segunda-feira, 11 de agosto de 2014

"Grito Global pela Palestina". 2ª parte, a marcha da Embaixada até ao Rossio. Dia 1 de Agosto de 2014, Lisboa.

"Grito Global pela Palestina", e denunciando a violência inqualifícável israelita... 2ª parte, da marcha da embaixada de Israel até ao Rossio. Dia 1 de Agosto de 2014, Lisboa. Talvez umas mil e tal pessoas, mais sensíveis, corajosas e dotadas de cidadania activa e empenho pela justiça e paz no Médio Oriente, condenando  brutalidade e criminalidade israelita.
Estado Palestiniano, livre, moderno, com direitos e capacidades como qualquer outro Estado, fundamental, declara a bandeira ao vento de Lisboa...
Dos activistas anónimos presentes e enviando imagens...
Protestos em frente à famigerada embaixada israelita...
Da tragédia da brutalidade agressora e mortífera...
A criança que contempla atemorizada o que se tem estado a passar há décadas, perante a passividade conivente do Ocidente, rói as unhas e chora interiormente...
Um dos cartazes mais vivos de toda a acção cívica interroga as pessoas sobre os seus comportamentos e passividade perante o mal...

Crianças que merecem o melhor da vida
Muita gente, mulheres e crianças, irmanados na mesma causa da Humanidade fraterna e sem racismo ou sionismo...
Queimas simbólicas contra o ódio, o apartheid, a opressão...
Almas corajosas pela causa Palestiniana...
Almas lúcidas e corajosas, assumindo a cidadania planetária duma humanidade una e fraterna
 
Cores, mensagens, gritos de alma, tanta gente apoiando a Palestina livre.
Tantas almas luminosas, mas algumas mesmo indignadas com tanta crueldade, morte e destruição perpetradas pelos israelitas...
Deter um governo israelita tão violento e opressor...
As crianças com capacetes de protecção dando testemunho de solidariedade com as mais de 500 palestinianas mortas, recentemente, apenas com os seus vestidos e sonhos frustrados...
Mulheres islâmicas presentes...
A Av. Fontes Pereira de Melo a receber mais uma limpeza consciencial da superficialidade alienada ou insensível em que tanta gente vive e se deixa manipular...
Av. Fontes Pereira de Melo, Lisboa, e a Causa Palestiniana...
Sincronias coloridas, esperanças que os milhares de prédios e infraestruturas destruídos poderão ser requalificadas, embora com o dinheiro de quem e a que custo...
Marchar pela paz e a liberdade atrai as boas almas...
 
Bandeiras ao vento, vontades de amor em acção...
A policia acompanhou muito calma e simpaticamente toda a manifestação...
Um primeiro ministro de extrema-direita, Netanyahu, sem qualquer tipo de sentimentos humanos pelos Palestinianos só poderia dar nesta tragédia que tem evaporado a estima que existia ainda por Israel em muita gente... Que seja tratado...
Rossio, Lisboa, apoia a causa Palestiniana
D. Pedro IV, o Libertador, bem quererá nos planos invisíveis que a liberdade do Estado Palestiniano aconteça
Últimas conversas e desejos, aspirações e orações, entre grupos de amigos, o Nuno Costa, de costas...
Alexandra, natural de Castelo Branco, a testemunhar e dar de si a pureza de amante da Natureza e da Justiça
Prontos a passar a noite em vigília, pois já vai demasiado longe a noite opressiva sobre o Estado Palestiniano e a sua população quase indefesa...
Finalizemos com a bandeira do Estado da Palestina, para que ela possa um dia ondular com as brisas mediterrânicas em paz, concórdia e prosperidade...

sábado, 9 de agosto de 2014

Dos livros e das suas vibrações e como eles nos escolhem ou os escolhemos. Da Biblioterapia.

