas da própria pátria, e se Deus tivera criado outros mundos, já lá tiveram metido outros padrões de vitória; contendendo os perigos do mar, trabalhos de fome e de sede, dores de novas enfermidades, e finalmente com as malícias, traições e enganos dos homens, que é mais duro de sofrer». Embora tendo uma vida muito activa inicialmente e depois a sujeição alguns anos à tenebrosa excomunhão, a odisseia de Pico foi mais no mundo das ideias, das religiões e do espírito, tentando descobrir e provar a unidade do Aristóteles ocidental com o Platão oriental, e a Filosofia Perene que caldaicos e persas, gregos, árabes, judeus, cristãos e de outras religiões tinham e têm em comum."
          Om, Lux, Amor,  Pico della Mirandola|!

sábado, 15 de novembro de 2014

Vinoba, o sucessor de Gandhi, mestre da resistência civil não-violenta, morreu há 34 anos (15/11/1982).

Homenagem a Vinoba, o sucessor de Gandhi, mestre da espiritualidade e da resistência civil não-violenta e que se libertou do corpo terreno há precisamente 34 anos (15/11/2014).
                                            
Vinoba Bhave (de seu nome Vinayak Bhave) nasceu em 12 de Setembro de 1895, perto de Bombaim. Dotado para as línguas (chegou a saber falar doze) e as matemáticas, abandonou um futuro promissor, tanto mais que era da casta brâmane, para se entregar ao Mahatma Gandhi e ao seu movimento de não-violência (ahimsa) auto-suficiência e regência (swaraj) e resistência civil fundada na verdade libertadora (satyagraya), princípios estes perenes e mais do que nunca necessários no mundo actual...
Passando a viver no seu ashram (comunidade), Vinoba executa todas as funções com tal perfeição que Gandhi confessa ao pastor inglês Andrews, que lhe perguntava quem era ele: «É uma das pérolas raras do ashram, um daqueles que vieram não para ser benzidos, mas para abençoar, não para receber, mas para dar».
                                    
Foi mestre de Gandhi no sânscrito e na interpretação e recitação dos textos sagrados, pois enquanto brâmane os aprendera desde o berço, discípulo profundo nos votos e técnicas da não-violência e assim na luta pela independência Vinoba, tal como Gandhi, chegou a estar preso várias vezes, aproveitando a ocasião para meditar mais profundamente e chegar à conclusão que a libertação exterior implica uma libertação interior mental e que esta só é obtida pelo auto-conhecimento, Atma Jnana, o conhecimento do espírito. E que para vencermos as fricções das personalidades e sociedade temos de nos elevar acima do plano mental e introduzir o poder do amor...
 Quando Gandhi morreu em 30 de Janeiro de 1948, tomou o seu lugar. Como disse o famoso cantor Toukdoji: «O Pai partiu, o Filho carregou o fardo sobre o seu ombro. Vinoba é agora para nós o que Bapou (Pai) era para nós. Gandhiji morto, eis agora o advento do herdeiro do seu imenso amor».
 Vinoba inicia então o Bhoodan, o dom gratuito ou caridoso da terra, e recebe milhões de hectares para os mais desvaforecidos em grandes peregrinações a pé por toda a Índia, justificando-se: «Não basta espalhar ideias e não convém impô-las, e é preciso ainda que venham ter connosco e que adiram às coisas. Se elas aderirem às coisas, impõem-se e espalham-se. Se tivesse atravessado as aldeias a rolar sobre nuvens de poeira, as minhas ideias não teriam raízes».
Conheceu nestas peregrinações centenas de milhares de pessoas e locais e uma imensa consciência da Unidade do género humano ou mesmo das suas religiões e tradições cresceu-lhe invisivel e invencívelmente na sua alma e naturalmente se transmitia-se aos que conheceram ou abraçaram.
Numa dessas peregrinações,em Yelwal, Mysore ,disse num discurso, em 1957: «É minha fé fundamental que há um espírito divino no coração do ser humano. Superficialmente pode haver faltas, mas não são da essência interna. Precisamos então de descobrir um caminho que entre no mais íntimo do coração para que toda a bondade seja revelada. E esse caminho pode ser encontrado; descobri-o em Telengana. Eu pedi terra, e um homem avançou e deu-me terras. Para mim este minúsculo incidente foi um sinal de Deus; confirmou a minha fé em Deus. É contra o dharma (ordem cósmica) e a razão pensar que a terra pode ser propriedade individual. E quando eu comecei a pedir terra num espírito de amor, as pessoas começaram a responder. Foi como se um vento fresco começasse a soprar, e as pessoas vieram, vindas de longe ou de perto, juntar--se à nossa peregrinação».
Assim se referia Vinoba às jornadas a pé (bhodan) que atravessaram a Índia a pedir e a receber terras para os mais destituídos (grandam). Isto na sua plenitude significa «que tudo o que se possui deve ser posto à disposição da comunidade como um todo». Assim se realizou uma reforma agrária, não-violenta e eficaz, de milhões de hectares.
No seu ashram em Wardha, homens de Estado e peregrinos encontraram sempre um caloroso e sábio acolhimento, como eu próprio o experimentei quando o visitei e  com ele dialoguei pouco antes de ele morrer.
Entre os ocidentais que mais conviveram com Vinoba destacou-se Lanza del Vasto, o sábio peregrino às fontes orientais da espiritualidade, da não-violência e das comunidades harmoniosas, que nascera na Sicília, em 1901. Cristão, foi discípulo profundo e prolongado de Gandhi e do seu sucessor Vinoba. Era um artista, músico, poeta, filósofo e escreveu livros importantes para o aperfeiçoamento humano e sobre a não violência. Veio por mais de uma vez a Portugal partilhar a sua maneira de ser, viver, pensar, sentir. Deu origem a movimentações de resistência civil importantes sobretudo em França, onde ainda subsistem comunidades (La Borie Noble) na sua linha, que foi denominada a Arca.
Desenho de Vinoba realizado por Lanza del Vasto
Lanza del Vasto, que já escrevera anos antes a Peregrinação às Fontes, recentemente publicada em Portugal pelo José Carlos Marques nas edições Sempre em Pé, dedicou-lhe o Vinôbâ ou le nouveau pelerinage, um sábio e belo livro, do qual reproduzimos algumas páginas da edição original, de 1954, de um exemplar proveniente da biblioteca de Alberto Ultra Machado, amigo de Fernando Pessoa e como ele também interessado nas vias espirituais, possuindo (e lendo...) muitas obras de Vinoba, Rudolfo Steiner, Berdiaev, Soloviev, etc., e que adquiri ao amigo Nuno Franco, da Livraria Alexandria, à lisboeta rua do Século, tanto anos animada também pelo Carlos Barroco e a Nadia na galeria Novo Século.
                               
