quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

A Exposição Alfredo Keil do Amaral, na S. Roque - Antiguidades e Galeria de Arte, à rua de S. Bento, prestes a terminar. Não perca.

Alfredo Keil do Amaral (1850-1907) foi um notável pintor tanto romântico como  naturalista, dotado de interesses científicos e compondo operas. Um génio que infelizmente poucos anos ficou na Terra, deixando contudo ainda assim descendência familiar ilustre e bastantes pinturas e desenhos, ilustrações de livros, óperas (Donna Bianca, Serrana) e a música da Portuguesa, pois indignado, tal como Antero de Quental e muitos outros intelectuais e operários, com o Ultimatum do imperialismo inglês em 1891, imortalizou musicalmente a letra que o oficial da armada e escritor Henrique Lopes Mendonça escreveu nesse ímpeto de luta contra as armas e os canhões do opressor. Com o advento da República, a que ele já não assistiu, a música viria a tornar-se o Hino Nacional.
 
Alfredo Keil do Amaral pintando..

Filho de um alfaiate alemão emigrado, que tendo tanto jeito se tornara o alfaiate real em Portugal e o modelador das modas e roupas de melhor qualidade da época, recebeu bastante apoio do pai seja para os estudos de pintura no estrangeiro, com Kaulbach e von Kreling, seja para os muitos instrumentos musicais e científicos coleccionados e que hoje enriquecem o museu em Viseu dedicado à  vida e obra de doze membros da família Keil do Amaral,  e do qual várias peças vieram para a exposição.
                                 
Em boa hora o responsável da  S. Roque - Antiguidades e Galeria de Arte,  Mário Roque, bem coadjuvado,  entendeu organizar uma exposição, a realizar-se em Sintra mas que, devido aos receios e fraquezas da edilidade, acabou por vir a concretizar-se mesmo num dos corações de Lisboa, o dos antiquários, à rua de São Bento e na própria galeria da S. Roque, que nos seus dois andares conseguiu receber e expor muito bem não só vários óleos, como também desenhos e ainda fotografias, instrumentos, cadernos, blocos de notas e desenhos, dando ainda à luz um sóbrio mas valioso catálogo.

A criança colhendo frutos do gigante

   
"Rio Tejo em Abrantes", numa tarde de Primavera estuante de luz e de algria..
Algumas fotografias tiradas por mim sem grande qualidade servem apenas para partilhar um pouco da riqueza intimista e naturalista profunda que a maior parte da obra de Alfredo Keil exuda, tingindo-nos dos sentimentos profundos que as paisagens, árvores, nuvens, rios e mares ecoaram ou despertaram nele; e neste conjunto de obras expostas, o ser humano surge mais com um pequeno elo da grande Natureza e da sua anima mundi que a tudo e todos penetra e unifica, e que certamente Alfredo Keil do Amaral tanto sentiu e excelente e perenemente plasmou e partilhou.                                           
"Na última pedra". Praia das Maçãs, 1895. Orando pelo peixe face ao Oceano.

"Pinheiro"s ardentes de polén e seiva abraçam-se...

"Marinha". Um belíssimo derramamento da Luz, quase divina...

"Paisagem ao entardecer", o Sol deixa a terra e o céu a arder
"Nuvens", muito presentes na sua obra, certamente sentindo-as e amando-as...
                                      
Série de 3 desenhos de árvores nuas, silenciosas e quedas, pintadas nas florestas da Baviera, 1868


    
Dos conúbios misteriosos e sagrados entre as árvores e as pedras e penedos.....

   
Cena serrana na zona do Zêzere... A alma humana enriquece-nos e enternece-nos na Natureza...


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Sabedoria Persa (1). Pequena antologia em francês de fontes, traduzida e comentada por Pedro Teixeira da Mota.

Os livros em formato pequeno tem essa vantagem tremenda da mobilidade, de poderem facilmente sair de casa, da biblioteca, da estante, da mesinha de cabeceira e acompanharem-nos em viagens, deslocações, saídas, quase como um enchiridion erasmiano (já que Erasmo escreveu um, o Enchiridion militis christiani, na altura com imenso sucesso e eficácia), que é tanto um manual, levado na mão ou no bolso, como um punhal, que corta a ignorância adversária ou as trevas do vazio no tempo que nos cabe atravessar externamente.