                                                          
Quem vive numa casa com muitos livros, ou que é quase uma biblioteca, algo que sucede a vários amantes de livros, por vezes acorda com a boca seca ou as narinas algo tapadas e sente-se quase um pouco como se estivesse a transformar-se num livro, seco da humidade da vida, como em certa medida acontece a todos os livros que nos rodeiam, ainda que trepidantes ou húmidos de outras vibrações, e que nos atraem por múltiplos mecanismos ou causas vitais mas que por tão subtis nos escapam em geral...
Quando vou a uma estante de cinquenta livros e acabo por seleccionar três ou quatro, posso pensar que foram decisões racionais da mais apropriada leitura as que me fizeram escolher aqueles livros mas por vezes há factores invisíveis a determinarem-nos...
Entre eles referirei a existência em tais livros de informações mais relevantes e que o "meu" Eu espiritual, clarividente no seu nível, vê, escolhe e "sinaliza-me" (e como isto se passa é a grande questão), sem que eu me aperceba e pensando até que foi por acaso que peguei subitamente naquele livro ou abri naquela página que me vai esclarecer ou ajudar em qualquer situação ou demanda...
Não é que esteja agora a recomendar  o que é denominado no Irão, Istixara, a abertura ao acaso de um livro dos seus quatros autores mais sagrados, para se ver que mensagem se recebe, mas que tal pode ser mesmo inspirador, ou mesmo curador, não haja dúvidas, e é pois tal método um bom instrumento de biblioterapia. Quanto aos quatro autores invocados, por várias razões mas em especial pela excelência das suas obras, são eles, no Irão, Maomé, Mevlana Rumi, Saadi e Hafiz. No Ocidente utilizou-se mais a Bíblia, mas hoje em dia há outras opções e escolhas possíveis e a acontecerem. As minhas efemérides mensais do Encontro do Ocidente e do Oriente, bem desenvolvidas no blogue, têm algo disso.
Podemos então admitir que a mera racionalidade das nossas decisões e, no caso, de escolhas de leituras, é não apenas da nossa mente e ego mas também de níveis bem mais subtis que o mero pensar, raciocinar e decidir, seja mentalmente ou neuronalmente como hoje em dia se diz e tenta fazer crer como sendo o único factor em acção. Ora energias psíquicas, o espírito ou espíritos, podem intervir, subtilmente, de modos que a ciência objectiva experimental de facto não consegue provar e menos ainda replicar...
Factor primacial sempre será os livros em si mesmos, enquanto portadores ou ressoadores de vibrações múltiplas e que mesmo menos perceptíveis ou invisíveis, actuam em nós, ou permitem a acção biblioterapêutica do nosso espírito ou do Cosmos ressoante e afim connosco...
Certamente que a nossa personalidade é importante e, quando escolho um livro, faço-o por vezes porque ele está cheio de um potencial que me atrai e que eu intuo, imagino ou sinto e logo acolho, desejo, escolho. Podemos dizer, numa linha animista, que certos livros estão mesmo muito desejosos de serem lidos. É o caso dos livros fechados há muitos anos, ou mesmo que nunca foram lidos, frustrados por terem sido comprados mas nunca abertos ou lidos, por vezes algo cobertos de pó ou sempre à sombra de outros, e que desejam ser abertos, vivificados e derramar algumas das suas potenciais energias e aromas em alguém e no nível psíquico do Universo.
Noutros casos os livros parece que irradiam uma energia atractiva que nos faz ir ter à estante e pegá-los e entrar neles e perder-nos ou encontrar-nos por alguns momentos, antes que de novo singremos na linearidade da vida...
Dirão, mas como é isso do livro falar, querer, sentir, irradiar? Não é isso uma mera antropomorfização ou animismo?
Responderei, que além do livro entidade material, existe um livro invisível, anímico, composto por múltiplas camadas de vibrações e que compõe a sua aura e alma, e que está viva e se altera com o tempo e o uso, e que portanto há livros com almas bem grandes ou poderosas. É preciso é amá-los e senti-los mais demoradamente, com o nosso coração, para que alguma comunicação se estabeleça. Não estou a recomendar de imediato exercícios de psicometria ou como hoje se chama de leitura da aura, dos livros, ainda que mal algum disso possa vir...
Lembro-me até da frase e ideia-força que o amigo e sábio prof. José V. de Pina Martins gostava tanto de dizer: "Os livros procuram quem os ama", e que perpassa bastante pela sua último e notável obra, as Histórias de livros, para a história do Livro, editado na Fundação Gulbenkian, onde me menciona até algumas vezes.
Apresentemos então algumas das forças ou vibrações que se configuram como camadas, linhas de força ou irradiações vibratórias de um livro:
                                           
