Nasce em 1495 em Montemor, e morre no mesmo dia em Granada, Espanha, em 1550, o santo português João de Deus que, como S. Teresa de Calcutá, foi um descobridor do amor a Deus nos miseráveis e doentes e dando origem a uma ordem religiosa hospitalária. Disse ou consta que foi muito agraciado com a ligação com o Arcanjo Rafael, considerado o Arcanjo mais ligado à cura e portanto talvez superintendendo os milhões de Anjos dedicados a tais tarefas
Instruções de D. João III, após ter sido informado em pessoa pelo P. Miguel Vaz que viera de Goa, para o governador D. João de Castro, escritas neste dia em 1546: «Como sabeis a idolatria é tamanha ofensa de Deus que não devo eu consentir que haja nas terras dessas partes que são do meu senhorio, e porque sou informado que na ilha de Goa há alguns públicos e secretos, o que é tamanho desserviço de Nosso Senhor como vedes, vos encomendo muito que não haja na dita ilha de Goa alguns dos ditos pagodes públicos, nem secretos, e que nenhum oficial possa fazer peças». Aconselha a persuadir brandamente os gentios da «tamanha ofensa de Deus que é estarem dando a honra devida a Ele a ídolos, que vejam eles que nenhuma outra coisa se pretende senão a salvação das suas almas... O serviço de Deus e o acrescentamento da sua fé é o que eu pretendo». Branduras vãs sobre concepções e ritos diferentes do culto divino...
Bocage, intuído pela pintora Maria De Fátima Silva.
O tenente de infantaria Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805) é colocado neste dia em Damão em 1789 mas, na peugada e exemplo de Camões, ausenta-se sem ordens para Surate em busca da afeição duma «Manteigui gentil e bela» e para Macau, onde viverá de fiados e amigos, em copos, amores e poesias. Regressado a Portugal, o intendente Pina Manique, muito temeroso dos ventos revolucionários de França a que Bocage, de origem maternal francesa, estava naturalmente fadado, acaba por o prender e estará mesmo detido na Inquisição que por fim, graças a protecção de amigos será mandado recolher e trovar mais manso no Convento das Necessidades, com os Oratorianos, onde conviverá com alguns sábios. Será ocasião para fazer algumas traduções valiosas e para aproveitar certas leituras e poetizar belas elegias onde se manifesta bem o seu génio quase clarividente.
Nasce na ilha de Wight, Reino Unido, em 1904, o capitão Charles Ralp Boxer. Publica o seu primeiro estudo sobre os Descobrimentos em 1926, no Boletim Geral das Colónias, e até 2000 editou mais de 300 títulos. Capitão dos Serviços Secretos Ingleses na 2ª grande guerra, aí perdeu um olho. É considerado um melhores historiadores modernos dos Descobrimentos, em especial ligados aos portugueses e holandeses.
Na sessão de 8 de Março de 1912 da Camâra dos Deputados, em Lisboa, transcreve-se a fala do deputado pela Índia Jovino de Gouveia Pinto, cônscio do valor da civilização indiana e esclarecendo um outro deputado:«Qual de nós não precisa de aprender? Precisam Vossas Excelências completar os parcos conhecimentos que possuem sobre as coisas da [tão antiga quão sagrada] Índia, da qual fazem uma ideia que fica muito longe da verdade. Há mesmo quem saiba apenas por ouvir dizer, que o Estado de Goa é a terra do arroz e do caril. Outros julgam-na tão selvagem que nao os surpreenderia ver os seus representantes entrar no Parlamento revestidos de tanga e turbante enfeitado de penas variegadas cores, com uma pena de pavão no fundo das costas (riso). Pois enganam-se os que pensam tão pitorescamente. A nossa Índia mantém o alto nível intelectual (apoiados)...Há por cá muita ignorância sobre as coisas da Índia, e o que é lamentável é que se faça gala dessa ignorância, pretendendo amesquinhar os oriundos da mais ilustrada colónia portuguesa, da única onde existe civilização e cultura espiritual. Mas, procedendo assim, esse ignorantes só se amesquinham a si próprios.» Assim registou C. M. Ribeiro no seu Os Indo-Portugueses, perante a história da colonização de Moçambique, perante a Constituição da República e perante o mundo culto, impresso em Lourenço marques, 1930, onde citará ainda palavras de Francisco Trancoso, Artur R. de Almeida Ribeiro, Luís da Cunha Gonçalves e de Francisco Correia Afonso, nomeando por fim alguns nomes de Indo-portugueses vivos, tais o juíz Caetano Gonçalves, Eduardo Soares, Alberto Xavier, Hopfer Gomes, Manuel V. Bruto da Costa, o médico Wolfango da Silva, Acácio Viegas, António Floriano Noronha, Mariano Gracias e Acácio Gama.