                                
                         
Vinoba desprendeu-se do corpo, estando a fazer um libertador jejum, no seu ashram de Paunar em 15 de Novembro, de 1982, com 87 anos de grande serviço à Índia e à Humanidade. Um dos maiores pedagogos da Índia, com vasta obra, entre nós infelizmente desconhecida, advertirá: «Ciência e tecnologia científica devem ser diferenciadas. Não é a ciência mas a sabedoria espiritual que deve decidir até onde a tecnologia científica deve ser aplicada na prática, numa sociedade particular, num tempo particular. Não deve haver restrições no avanço da ciência pura; quanto mais progredir melhor. Mas o seu uso e aplicação deve ser pelo auto-conhecimento. No mundo do futuro, ciência e sabedoria espiritual terão um lugar; políticas de poder e religião sectária não terão nenhum»...
Esforcemo-nos para que tal seja uma realidade...
Sobre a Ciência e o Auto-Conhecimento disse, num discurso em 1957, inserido no livro Third Power: "A ciência em si não é moral nem imoral; é amoral e os seus padrões de valor têm de ser fornecidos do exterior. Incorrectamente dirigida leva ao Inferno. Correctamente dirigida pode levar ao Céu. O único poder que a poderá dirigir correctamente é o auto-conhecimento, o conhecimento espiritual"...
"Hoje em dia grande parte da ciência está controlada por políticos, pois demasiada investigação científica está governada por considerações políticas. Os políticos compram muitos cientistas que se tornam seus escravos. Estes pseudo-cientistas não merecem o nome; um verdadeiro cientista não admitiria tal escravidão. A ciência expandiu-se, sem dúvida, mas a atitude científica, falta ainda em larga escala; a vida em geral ainda não se tornou científica"...
Quem sou "eu"? Os sábios antigos responderam: "Eu sou Brahman" [Aham Brahmasmi] - ou seja, incluo tudo, rebanhos, burros e tudo. Esta experiência de unidade de vida é denominada Vedanta. Significa que eu devo tratar todos os seres com igual respeito. Eu tentarei certamente fazer isto, mas não conseguirei o sucesso completo por causa do meu corpo. O desejo estará lá, mas o corpo puxará noutro sentido. Esta ideia que um respeito igual é devido a tudo é a base de ahimsa, a não-violência.
Ahimsa é um modo de vida, Vedanta um modo de pensar. Vedanta, pensando, diz-nos o que é; Ahimsa, a conduta, diz-nos como devemos agir. cada uma complementa-se a si própria. Vedanta é a base para a prática da vida; ahimsa é a casa baseada em tal fundação. A nossa tarefa nas aldeias é explicar às pessoas que somos todos um e que devemos praticar esta igualdade na nossa vida quotidiana".
Poder-se-á dizer com alguma certeza que os líderes nacionais atingiram um nível elevado dum ponto de vista espiritual? Eles podem ser tão estreitos mentalmente como qualquer camponês que faz o seu melhor para apanhar um pouco de terreno do vizinho. Quando um líder nacional começa a pensar em estender as fronteiras do seu país, tomando conta dos distritos que têm mais produtividade, derivarão de uma visão espiritual tais objectivos? O político é tão egoísta como o camponês, ainda que ele possa fazer mais figura. Mas vinte partes de dez não são mais de que meio de um, ainda que pareçam mais.
Um dos grandes defeitos da espiritualidade, nomeadamente da Indiana, é não darmos atenção ao modo como poderemos libertar-nos deste "eu", do egoísmo. O segredo está em deixarmos que o "nós" afaste o "eu." Idealmente, talvez, é o Tu - a presença de Deus - que deve expulsar o "eu". Mas onde é que se encontra Deus? Digamos antes que o "eu" deve ser absorvido no "nós". Só quando conseguimos pensar e falar do nosso esforço espiritual, da nossa devoção é que o nosso trabalho alcançará a sua satisfação natural e tanto o indivíduo como a sociedade serão regenerados..."
Anote-se no notável pedagogo Vinobaji esta incidência ética muito clara e forte na não-violência, no respeito do outrem e do mais fraco, primeiro e, segundo, a inserção na comunidade, no nós, como sendo os meios principais de se vencerem o egoísmo e o individualismo excessivo.
 Seguem-se mais algumas páginas reproduzidas  do livro, acerca de Vinoba, da autoria de Lanza del Vasto, também conhecido por Shantidas, servidor da Paz,  nome iniciático que lhe foi dado por Gandhi.
                                      
                                       
                                      