Quem foram os seus donos, quem o leu, como o leram, que assinaturas possui, quem o anotou?
Quem o escreveu e onde está ele no mundo psico-espiritual? 
Há ligações possíveis até dele connosco, interessado em vir ao de cima, ser de novo divulgado ou mesmo aprofundado?
De que ideias está constituído o livro e que ondulações da alma do mundo perpassam por ele e lhe dão vida maior e,  invisivelmente, nos tocam e atraem, podendo através de nós ser amplificadas, ressoadas?
Como está desenhada ou delineada a sua capa, como está na sua forma ou mesmo encadernação, por quantas vicissitudes já passou, nomeadamente fogos e inundações, censuras e perseguições?
Quem nos ofereceu, o que escreveu, e porquê e para quê? 
Eis alguns aspectos que enriquecem um livro e o tornam mais ou menos animado e mais ou menos susceptível de nos atrair e impressionar. Ou mesmo de se tornar um livro de cabeceira, ou de cama, de secretária ou de altar...
Não falarei por hora  dos livros que são levados sobre o peito ou o coração, como amuletos ou protecções, ou das pessoas que os conseguem amar e sentir tanto com o "cor-acção" que os sabem de cor... 
Ou ainda dos que são mesmo adorados e venerados, em templos ou mesmo em bibliotecas, casas de musas ou santuários do Divino na Terra...
                                                          
Assim, quando pegar num livro para escolher, comprar ou ler, em sua casa, numa livraria ou num alfarrabista, tente estar mais sensitivo ao que o leva a escolhê-lo, e faça, tanto para si como para  o seu autor (tentando mesmo senti-lo ou dialogar com ele) uma leitura curativa, harmonizadora, frutífera, até para que as idéias-forças ali contidas possam tanto instruí-lo ou inspirá-lo como serem anotadas e ampliadas por si...
No fundo, uma leitura em que seja também o Universo a ler e reler, a reflectir e a melhorar, dentro da Grande Biblioteca do Cosmos, para que toda a vida e seres venham a beneficiar...
Muito boas leituras, conscientes, benéficas, verdadeiras, frutíferas...
Alguns dos livros que dei à luz... Ommm
                          

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Hugo Rocha, um dos ocultistas portugueses do séc. XX. "O problema dos fantasmas", sempre actual...

                                       
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                                 Últimas duas páginas do antelóquio... 
                          
                                   Páginas com referências ocultistas 
                           
Páginas finais, com referências à celebre Mens agitat molem: a Mente, ou mesmo o Espírito, move, agita, anima a material, a massa... Em Fernando Pessoa; não te deixas adormecer massificado... 

Hugo Rocha é um escritor português portuense que viveu entre 1907 e 1993 e está bastante esquecido, apenas visível num ou noutro alfarrabista ibérico. E contudo teve vários méritos, pois sendo durante décadas jornalista do Comércio de Porto, viajou e escreveu bastante sobre África, Goa, Açores, Madeira e Galiza e acerca da espiritualidade e da procura serena da Verdade.
Em 1933 publicava tanto o seu 1º livro, de crónicas africanas, intitulado Bayete, como o 2º, Rapsódia Africana, de poemas.
Em 1934 publica o ensaio e extracto de conferência intitulado Espiritualismo, que seria valioso conhecermos mas que ainda não vimos [entretanto já encontramos um exemplar, mas transmite pouco de espiritualidade, para além da oposição ao materialismo, considerando Júlio Dantas um dos soldados do Espírito], e uma novela O homem que morreu no deserto, incluído no I volume da Colecção Amanhã.
Até 1962 serão cerca de quatorze obras publicadas, das quais destacaremos, como nos sinalizou o amigo Paulo Andrade como sendo de qualidade no tema, O Enigma dos «Discos Voadores» ou a Maior Interrogação do Nosso Tempo, em 1951, o qual teve uma edição brasileira aumentada em 1961. Outras obras também interessantes são o Namaste, roteiro de uma viagem a Goa, em 1953, e em 1958 o estudo Outros Mundos/Outras Humanidades.
Se em 1946 escrevera a sua primeira obra sobre a Galiza, crónicas de viagem, intituladas Itinerário na Galiza, será já em 1961 e 1963 que escreverá os dois volumes dos Encontros da Galiza, com capítulos de grande sensibilidade e conhecimento. Um critico da época, Francisco Leal Insua, no El Progresso de Lugo dirá: "En estilo directo y expressive, Hugo Rocha supo penetrar en el alma de Galicia como ningún visitante extrangero lo habia hecho hast hoy. Ahi esta nuestra amada region, palpitante y saudosa. Con la inquietude sonante de su atlantismo en el litoral; con la serenidade de sus lejanias en el interior".
      Lista das suas obras publicadas até dar à luz Os 4 Irmãos:
 
