A busca das orações e cantos, palavras de poder e mantras mais eficazes para controlarem a instabilidade do pensamento e orientarem-no para a consecução de estados psíquicos mais interiorizados, concentrados, luminosos, transparentes, elevados é um dos tesouros das tradições espirituais, desde os Vedas a Orfeu, e que outrora tinha grande valor e apreciação, levando os seres na busca a deslocarem-se centenas de quilómetros para receberem da boca dum mestre vivo o abre-te sésamo da alma espiritual.
Também eu viajei no Oriente nessa demanda e recebi de alguns mestres o testamento anímico que pensavam ou sentiam ser o melhor ou o mais apropriado para mim, e eu grato, mais ou menos agraciado pela luz ou pela beatitude, recolhia na meditação iniciação esses sons e palavras há séculos sagradas e entoadas e que praticaria algum tempo, com bons ou variáveis resultados, mas cedo a variabilidade dos ambientes e da fortuna me faziam deixar de ser fiel a elas e no fundo a eles, do que me lamento, mas assim sucede na peregrinação movimentada destas décadas últimas.
Todavia algo nos ficou nas almas desses sons, ritmos e mantras sagrados que ouvimos ou que com que nos iniciaram, e hoje certamente perdura e se mistura, germina ou fermenta nas que mesmo diferentes pronunciamos seja nas nossas conversas espirituais ou satsangas, seja sobretudo nas nossas aspirações e cantos, orações e meditações, seja na luz do dia dum templo ou quando acordados a meio da calada da noite, as vamos entoando, sentindo e lançando através das fímbrias da nossa alma, procurando abrir canais para os seres e níveis espirituais em nós e no universo.
Mais importante então do que a fidelidade maior a uma ligação a um mantra, uma oração, um mestre ou a uma religião, será talvez conseguirmos pronunciar com alegria, amor e coragem os sons ou orações que brotam espontaneamente em nós e abrirão sulcos de luz que transmitirão energias luminosas, nos purificarão e nos abrirão ao mundo espiritual, e nos religam mais à Divindade nos níveis, modos e formas que sejamos merecedores.
Para o que oramos possa brotar com força e eficácia do interior, do cálice do nosso coração, já deve haver alguma acumulação de estudos, conhecimentos, diálogos, sacrifícios, aspirações, amor, pois a Divindade é Logos, isto é Inteligência e Amor, e exige que, para chegarmos mais aos seus mundos, estados conscienciais e qualidades, já sejamos capazes de dedilhar com amor e inteligência a sua principal manifestação em nós que é a Palavra, Sermo ou Verbo, Vak ou SatNaam. Ou seja conseguirmos orar, cantar e mantrizar sabiamente, reforçando na nossa navegação tanto o cordame que sustenta as velas da nossa alma ao vento do espírito, como a visão com o óculo do timoneiro alinhado com o espírito e os mestres, santos e anjos.
Sabermos abrir a nossa alma ao vento do espírito, ao pranatman, ou seja, sabermos inspirar as energias vitais, psiquicas e cósmicas, concentrá-las nos centros de força da nossa alma e na expiração pronunciarmos os sons ou mantras de poder que sintamos justos, necessários actuais, para os seres, a Terra e nós.
Como gostaria de poder transmitir os sons ou mantras que mais me tocaram, ou aqueles que pronunciei com efeitos mais fabulosos, mas quem os quererá receber ou saberá acolher, pois a maioria troçará ou menosprezará?
Assim vou avançando ora no lema e mantra de Pedro e Inês, até ao fim do mundo, ora no tibetano que o nosso Padre António de Andrade recebeu nos Himalaias em 1624, dos lamas e dos moinhos de orações, o Aum Mani Padme Hum, Vem ó jóia espírito à nossa alma e ilumina-a, e que ele traduziu livre e pioneiramente, Ó Deus, ó mestre Jesus, limpa-nos dos pecados, ou erros ou infidelidades, em que todos caímos mais ou menos neste sinuoso caminho per aspera ad astra, e no qual sem dúvida os elos das orações e mantras milenários, associados a mestres e Deuses e Deusas, e em especial neste época de manipulação mediática e infrahumanização imposta pela oligarquia ocidental semi-diabólica (ou seja, adversária da fraterna multipolaridade, e do espiritual e divino), são um dos principais meios para sobrevivermos física, ecológica, ética, anímica e espiritualmente.
Saibamos pois orar, mantrizar, cantar, seguindo linhas antigas ou mesmo descobrindo criativamente as nossas, ligando-nos ao coração e irradiando no fogo do amor-sabedoria divino, Logos e augoeides ou corpo de Glória, Khvarenah, em nós ....
Aum, Agni, Logos, Amen, Hum, Hri, Hu, Sê,!