A jovem persa Arjumand Banu Began nasceu do prudente conselheiro Asaf Khan e de Plomdregi Began em 27 de Abril de 1593, em Agra, na Índia sob o domínio da dinastia mogol, e veio a ficar noiva em 1607 do então príncipe Khurram, filho do 5º Imperador mogol Jahangir e da princesa indiana Rajput Jagat Gosain, pois Khurram, o futuro 6º Imperador mogol sob o nome de Shah Jahan, o Shah ou Rei do Mundo, vendo-a e sentindo-a, fora ferido pelas setas íntimas e beatificantes do Amor. Vieram a unir-se após sete anos de espera luminosa em 1612, recebendo ela então o nome de Mumtaz Mahal, a Eleita ou a Mais Elevada do Palácio, e viveram uma unidade plena de dinamismo e amor, na invocação Divina.
Duas faces de Mumtaz, uma antiga e uma actual, pela artista Daniela Pace Devisate.
As celebrações da núpcias foram magnificentes e a jovem tornou-se verdadeiramente a sua mulher amada (já que ele teve mais duas, como era usual no Islão), companheira e conselheira nas constantes expedições e viagens, dando-lhe quatorze filhos, no parto deste último desprendendo-se da terra, em Burhanpur, no Decão indiano, onde estava como expedicionário ao lado do amado, apenas com 38 anos, certamente algo exangue de tanta dádiva das suas entranhas. Shah Jahan sofreu muito, os cabelos esbranquiçaram, celebrou com profundidade e poesia a partida dela, mas logo começou a congeminar e a construir (de 1631 a 1653) um túmulo digno dela e do amor infinito que os avassalara e unira, contendo em si ínumeras orações e poemas a ela e ao Amor divino dedicados e nos mármores e pietra dura incrustados, e assim temos hoje o que é por muitos considerado o mais belo monumento do mundo, o Taj Mahal, verdadeiramente um fruto imortal dos dois e da civilização da época.
Tal como o é terceiro filho deles, Dara Shikoh, o príncipe primogénito que seria morto por um irmão ambicioso e fanático, o execrável Aurangzeb, que findaria com os sonhos de uma unidade religiosa supra Islão e Hinduísmo, para o qual Akbar e o seu bisneto Dara Shikoh tanto tinham trabalho e desenvolvido, o 1º com a Religião Divina, Dīn-i Ilāhī, onde participaram missionários de Goa, e o 2º com as suas traduções dos textos de Yoga (nomeadamente as Upanishads que chegarão assim ao Ocidente através da tradução de Anquetil-Duperront) e a sua comparação com os do sufismo islâmico. Realizei algumas traduções das suas obras, comentando-as, audíveis no Youtube, e fundei uma página dedicada a ele no Facebook...
Celebrando-se hoje 27 de Abril o seu aniversário de nascimento resolvi, e porque peregrinei também duas vezes a Agra e ao Taj Mahal, oferecer a tradução realizada agora do relato do cronista Qazwini do casamento, tal como se encontra na obra Taj Mahal, The Illumined Tomb, an anthology..., por W. E. Begley e Z. A. Desai, impressa em 1989, sob os auspícios do Agha Khan Programe for Islamic Architecture, um excelente trabalho.
«Uma vez que a perfeita Sabedoria, que ornamenta a câmara do Sol e da Lua, nas nove varandas da esfera revestida a ouro, tinha pedido que, no firmamento da existência, quando as estrelas felizes se conjugam com os planetas auspiciosos, cada Júpiter feliz deve procurar união com uma face de Vénus, e cada Sol de honra deve seleccionar o amor de uma face da Lua para que a conjunção da sua união possa gerar frutos de honra e felicidade.
Duas faces de Mumtaz, uma antiga e uma actual, pela artista Daniela Pace Devisate.
As celebrações da núpcias foram magnificentes e a jovem tornou-se verdadeiramente a sua mulher amada (já que ele teve mais duas, como era usual no Islão), companheira e conselheira nas constantes expedições e viagens, dando-lhe quatorze filhos, no parto deste último desprendendo-se da terra, em Burhanpur, no Decão indiano, onde estava como expedicionário ao lado do amado, apenas com 38 anos, certamente algo exangue de tanta dádiva das suas entranhas. Shah Jahan sofreu muito, os cabelos esbranquiçaram, celebrou com profundidade e poesia a partida dela, mas logo começou a congeminar e a construir (de 1631 a 1653) um túmulo digno dela e do amor infinito que os avassalara e unira, contendo em si ínumeras orações e poemas a ela e ao Amor divino dedicados e nos mármores e pietra dura incrustados, e assim temos hoje o que é por muitos considerado o mais belo monumento do mundo, o Taj Mahal, verdadeiramente um fruto imortal dos dois e da civilização da época.