É de 1937  O Problema dos Fantasmas. Ensaio sobre certos aspectos da fenomenologia sobrenatural, numa edição da Sociedade Portuense de Investigações Psíquicas (uma sociedade a merecer investigação histórica) e que descreveremos um pouco em seguida...
Nesta obra, num in-8º gr. de 169 páginas, e terminando com o Finis Laus Deo, destacamos nas três dedicatórias iniciais a última: "a todos os que crêem na sobrevivência e na eternidade da vida", este pequeno livro, sereno, desapaixonado e despretensioso"
São oito os seres ou mestres invocados antes do antelóquio: Sócrates, com a frase "Conhece-te a ti mesmo." Alexandre Herculano, "A tradição é verosímil." Leonardo Coimbra, "A tragédia do homem está na ignorância de si e do Universo em que vive, ou antes, convive." Charles Richet, "O mundo oculto existe. Arrisco-me a ser considerado insensato pelos meus conterrâneos, mas acredito que há fantasmas." S. Paulo, "O homem é posto na terra como um corpo animal e ressuscitará como corpo espiritual. Assim como há um corpo animal, também há um corpo espiritual."; Farady, "Com o que ignoramos das leis espirituais poderia criar-se o mundo."; Newton, "É loucura acreditar que se conhecem todas as coisas e é sabedoria estudar sempre."; Santo Agostinho, "Porque não atribuir esses factos aos espíritos dos finados e não deixar de acreditar que a Divina Providência faz de tudo um uso acertado para instruir os homens, consolá-los e atemorizá-los?"»
Nesta obra, além das referências a Leonardo Coimbra, Antero de Quental, Antero de Figueiredo (transcrevendo as suas descrições das aparições em Fátima) realçaremos as que faz a João Antunes e às suas obras sobre Ocultismo, publicadas na Livraria Clássica A. M. Teixeira Gomes, onde Fernando Pessoa traduzira em 1915-1916 alguns clássicos da Teosofia, que Hugo Rocha também cita. 
Outro autor apreciado em comum por Fernando Pessoa e Hugo Rocha é Heitor Durville, com quem Fernando Pessoa se chegou mesmo a corresponder e a expor o seu caso de desdobramento psíquico. Mas os autores mais citados são os que se dedicaram mais à investigação experimental da existência de uma vida post-mortem, nomeadamente Ernesto Bozzanno, Charles Richet, Arthur Conan Doyle, William Crookes, Camille Flammarion, ou mesmo o Henry Bergson, tão apreciado, mas também rectificado, por Leonardo Coimbra, e que chegou a ser o presidente da famosa Society for Psychical Research, de Londres, a qual Fernando Pessoa louvou, quando os seus investigadores desmontaram alguns truques nas pretensas aparições e cartas de Mestres dos Himalaias a Helena P. Blavatsky, em Adyar, Índia.
A obra, com descrições de vários casos de aparições das almas do além, acaba com um apelo a que pela união do "esoterismo e do exoterismo" se ultrapasse o gemido de Dante posto à entrada da porta da Dolência no Inferno, Lasciate ogni speranza, ó voi ch'entrate... "Deixai toda a esperança, ó vós que entrais"...
Destaquemos para terminar, nas páginas finais, a transcrição da famosa frase da Eneida de Virgílio) que Fernando Pessoa conheceu e glosou (Mens agitat molem) ao dar o título de Mensagem à sua última obra), transcrita por Hugo da Rocha mais extensamente:
Spiritus intuis alit, totamque infusa per artus. 
Mens agitat molem, et magno se corpore miscet.
Hugo Rocha, provavelmente com a ajuda do seu amigo Manuel Cavaco, traduziu assim: 
«Tudo o que existe no Universo está penetrado do mesmo princípio: a alma, que anima a matéria, que se mistura com este grande corpo...»
Mas talvez fique melhor:
«O espírito íntimo sustenta e infunde-se plenamente em tudo.
A mente agita (ou anima) a matéria e mistura-se no grande corpo...»
Se quisermos alongar ainda mais, que Fernando Pessoa e Hugo Rocha, a transcrição dos versos 744 a 748 do canto VI da Eneida, aquele no qual Eneias consulta a sibila Cumeana (e teremos aqui outra ligação subtil profética com a Mensagem), leremos:

Principio caelum ac terras camposque liquentis 
lucentemque globum Lunae Titaniaque astra 
spiritus intus alit, totamque infusa per artus 
mens agitat molem et magno se corpore miscet.