                                          

Um livrinho destes, Sources de Sagesse Persane, dado à luz em Genève, por Weber, em 1974, numa mimosa edição, serviu tal fim e nele deixei escrito os diálogos que me brotaram da alma nesses  momentos aurorais de encontro com o pensamento e o ser que os emanaram ou formularam. E encontrando-o agora, não me lembrando sequer das circunstâncias em que o comentei, resolvi transcrever para oferecer assim à alma leitora esta luz sobre luz, já dupla ou mesmo tripla, pois ao transcrever o escrito, houve modificações e acrescentos, e quem sabe se ainda suscitará em si ainda melhores reflexões. Inclui ela textos de Firdausi, Hafiz, Omar Khayyam, Nisami e Saadi, entre outros, e os admiraremos em próximas partilhas.... Que gerem mais paz e saúde, sabedoria e amor em nós e em muitos....

«Há três tipos humanos que devemos valorizar e procurar: um ser sábio cujos actos correspondem ao seu saber, uma pessoa dinâmica cujo coração está sintonizado com os seus actos, e um irmão ou irmã sem defeitos.» Fozeil Ayaz.

                                           

Comentário:
Embora seja difícil encontrares sábios que em todos os seus actos testemunhem a sabedoria, por pequenas falhas facilmente atribuíveis às circunstâncias e condicionalismos humanos e históricos, ainda assim deves tentar sempre harmonizares-te e tornares a tua vida e a dos outros mais desperta, justa, sábia, amorosa, plena e mesmo mais 
divinizante.
Encontrarmos seres em cuja vida se vê ou sente sempre o acordo
entre o coração e os actos não é frequente, mas ainda assim cada um de nós deverá sentir, agir e ser com o coração, ou seja com a sua interioridade e amor, desenvolvendo uma harmonia plenificante a cada momento entre a mente ou pensamentos e intenções, o coração ou os sentimentos, e as acções e posturas, de modo a que estejamos a agir o mais possível em amor, e a amar com sabedoria.
Assim saberás diminuir os teus defeitos e os dos outros, já que há uma constante interpenetração dos seres e das suas emanações subtis e psíquicas entre si e na Alma Mundi que a todos unifica e assiste e que hoje alguns cientistas reconhecem sob a designação do Campo unificado de energia consciência informação, certamente pluridimensional e  ainda em investigação, e por tal nos desafiando a desenvolvermos mais o auto-conhecimento e a realização espiritual clarividente, amorosa ou compassiva, fraterna e na unidade da alma mundi, ou alma da criação, como lhe chamavam Wenceslau de Moraes e Armando Martins Janeira dois dos nossos melhores orientalistas.

domingo, 30 de janeiro de 2022

"Relembrando os que já morreram", oração de Bô Yin Râ para melhor apoiarmos os que partem. Com 2 pinturas suas.

      A Arte de Bem Morrer é dedilhada nesta oração por Bô Yin Râ sugerindo-nos de a pronunciarmos ou meditarmos em intenção dos que já partiram da Terra, para que despertem e avancem luminosamente nos seus corpos espirituais e não fiquem presos a fascínios ou grilhetas terrenas, antes acolhendo as ajudas que os mestres espirituais derramam fortalecendo-os e encaminhando-os, na Luz, para os mundos espirituais. É a última desta série de orações,  intitulado, So Sollt Ihr Beten, Como Deveis Orar e que espero um dia destes [e assim aconteceu em 2024] editar no livro A Oração, Das Gebet, em que as incluiu e que tenho traduzido. Saibamos então orar melhor e mais de coração e sentidamente para os familiares e amigos já partidos...

                   RELEMBRANDO OS QUE JÁ MORRERAM

Vós,
Vós que
Soltos do corpo terreno
Apenas o vosso corpo anímico
Vivenciais, -
Próximos ainda 
Do terrestre,
Contudo 
Levados da Terra, -
A vós
Guie o Amor,
Que plenifica de Luz!

Que o Amor
Desprenda
Do fascínio terrestre!
Que a confiança luminosa
Vos ensine a segurar
As mãos prestáveis
Próximas da Terra
Dos sublimes auxiliadores, -
Seres sagrados de Amor!

Que a limitação terrena
Seja ultrapassada!
A ilusão 
 Seja esquecida!
A vontade desperta!
Liberto
De toda a responsabilidade,
Livre
De todas as grilhetas,
Segui
Em alegre
E sábia orientação
Os Guias plenos de Luz!
Para que vos
Desvendem
Luz perene.

                                                          

 DER ENTSCHLAFENEN GEDENKEND

Euch,
Die ihr
Erdenleibes ledig,
Nun Seelenleibhaft euch
Erlebet, -
Nahe noch
Irdischem,
Dennoch
Erdentrückt, -
Euch
Leite Liebe
Lichter Leitung zu!

Liebe
Löse
Irdischen Bann!
Lichtes Vertrauen
Lehre euch fassen
Hilfreiche Hände
Erdnah verharrender
Hoher Helfer, -
Heiliger Liebender!

 Erdhafte Hemmung
Bleibe zurück!
Wahn
Werde vergessen!
Wille werde wach!

