sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

O Amor no ano de 2021: quem não se alienará e o saberá encontrar, despertar, viver e emanar?

O Amor, e o Amor em nós, é um mistério subtil, ígneo e mesmo espiritual e divino. Embora vivenciado e aprofundado por alguns, continua semi-ignorado, apesar de há milénios o cogitarmos e vivermos em diversos níveis da sua manifestação, sendo para a maioria mais um sentimento-energia de atracção ou de desejar e querer o bem e que só é parcialmente conhecido e controlado. "O Amor é cego", tornou-se um dito popular, que foi mesmo trabalhado por alguns de nós (na galeria Novo Século) em obras de arte e escritos. Escapando ao domínio mental e racional, pois é uma realidade de origem espiritual, manifesta-se todavia, por ser multidimensional, de muitos modos e níveis, desde os mais instintivos e carnais aos mais sublimes e celestiais, de modo consciente ou inconsciente, renascendo sempre e desafiando-nos quanto à sua força poderosa, quanto sua essência subtil e quanto à sua presença em nós, na Natureza e no Cosmos.
                                         
Estamos contudo sempre mais ou menos em Amor, mais ou menos conscientemente, e logo a irradiar ou a emanar tal, apercebendo-nos porém quando estamos bem ou alegres e coincidimos, ou flamejamos mais nele em momentos de auto-observação, meditação e união, ou de maior admiração, diálogo e gratidão, mas também de luta e empatia contra o mal, o sofrimento e a ignorância.
A quase permanente oscilação do amor em nós seria mensurável nas pessoas se conseguíssemos ter aparelhos que registassem a sua maior ou menor presença ou manifestação, ou mesmo temperatura, ou ainda irradiação, através do corpo e psique, provinda da misteriosa fonte do amor, algo muito pouco consciencializado, embora todos nos referimos ao coração, ao peito, como a sede do amor.
Podemos relembrar-nos da tradição da demanda do santo Graal, do cálice tanto de sangue, como de vinho, de bebida imortalizante, ou seja do amor, da luz e do espírito, que aflorou bastante na idade Média e depois sobreviveu em alguns grupos espirituais, por alguns denominados esotéricos e gnósticos.
Vaso, Graal que acolhe, recebe e manifesta o Amor no nosso íntimo e dele para o Universo. O Graal, na sua multidimensionalidade, é especialmente uma imagem simbólica do fogo do amor acesso dentro do centro da nossa alma, o espírito... Quanto à oscilação diária, de ondas de menor ou maior amplitudes, ela é causada pelas nossas reacções (frequentemente inconscientes) aos impactos sensoriais, emocionais e mentais que constantemente nos tocam e nos fazem reagir e assim oscilar e perder a sintonização, ou o caminho desimpedido, para o amor irradiante, a consciência do fogo interior desabrochado e emanante.
Sabermos estar mais ligados ao centro do Amor perene em nós, manter a chama ardente e dardejando os seus raios solares, eis uma arte bem difícil que todos devemos tanto investigar como nela perseverar... Há pessoas que têm uma estabilidade maior do Amor, seja pela paz da alma-psique, seja pela fidelidade do coração, seja pelo ambiente amado (familiar ou local) em que vivem, seja pela força dos seus ideais, embora por vezes não se auto-consciencializem disso senão quando oscilam e se sentem pior ou menos bem dispostos. São pessoas que estão mais em amor, simples, desprendidas, alegres, altruístas em geral. Se são religiosas sentem que estão a fazer a vontade divina, e consagram-se plenamente a ela, ou ao que pensam ser ela, cumprindo os seus deveres, as suas profissões ou missões (ensinar, curar, tratar, etc) com amor e sentindo amor, e fazendo consciente ou inconscientemente as suas orações simples, mas nessa simplicidade estando em amor e ligando-se bem (consciente ou inconscientemente) ao divino nelas e nos outros. Podemos admitir então que o Amor nas pessoas brota do seu fundo íntimo e que está acesso ou não, e que é desperto ou intensificado pela auto-consciência da seu fogo em nós, pelas meditações unitivas interiores e pelo presente em si mesmo vivido em harmonias dialogantes e plenificantes, e ainda pelas expectativas futurantes.
Assim, as pessoas mais jovens, animicamente e não só fisicamente, facilmente sentem o seu amor vivo, por exemplo, ao começarem um novo dia, pois com aspirações, dedicações e forças esperam e encontrarão os modos de as manifestar e assim no amor se realizarem. Seria recomendável a cada ser de manhã, antes de se levantar, auscultar o seu estado de amor e, eventualmente, o corrigir, ou seja, melhorar, isto é, despertar e intensificar por alguma oração, invocação, consideração, meditação, tentando religar-se aos mestres do Amor, aos espíritos celestiais e à Fonte Divina do Amor...
Mas que coração é este que devemos aprofundar? Será o centro de forças subtis, o chacra, na terminologia hindu, do coração, o anahata?
A um primeiro nível, o energético e emotivo, sim, e deste modo ele está ligado com os outros centros de força e depende deles. A energia no ser humano é uma, embora tenha várias fontes ou proveniências e se manifeste em vários tipos, órgãos e funções. Respirar então interiormente e profundamente e reter algum ar e prana será bom para fortalecer os diversos centros e órgãos e dar mais energia apoiante ao centro do coração, e para nos interiorizar no sentir, algo fundamental no caminho da auto-realização.
                                 
