sexta-feira, 19 de maio de 2023

Os Homens (e Mulheres) de Fogo.... Texto escrito já há bastante tempo, mas perene...

  De Nicholas Roerich, 1932: Hagia Sophia... A santa Sabedoria Divina, flamejante...

 Continuando a transcrever de diários antigos, eis o segundo, com leves acrescentos, de uma série de nove textos, intitulados: O Dharma, Os Homens de Fogo, A Aura Portuguesa, Da Trindade Santíssima, Da Meditação, A Meditação como actividade interna, Portugal e a Demanda do Graal, Meditação supramental, Escrito para a revista Nova Era.  Acabara de fazer trinta anos de idade, e escrevi-os num caderno de papel reciclado.

                                 Os Homens (e Mulheres) de Fogo.


Há seres que são portadores da criatividade ígnea do Sol. Aonde pousam os olhos, aonde comunicam a voz, aonde se encontram, transmitem uma presença ardente, aspirante, ascensional, como uma chama,
São como velas acessas, sempre a dispersar as trevas e, se pagadas, logo de imediato se acenderão, como torrente impetuosa aparecendo sempre tão forte e clamorosa no seu caminho.
Homens do fogo primordial. Capazes de despertar o fogo interior de cada ser, a aspiração ao belo, ao sublime, ao amor e que jaz adormecido e ignorado, como leito da corrente turva da vida que contém contudo em si grãos de ouro, potenciais anímicos, prontos a serem fundidos na forja quente do amor vivificador.
Homens de fogo sempre os houve nos povos. E suas mensagens e exemplos atravessam a escuridão da noite dos tempos, da memória histórica perdida na névoa das lendas e dos contos, para se erguerem aos olhos clarividentes como assunções dramáticas de luta pela perfeição e de vitória do Espírito sobre o caos elementar.
São os criadores das harmonias teodiceicas e das empresas ardorosas, os buriladores da matéria,  os tribunos da Verdade, as almas piedosas e cheias de uma Unidade Amorosa, que vão semeando seus grãos, suas ideias, seus impulsos ígneos nas pessoas e ambientes que os contactam ou acolhem.
É como uma fraternidade de corações ardentes da Radiação Sublime que se vai construindo acima das divisões, separações, dores, quedas e que aponta sempre o caminho da montanha, a subida rumo ao Todo e à sua fonte que é a Divindade.
São assim almas a tomarem consciência de si própria, envoltas nas vestes de puro fogo e que através  das suas eçtéricas radiações, pressentidas por uns poucos mais sensitivos, aquecem e iluminam telepaticamente e à distância suas épocas.
São clarões fugazes da intensidade do Espírito criador lançando do nada potencial as bases de vindouras revelações de futuros templos ou lares onde nasçam nos corações as aspirações e realizações ígneas do Cristo, da consciência Divina na matéria, essa Alma espiritual Omnipresente em que temos o nosso ser e que nos faz aspirar e exclamar, por maiores que sejam os sofrimentos, "Eu e o Pai somos um".

Possamos nós, qualquer que seja o nosso posicionamento religioso, auto-conhecer-nos interior e profundamente e, desta nossa sagrada imanência ígnea, através das nossas afinidades ou opções de acção, expressão ou palavra, partilharmos e comungarmos com os outros seres espirituais e a Divindade...

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