Oiçamos a tradução de Manuel Odorico Mendes (1799-1864):
«Desde o princípio intrínseco almo espírito
Céus e terra aviventa e o plaino undoso,
O alvo globo lunar, titâneos astros,
E nas veias infuso a mole agita,
E ao todo se mistura.»

E uma tradição inglesa, a de E. Fairfax Taylor:
"First, Heaven and Earth and Ocean's liquid plains, 
The Moon's bright globe and planets of the pole, 
One mind, infused through every part, sustains; 
One universal, animating soul
Quickens, unites and mingles with the whole." 

Terminemos com mais uma tradução, a nossa:
«Ao Princípio, o Céu (Ouranos) e a Terra (Gaia) e as extensões líquidas,
O globo luminoso da Lua e os astros dos Titãs 
São sustentados pelo Espírito íntimo, infundido plenamente em tudo,
E a mente (ou alma spiritual) move a matéria e no grande corpo tempera-se.»

Fiquemos então com a ideia, ou melhor consciencializemo-nos mais, do Espírito omnipresente e da nossa quota parte de temperarmos harmoniosamente o grande corpo do Universo, o Cosmos, pela nossa vida harmoniosa e receptiva ao Espírito, que nos fala e inspira interiormente, seja como o daimon socrático, seja como os fantasmas do Antero de Quental ou do Hugo Rocha, seja como os guias ou mestres ocultos do Fernando Pessoa e do Hugo Rocha, seja ainda como o nosso Anjo ou Musa...
                              
                                A Musa de Hesíodo, ou a sua fravashi... 

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Das crenças, conflitos e religiões, e da Religião universal do auto-conhecimento do Espírito e do Amor...

I - Uma das questões culturais e cultuais bastante actual é a de saber se devemos manter-nos simplesmente nas Religiões em que nascemos, ou que viemos a escolher mais tarde, e apenas dialogarmos com as outras, reconhecendo ou não entre elas insuperáveis diferenças ou se, pelo contrário, quer nos mantenhamos numa Religião ou não, deveremos reconhecer que por detrás delas, e das suas diferentes crenças e ritos, visões, concepções e adorações encontra-se (ainda que pouco a encontremos ou aprofundemos..) a mesma Realidade, Fonte, Origem e Essência última, Absoluta, Divina, Primordial, qualquer que seja o nome ou a ideia que Dela façamos...
Ora esta última hipótese ou posição parece-me a mais correcta, ou seja que há uma Unidade das Religiões, e daí a actualidade e perenidade da admissão ou abertura a uma posição religiosa em que a Fonte ou o Ser Primordial seja reconhecida como o fundamental, "relativizando-se" de certo modo todas as Religiões enquanto aproximações históricas e condicionadas a Ele Ser ou Ela Fonte...
Talvez pudéssemos mesmo então chamá-la a Religião da Divindade Primordial, ou ainda Religião do Espírito Primordial, ou ainda mais simplesmente a Religião Universal, a Religião do Espírito, a Religião do Amor, a Religião da Verdade Última, esta afirmações e posicionamentos feitos com humildade mas com esperança de avançarmos mais tanto no seu sentimento e conhecimento, como na diminuição das ignorâncias e dos ódios responsáveis por tantos conflitos, assassinatos e sofrimentos...