                                      
                                                Om Shanti, Shanti, Shanti..
Para finalizar um pequeno extracto, referente ao meu encontro com Vinoba,  do Livro das Peregrinações na Índia, que certamente um dia será publicado...
"Cheguei na manhã de 17 de Março a Wardha, ao Paunar Âshram do Achârya Vinoba Bhave, o sucessor de Gandhi (que morrera a 30/1/1948) na liderança do movimento, já não do auto-governo da Índia (svaraj) que fora conseguido, mas da não-violência (ahimsa) e dos modos de vida tradicionais indianos. Uma série de construções simples alinhadas proporcionam um balcão com sombra por onde avanço para um ancião que caminha em direcção a mim, amparado por duas mulheres, também trajando de branco, e que grita sorridente abrindo os braços finos e longos: — Ravi! Ravi! um dos nomes do Sol, e que significa brilhante. Saúdo-o também com alegria e vamos para o seu quarto sala, onde sentado explico-lhe quem sou, donde venho, com quem estive e como conheço o seu amigo Lanza del Vasto.
Ele fala-me de Gandhi e da sua vida, da força interior e espiritual que os animava, alude a um certo desentendimento com Lanza del Vasto, que partira cedo demais para a Europa em vez de ter ficado mais tempo a aprender com eles antes de trazer o ensinamento da não-violência gandhiana para o Ocidente, embora lhe tenha escrito uma bela biografia. Está rodeado de servidores da paz e da não-violência e de jovens ajudantas que mantém o âshram. Estão cá alguns dos seus antigos companheiros do Bhoodan, as grandes jornadas a pé pela Índia, durante treze anos, em prol da não-violência e duma reforma agrária justa, para as quais a presença peregrina e sábia dum verdadeiro brâmane (o que conhece e vive no Omnipresente Brahman), com os seus discursos simples mas directos e intensos, causou que mais de dois milhões de hectares entrassem e fossem distribuídos pelos pobres.
Está ainda bem activo apesar da sua idade avançada e os políticos vêm consultá-lo em momentos cruciais. Não escreveu ele no seu magnífico comentário à Bhagavad-Guîtâ:«Se a mente está concentrada, uma pessoa nunca perderá a habilidade. Mesmo se tiverdes 60 anos, tereis a energia e o entusiasmo dum jovem. À medida que uma pessoa envelhece, a mente deve tornar-se mais forte. Olhai para um fruto. É verde ao princípio, depois amadurece, murcha e cai, mas durante todo este tempo a semente torna-se mais forte. O corpo exterior definha, cairá, mas isso não é a parte essencial do fruto. A parte essencial, a alma, é a semente. O mesmo sucede com os nossos corpos. Ainda que o corpo vá envelhecendo, a memória deve tornar-se mais forte e o conhecimento mais brilhante».... Mas isto é muito difícil sem dominarmos a personalidade e a mente, por uma conduta disciplinada em que saibamos colocar os limites correctos às nossas acções, e sem uma prática constante de acção de graças, concentração e meditação no Eu espiritual ou na Divindade.
Fala-se do abate de animais que dois Estados Indianos, com maioria de comunistas no governo, Kerala e Bengala, têm permitido, em desacordo com a Constituição, e também da decisão de Vinoba de iniciar em 22 de Abril uma greve de fome por tempo indeterminado contra esta matança. Assisto a um dos seus satsangas ou conversas, em que a educação espiritual, certamente a tónica maior de toda a vida investigadora, ensinante e testemunhante de Vinoba, é valorizada perante um mundo cada vez mais precipitado no materialismo da produção e do consumo a todo o custo. É a transformação do coração e do interior dos seres o mais necessário e isso implica  a sabedoria e o poder espiritual em acção, e uma atitude ecuménica em relação a todas as religiões e tradições, de fé nos seres humanos e na unidade possível dos seus corações. 