9-III. Nasce em Florença em 1454 Américo Vespúcio. Foi sobrinho de Giorgio Antonio Vespuci, sacerdote, humanista e membro da Academia Platónica florentina de Marsilio Ficino. Trabalhando para os Medici virá a Espanha em 1492, contactando o fervilhar do começo dos Descobrimentos. Servirá os reis de Espanha e de Portugal em viagens à América do Sul e das suas cartas algo fantasiadas sairão as Quattuor Navigationes e o Mundus Novus, amplamente divulgados na Europa. Nas suas viagens perante a inaudita beleza da América afirma: «todas as árvores são odoríferas e produzem goma, óleo ou qualquer outro líquido, que se conhecessemos as suas virtudes, curariam os nossos corpos. Penso que se o paraíso terrestre fosse neste mundo, não ficaria longe destas regiões, situadas, como disse, contra o sul e com o ar tão temperado que nunca há invernos gelados e verões ardentes». Mas, tal como no mito, a queda de tal paraíso possível logo viria pela ganância de muitos dos que vindo do velho mundo não souberam respeitar e amar a terra e as gentes do Novo Mundo.

Amerigo Vespucci desvendando a América ao mundo, por Theodor Galle.
Parte de Belém em 1500 a armada de treze velas de Pedro Álvares Cabral rumo à Índia, depois da celebração de missa abençoadora e do rei D. Manuel I entregar, tirando do altar, o estandarte com a cruz da Ordem de Cristo, que no caminho, por acaso ou não, anunciará a civilização cristã ocidental, a 24 de Abril, ao Brasil. Nela seguem Sancho Toar, Simão Miranda, da Ordem de Cristo, e veteranos dos mares e dos encontros com outros povos tais como Nicolau Coelho, Pêro de Ataíde, Bartolomeu Dias e Gaspar da Gama. E Álvares Cabral leva consigo um regimento: «Este é a maneira que pareceu a Vasco da Gama que deve ter Pedro Álvares em sua ida prazendo a nosso Senhor».
Pedro Álvares Cabral
Domingos António Sequeira, um pintor sensível à aura misteriosa e nebulosa do encontro do Oriente e do Ocidente, formado por bolsa de D. Maria I em Itália, onde foi mesmo professor, regressando a Portugal foi pintor da corte, pintando por vezes como mandalas, tal a da imagem em baixo. Com o governo absolutista de D. Miguel emigrou para França e depois para Itália donde se evolou para as regiões supra-sensíveis em Roma, neste dia de 1837, com 68 anos, estando o seu túmulo na singela mas espiritual igreja de S. António dos Portugueses.

No Karar Ashram, em Puri, no sudeste indiano, o mestre Sri Yukteswar Giri abandona em 1936 o seu corpo. Como então, este centro está aberto aos peregrinos de qualquer credo que queiram aprender a trabalhar mais profundamente com a energia interna e a meditação. No livro A Ciência Sagrada avisa: «As raízes da dor são as acções egoístas, que baseadas em ilusões conduzem à miséria. O propósito do homem é a libertação completa da infelicidade. O egoísmo resulta da falta de discriminação entre o corpo físico e o Eu real. A libertação é a estabilização da alma no seu Eu real. A emancipação é obtida quando se realiza a unidade do Eu com o Eu Universal, a Realidade Suprema».

10-III. O famoso D. Luís de Ataíde, que durante décadas brilhou no Oriente e Ocidente, armado cavaleiro junto ao monte de Sinai por D. Estêvão da Gama, embaixador na Europa e, por fim, por D. Sebastião nomeado (desterrado...) 2ª vez vice-rei na Índia, por se opor à expedição a Kibir, morre em Goa com a Pátria em 1581, com 64 anos, e parece que ainda tentando voltar a Portugal com tropas. Consta que o seu corpo foi achado incorrupto no braço e na mão direita por onde mais exercera varonilmente o poder, quando foi transladado para Peniche, onde se encontra na igreja de Nossa Senhora da Ajuda. André de Resende dedicou-lhe um longo poema em que termina sabiamente considerando-o um daqueles «cuja mente arde com o fogo etérico e que pensam que, desamparada a virtude, nenhum bem existe nas coisas».
Nasce neste 10 de Março de 1772 em Hanover o filósofo, poeta, professor e linguista Frederich Schlegel. Depois de estudos de comércio, direito e literatura, começa a escrever e faz grandes amizades com Novalis, Fichte, Schiler, Schelling, publicando obras valiosas onde exprime a universalidade da poesia que une todas a facetas do saber humano. Em 1799 com seu irmão e os amigos criam o círculo de Iena e iniciam o primeiro romantismo alemão. Estuda sânscrito em Inglaterra entre 1801 e 1802 comAlexandre Hamilton, e depois em Paris, publicando em 1808a sua obra pioneira Über die Sprache und Weisheit der Indier, Sobre a língua e a sabedoria dos Indus, em francês Essai sur la langue et la philosophie des Indiens, que se tornou a base da ciência da linguagem no dizer de Max Muller, que diz ainda: «era um homem de génio, e quando se trata de criar uma ciência nova, a imaginação do poeta é ainda mais necessária que a exactidão do sábio. Era fatalmente necessário o olhar do génio para abraçar num só olhar as línguas da Índia, da Pérsia, da Grécia, da Itália e da Alemanha, e para as incluir todas sob a denominação simples de indo-germânicas [ou indo-europeias]. Tal foi a obra de Schlegel, e, na história da inteligência, foi chamada com toda a verdade "a descoberta de um novo mundo"». A sua vida será muito intensa a todos os níveis e será de um ataque cardíaco que morrerá em 1829.