II - Quanto à existência de diferenças insuperáveis haveria ainda a considerar se elas são tão fundamentais e exclusivistas, se são tão reais, ou se teremos de reconhecer que circunstâncias e condicionalismos diferentes fizeram com que as revelações e religiões adoptassem formas muito diferentes mas em todas elas subsistindo um núcleo comum e essencial e que é tanto o do Bem, da Verdade e do Ser como o das metodologias semelhantes ou próximas para nos religarmos a tal...
Simultaneamente, devemos reconhecer que, ligando todos os fundadores, profetas e mestres, há um Espírito universal comum, ou que em todo o Cosmos perpassa e providencia (inspirando) um Logos (Razão animante) comum, provavelmente primeiro substracto ou emanação da Divindade Primordial....
Contribuindo para a diminuição do exclusivismo e fanatismo religioso está o evoluir da Humanidade, pois, graças ao expandir dos conhecimentos e das consciências, seja em relação à génese, transformações e desvios das religiões seja em relação aos mistérios e pormenores da existência humana, naturalmente certas formulações, crenças e dogmas deixam de ter o sentido imperativo ou absoluto e passam a ser compreendidos na sua contextualidade e relatividade...
 Estão neste caso muitos aspectos do legendário que as Religiões Reveladas ou do Livro, usaram e abusaram. E assim, menos oprimidos ou limitados por essas cinturas e balizas, cargas e nacionalismos poderemos caminhar em diálogo permanente com qualquer tradição ou religião, numa abertura perseverante à subjacente e coroante religação mais consciente, efectiva e realizadora à Verdade ou à Fonte, a qual é a essência da Religião Universal ou da Religião da Divindade Primordial, ou da Religião do Espírito e do Amor, que terá sempre de ser realizada interiormente no caminho da vida...
Seria também muito importante que as Nações Unidas ou a Unesco e representantes das religiões e vias espirituais se reunissem e chegassem à formulação de um manual básico da Religião da Humanidade e do Espírito que, lido e estudado nas escolas, abrisse as crianças e jovens para as vias da Unidade das Religiões e idealmente não só por teoria mas também por vivências, visitas de estudo, práticas espirituais, etc.
Estejamos pois mais auto-conscientes e bem abertos à Tradição perene que engloba todos os fiéis e mestres das diversas religiões e vias e saibamos escolher e praticar o melhor possível numa ampla base, de modo a que a Presença Espiritual e Divina em nós, base flamejante e iluminante da Religião Universal ou do Espírito, desperte e brilhe mais ou, se quisermos, esteja mais presente e activa em nós e diminuindo-se assim a ignorância e o ódio (que tanto grassam e aparentemente baseados em conflitos religiosos) e aumentando-se e intensificando-se o conhecimento e o amor que ainda tanto faltam...

III - Nos nossos dias, nos quais uma violência inaudita se tem desencadeado em diversos locais do planeta, de forma orquestrada por várias potências, em que a manipulação das populações é também imensa e em que posicionamentos religiosos conflituam, ou então não dissuadem ou impedem os conflitos, como poderemos ser e agir correctamente, sabendo nós que a interconectividade de todos os seres é uma realidade a todos os níveis e que contudo as barreiras da ignorãncia, da insensibilidade e do ódio bloqueiam nas consciências tal circularidade fraterna?
Que posicionamento religioso e espiritual, mas também cívico e planetário, devemos aprofundar, assumir, partilhar? Que consciência ética e prática, ecológica e harmonizadora devemos desenvolver?
É fundamental a investigação constante da verdade em todos os campos que possamos, o viver diariamente com sentimento religioso e alguma prática meditativa (em que vamos despertando os sentidos espirituais e recebendo a luz) e a harmonização consequente das nossas vidas, ambientes, ritmos e relações, de modo a não nos deixarmos desviar ou destruir por todo o caos e violência que nos possa chegar ou afectar. E, corajosamente,  pensando e falando a verdade, denunciando a mentira, a opressão, a violência, o ódio, resistindo civilmente, só ou em grupos afins, quando for necessário, propondo e apoiando o diálogo para a resolução dos conflitos pela sabedoria justa e não pelos egoísmos dos mais fortes...
Para isto de novo a Religião do Espírito e do Amor, e da Fraternidade Humana, que é a essência de todas religiões e que é também no fundo o objectivo filosófico da vida, conforme o dito milenário dos gregos: Gnothi seauton, "conhece-te a ti próprio”, é fundamental e devemos manter o vertical o eixo da coluna, da coragem, da sinceridade, da aspiração e da ligação com os espíritos afins, os mestres e Anjos, para que o Espírito Primordial esteja mais activo e poderoso em nós, irradiante mesmo do coracão, e saibamos assim vencer os enfraquecimentos e lutas, renascendo e crescendo pela Luz e Amor do Alto, do Espírito e da Fraternidade, constante, criativa e amorosamente...


sábado, 2 de agosto de 2014

Portugueses apoiam a luta pela libertação do Povo Palestiniano e a criação do seu Estado, contra o genocídio israelita. Portuguese stand up by Palestinian cause. 1/8/2014

Grito global pela Palestina, Lisboa.
Marcha pela causa Palestina e pelo fim da agressão brutal israelita, 1/8/2014
Preparativos para a marcha em defesa dos Direitos Humanos na Palestina e pelo fim da opressão brutal israelita
Um sábio representante do reino canino, pleno de doçura e paz...
                                           Sem conseguir legendar, mas as fotografias falam por si só....