Tal como o é terceiro filho deles, Dara Shikoh, o príncipe primogénito que seria morto por um irmão ambicioso e fanático, o execrável Aurangzeb, que findaria com os sonhos de uma unidade religiosa supra Islão e Hinduísmo, para o qual Akbar e o seu bisneto Dara Shikoh tanto tinham trabalho e desenvolvido, o 1º com a Religião Divina, Dīn-i Ilāhī, onde participaram missionários de Goa, e o 2º com as suas traduções dos textos de Yoga (nomeadamente as Upanishads que chegarão assim ao Ocidente através da tradução de Anquetil-Duperront) e a sua comparação com os do sufismo islâmico. Realizei algumas traduções das suas obras, comentando-as, audíveis no Youtube, e fundei uma página dedicada a ele no Facebook...
Celebrando-se hoje 27 de Abril o seu aniversário de nascimento resolvi, e porque peregrinei também duas vezes a Agra e ao Taj Mahal, oferecer a tradução realizada agora do relato do cronista Qazwini do casamento, tal como se encontra na obra Taj Mahal, The Illumined Tomb, an anthology..., por W. E. Begley e Z. A. Desai, impressa em 1989, sob os auspícios do Agha Khan Programe for Islamic Architecture, um excelente trabalho.
«Uma vez que a perfeita Sabedoria, que ornamenta a câmara do Sol e da Lua, nas nove varandas da esfera revestida a ouro, tinha pedido que, no firmamento da existência, quando as estrelas felizes se conjugam com os planetas auspiciosos, cada Júpiter feliz deve procurar união com uma face de Vénus, e cada Sol de honra deve seleccionar o amor de uma face da Lua para que a conjunção da sua união possa gerar frutos de honra e felicidade.
Consequentemente, quando tinham passado na idade de Sua Majestade o Rei de exaltada fortuna 21 anos lunares, onze meses e nove dias; e a nobre idade da Senhora Mumtaz al-Zamani atingira 19 anos, sete meses e dois dias, e um período de cinco anos, três meses e dois dias decorrera desde o pedido de casamento, o falecido Imperador Janmat Makani [Nuruddin Muhammad Jahangir], o brilho de cuja mente era o sol do dia da fortuna e a lua da noite da felicidade, tomou sobre o seu augusto eu a tarefa de arranjar a festa-banquete do casamento desse valioso noivado da família da criação. Ele providenciou que os meios da festividade e os requisitos de alegria e prazer fossem de tal grau que condizessem com os dos imperadores de elevada grandeza.
Na noite de Sexta feira, o 9 do mês de Rab'i, o ano 1021 Hijri (10 de Maio de 1612), correspondendo ao 22 do mês de Urdibihisht, do 7 ano da acessão do imperador Jahangir:" Na altura em que a estrela ascendente era favorável/ os olhos mereceram encontrar um com o outro (ou um ao outro)".
Na noite de Sexta feira, o 9 do mês de Rab'i, o ano 1021 Hijri (10 de Maio de 1612), correspondendo ao 22 do mês de Urdibihisht, do 7 ano da acessão do imperador Jahangir:" Na altura em que a estrela ascendente era favorável/ os olhos mereceram encontrar um com o outro (ou um ao outro)".
E nessa auspiciosa noite, da qual a Noite do Poder (Shab- i-Qadr)
e a noite da Partilha (Shab-i-Barat) poderiam derivar glória e honra
as luzes do festival das lâmpadas das estrelas e as iluminações das tochas e lanternas brilharam assim na terra como no céu.
e a noite da Partilha (Shab-i-Barat) poderiam derivar glória e honra
as luzes do festival das lâmpadas das estrelas e as iluminações das tochas e lanternas brilharam assim na terra como no céu.
