quinta-feira, 5 de junho de 2014

Pitões de Júnias e suas gentes, pela tarde de 31 de Maio e a manhã de 1 de Junho, aquando das III Jornadas Luso-Galegas de Letras...

Pitões de Júnias e suas gentes, algumas das quais com quem dialoguei e gravei, pela tarde de 31 de Maio e a manhã de 1 de Junho, aquando das III Jornadas de Letras Luso-Galegas, e na qual palestrei sobre as Fontes Matriciais de Portugal, nomeadamente o culto dos cinco elementos aqui ainda presente de alguns modos..
Almas mães e anciães de Pitões...
A Vida continua, o Inverno perdura, o abrigo se procura...
Fazer luz nos quartos escuros e invernais... Uma gravação da nossa conversa foi feita e será partilhada...
O Maio (árvore e eixo que atravessa os mundos) que se acende no fim, porque os últimos serão como os primeiros...
Almas, corpos  e vestimentas galaico-portuguesas bem antigas, saindo das suas habitações quase ditas castrejas, tão de outros tempos que quase não as conseguimos fixar em fotografia...
D. Lucinda, sábia e grata ao ensino do seu Pai de quem se lembra todos os dias... De quanta sabedoria antiga e sob que formas foi ela depositária? E transmissora? Onde ou em quê inovou?
Almas rijas, tisnadas pelo frio e o árduo trabalho...
Fogo transparente que inflama as almas, queima e purifica, reintegra, e ao Ser Divino eleva...
O último dia do Maio celebra-se com missa e procissão mariana e florida...
Igreja cheia de almas simples e rijas, crentes e tementes: uma seara imensa. Para uma melhor compreensão das suas identidades espirituais e da vida no além não serão porém preparados. Faz-me bater o coração apressadamente e passa-me pela cabeça o que lhes diria de mais importante em cinco minutos de sermão....
As ruas já com poucos bichos, limpas das bostas e estrumes, esperam por gente nova que aumente uma população de cerca de 100 almas, mas distâncias, falta de empregos e frio não facilitam...
Eixos entortados pela vida mas que pela sua autenticidade endireitam os caminhos...
A noite toda o toro de Maio arderá, acompanhando a actuação do bruxo Queiman e as vozes e música do Canto de Calíope. E pela manhã ainda fumegará...
Alba já alta, fumo no ar e a camionete a chegar...
Pencas, couve galega, tronchuda, cebolo e alface, mas os preços têm de ser debatidos...
Terra fértil a dar os seus frutos...
Em terrenos férteis e com vistas tais, tudo medra alegremente com belos ais...
Pitões e algumas das suas leiras ocidentais...
D. Maria, muito decidida, e seu marido, após uma longa conversa sobre a religião, o espírito e a vida post-mortem, e em que provavelmente aprendeu alguns aspectos para evoluir...
O adeus de quem se sentia algo só e sem tanta luz em si e pela frente...
O toro que continua a arder, junto às cruzes, à água viva e boa e ao indicador dos caminhos...
Paredes e janelas abertas aos ventos e brisas, talvez habitadas por almas do além, quais sacos vazios e brancos de vozes, afectos e orações...
Contrastes entre os telhados modernos e o milenários e celtas de colmos, um só já avistado na aldeia...
As belas cumiadas do Gerês que bordejam o poente da aldeia e que avisto constantemente da barragem de Paradela...
O tronco do carvalho centenário abatido por um raio vem receber as bênçãos no centro da aldeia do toro que ardeu e foi por uma noite eixo do mundo, do fontanário perene e das cruzes e cruzeiros do além e do espírito...
A alma antiga do carvalho, já instalado no seu novo altar, pelo José, à porta do seu armazém e fumeiro, num auspicioso 1º de Junho, depois de termos falado sobre a hera, erva ou relva que a rodeará e como se a preservará...
As montanhas como pontos mais altos da Terra estão sempre a chamar e a ligar ao céu e ao Divino...

quarta-feira, 4 de junho de 2014

III Jornadas de Letras Luso Galaicas... Pitões de Júnias. Imagens a preto e branco, das pessoas, coisas e locais.