Compro alguns dos seus livros e ele assina-os. Num deles, Pensamentos acerca da Educação, explica que dois dos significados principais da educação são construir caracteres e mostrar-nos como reganharmos sukha, a alegria ilimitada, que vem da raiz kha, o céu amplo e ilimitado.
Por isso, é bom meditar ou contemplar mais o céu infinito, que Vinoba e os peregrinos bem conhecem nas suas caminhadas purificadoras e harmonizadoras....»

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Sri Tathata em Portugal. Imagens e Vídeos, com Rão Kyão.... Sri Tathata in Portugal, videos and images...


           Sri Tathâta em Portugal. Vídeos e imagens...  Com Rão Kyão e a sua flauta "nádica"...
           Sri Tathâta in Portugal... Videos and some images... With the Portuguese famous musician Rão Kyão...
 
Sri Tathata e, o tradutor da língua malayala para inglês, Santosh
                            
  Sri Tathata e os tradutores: sadhaka Santosh e Pedro Teixeira da Mota. 
Vista geral dos participantes, cerca de 128, do satsanga, obtida por um discípulo indiano.
                 
                             Aspirantes, praticantes e amantes do Dharma.
Alguns dos seres aspirantes ou sadhakas portugueses...(Foto importada)
Rão Kyão e sua mulher Margarida Arruda, com os discípulos ocidentais mais próximos de Sri Tathata, nomeadamente Anne Laksmi e a Ema Blanc de Sousa, na parte final..

Começo do darsham e entrega das pétalas por Sri Tathata, explicada por Maitreyi e Ema Blanc de Sousa...
                    Entrega simbólica de pétalas de rosa pelo mestre Tathata às pessoas, que as deitam depois junto ao fogo, simbolizando a sua aspiração de queimarem as samskaras (tendências intrínsecas) e de desenvolverem as pétalas ígneas do amor e do conhecimento...    
                           Om namah! Om namah! Om namah!     
                                                        
                            Videos in english and portuguese 
Dialogue in english with Sri Tathata on Shiva, Shakti, Jiva and Brahman.
Diálogo em inglês entre Sri Tathata e Pedro Teixeira da Mota, com a tradução de Santosh, realizada no dia 4/11, anterior ao satsanga, no quarto do mestre sri Tathata. Bastante valioso sobre Shakti e Shiva ou Energia e Conhecimento. Infelizmente foi pedido que se retirasse da circulação pública.... http://youtu.be/dO62-Ocu5u0...
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Rão Kyão, bom conhecedor e  amante da música, som e  espiritualidade da Índia prontificou-se graciosamente a tocar na abertura do satsang de Sri Tathata do dia 5...  http://youtu.be/m0CqrVqstik                                                     *******
Dia 5, apresentação de Sri Tathata, antes do satsang, por Pedro Teixeira da Mota...     http://youtu.be/kyHyJ1hk9FQ
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Parte da satsanga (diálogo ou palavra na companhia da Verdade) de Sri Tathata, traduzida por Santosh e Pedro T. da Mota. English and Portuguese... http://youtu.be/DOrJxyZ-EAQ
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 Parte do satsanga  de Sri Tathata, traduzida por Santosh e por Pedro T. da Mota... English and Portuguese... http://youtu.be/_yq_4Hs2lTo
                                         OM SHAKTI OM  SHIVA OM
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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Sri Tathata e o Dharma em Portugal... Sessão de perguntas e respostas...

