Pitões de Júnias e suas gentes, algumas das quais com quem dialoguei e gravei, pela tarde de 31 de Maio e a manhã de 1 de Junho, aquando das III Jornadas de Letras Luso-Galegas, e na qual palestrei sobre as Fontes Matriciais de Portugal, nomeadamente o culto dos cinco elementos aqui ainda presente de alguns modos..
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Almas mães e anciães de Pitões... |
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A Vida continua, o Inverno perdura, o abrigo se procura... |
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Fazer luz nos quartos escuros e invernais... Uma gravação da nossa conversa foi feita e será partilhada... |
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O Maio (árvore e eixo que atravessa os mundos) que se acende no fim, porque os últimos serão como os primeiros... |
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Almas, corpos e vestimentas galaico-portuguesas bem antigas, saindo das suas habitações quase ditas castrejas, tão de outros tempos que quase não as conseguimos fixar em fotografia...
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D. Lucinda, sábia e grata ao ensino do seu Pai de quem se lembra todos os dias... De quanta sabedoria antiga e sob que formas foi ela depositária? E transmissora? Onde ou em quê inovou?
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Almas rijas, tisnadas pelo frio e o árduo trabalho... |
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Fogo transparente que inflama as almas, queima e purifica, reintegra, e ao Ser Divino eleva... |
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O último dia do Maio celebra-se com missa e procissão mariana e florida... |
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Igreja cheia de almas simples e rijas, crentes e tementes: uma seara imensa. Para uma melhor compreensão das suas identidades espirituais e da vida no além não serão porém preparados. Faz-me bater o coração apressadamente e passa-me pela cabeça o que lhes diria de mais importante em cinco minutos de sermão....
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As ruas já com poucos bichos, limpas das bostas e estrumes, esperam por gente nova que aumente uma população de cerca de 100 almas, mas distâncias, falta de empregos e frio não facilitam...
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Eixos entortados pela vida mas que pela sua autenticidade endireitam os caminhos... |
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A noite toda o toro de Maio arderá, acompanhando a actuação do bruxo Queiman e as vozes e música do Canto de Calíope. E pela manhã ainda fumegará... |
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Alba já alta, fumo no ar e a camionete a chegar... |
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Pencas, couve galega, tronchuda, cebolo e alface, mas os preços têm de ser debatidos... |
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Terra fértil a dar os seus frutos... |
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Em terrenos férteis e com vistas tais, tudo medra alegremente com belos ais... |
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Pitões e algumas das suas leiras ocidentais... |
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D. Maria, muito decidida, e seu marido, após uma longa conversa sobre a religião, o espírito e a vida post-mortem, e em que provavelmente aprendeu alguns aspectos para evoluir... |
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O adeus de quem se sentia algo só e sem tanta luz em si e pela frente... |
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O toro que continua a arder, junto às cruzes, à água viva e boa e ao indicador dos caminhos... |
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Paredes e janelas abertas aos ventos e brisas, talvez habitadas por almas do além, quais sacos vazios e brancos de vozes, afectos e orações... |
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Contrastes entre os telhados modernos e o milenários e celtas de colmos, um só já avistado na aldeia... |
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As belas cumiadas do Gerês que bordejam o poente da aldeia e que avisto constantemente da barragem de Paradela...
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O tronco do carvalho centenário abatido por um raio vem receber as bênçãos no centro da aldeia do toro que ardeu e foi por uma noite eixo do mundo, do fontanário perene e das cruzes e cruzeiros do além e do espírito...
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A alma antiga do carvalho, já instalado no seu novo altar, pelo José, à porta do seu armazém e fumeiro, num auspicioso 1º de Junho, depois de termos falado sobre a hera, erva ou relva que a rodeará e como se a preservará...
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As montanhas como pontos mais altos da Terra estão sempre a chamar e a ligar ao céu e ao Divino... |
3 comentários:
Viva Pedro!
Importante documento e ao mesmo tempo bela reportagem !
Um abraço
Gonçalo TM
Excelente!
Muitas graças, Ciléa.
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