Imagens a preto e branco de aspectos (à volta) do encontro Celta-Galaico-Português de 2014, as III Jornadas, realizado em Pitões das Júnias em 31 de Maio e 1 de Junho...
Como sonhos de linho batendo às paredes da Keltica antiga: Despertai!
Sibilas e lutadores em círculos dialogantes
                      
        O ronco raiz de um árvore centenária ardida passa pelo centro de Pitões no dia do Senhor Esus, para ser abrigada sob um alpendre e perenizada...

          
Recebendo as bençãos das águas de Návia ou Fontana e da cruz dos cinco elementos de Esus e de Jesus...
Alejandro e a procura do crescimento vertical e feliz

 
Anos e anos em círculos de paz até o raio fender a seiva...
A espiral projecta-nos em sucessivas metamorfoses, abrindo-nos para outras dimensões e estados de consciência
José Barbosa, de Ourense, o grande impulsionador do encontro (Blogue: Desperta do teu sono), sonha um futuro melhor para os encontros e a causa celta-galaico-portuguesa, apoiado pelas calmas shaktis...
Diálogos de José e Ro (a sua mulher, vinda da América do Sul), o bruxo Queiman, a Isabel Rocha (da Print Cultural), e o Hugo da Nóbrega Dias..
Seu Zé, e o seu carvalho centenário sacrificado por Taranatis e agora no seu local preservador e abençoador... Quem o habitará invisivelmente?
Ro e Zé Barbosa, Iolanda Aldrei, poetisa sibila do Pico Sacro, e a calma professora de inglês em Chaves, sob os raios etéricos solares..
As brisas sopram, falam-nos e empurram-nos para as janelas que abrem para o Sidh...
Os cornos de Hermes e a serpente chamam-nos a sermos corajosos e abrir os canais e os caminhos de conhecimento e de ligação ao Divino, enraizados harmoniosamente na Natureza e na nossa Tradição multi-milenária, Perene...

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Homenagem a Rosalia de Castro, 26 de Maio de 2014, Lisboa.


Rosalia de Castro, 
Nena insigne da Galiza,
Inspira as nossas almas 
À comunhão Divina.

                                                                  Tu, que cravejada de dor
 Acendeste o alto rubor 
Da soidade infinita, 
Abre as nossas almas 
À fraternidade inaudita.

Tu, que falaste e susurraste, 
Abre as portas do Empireu,
E de lá derrama o orvalho
Que campos e almas fecunda.

Os verdes pinhos e as nenas, 
O mar imenso e o amado, 
Todos te saudam e amam, 
Onde estás também estamos: 
Rosalia, no Amor somos um...
                             Pedro Teixeira da Mota
1837-1885, na sua casa A Matança, en Padron.
Inauguração do monumento a Rosalia, em Agosto de 1954, no Porto.
A alma das árvores, ora despidas já de folhas, ora viçosas de esperanças e fadas, e atapetadas de musgos e duendes...
Manuscrito original oferecido em 1954 pela filha da poetisa, Gala Murguia de Castro, que esteve presente nas homenagens da Câmara Municipal do Porto, em Agosto de 1954.
As águas que reflectem o azul infinito dos céus e fazem desabrochar os lótus da alma amante de Deus, possam alegrar e iluminar as almas da Rosalia, da Iolanda, da Maria, da Ana, da Luna...

Primeira obra, na sua primeira edição, quando Rosalia (1837-1885) tinha 27 anos e portanto mais plena de alegria e de esperanças, e ainda fresca da sua meninice campestre, e da sua língua galega doce e suave, pois só aos 16 anos vai para Santiago de Compostela e aprenderá o castelhano..

Edição moderna, recente, 2010, da Academia Galega da Língua Portuguesa e das Edições Galiza, organizada por Higino Martins Esteves...

Contracapa desta obra poética que se entretece ou baila com provérbios ou rimas tradicionais da Galiza

Um dos poemas, primeiros versos, parafraseando o lema: "eu lha vestira, eu lha calçara..."

Que feita, que linda,/ que fresca, que branca/ deu Deus a meninha/ da verde montanha!/ Que bela parece...
2º livro da poetisa, aqui na sua quarta edição, publicado originalmente em 1880, já em língua castelhana mas reivindicando a nacionalidade Galega, obra de mais maturidade e tristeza, mergulhos interiores e soidade, mas também rica de aspiração de fraternidade, justiça e amor...
O apelo, a soidade do Amor e do Anjo....