                                       Sri Tathata e o Dharma em Portugal...
Sri Tathata, e os tradutores para inglês e para português Santosh e Pedro Teixeira da Mota
Realizaram-se dia 4 de Novembro, em Lisboa, duas sessões de perguntas e respostas, destinada à Imprensa (esteve presente a Elizabeth Barnard, directora das revistas Zen Energia; Reiki Yoga e Consciência e Harmonia)  e a pessoas ligadas a grupos ecológicos e espirituais, as  quais decorreram com agrado geral. Este dia 5, pelas 20:00 no mesma União de Associações de Comércio e Serviços,  Rua Castilho, nº 14, realizar-se-á a grande sessão pública.
No dia 6, de manhã cedo, há as iniciações para quem estiver interessado...
    Sri Tathata, entre muitos outros aspectos, realçou a importância de uma educação integral das crianças que contenha o conhecimento espiritual, o que implica uma iniciação à beleza, aos valores interiores. à meditação, à unidade da vida, pois são elas que farão as grandes mudanças que estão já a suceder...
   Face às questões sobre a crise actual mundial defendeu que ele resulta em parte de uma vida desequilibrada do seres ou desviada do Dharma, das Leis e natureza própria, o que causa desequilíbrios da natureza e que por sua vez se repercutem sobre todos os seres e que a melhor forma de cooperarmos com a evolução da humanidade e do planeta é aumentarmos a nossa ligação interior com a luz e o poder superior, melhorarmos a nossa satsanga ou companhia da verdade ou ainda relacionamento com pessoas boas, e, pela nossa vontade luminosa e emanações espirituais, contribuirmos para a transformação dos seres menos abertos ao Dharma ou ao Bem Comum...
     Realçou ainda que nesta fase de transição há duas direcções possíveis ou a da Luz e da evolução, pela qual nos abrimos às correntes luminosas e de amor e compaixão, ou a do egoísmo e da ignorância e que tanto uma como a outra receberão os seus resultados.
Disse ainda de si próprio que já nasceu com a consciência espiritual desperta mas que só depois de muitos anos de práticas espirituais é que compreendeu e amadureceu para a sua missão de reactivar os instrumentos psico-somáticos e espirituais de auto-conhecimento e auto fortalecimento nas pessoas, e é por isso que vem a Portugal e aos outros países da Europa e do Mundo...
 

domingo, 2 de novembro de 2014

Sri Tathata, um mestre indiano, em Portugal, XI-2014. Ensinamentos e biografia.

                         Sri Tathata, um yogui e mestre indiano autêntico em Portugal.
 Partilha dos ensinamentos dia 5, às 20:00 na R. Castilho, nº14, Lisboa. Entrada livre.   Rão Kyão graciosamente abrirá esta satsanga, ou reunião em torno de Verdade...
No dia 6, pela manhã, iniciação para quem estiver interessado...
                                                     
   Sri Tathata, nascido há 74 anos em Kerala no sul da Índia, começou cedo a sua demanda, através de asceses e práticas espirituais realizadas em diferentes templos e locais sagrados da Índia, o que lhe permitiu recuperar a sua consciência espiritual e tornar-se um instrumento mais perfeito do Dharma, o Bem Comum, a Vontade Divina....
Para ele a libertação não é o objectivo último, pois libertar-nos das dependências e identificações é apenas o começo de uma Vida Divina, a qual deve chegar e impregnar o nosso corpo e células e a própria Terra.
É o alinhamento da nossa vontade individual com a Divina, ou com o Dharma, a missão essencial que temos nesta vida.
“O Dharma é a grande força que impulsiona a evolução ascendente da vida e do Universo”, mas como há muita obscuridade no estado presente da Humanidade e da Terra são necessários a bênção da Mãe Divina, da Shakti, da Energia Primordial e Universal, e o Amor e Conhecimento que os Mestres partilham no mais alto grau possível e que chegam a, e tocam, todos os seres, desde os humanos e angélicos até aos elementais das plantas e das Terra.
Donde o interesse de Sri Tathata em contactar com comunidades rurais e praticantes da agricultura biológica...
E daí também a realização de grandes rituais de fogo (mahayajna) na Índia, em 1999, 2002, 2009 e 2104, com a intenção de se harmonizarem as manifestações das forças da Natureza, melhorando e intensificando o campo psico-geomórfico da Terra e proporcionando a elevação da consciência humana....
                                           