 Enthaftet
Aller Haftung,
Frei
Aller Fesselung,
Folget
In Freude
Weiser Führung
Leuchtender Führer!
Daß bald euch
Erleuchte
Ewiges Licht!

sábado, 29 de janeiro de 2022

"Na Doença e na Dor", "In Krankheit und Schmerzen", oração e pinturas de Bô Yin Râ. Texto bilingue.

Mais uma oração simples mas valiosa  oferecida ou sugerida por Bô Yin Râ para a nossa meditação e prece: a de que os sofrimentos pelos quais passamos na vida deverão aumentar o nosso desprendimento da Terra, e isto com o nosso ser psico.somático o mais unificado possível com o espírito imortal que somos na essência, o Jivatman, para avançarmos para os planos espirituais.

NA DOENÇA E NA DOR...
 
«De bom grado,
Quero eu 
Aceitar sobre mim
O que a minha vontade
Não mais 
Evita,-
Mesmo quando isso,
O que a mim 
Me fere,
Os meus dias terrenos
Termina.

Tudo
O que eu quero
E espero,
É,
Que este tormento terreno
Que eu com paciência
Suporto
Me deixe ainda com tantas forças,
Que eu possa
Claramente realizar:-
Como todo o sofrimento,
Apenas me liberta
Da dependência terrena.»
 

IN KRANKHEIT UND SCHMERZEN

Willig
Will ich
Auf mich nehmen,
Was mein Wille
Nicht mehr
Wendet, –
Auch wenn das,
Was mich
Verwundet,
Meine Erdentage
Endet!

Alles
Was ich will
Und hoffe,
Ist,
Daß diese Erdenplage
Die ich mit Geduld
Ertrage,
Mir noch soviel Kraft belasse,
Daß ich stets
In Klarheit fasse: –
Wie alles Leid
Mich nur befreit
Aus Erdenhörigkeit.

Oração para a Certeza interior, "Um innere Gewissheit", de Bô Yin Râ. Texto bilingue. Iconografia, três obras suas.

Nestes tempos de tanta informação e contra-informação, de tanto egoísmo insensível dos mais ricos ou poderosos, há que procurar estabelecer fundações firmes à nossa alma espiritual, robustecendo-a pelas aberturas e ligações superiores tanto aos mestres, santas e santos, anjos e arcanjos, como à Divindade. É um exercício de fé, de acreditar e de querer que se torna depois uma vivência, uma gnose, originando uma estação da alma mais firme e luminosa, quaisquer que sejam as adversidades que tenhamos de abraçar e vencer, em sabedoria e amor. Neste sentido fluem as orações que o mestre Bô Yin Râ  partilha e eu imperfeitamente traduzo, nesta oração, bela e forte, realçando bem a importância da aspiração a sairmos das dúvidas e sermos abençoados pelos mestres, ou obtermos a certeza em que eles estão...
                                           

PARA A CERTEZA INTERIOR
« Ainda é a minha fé,
Como um
 canavial ao vento,
Sempre a balançar..
Ora direito,
Ora tombado...

 Ora consigo,
 Acreditar
 Como uma criança, -
Ora tudo me
É removido de novo.

Aspirando
Procuro eu
 Terreno seguro,
Duradouro
Como uma fraga
 Onde permanecer...
Tenho a mente  cansada,
O coração ferido,-
Assim não posso
Avançar...

Vós,
Vós que
 Viveis na certeza!
Ajudai-me
A sair deste tormento!
Dai à minha Fé
Firmeza de fundação!
Guiai-me,
Mestre,
Com mão firme
À vossa
Certeza.» 


                                 UM INNERE GEWISSHEIT

«Noch ist mein Glaube,
Wie Röhricht im Winde,
Immerfort schwankend…
Bald aufgerichtet,
Bald niedergedrückt...

Bald kann ich
Glauben,
Gleich einem Kinde, –
Bald ist mir alles
Wieder entrückt.

Sehnend
Suche ich
Sicheren Grund,
Um fest
Wie ein Fels
Zu stehen…
Bin Denkensmüde
Bin Herzenswund, –
So kann es nicht
Weitergehen!

Ihr,
Die Ihr
In Gewißheit lebt!
Helft mir
Aus solcher Pein!

Gebt meinem Glauben
Festen Stand!
Führet mich,
Führer,
An fester Hand
In Eure
Gewißheit ein!»

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Poesia e prosa espiritual. Amor humano e divino. A Divindade. 20-10-20 e 28-01-22.


«Ó tu, que atravessas o Oceano

e vens suavizar as terras e almas,
e que na tua voz e coração
trazes as doçuras da paz e do amor,
serei eu digno da tua bênção?