Promulgada a Nova Constituição do Tibete, no exílio, no reino da utopia, no norte da Índia, em 1963.
Declaração do Dalai-Lama neste dia em 1987: «A chamada liberdade de religião hoje em dia no Tibete consiste em ser permitido ao nosso povo adorar e praticar religião num sentido só ritualístico e devocional, pois restringe-se o ensino e estudo da filosofia budista. O budismo é assim reduzido a uma fé cega, que é exactamente como o comunismo chinês vê e define a religião».
11-III. Jean Jacques de Molay, o último grão-mestre Templário, morre queimado na ponta da ilha do rio Sena em Paris, em 1314, devido à ambição do famigerado rei de França Filipe IV e à fraqueza do papa francês Clemente V, dando origem à legenda imortal duma Ordem, que unira talvez até de modos demasiado pioneiros mágicos e menos ortodoxos o Ocidente e o Oriente, na Terra Santa e em si, e que começaria a ganhar os seus seus foros míticos bem crepitantes ainda nos nossos dias. Extinta a ordem, o rei de Portugal D. Dinis consegue orientar os seus bens e vários dos seus cavaleiros para assumirem uma outra missão de liderança monástico-militar da Europa rumo ao Oriente, fundando a Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo, vulgo Ordem de Cristo, em 14 de Março de 1939. Um dos últimos cultores desta linha energético-iniciática foi Fernando Pessoa que na sua nota autobiográfica de 30 de Março de 1935, a seis meses de morrer, se afirma como iniciado por mestre a discípulo nos três graus menores da Ordem Templária de Portugal, terminando tal testamento com a seguinte aviso: «Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-Mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos – a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania».

António Galvão morre neste dia 11 de Março de 1557. Sábio mareante, esforçado capitão e depois governador da Molucas, distinguiu-se pelas armas materiais, mas não descurou as espirituais, edificando escolas e um seminário (1536) para os naturais de Ternate que o quiseram por soberano, o que não aceitou por fidelidade ao seu rei. Em vez de procurar ardilosamente o enriquecimento, apoiou a agricultura, as artes e ofícios nas Molucas, criando uma época de estabilidade como houve poucas. Enviou um cavaleiro honrado, Francisco de Castro, com dois sacerdotes à ilha de Satigano onde, no assentamento de paz, o rei e Francisco «sangraram ambos no braço ao costume daquela terra, e bebeu um o sangue do outro» como nos conta João de Barros. Depois de ter servido excelentemente como piloto, mareante, militar e governador, ao regressar a Portugal viu-se na indigência pela inveja dos triunfalistas e gananciosos, tendo por asilo o Hospital de Lisboa por 17 anos, perseverando contudo na sua religiosidade, até morrer, deixando-nos o Tratado dos Diversos e Desvairados Caminhos (mais conhecido como o Tratado dos Descobrimentos Antigos e Modernos), «feitos de suspiros e aflições de ânimo afligido», como nos diz o seu testamenteiro Francisco Sousa Tavares. Manuel Faria e Sousa dirá que a «sua fama durará enquanto houver mundo, pois nela não tem jurisdição, reis fracos, ministros maus, fortuna cega, idades caducas».
Carta de D. Filipe III de Espanha ao vice-rei em Goa em 1609: «Porque tenho informação do martírio que pela confissão da fé recebeu naquelas partes Dom Cristóvão da Gama e dos milagres que piamente se crê que Deus tem obrado por seus merecimentos, vos-ei por muito encarregado procurardes com toda a diligência assim a relação do seu martírio e milagres, como por se haver o seu corpo, havendo certeza da parte em que está». Terão ao certo encontrado a sua espada e elmo, mas D. Filipe III, que veio a Portugal só em 1619, tentava assim cultuar, sincera ou interesseiramente, a grande alma portuguesa em um dos seus heróis.