 Foi em 21 de Janeiro de 1991, em Sarnat, alto lugar do Budismo (onde Gautama o Budha poz a roda do Dharma a rodar, com a sua primeira pregação), que Sri Tathata recebeu o seu nome e pouco depois os Dharma Sutras, os textos que incorporam os ensinamentos apropriados para o desabrochamento do Dharma nos dias de hoje.
Oiçamos-lo: «Estava de olhos fechados antes da grande revelação dos Dharma Sutras. Foi então que ouvi uma música provinda dos planos subtis flutuar no ar e aproximar-se de mim. Três sílabas, Ta, Thâ, Ta, penetravam em mim e depois a frase: «Oh Tathata, tu és Tathata, tu és Tathata, tu és Tathata» começou a ressoar no meu mental profundo.
Eu sentia essas ondas sonoras que rodavam à volta da minha cabeça. Ouvi então uma voz interior dizer-me: «Adopta o nome de Tathâta e proclama o Dharma com esse nome!»
Foi assim que o nome de Tathâta me foi dado.
Elevei então a minha consciência até atingir um plano transcendental apropriado a receber o Dharma e a anunciá-lo. Foi a partir [e só] desse plano que foram proclamados os Dharma Sutras, pois o Tempo aconselhava-me a agir assim pois naquela altura as condições do plano na Terra não eram as mais propícias...»
Estes Dharma Sutras foram recentemente publicados em livro traduzido e certamente que Sri Tathata os partilhará....
«Como já contei, proclamei os Dharma Sutras sob o nome de Tathâta, que me foi dado pelo Tempo. Mas na altura, não sabia exactamente o significado. Para dizer a verdade, nem sequer ouvira pronunciar tal palavra. Mas se não a ouvira, já a essência dela me era bem familiar. o termo tathâta designa «o que é real», referindo-se ao mesmo tempo à realidade do Universo e à Realidade e Verdade que se encontra para além do mundo manifestado.
Faz assim alusão a um estado de ser no qual estes dois aspectos se interligam. A consciência humana deve atingir estes dois estado: primeiro, tat-padam, depois tathâta-padam...
Tad-padam é atingido quando a alma individual pode retornar à Fonte em plena consciência. Depois, quando esta consciência evolui posteriormente até se identificar com o Universo inteiro, até tornar-se o Universo, ela entra na dimensão suprema de tathâta-padam. Todas as alma têm o direito de chegarem a estes estado e a história da minha incarnação actual é a prova e é nisso que a minha própria vida é uma mensagem para o mundo: se eu consegui atingir este resultado tendo incarnado como ser humano, toda a a humanidade o pode atingir! E cada ser está no caminho para esta realização» Dharma Yanam, Le Vaisseau du Dharma, o Veículo do Dharma....
                                                              