                                                  
 
      
 

 
 

 

                                Uma das maiores manifestações portuguesas por uma causa estrangeira nas últimas décadas: a condenação do genocídio palestiniano pelo sionismo. na antiga Terra Santa....










quarta-feira, 16 de julho de 2014

Martinho da Arcada, Pessoa alquimista. Convite de apresentação do livro de Ana Pinto, "Crisol", por Pedro Teixeira da Mota. 19/7

No café e restaurante pessoano Martinho da Arcada, ao Terreiro do Paço, Lisboa, realiza-se sábado, 19 de Julho, a partir das 16:15, a apresentação do livro de poesia de Ana Pinto, Crisol, por Pedro Teixeira da Mota, que o relacionará com a Alquimia, e em especial tal como esta foi compreendida, investigada e escrita nos apontamentos ocultistas e na obra de Fernando Pessoa.
                       
                                         
Fernando Pessoa, Raul Leal, António Boto, Augusto Ferreira Gomes, em animado colóquio, no Martinho da Arcada, perto de 1934-35...

Pequenos extractos da obra de Fernando Pessoa, acerca da Alquimia...

1 - «Esta frase é para quem entende: a sublimação é pelo Mercúrio. Toda a iniciação está nisto" Em seguida anota: "Vertical, vontade. Horizontal, inteligência. Círculo, emoção." E continua, explicando: A terra (segue-se um desenho de cruz dentro de círculo, que é o símbolo da terra) é a Vontade e a Inteligência presas na Emoção. O symbolo da R[osa] C[ruz] é a Emoção crucificada na Vontade e na Inteligência».....

E um grande texto dactilografado (que está online no Arquivo Pessoa: Obra Édita, mas com alguns erros) sobre a alquimia ao nível material e ao nível de forças supramateriais e simbólicas, e em que os resultados das operações são meios de se transformar e dominar em si mesmo os elementos trabalhados. 
Fernando Pessoa, neste texto, não se espraia muito nesses elementos trabalhados e que tanto são reais, como "forças em equilíbrio instável", e ainda símbolos de estados de consciência e qualidades anímicas, apenas referindo o ferro:

«A química oculta, ou alquimia, difere da química vulgar ou normal, apenas quanto à teoria da constituição da matéria; os processos de operação não diferem exteriormente, nem os aparelhos que se empregam. É o sentido, com que os aparelhos se empregam, e com que as operações são feitas, que estabelece a diferença entre a química e a alquimia. A matéria do mundo físico é constituída de três modos, todos eles simultaneamente reais; só dois desses modos interessam para o caso presente, pois que o terceiro pertence a um nível conceptual diferente, e não é atingível por operações, aparelhos ou processos que sequer se parecem com os que se empregam em qualquer cousa que se chame «química» ou «física», «ocultas» ou não. (1) A matéria é na verdade, e como creem o físico e o químico normais, constituída por um sistema de forças em equilíbrio instável, formando corpos dinâmicos a que se pode chamar «átomos». Porque isto é real, e a matéria, considerada fisicamente, é na verdade assim constituída, são possíveis as experiências e os resultados dos homens de ciência, e a matéria é manipulável por meios materiais, por processos apenas físicos ou químicos, e para fins tangíveis e imediatamente reais.Mas, ao mesmo tempo, os elementos que compõem a matéria têm um outro sentido: existem não só como matéria, mas também como símbolo. Há, por exemplo, um ferro-matéria; há, porém, e ao mesmo tempo, e o mesmo ferro, um ferro-símbolo. Cada elemento simboliza determinada linha de força supermaterial e pode, portanto, ser realizada sobre ele uma operação, ou acção, que o atinja e o altere, não só no que elemento, mas também no que símbolo. E, feita essa operação, o efeito produzido excede trancendentalmente o efeito material que fica visível, sensível, mensurável no vaso ou aparelho em que a experiência se realizou.É esta a operação alquímica. E isto no seu aspecto externo: porque, na sua realidade íntima, é mais alguma cousa do que isto.
Como o físico (incluindo no termo o químico também), ao operar materialmente sobre a matéria, visa a transformar a matéria e a dominá-la, para fins materiais; assim o alquímico, ao operar materialmente quanto aos processos mas transcendentemente quanto às operações, sobre a matéria, visa a transformar o que a matéria simboliza, e a dominar o que a matéria simboliza, para fins que não são materiais. A semelhança, porém, para aqui. O resultado da experiência física é um produto externo, com que o operador não tem nada, excepto vê-lo, ou ser dono dele, se o é. Mas na experiência alquímica a «força», que o corpo trabalhado simboliza, está em contacto directo com o espírito do operador, e não só do operador, como também de quantos conscientemente o auxiliam (embora sem conhecimento alquímico) na suas experiências. O resultado da experiência, portanto, afecta o operador e os seus «adjuntos» (como se diz) de uma forma diversa e diversamente importante»