12-III. Carta de D. Manuel em 1512 a «Afonso Albuquerque amigo. Nós el-rei vos enviamos muitas saúdes: porque da gente andar bem paga dos seus soldos se lhe segue mais contentamento para bem servirem e folgarem de andar lá mais tempo... encomendamos-vos que trabalhais para que sejam pagos à custa de outrem e não nossa; e que esperemos que assim o haveis de fazer com ajuda de Deus, porque nós o desejamos assim muito não se perca esta lembrança». Era a arte de governar maquiavelicamente, e como nem sempre haveria grandes lucros, ou presas da pirataria, para se pagarem os ordenados, a corrupção mercantilista grassava. D. João de Castro queixar-se-á mais tarde em carta ao rei: «porque todo o homem que cá anda se fez chatim (comerciante) e andam buscando a sua vida por toda a Índia sem a isso se poder dar remédio».
Embaixada de mais de cem pessoas de D. Manuel ao papa em 1514, para impressionar, discutir pontos religiosos, e oferecer obediência e as primícias dos tesouros do Oriente. Tristão da Cunha, Garcia de Resende, fidalgos, doutores e animais exóticos atravessam Roma e o que é oferecido, ao contrário do presente luso ao samorim de Calecut, é considerado o melhor recebido até então pelo papado. As propostas de reforma do clero, que a serem adoptadas talvez tivessem diminuído as reivindicações da Reforma protestante, e os tributos, foram trocados pela oferta da bula de cruzada, duma rosa benta, duma espada e duma carapuça. As bulas de aprovação da política de D. Manuel sairão nos anos seguintes, embora bem pagas. Resta saber o que isto pode ter descontentado outros países, protestantes depois...
A armada capitaneada por Martim Afonso de Sousa deixa o Tejo em 1534 e leva consigo o Dr. Garcia de Orta, o Ervas, médico do capitão, talvez a pressentir maus tempos para os cristãos-novos e a pensar «tenho grande desejo de saber das drogas medicinais e destoutras mezinhas simples... e assim queria saber como usam delas os físicos indianos». Instalado na rua dos Namorados, em Goa, casa com uma prima, cria o seu horto botânico, cura quantos pode e vai aprendendo o conteúdo dos Colóquios dos Simples e das Drogas que sairá em 1563. A partir de 1549 parece que está mais tempo em Bombaim, onde a intolerância que mataria o seu colega Jerónimo Dias era menor.
Fernão Mendes Pinto inicia as suas peregrinações saindo pela barra do Tejo a fora em 1537, para vinte e um anos de «trabalhos e perigo de vida», o mundo pátria do forte. Muito lúcido, desenhará na Peregrinação um menino chinês a dizer dos portugueses: «Bendita seja, Senhor, a tua paciência, que sofre haver na terra gente que fale tão bem e use tão pouco da tua lei, como estes miseráveis e cegos, que cuidam que furtar e pregar os pode satisfazer como aos príncipes tiranos que reinam na terra».
D. Sebastião recomenda ao vice-rei D. Luís de Ataíde ao partir para a Índia, no regimento geral, em 1568: «Fazei muita cristandade, fazei justiça; conquistai tudo quanto puderdes; favorecei os que pelejarem; tirai a cobiça dos homens, tende cuidado da minha fazenda. Para tudo isto vos dou o meu poder». As ilusões dos 14 anos de idade, educados em sonhos de ascese e de grandeza, falavam. E «que todos os que se converterem seja com tanta temperança e amor como a mesma obra requer, não intervindo nela por nenhuma via escândalo nem força alguma, porque quanto desta maneira se fizesse seria desservir a Deus e impedir os que buscarem sua fé, que trazê-los a seu serviço e ao conhecimento dela... e que assim cristãos como gentios e mouros que na terra viverem... não seja consentido que lhes seja feito mal, dano, nem sem razão». Mas entre 1573 e 1575 o governador António Moniz Barreto promulgará uma série de medidas altamente repressivas.
Carta do governador na Índia D. Pedro de Almeida de Portugal, em 1678, advertindo os ingleses que apesar da entrega de Bombaim «nos mares da Índia não pode navegar barco algum sem cartazes (licença) deste Estado, como se tem estabelecido por leis e costumes antigos, e nesta conformidade temos dado ordem geral para que se tome todos os barcos que se caçarem sem os ditos cartazes». Esta instituição, que de início se destinava aos orientais, tinha a peculiaridade, como os cartazes continham imagens cristãs, de desgostar a alguns muçulmanos, menos apreciadores da arte antropomórfica religiosa.
Vishuddhananda Paramahansa nasce em Boondul, distrito de Bardhaman, Benagala Ocidenta, neste dia 12 de Março de 1853, e será um notável yogi, vivendo até 14 Julho de 1937. Era um brâmane conhecido como Gandha Baba e foi mestre do notável filósofo e espiritualista Gopinath Kaviraj, havendo ainda descrições dele na Autobiografia de um Yogi, de Yogananda. Mahatma Gandi lidera neste dia em 1930 a marcha não violenta ou de resistência activa ao imposto sobre o sal com o qual o imperialismo colonial inglês sujeitava qualquer indiano que quisesse apanhar sal do mar. Levou consigo milhares de indianos até Dandi, numa marcha épica e num gesto simbólico que marcou o começo da queda da opressão do povo indiano e dos seus políticos independentistas, embora Gandhi e cerca de 50.000 mil dos manifestantes viessem a ser presos. Presos foram também o seu sucessor Vinoba, que eu ainda conheci no seu ashram, além de Sri Aurobindo e de outros mahatmas (de maha grande e atman, espírito), significando grandes espíritos, numa época em que os políticos não estavam despidos da realização espiritual, como hoje é regra sobretudo no Ocidente.

