
A quase permanente oscilação do amor em nós seria mensurável nas pessoas se conseguíssemos ter aparelhos que registassem a sua maior ou menor presença ou manifestação, ou mesmo temperatura, ou ainda irradiação, através do corpo e psique, provinda da misteriosa fonte do amor, algo muito pouco consciencializado, embora todos nos referimos ao coração, ao peito, como a sede do amor.
Podemos relembrar-nos da tradição da demanda do santo Graal, do cálice tanto de sangue, como de vinho, de bebida imortalizante, ou seja do amor, da luz e do espírito, que aflorou bastante na idade Média e depois sobreviveu em alguns grupos espirituais, por alguns denominados esotéricos e gnósticos.
Vaso, Graal que acolhe, recebe e manifesta o Amor no nosso íntimo e dele para o Universo. O Graal, na sua multidimensionalidade, é especialmente uma imagem simbólica do fogo do amor acesso dentro do centro da nossa alma, o espírito... Quanto à oscilação diária, de ondas de menor ou maior amplitudes, ela é causada pelas nossas reacções (frequentemente inconscientes) aos impactos sensoriais, emocionais e mentais que constantemente nos tocam e nos fazem reagir e assim oscilar e perder a sintonização, ou o caminho desimpedido, para o amor irradiante, a consciência do fogo interior desabrochado e emanante.
Sabermos estar mais ligados ao centro do Amor perene em nós, manter a chama ardente e dardejando os seus raios solares, eis uma arte bem difícil que todos devemos tanto investigar como nela perseverar... Há pessoas que têm uma estabilidade maior do Amor, seja pela paz da alma-psique, seja pela fidelidade do coração, seja pelo ambiente amado (familiar ou local) em que vivem, seja pela força dos seus ideais, embora por vezes não se auto-consciencializem disso senão quando oscilam e se sentem pior ou menos bem dispostos. São pessoas que estão mais em amor, simples, desprendidas, alegres, altruístas em geral. Se são religiosas sentem que estão a fazer a vontade divina, e consagram-se plenamente a ela, ou ao que pensam ser ela, cumprindo os seus deveres, as suas profissões ou missões (ensinar, curar, tratar, etc) com amor e sentindo amor, e fazendo consciente ou inconscientemente as suas orações simples, mas nessa simplicidade estando em amor e ligando-se bem (consciente ou inconscientemente) ao divino nelas e nos outros. Podemos admitir então que o Amor nas pessoas brota do seu fundo íntimo e que está acesso ou não, e que é desperto ou intensificado pela auto-consciência da seu fogo em nós, pelas meditações unitivas interiores e pelo presente em si mesmo vivido em harmonias dialogantes e plenificantes, e ainda pelas expectativas futurantes.
A um primeiro nível, o energético e emotivo, sim, e deste modo ele está ligado com os outros centros de força e depende deles. A energia no ser humano é uma, embora tenha várias fontes ou proveniências e se manifeste em vários tipos, órgãos e funções. Respirar então interiormente e profundamente e reter algum ar e prana será bom para fortalecer os diversos centros e órgãos e dar mais energia apoiante ao centro do coração, e para nos interiorizar no sentir, algo fundamental no caminho da auto-realização.
Cada pessoa deverá escolher os seus seres mais amados, e poderemos dizer que tais momentos de culto serão ocasiões de ora de recebermos ora irradiarmos e logo sentirmos o Amor que banha o Cosmos e que objectivamente nos toca ou se ergue mais de dentro de nós, em si mesmo ou para algo ou alguém.
Certamente que face a tantas energias desequilibradas ou mesmo negativas que caracterizam o viver citadino moderno devemos desenvolver resistências, estruturas da alma, mas como se passa tal?
É o chacra que se fecha, é a aura que adquire uma forma e uma tonalidade vibratória mais resistente? Deveremos considerar a forma oval, ou a da vesica pisces, como as melhores? Ou então imaginarmos uma muralha de luz à nossa volta? Ou abraçarmos as árvores, contemplarmos as nuvens e os céus e caminharmos pela Natureza? Ou invocar o dragão celestial protector do coração?

Ou será o mais importante o sol espiritual do coração estar a irradiar o mais permanentemente possível, observando as nuvens que se interpõem mas que são coloridas, fendidas ou dissipadas pelos raios que emanam dele?

Que oração ou mantra conseguiremos lançar ou irradiar e que nos fortifica mais no Amor? - O «Meus Deus, eu amo-vos de todo o meu coração», ou simplesmente,«Meu Deus eu amo-vos»?
A tarefa de estarmos ou mesmo sermos Amor está nos nossos dias muito dificultada pela extrema violência e injustiças que se passam em várias partes do mundo ou mesmo de Portugal, que nos ferem e revoltam. Sabermos reagir não emocionalmente, não conflituosamente e conservando a comunhão interior e o estado de irradiação de Amor é bem necessário, e difícil pois as redes sociais e os noticiários inundam-nos de injustiças, violências, manipulações e criminalidade.
Sabermos reagir com as meditações, contemplações, orações ou jaculatórias e mantras que nos elevam, ou que harmonizam ou sublimam as energias negativas ou reactivas, é então bem importante, uma luta constante....



