(1) - As três palavras após a vírgula são um acrescento manuscrito.

       Que no crisol alquímico da alma resplandeça mais o Espírito, com a sua sabedoria e amor.

Ubiquity. Is possible or not? Questions, Hypothesis and Explanations, by Pedro Teixeira da Mota

Spiritual ubiquity is a subject of so subtle manifestation that it is not easy at all to explain, but anyway let us approach it, with humility and aspiration...
It means possibly a kind of bi-partition of ourselves, as beyond the physical body we have also a soul or subtle body and so we can be at home physically and, in a moment, go somewhere, at the soul's level or spiritual body.
This can happen in a certain way when we sleep and then we have records in some aspects of the dream, the most valuable possible being: 1 - seeing what will be seen during the next day or days, 2 - collecting new information not available previously in our mind, 3 - having deeper relations or talks with someone.
The most interesting aspect of human's spiritual ubiquity is still different and higher, as it may happen when you are awakened but some part of you goes to another person to help her or to teach her, and you don't have even any perception of that, beyond the idea that you feel some connection with that person.
The interesting points to investigate are on the mechanisms operating at soul level for that:
Should we give more value to the explanation that there is some channels by which we can transfer energy and consciousness to the other, for example like rays, or as stream of presence, or as bulk of energies?
Or should we give more value to the explanation that we are just traveling in the subtle spiritual body to the other location and assisting or being with that person?
But then, is there such a fullness of the one single spirit, that we can function in the two places perfectly well, one on physical level, another one just on a energetic and soul level?
It seems so, as the other person is happy to be learning or feeling us, and we are going onward in our meditations or activities...
In fact, our perception of our own spirit, as the inner center of the soul, mind and body, is very small, short, weak...
Most people don't believe in it, they just accept a duality of body and mind, or body and soul. Only some people accept it, and only a few have seen him, through the spiritual eye, and are trying to become more united with him..
In a certain way we are saying that there is consciousness at personality level (by the mind and brain), as well at the spiritual level, and so myself personality I am conscious that I am writing now and, at the same time, the spirit in me is conscious of other aspects of reality, or he can be even far away of me in contact or "talking" with someone, keeping probably a thread of light for keeping me alive spirituality here, and sometimes giving me a inch or two seconds of the sound of the spheres to make me feel him...
If, for the explanation of this ubiquity, it is a thread of light, a beam of light or rays travelling from the cintilla or spirit, or just a "sintonization" of frequencies, is hard to be sure, as our spiritual level and eye are not so cleaned, purified or stabilized to give us better perceptions of these subtle levels...
Surely, there is many cases in the history of religions of saints or masters capable of being in two places at same time, as for example is told of S. Antony of Lisboa....
Surely, also there was quite a lot of studies and controversies on the spiritual ubiquity of Jesus Christ, either in some personal cases, either in he mess. We have instances in the Portuguese mystics of the XVIII century of Jesus visiting her spiritual brides and at some time be seen out there over a procession.
Surely, the ubiquity of God, as 3º person, the Holy Spirit, in His omnipresence is mostly admitted, although not so much felt or seen, specially at its true and deep level...
Surely, if we are spiritual beings mostly or essentially, our spirit, that is Love and Wisdom, even if he is not so much called, does what we want, or what others desire, wish or ask from him, of good, and as Nature abhors the void, so we are prone to dream, attract or fly to similar souls or even the unseen twin souls or, at least, to friends of special affinities...
So more reasons to seek deeper understanding of our own intimate identity, our real being, and his interrelated powers, and interact with the others at this subtle and deep level of Self, with so much still to be studied, known, loved and done...