Lady Hester Lucy Stanhope nasce neste dia em Inglaterra em 1776 e viverá até 23-VI-1839. Foi uma notável e corajosa viajante no Médio Oriente, realizando as primeiras escavações arqueológicas com algum rigor metodológico, em Askalon, mas na busca das suas intuições e adivinhações. Foi muito admirada e respeitada por vários potentados locais e viveu vários anos da sua vida em antigos mosteiros cristãos do Líbano onde dialogava sobre a espiritualidade universal, praticava formas de clarividência e acolhia e protegia drusos, dervishes e outros peregrinos.
13-III. A bula Inter cetera de Calisto III, em 1456, confirma o exclusivo do rei de Portugal nas conquistas de África e nas descobertas, concedido pela bula de Nicolau V, e garante à Ordem de Cristo a jurisdição espiritual de todas as regiões conquistadas e por conquistar pelos portugueses desde os cabos Bojador e Não até à Índia. Assim vai competir ao prior do convento de Tomar a jurisdição sobre os sacerdotes em África e no Oriente, enviando este um vigário geral que o representava. Para além disso serão enviados os bispos de anel para administrarem ordens e crisma e só em 1538 é que surge o primeiro bispo de Goa, D. Fr. João de Albuquerque, sucedendo-lhe em 1560 D. Gaspar de Leão, o primeiro arcebispo de Goa, autor do tratado ascético e místico Desengano dos Perdidos, de que se conhece um só exemplar, estudado valiosamente e reeditado por Eugenio Asensio.
Em 1615 as tropas de Baçaim derrotam os exércitos mogóis que a tinham cercado e sitiado. Baçaim, situada a norte da costa ocidental indiana, esteve sob a bandeira portuguesa desde 1536, data em que foi depositada a primeira pedra da fortaleza por António Galvão, em recompensa da suas acções em defesa da cidade, com o governador do Estado Português na Índia Nuno da Cunha ao lado, e que servirá até 1738 de anteparo a Goa.
Datada de 13 de Março de 1568 é a carta do rei D. João III para D. João de Castro onde confirmando as anteriores provisões, diz que « quero e mando que tudo o que for necessário se faça para que por todas as vias de minha parte se cumpra a minha obrigação» a qual é «a obra de conversão, mandando fazer nelas tudo o que para aumento e dilatação da fé fosse necessário.». Desta santa ambição de impôr uma fé, a cristã, numa civilização, a indiana, com fés tão antigas e poderosas, pouco chegou, naturalmente, de resultados aos nossos dias: uns poucos de cristãos indianos. De resto, a consciência cada vez mais universal de que cada religião é uma escolha subjectiva numa humanidade tão diversificada, que nenhuma delas pode aspirar a mais do que uma convivência, idealmente fraterna, com as diferenças das outras.
Neste dia, em 1926, o Mahatma Gandhi visita no seu ashram Sri Narayana Guru, então com 69 anos, e recebe as suas bênçãos, dialogando com ele sobre religião, castas e o desenvolvimento social da Índia. Escreverá mais tarde: «Eu tive o enorme privilégio de ter visitado o belo estado de Travancore e de ter recebido a vista e bênção do venerável sábio Sri Narayana Guru (20.8.1856 a 20.9.1926). E tive a fortuna de permanecer um dia com ele no seu ashram». Sri Narayana era de facto um grande mestre espiritual, que após árduas meditações atingira um estado de iluminação forte que manifestou não só no ensino espiritual e construção de templos como sobretudo em escolas, reforma social e desenvolvimento da agricultura e indústria.
Nasce em Paris Jean Pierre Bastiou (Vasudev), filho de um engenheiro e inventor aeronáutico, em 1924. Depois de ter sido um combatente da resistência contra o nazismo, na 2º grande Guerra, veio a formar-se como Professor de Cultura Física e em 1950 alcançou mesmo o 4º Lugar no concurso de Mister
Universo, em 1950 em Londres. Em Março de 1952 chega ao Brasil, ao Rio de Janeiro, para ser professor de halterofilismo e musculação acaba por fundar uma academia de
fisicultura. Tinha aprendido hathayoga com um aluno indiano, filho dum notável yogi, ainda em Rennes em 1949 e, sentindo mais a atração, correspondendo-se com Swami Sivananda que o apoiou, em
dezembro de 1958 fundou a primeira academia de yoga no Brasil, chegando a ter milhares de alunos, embora já houvesse o prof. Shimada e ainda Caio de Miranda (que conheceu) e que foi o mestre de Hermóneges, amigo de Bastiou, prefaciador do seu livro. Pertenceu à Self-Realization Fellowship, fundada por Paramahamsa Yogananda. Em 1962 faz finalmente a sua 1ª viagem à Índia com a segunda mulher Zilah, onde esteve com Swami Shivananda e outros gurus, tal Sri Yogendra, regressando mais firme no caminho espiritual e com o seu valioso livro de viagem,
Encontro com o Yoga, escrito em 1963, publicado em 1965, e onde testemunha a sua grande devoção e fé em Shivananda, de Rishikesh, e como este lhe possibilitara falar em inglês perfeitamente num satsang no ashram, sem que Bastiou soubesse quase inglês. Escreveu outras obras e viveu ainda bastantes anos.