"Uma noite mais brilhante que o dia da juventude/
Adicionando ao prazer a delícia e realização do desejo",
Adicionando ao prazer a delícia e realização do desejo",
Assim essa cama de fortuna e esse leito de magnificência da Senhora Mumtaz al-Zamani teve a honra de chegar à casa do sol da esfera da soberania; e essa luz do céu e castidade tornou-se a associada da felicidade eterna pela conjunção com a auspiciosa estrela do firmamento do califado. E quando as duas luminárias do zénite da glória e beleza tiveram a sua conjunção numa constelação, elas embelezaram a cama do quarto da fortuna e da auspiciosidade. Os pais celestiais (as Estrelas) derramaram sobre eles as pedras preciosas do cesto das Plêiades e pérolas das constelações vizinhas. E as mães terrestres (os quatro elementos) trouxeram os seus presentes para o desvendar nupcial (ru-numa) produtos caros de minas e pedreiras e a colheita mais escolhida do jardim do Éden. Os santos das esferas celestiais e os residentes na extensão da Terra soltaram a língua das congratulações e votos auspiciosos. O som do tambor da festividade e o clarim da alegria fizeram dançar as esferas que revolvem, enquanto que a senhora Vénus, tocando a a sua harpa (qanun) do interior da cortina (parda), fazia a performance das canções de alegria e prazer.
E o dispensador da ampla mesa das recompensas espalhou variadas delicadezas das sete terra (i.. dos sete lugares entre o Irão e o Turan atravessado pelo Rustam) e do repositório de presentes- recompensas (khil'at-khana) vestes de honra de tecidos bordados a ouro e brocados foram entregues a grandes e pequenos, a jovens e idosos.
Devida à atenção extrema e ao cuidado que Sua Majestade Jannat Makani (Jahangir) manifestou para assegurar a grandeza de tão ilustre e gloriosa ocasião, antes da realização da cerimónia de tão auspicioso e afortunado casamento, ele agraciou com a sua visita a casa de Yamin al-Daula Asaf Khan, que era então intitulada I'tiqad Khan, e durante uma noite e um dia iluminou a assembleia dessa festa de alegria e prazer. E alguns dias depois, quando tal auspiciosa ocasião festiva e realização abençoada tinha concluído, ele de novo embelezou com a dignidade da sua chegada a residência parecida com o Paraíso onde Sua Majestade o Rei de exaltada fortuna, na companhia de todas as senhoras veladas por detrás das cortinas da castidade e as ocultadas da mansão da soberania, por causa da grande alegria e prazer que ele sentiu nesta conjunção de dois planetas auspiciosos.
E quando o falecido Imperador agraciara com a sua vinda a assembleia de alegria e de realização dos desejos, e iluminara esse encontro convivial (mahfil) de boa disposição e deleite nessa abóbada de recreação. sua Majestade o Rei de exaltada fortuna, executou a cerimónia de recepção pa-andaz peshkash (tributo-presente) e apresentou uma oferta de jóias de incalculável preço e têxteis e objectos preciosos que agradam ao coração ao seu pai (Akbar) agora tendo o empireu como o seu trono, e tudo era visto com a sua beneficente aprovação.
E depois das núpcias e casamento, de acordo com o costume e a prática dos regentes desta casa do Califado, os quais, quando querem distinguir com grande honra um daqueles que agraciam o leito real da Fortuna, outorgam um título apropriado,
Sua Majestade o Rei de exaltada fortuna, discernindo que a incomparável Senhora, cujo nome auspicioso real era Arjumand Banu Began, ser de dignidade pesadíssima na balança da capacidade e do mérito perfeito face à pedra de toque que é a experiência; e reconhecendo também, quanto à sua aparência de beleza, que ela era a chefe e a eleita (Mumtaz) entre as mulheres do seu tempo e as senhoras do universo, deu-lhe o título de Mumtaz Mahal Began, para que tal sirva por uma mão como indicação do orgulho e glória dessa seleccionada da época e, pela outra mão, que o verdadeiro nome ilustre dessa reputada neste mundo e no posterior, apropriadamente não possa ocorrer nas línguas do povo comum. E no livro dos conteúdos auspiciosos, ela será mencionada ou como Sua Majestade a Rainha (Mahd-'Ulya) ou como Mumtaz al-Zamani (A eleita do tempo)».
Sua Majestade o Rei de exaltada fortuna, discernindo que a incomparável Senhora, cujo nome auspicioso real era Arjumand Banu Began, ser de dignidade pesadíssima na balança da capacidade e do mérito perfeito face à pedra de toque que é a experiência; e reconhecendo também, quanto à sua aparência de beleza, que ela era a chefe e a eleita (Mumtaz) entre as mulheres do seu tempo e as senhoras do universo, deu-lhe o título de Mumtaz Mahal Began, para que tal sirva por uma mão como indicação do orgulho e glória dessa seleccionada da época e, pela outra mão, que o verdadeiro nome ilustre dessa reputada neste mundo e no posterior, apropriadamente não possa ocorrer nas línguas do povo comum. E no livro dos conteúdos auspiciosos, ela será mencionada ou como Sua Majestade a Rainha (Mahd-'Ulya) ou como Mumtaz al-Zamani (A eleita do tempo)».
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