Terei de atravessar o mar das ilusões,
das amizades e actividades
que se oponham à tua plena vitória,
na minha alma, como aquela que é.

Quanto da tua alma complementará a minha?
Que maravilhas descobriremos nos diálogos
em que de mãos dadas faremos circular
a essência divina do ser, saber e amar?

Quantos anos de nossas vidas se passaram,
Quanto não temos nós para aprofundar?
Quereria que nossas almas no Divino se vissem
E com os sábios e os mestres comungassem.

Tua imensa delicadeza, pureza e sensibilidade
conseguirá inundar meu ser da tua ternura
e tornar-me um cavaleiro firme com a sua dona
peregrinando nos Caminhos das Estrela?

Quanto conseguiremos gerar os dois?
Que intensificações valiosas realizaremos?
Que descobertas conseguiremos clarificar,
nossas almas elevando-se ao espírito e à verdade?

(….) se chama esta discreta musa
e sábia discípula que me vem desafiar,
a dar a mão e avançar no caminho do coração. 

Texto de 27-28.1.2022:
Sobre o Amor direi que cada ser está na sua estação do Amor, embora poucas pessoas se apercebam de tal ardência por barómetro interior e antes sintam no Inverno mais o frio à noite nas pernas que na alma e no sorriso o calor ou não do amor.
Cada ser tem mais ou menos acesso ao Amor em si, no coração, na mente, na aura, nas mãos, no corpo e no espírito e tal intensifica-se pela nossa auto-consciencialização e meditação, e tanto no trabalho, no esforço, como no fluir ou dialogar harmonizador. E, logo, partilha-se, comunga-se, irrradia-se.
O Amor implica sempre um relação, seja de nós com Deus, com o mundo espiritual, com outra pessoa, ou com os seres e coisas  que nos rodeiam. Ou mesmo apenas com o Amor e a sua chama em si e em nós.Mas simultaneamente, conseguirmos estar o mais possível no amor adequado a cada ser e momento é a magna arte, a grande Obra
Quando dois seres se encontram e comunicam, certas energias intensificam-se, circulam e transmitem-se, provocando transformações psico-mórficas, por vezes até bem teofânicas, e como cada ser tem ressonâncias ou afinidades maiores com esta ou aquela alma, deve aproveitar muito bem tais momentos ou conversas para se elevarem verdadeiramente, nos mais diversos assuntos, aspectos e realidades possíveis. É a actualização do dito: Luz sobre Luz....
Estando-se só, ainda com a possibilidades de se encontrar ou surgir a pessoa bem afim, o  mais importante é certamente a comunhão com o espírito interior, os mestres e  anjos, a Divindade, para além de a todo o momento o estado de amor e harmonia em que vivemos, trabalhamos, estamos, partilhamos, dialogamos...
Divindade? Sim, a Divindade é a entidade e fonte primordial que a todos nos emanou e que no coração do Sol espiritual original em que se auto-manifestou nos aguarda, enquanto centelhas ardentes em amor a Ela aspirando e um dia retornando...
Deus, Deusa, Divindade...

                                   

"Para dissolver dúvidas". Uma oração por Bô Yin Râ. Texto bilingue, com pinturas suas.


Para sair do duvidar.

«Pressionado fortemente
Por  dúvidas tenaz,
Pai,
Eu clamo por Ti!
Envia-me rapidamente,
Pelos teus mensageiros,
A tua elevada ajuda. 

Dá ao coração
perturbado
Graça! –
Luz na primordial Luz,
Orienta para
A luz
Da tua plenitude gloriosa,
A mim no meu
Caminho terrestre!

Que claramente
Veja o certo,
E aprenda a separar a falso do verdadeiro,
E não
mais 
Me afaste,
Nem
Por caminhos errados vá!
 

Um Lösung aus Zweifelsuch

«Hart bedrängt
Durch zähen Zweifel,
Vater,
Rufe ich zu Dir!
Sende bald
Durch Deine Boten
Deine hohe Hilfe mir!

Gib verstörtem Herzen
Gnade! –
Licht im Urlicht,
Leite Du
Licht
Aus Deines Leuchtens Fülle
Mir auf meine
Erdenpfade!

Daß ich klar
Das Rechte sehe,
Trug von Wahrheit scheiden lerne,
Mich nicht weiter noch
Entferne,
Und nicht
Irre Wege gehe!»
 
Mais uma pequena oração de Bô Yin Râ, na qual nos ensina a pedir (e depois a meditar...) pela Luz que os Mestres e a Divindade nos possam fazer chegar, para assim libertar-nos de dúvidas e receios e logo discernirmos bem os  actos e caminhos mais adequados à melhor estação e evolução espiritual possível... Aum...