14-III. O papa João XXII institui pela bula Ad ea exquibus em 1319 a Ordo Militae Jesu Cristo, a Ordem dos Cavaleiros de Jesus Cristo, aprovando a ideia de D. Dinis, para dar continuidade aos impulsos, riquezas, tradições e homens templários, e que virá em grande parte a liderar e a sublimar a expansão portuguesa. A sua sede inicial será no Algarve em Castro Marim e o seu 1º mestre D. Gil Martins.
D. Luís de Ataíde resolve dar batalha em Chaul e Goa simultaneamente em 1571, e não abandonar Chaul, porque «o valor português sempre empreendera dificuldades maiores que as suas forças e sempre com felicidade. Que, finalmente, a fortuna aborrecia aos temidos, e se namorava dos corações generosos, e dos conselhos ousados». Em ambas as frentes vencerá.
Sri Jnananda Saraswati, filha do rei de Nepal e grande yogini, em 1947, liberta-se do corpo ao som do mantra: Hari Om Tat Sat, uma das orações ou jaculatórias mais populares na Índia e Nepal. Disse: «Sabeis porque uma pessoa se chateia com certas coisas? Uma vez que ela é Beatitude incarnada, a dor é contrária à sua natureza. O espírito é eternamente livre e independente e nunca espera nada dos outros, pois ele própria é a Felicidade (Ananda) Divina».
15-III. Cristóvão Colombo, ao meio dia, com maré de montante, entra na barra de Saltes em Espanha, no regresso da sua 1ª viagem ao Novo Mundo, em 1493, ao fim de 7 meses e 11 dias de navegação, em que chegou às Bahamas e a Cuba, convencido que chegara à Ásia.
Giovani Francesco Pico della Mirandola (o sobrinho do legendário Pico), na introdução da Geografia do astrónomo egípcio do séc. II Ptolomeu, impressa em 1513 em Estrasburgo, referencia as terras desconhecidas dos antigos e descobertas pelos marinheiros portugueses, que ousaram deixar os campos férteis da pátria, através de mares dificultosos, percorrendo os reinos até à Índia.
O rei D. Manuel assina neste dia 15 de Março de 1518 em Lisboa, a graça e mercê de conceder aos portugueses que ajudaram na conquista, comandada por Afonso de Albuquerque, da cidade de Goa aos mouros, e que casados ou que se casassem e assentassem em Goa, as terras que pertenciam aos mouros, «para que tenham em que lavrem e aproveitem a terra para melhor sustentamento seu e dos seus filhos», havendo uma graduação do terreno doado, maior para o fidalgo (três quinhões) cavaleiro e escudeiro (2 quinhões) e peão (1 quinhão). Esta carta de mercê é uma extensa instrução dirigida ao Vedor da Fazenda para impulsionar a ocupação, lusitanização ou colonização de Goa, e foi fecunda impulsionando o nascimento os luso-descendentes. Uns meses depois por carta dada em Evora em 28 de Dezembro, D. Manuel declarava que as terras que não eram dos mouros [derrotados e expulsos] continuassem na posse dos naturais, os Canaris.
É publicada, em 1548, em Goa a provisão do 13º governador (de 1545 a 1548) do Estado Português na Índia D. João de Castro, a partir da carta régia trasladada pelo bispo de Goa e da Índia D. João de Albuquerque:«e bem que nos fica obrigação para trabalhar que em Baçaim e nas ditas ilhas de Goa não haja idolatria, e como eu seja prelado tenho obrigação do meu ofício até do mandado del Rey nosso senhor de trabalhar deservir esta idolatria péssima, assim por mim como pelos servos de Deus, a que eu o encomendo pelo qual rogo e peço ao padre Belchior Gonçalves e aos da Companhia de Jesus e assim ao Padre Vigairo Simão Travaços e aos padres de S. Francisco, que onde acharem pagodes feitos, ou começados a fazer ou a reparar, que os destruam e derrubem, para o qual lhe dou poder e autoridade». Quantos templos ainda haveria após tantos anos, cerca de trinta e cinco, de ocupação portuguesa e cristã? Quanto sofrimento não provocaram?