Face à situação bastante problemática de muitas pessoas e regiões, Sri Tathata acredita que a mudança começa no plano individual, nomeadamente pelo respeito das leis da Natureza e pela orientação da vida por um objectivo superior, ou seja, pela abertura aos desígnios Divinos que vamos compreendendo pelo conhecimento e assimilando pelo modo de vida e as práticas espirituais...
Quando um grupo de pessoas se transforma e se eleva de vibração isso vai tocar um número maior de pessoas e as emanações resultantes impulsionam a transição colectiva e mundial.
Para isto servem também as meditações e orações, individuais e colectivas, pela paz e a harmonia nas pessoas, nos cinco elementos e no mundo, pois tal realidade ou frequência vibratória existe já nos mundos espirituais e trata-se de religar o que está em cima com o que está em baixo para fazer o milagre do Um.....
Segundo Sri Tathata estamos num desses momentos de sandhya, de transição e elevação pelo amor e a sabedoria (ou energia e conhecimento) do nível vibratório e consciencial da Humanidade e do Mundo, desde as células e almas humanas até aos elementos e espíritos da Natureza....                                                         
   Perguntando alguém a Sri Tathata se a espiritualidade é ou não é uma religião, ele respondeu com estas palavras:
"Sim, há uma diferença entre religião e espiritualidade. O ensinamento do Dharma pelos Rishis - os místicos videntes da Índia - não era uma religião. Dharma é outra palavra para qualificar a “Realidade Última”.
Neste sentido, o ensinamento dos Rishis era universal. As religiões, coloridas por uma cultura, servem como intermediárias entre os seres e a Realidade última. Mas o Dharma transcende todas as limitações, culturas, religiões e abre uma consciência Divina infinita. O Dharma está para além de todas as categorias e dirige-se a toda a Humanidade. Um muçulmano, um judeu ou um cristão pode seguir o caminho do Dharma sem negar a sua religião. A evolução da consciência passa através desta prática universal do Dharma.
Quando se pratica ou vive o Dharma, temos acesso aos níveis mais elevados da consciência. O Dharma é um canto escrito para todos. Não há um Dharma indiano ou francês! A Realidade última deve ser pensada como um todo. A este nível de consciência todas as distinções de cultura ou filiação religiosa desaparecem. O Dharma é Um. A Realidade última é Uma. A Verdade é Uma. A Felicidade última é Uma."                                                  
Sri Tathata, de acordo com a visão Indiana dos Yugas ou ciclos do tempo, considera que um deles acontece de 5.000 em 5.000 anos, altura em que o Universo e os seus seres entram num estado transicional, no qual podem ser "propulsionados para um nível mais elevado", havendo contudo que contar com a agitação e confusão que se instalam então e nas quais as mentes e pessoas se deixam frequentemente prender por hábitos, automatismos e desilusões.
Os mestres têm então a função de estabelecer o Dharma, de reactivarem o seu ritmo que jaz no coração de cada ser e do núcleo central da própria Terra.
É nesse sentido que eles partilham a sua presença e ensinamentos e iniciam numa prática espiritual interior os que aspiram verdadeiramente a avançar mais na Luz e na Verdade, no Dharma, isto é, numa vida mais luminosa, rítmica, feliz e harmoniosa no Universo e na Divindade....
A já próxima vinda de Sri Tathâta a Portugal será então uma boa ocasião de relançamento do Dharma em nós e em Portugal....                                                     
Dos aspectos mais instrutivos da biografia de Sri Tathata são as suas peregrinações e  ensinamentos, dos quais destacamos seja o intensificar de locais e seres algo adormecidos ou obscurecidos seja os encontros com almas desincarnadas que precisavam das energias luminosas que as ajudassem a ganhar forças para se elevarem ou para poderem incarnar de novo.
Mesmo os seres subtis das árvores e plantas surgiram ao olhar interno de Sri Tathata suplicando bênçãos divinas.
As orações de Sri Tathata e do seu grupo eram suficientes para fazer descer mais raios divinos, os quais eram intensificados seja pela chamas do fogo sagrado seja pelo derramar ritual de água, do seu kamandalu (vaso) ou ainda da mão, sobre o local e a terra...
Assim, por onde Sri Tathta e os seus passavam, dialogavam e meditavam havia claras mudanças nas vidas das pessoas, que ficavam mais sintonizadas com o Dharma, com a Divindade.
É este despertar das pessoas e da Humanidade para o Dharma que se está a verificar crescentemente e que sri Tathata está a impulsionar com as peregrinações, os ensinamentos, as orações e os rituais de fogo (yajna), que ele aprendeu com um acharya ou instrutor bramane.
A vinda de Sri Tathata a Portugal, ponta extrema da Europa e de onde esta se uniu mais com a Índia desde a viagem de Vasco da Gama em 1498, será certamente auspicioso para os seres humanos e subtis desta terra e para uma claridade maior do Dharma e da Divindade em Portugal...
Apareça e divulgue....
Veja facebook evento: Sri Tathata em Portugal, ou tm 918222175, da Ema Blanc, a co-organizadora do evento...
Aum Tat Sat
                                                      

sábado, 1 de novembro de 2014

Inspirações na Palavra e no Ser... Ichi go, ichi e... Estar plenamente no presente...

