Creio ter conhecido o Leonel Costa em alguma conferência que proferi ou a que assisti, ou quando trabalhava na livraria antiquária do Calhariz, junto ao Bairro Alto lisboeta, onde ele costumava aparecer. Como tínhamos amigos e interesses comuns dialogámos, por vezes enquanto eu descrevia alguma raridade bibliográfica ou decifrava um manuscrito, o que o dono da livraria, o Zé Manuel Rodrigues, não apreciava tanto. O Ocultismo e o Esoterismo, Fernando Pessoa, a Espiritualidade, as fraudes da nova Era, eram temas, já que ele era grande leitor, além de sensitivo. O que o Leonel dominava mais era porém a astrologia e embora só o conhecesse provavelmente no final de 80, ele já era astrólogo desde os meados da década de 70, dando consultas para ajudar pessoas e talvez ainda porque o que ganhava como funcionário administrativo, e depois reformado, do Ministério dos Negócios Estrangeiros, não fosse tanto como necessitaria para comprar constantemente livros para si ou para quem oferecia, já que era bastante abnegado e divulgador.
Encontrávamo-nos como já disse na livraria do largo do Calhariz, mas também na galeria Matos Ferreira, na sua rua, onde fiz algumas conferências, outras vezes ao acaso na zona e creio que duas ou três vezes em sua casa onde fui ver os livros que ele bem amava e onde, curiosamente, inseria no interior uma ou duas folhas brancas quase transparentes. Um dia desafiei-o a escrever um pequeno texto sobre a astrologia, numerologia, os fenómenos psíquicos, a espiritualidade, o que quisesse, para eu vir a publicar mais tarde. Algum tempo depois, entrou na livraria, com aquele seu andar discreto e rápido e o olhar de quem está a ver para além da visualidade física, e passou-me o texto seguinte, desculpando-se de ser apenas uma introdução leve. Mas fica na sua modéstia como um testemunho da passagem pela Terra e das suas leituras e reflexões, crenças e visões, já que era um sensitivo, com intuições ocasionais. Quando partiu do corpo e plano físico, não sei bem (embora possa vir a saber por alguma anotação num diário, onde pelo menos no de Abril de 2006 registo um duplo encontro em três dias), mas certamente desejamos-lhe muita luz, amor e sabedoria na sua alma espiritual onde quer que esteja, quem sabe se nas vizinhanças da estrela super-gigante branca Deneb, na constelação Cisne, e a 19º mais brilhante do céu, já que assinou com tal nome cósmico...
«Tudo indica que a Numerologia remonta à mais alta Antiguidade. Começando pela menção dos 7 dias da Criação nas Escrituras, havia um ditado antiquíssimo de que a Numerologia, “tinha começado quando o homem caminhava na companhia de Deus” - o que é um modo delicado de expressão, antes de adoptarmos o nosso horário moderno, extremamente comercial e tecnológico.
Não se conhece a origem exacta da Numerologia, existindo, no entanto, fortes indícios, acerca disso.
As escolas de numerologia mais usadas são a pitagórica e a caldaica. Esta última é mais antiga, sendo a pitagórica a mais usual.
Pitágoras foi um grande matemático. Nasceu na Grécia no sexto século A. C., demonstrando possuir um grande talento para os números, sendo conhecidos, pela maioria das pessoas, os seus teoremas de geometria.
É também considerado o pai da Numerologia moderna [ou uma das fontes mais consagradas a que se filiam os numerólogos, nomeadamente o irlandês Cheiro].
Existem registos de que passou [ou referências a ter passado] muito tempo no Egipto e noutras partes do mundo, aprendendo a antiga ciência dos números [entre outras], tendo levado mais tarde esse ensinamento para a Grécia onde ensinou durante cerca de quarenta anos [alguns anos apenas, já que emigrou por volta de 535 a.C., para Crotona, no sul da Itália, onde desenvolveu o seu ensinamento científico e espiritual], além de criar uma faculdade [escola] e uma filosofia dos números, que ficou com o seu nome até aos nossos dias [é completamente hipotética a origem nele de tais especulações ou doutrinas quanto às associações de números e letras do alfabeto para caracterização ou adivinhação, já que os números eram sobretudo princípios e símbolos].
Também existem outras escolas de numerologia, e todas reflectem seus locais de origem, assim como a aplicação. Existiram por exemplo os antigos bramânes na Índia. Cheiro [1866-1936, ocultista e teósofo irlandês, e que esteve na Índia], quiromante famoso, numerologista e estudante dos fenómenos psíquicos dessa época, atribui grande parte do que sabia a esses místicos do Oriente.
Não importa para que região voltemos a nossa atenção, lá existirá um sistema de Numerologia que teve a sua origem no início dos tempos [mais reflectivos ou intuitivos...]»
22:59 de 31/07/2001
Deneb.... [nome místico-astronómico escolhido por Leonel...]
A estrela super-gigante branca Deneb, na constelação Cisne, e a 19º mais brilhante do céu. Lux! |
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