A nau S. Ana não podendo prosseguir em Baticala (cidade em Carnacata) a travessia de Malaca a Goa, é uma fusta com quatro jesuítas, Fernão Mendes Pinto e quatro meninos, que vai buscar o corpo de S. Francisco Xavier e o traz com devoção até Ribandar e à sua ermida, neste dia em 1554.
Sá de Miranda, o poeta renascentista introdutor do petrarquismo em Portugal, retira-se deste mundo em 1558 (se for correcta a tradição que assinala este dia), recolhido na sua quinta da Tapada, sem temor de insolentes, nem dependência de poderosos. «Homem de um só parecer, / de um só rosto e duma fé, / de antes quebrar que volver, / esse tudo pode ser / mas da corte homem não é». Pela sua poesia impregnada de filosofia moral, foi chamado o Platão português: «Cura-me a Filosofia, que me promete saúde; / dou-llhe a noite, dou-lhe o dia; / ouço falar da virtude: / Se a visse, sarar-me-ia. Diz Platão, que é dos melhores: / Quem pusesse os olhos nela, / que altos, que acessos amores / Sempre traria com ela!» Céptico contra o cheiro de canela que despovoava o reino, pois «destes mimos indianos hei grão medo a Portugal, que nos recresçam tais danos», insurge-se contra o vil interesse que matava «os momos, os serões de Portugal, / tão falados no mundo, onde são idos, / E as graças temperadas do seu sal? Dos motes o primor e altos sentidos, / Os ditos delicados e cortesãos, / Que é deles? Quem lhes dá somente ouvidos?».
Nasce em Jamba, Maharastra, em 1608, Ramdas, guru, ou perceptor espiritual, especialmente de Shivaji o líder militar dos maratas, vizinhos de Goa. No seu tempo, a literatura marata teve grandes poetas como Tukaram, Eknath, Mukteswar e Vamam Pandita. Deu grande impulso ao renascimento da espiritualidade indiana perante a opressão islâmica. Defendeu o uso das imagens e o aparente politeísmo como meios de se avançar para a realização do Supremo Ser. Considerou como prática essencial a meditação no Nome divino até se alcançar a visão de Deus e realizar-se que há só um Espírito, um só Eu, Ek Atman

S. João de Brito parte para a Índia neste dia em 1673. «Vim à Índia para suportar trabalhos e privações, não para levar uma vida de comodidades», escreverá, sinalizando a sua abnegação e renúncia.
Guilherme
Joaquim Moniz Barreto nasce neste dia 15 de Março em 1865 em Ribandar, Goa, de ascendentes
açorianos que morreram cedo, sendo educado pela sua avó materna, a
Viscondesa de Bucelas e depois pelo seu tio, bom amante da cultura, Tomás
de Aquino Garcez Palha, deputado por Salsete e Barão de Combarjua,
que o estimula a ir frequentar em Lisboa o Curso Superior de Letras, para
onde virá, ouvindo como professores Teófilo Braga, Jaime Moniz, Manuel
Ferreira-Deusdado e Adolfo Coelho, e convivendo ainda com Oliveira
Martins, Junqueiro, Gomes Leal, amigos fortes de Antero. Distinguir-se-á como crítico literário e ensaísta, tendo o seu Oliveira Martins, Estudo psychologico,
editado em Paris, em 1887, sido elogiado por Antero de Quental: «O seu
livrinho é perfeito: ideias, ordem, estilo, tudo está como deve ser. E
como a perfeita aprovação é de sua natureza concisa, aqui termino esta
carta.» A sua ascendência de aristocracia militar, ensinava-lhe «o
desprezo do oiro, irmão do desprezo da morte» e sucessivas experiências
profissionais fracassadas, mesmo no fim com o cargo de colaborador
permanente do Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro, foram
insuficientes para que não estivesse quase na miséria, embora convivendo com Eça de Queiroz e
António Nobre e, tal como nos assinala o seu biógrafo Vitorino
Nemésio, «a sua vara de crítico, tolhida por uma vida reclusa, hesitante
e infeliz, caiu-lhe da mão aos 33 anos», em Paris, quando se preparava para emigrar para o Brasil, passando por Lisboa. Foi muito amigo do seu primo José Ayala e sobretudo de Silva Gaio, que o apoiou. Sobre Antero de Quental escreveu o seguinte no número de Agosto de 1888 do Reporter, a propósito da filosofia portuguesa:«Ocorre aqui naturalmente o nome de um escritor, que é um dos maiores de toda a nossa literatura e o mais elevado poeta que tem pulsado a lira portuguesa./Conquanto o tratado de filosofia anunciado pelo sr. Antero de Quental seja apenas uma esperança, pode-se ajuizar quais serão as tendência da sua síntese. (...)/ O que há de original na maneira por que o sr. Antero de Quental repensa a velha explicação dinâmica [a Vontade, de Franz Hartmann], só se poderá conhecer quando aparecer o seu livro. / É ainda o espírito quase isolado, que representa entre nós uma grande direcção da filosofia moderna - a escola crítica.». Anos mais tarde, em 27-III-1894, ofereceu-se em carta a Silva Gaio para escrever duas biografias, sobre Alexandre Herculano e Antero de Quental, então as duas almas com mais brilho ético e com testamentos anímicos ainda muito vivos, num projecto com que ele e mais alguns rapazes novos tentariam dinamizar o ambiente cultural e social português, e uma vez publicadas foram reconhecidas como de grande qualidade.