Que bom é exercitar-nos ou aprendermos a descobrir, a auscultar e a trazer ao de cima os conteúdos e ritmos criativos que pulsam nas nossas profundezas ou que nos banham provindos do Cosmos e dos seus seres e níveis subtis e imensos ou ainda que sentimos necessários serem expressos ou manifestados...
Conseguirmos que as nossas ideias e palavras se tornem avatarizações, isto é, manifestações do Alto, do Ignoto, do Mundo espiritual, no coração, na língua, na palavra, nos efeitos em nós e nos outros, é sem dúvida bem desejável e necessário...
A tal ajuda não nos apegarmos muito aos sucessos e prazeres manifestados, evidentes, sensíveis e comestíveis. E comungar de vez em quando do subtil, do silêncio, do imanifestado, do infinito, calma e desprendidamente, como uma mão dada alongada mas calma, ou então um abraço profundo e eternizante, com alguém e no espaço cósmico...
São tantas as energias visíveis e invisíveis a caírem constantemente sobre as pessoas, ou a passarem ao seu lado,  que é necessário  uma fina atenção e e voos de inspiração para mantermos a tais possibilidades as janelas-chakricas desimpedidas e as portas da alma abertas. E, claro, o cálice do coração em aspiração ou mesmo em derramamento de comunhão...
Há ainda tanto por descobrir, sentir, criar, dizer...
Há tantos seres com potencialidades a morrerem ou a enfraquecerem de sede que devemos tentar discernir o que podemos de melhor estimular e desenvolver em nós, ou mesmo, em grupo, tentando conseguir unir e convergir por momentos em intenções que sejam luminosas e boas para todos, isto é, estimulantes das suas melhores aspirações e afinidades, alguns seres, quem sabe ganhando com isso prolongamentos nos mundo subtis e espirituais, que passem para além da morte...
A fragilidade do que é subtil, e nomedamente de sensibilidades, é uma regra terrena, pois a densificação dos corpos e a agitação dos ambientes não permitem tanto a sobrevivência ou a preservação de tais brotos quase invisíveis. E isto tanto se passa no interior das pessoas como no relacionamento entre elas, tantas vezes quebrado ou enfraquecido pelo exterior...
Conseguirmos que o subtil, interno nosso ou o de um relacionamento, sobreviva à massificação e vulgarização, implica cultivarmos a sensibilidade ao belo e à compaixão, ao alegre e ao triste, e mantermos quase heroicamente a alma ligada aos planos psíquicos e espirituais, mesmo na inter-relação dispersiva e mecânica moderna, de modo a preservarmos na intensificação criativa ou compassiva dos nossos centros anímicos e intencionalidades...
Musa é o nome mágico dado não só à amada, à inspiradora, às antigas ninfas e depois deusas, mas sobretudo aquela subtil inspiração, quente entusiasmo, claridade criativa que todos nós desejamos cultivar, amar e comungar, e que é uma face ou manifestação da Alma-Gémea ou do Eterno Feminino Divino e que, pela palavra, a escrita e a meditação e a acção e inter-relação justa, é invocada, merecida e desfrutada...
Vivemos entre florestas de emanações e desejos naturais, ou de arranha-céus e medos burocráticos, sociais e pandémicos que, ao nos envolverem (e a uns mais, outros menos, felizmente), impregnam-nos, como odores não seleccionados de restaurantes que penetram no olfacto, tingindo de emoções a pele sensível e carente da quotidiana personalidade que, apesar de tão ameaçada e manipulada, caminha sempre em demanda do ser ou estado amado, dos níveis mais primários aos mais elevados, e que deve conseguir manter a sua bússola imunitária e salvífica apontada ao norte da verdade, do ser amado, da musa, da criatividade e da Divindade...
Ichi go, ichi e dizem os Japoneses àquele momento único no qual a essência divina e bela de uma situação ou de um ser se desvenda e floresce, por entre a transitoriedade efémera da vida...
Assim tu também aprende a viveres o mais desperta e intensamente possível qualquer momento criativo, meditativo, convivial, para que ele possa ser verdadeiramente comunicativo e impulsionador, e para que o Universo não seja frustrado pela tua falta de entusiasmo e aspiração ao Divino e à Unidade.
Assim aprende a atravessar a ponte que une as duas margens do rio que corre entre ti e o outro, entre tu e o mundo espiritual, e vive o presente na intensidade unitiva e amorosa que torna o passado o degrau certo para o presente e para o eterno...
Na fragilidade da vida humana e na perenidade do ser espiritual encontram-se dois dos pólos fulcrais da vida humana. Feliz de quem os sabe unir e comungar harmoniosamente a sós ou com os outros seres, e no Ser, Divino mesmo...
Lisboa, 1-XI-2014.19:39. Revisto:17-II-2015, 21-7-2017, 31-I-2021