Ora como qualquer acto ou pensamento tem efeitos no nosso ser de alma e coração, devemos ir-nos consciencializando a cada momento como estamos, o que dialogamos e logo discernirmos onde pode ter havido algo de anti-amor, de anti-verdade, e como podemos harmonizar tal, bem como o que nos pode elevar, animar, pôr-nos de novo mais em amor, aprendendo-se assim a cultivar-se alquimicamente o fogo do amor. Mantermos um culto fiel e íntimo seja à Fonte Divina e aos mestres e anjos seja a quem mais amamos, face a todo o impacto sensorial que afecta o nosso tónus cardíaco e amoroso, em especial quando nos expomos a tanta violência, guerra, corrupção, injustiça, presencialmente ou nas notícias televisivas ou da web, é fundamental, pois de tal nível ou ser cultivado retornará mais Amor, que nos fortificará.
Cada pessoa deverá escolher os seus seres mais amados, e poderemos dizer que tais momentos de culto serão ocasiões de ora de recebermos ora irradiarmos e logo sentirmos o Amor que banha o Cosmos e que objectivamente nos toca ou se ergue mais de dentro de nós, em si mesmo ou para algo ou alguém.
Isto pode-se equiparar a entrarmos no jardim ou santuário espiritual da nossa alma ou mesmo participarmos na construção do templo ao Divino.
Certamente que face a tantas energias desequilibradas ou mesmo negativas que caracterizam o viver citadino moderno devemos desenvolver resistências, estruturas da alma, mas como se passa tal?
É o chacra que se fecha, é a aura que adquire uma forma e uma tonalidade vibratória mais resistente? Deveremos considerar a forma oval, ou a da vesica pisces, como as melhores? Ou então imaginarmos uma muralha de luz à nossa volta? Ou abraçarmos as árvores, contemplarmos as nuvens e os céus e caminharmos pela Natureza? Ou invocar o dragão celestial protector do coração?
                                        
Ou será o mais importante o sol espiritual do coração estar a irradiar o mais permanentemente possível, observando as nuvens que se interpõem mas que são coloridas, fendidas ou dissipadas pelos raios que emanam dele?
                                       
Quão será importante mantermos a consciência e a invocação frequente do espírito, da satsanga, ou companhia na verdade, com almas amigas, os mestres e a Divindade?
Que oração ou mantra conseguiremos lançar ou irradiar e que nos fortifica mais no Amor? - O «Meus Deus, eu amo-vos de todo o meu coração», ou simplesmente,«Meu Deus eu amo-vos»?
A tarefa de estarmos ou mesmo sermos Amor está nos nossos dias muito dificultada pela extrema violência e injustiças que se passam em várias partes do mundo ou mesmo de Portugal, que nos ferem e revoltam. Sabermos reagir não emocionalmente, não conflituosamente e conservando a comunhão interior e o estado de irradiação de Amor é bem necessário, e difícil pois as redes sociais e os noticiários inundam-nos de injustiças, violências, manipulações e criminalidade.
Sabermos reagir com as meditações, contemplações, orações ou jaculatórias e mantras que nos elevam, ou que harmonizam ou sublimam as energias negativas ou reactivas, é então bem importante, uma luta constante....     
 Concluamos: Que neste ano, depois da relativa desgraça do anterior, seja verdadeiramente pentagonal, espiritual. Haja  persistência e boa sorte no acesso à fonte do Amor em nós, o coração, o cálice, o Graal e que a partir dele e nele a Luz e o Amor da centelha espiritual, na sua religação à corrente divina do Amor, emanem bem de nós para o mundo e ainda nos inspirem e proporcionem um sistema imunitário forte, saúde, discernimento, libertação, realização.... Aum...

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