16-III. Babar, rei de Kabul, culto e poeta, autor de belas memórias, filho dum turco e duma mongol, em Kanwaha em 1527, com o apoio da nobreza turani, derrota pela primeira vez os exércitos indianos dos Rajputs comandados pelo heróico Rama Chandra, depois duma batalha renhidíssima, e inicia a submissão do norte da Índia, do que resultará o chamado império mogol, do qual sobreviveu até aos nossos dias sobretudo a pintura e a arquitectura.
O corpo de S. Francisco Xavier é trazido em procissão muito devota, com os meninos da doutrina trazendo palmas de martírio e os padres entoando os cânticos, de Ribandar para Goa, em 1554, «onde estava o vice-rei D. Afonso de Noronha, com todos os fidalgos e corte da Índia... Pôs-se todo o povo (5 ou 6 mil almas), em não se querer apartar da igreja se não lhe mostrássemos o corpo, e assim o mostrámos». Começam então a surgir mais os seus dons miraculosos.
Hypacio de Brion, oficial da Marinha, após uma comissão em Goa como comandante da estação naval nos anos de 1897-1898 e de ter publicado um belo e valioso livro 10.000 léguas no Hindustão, profere na Sociedade de Geografia de Lisboa uma conferência neste dia em 1908 intitulada A India Portugueza onde tenta descrever resumidamente as suas ideias e impressões, seja da Índia em geral seja da acção portuguesa, realçando o heroísmo e espírito de justiça que houve no séc. XVI e depois como a cobiça, a inquisição («os sinistros clarões dos autos de fé»), o relaxamento causaram o enfraquecimento perante os predadores ingleses e holandeses, descrevendo algumas das batalhas navais mais famosas (tal a de António de Melo e Castro), ou ainda Goa na sua fase áurea, com 150.000 habitantes, o grande comércio, o moderno hospital, as igrejas. Atento aos meios de comunicação tece importantes considerações sobre os caminhos de ferro e o excelente porto de Mormugão, que seria português até 1961 sendo o seu último comandante o notável oficial de marinha Abel Campos de Oliveira, casado com uma das netas do Conde Mahem. Também a reforma do Exército foi por ele cogitada. A sua sócio-antropologia é bem lúcida, escrevendo:«A mulher indiana está bem longe de disfrutar a milésima parte da
liberdade que tem a mulher europeia, e não será ali que facilmente
entrarão as modernas ideias do feminismo.
A indiana não tem nem goza dos mais pequenos direitos. Vive sempre na
mais absoluta dependência primeiro, do pai, depois do marido e dos
filhos masculinos. As leis de Manú determinam que a mulher nunca pode
conduzir-se pelo seu próprio critério». Sobre a religiosidade diz a dado passo:«Em Benares, a Roma indu, há mais de
4:000 templos e santuários e o seu poder sagrado é tão grande, que o avistar as flechas
dos seus templos é suficiente para purificar o maior pecador, mesmo
que o seu pecado tenha sido comer carne de vaca! A mais pequena
descrição ou notícia que eu tentasse dar-vos sobre o panteísmo indu
levar-me-ia muito longe e para não vos fatigar direi apenas duas
palavras. A base do bramanismo puro é o culto às origens da vida, ao
poder criador, às forças da natureza em todas as suas manifestações.»
O notável magistrado e historiador Bragança Pereira morre neste dia em 1955. Na sua Etnografia da Índia Portuguesa diz que Goa fez parte do império de Asoka e fala do imperador Chandragupta Maurya, adepto dos jainas, que venceu um dos sucessores de Alexandre em 310 a.C. e que se casou com uma princesa grega, havendo então um grande intercâmbio entre gregos e indianos. O seu neto Asoka convertendo-se ao budismo abandonou a via da guerra e enviou missionários para as partes distantes do mundo, publicando os seus éditos gravados em pedra que ainda hoje existem: «O dever (dharma) consiste em misericórdia, liberalidade, verdade, pureza, e então crescerão no mundo a suavidade e as boas obras». «Não há mais alto dever que o bem estar do mundo inteiro. E o pequeno esforço que eu faço é para que fique livre de dívidas às criaturas, para que as possa tornar felizes aqui e para que possam ganhar o céu no próximo mundo».