Daria Platonova Dugina (1992-2022) é presentemente um símbolo da invencibilidade do espírito sábio, da filósofa, de quem ama a Sabedoria, Sophia, pois embora assassinada há dois anos, a 20 de Agosto de 2022, está hoje cada vez mais viva, com constantes publicações, colóquios, discussões, o que certamente a alegra nos planos invisíveis e provavelmente permiti-lhe inspirar algumas ideias nesta ou naquela alma mais sensível e profunda na afinidade e sintonização das forças anímicas e ideias arquétipas comuns e capaz de coragem nas acções pela justiça, o bem, a verdade.
Já lhe consagrámos alguns textos que encontra no blogue mas de novo a homenageamos com um novo escrito, sobre ela e a ideia-força ou lema do tempo que urge abraçar: o Optimismo escatológico, título do seu livro póstumo...
Segue-se uma apresentação pela Daria: «O tema do optimismo escatológico é perigoso e complexo. Perigoso porque nunca foi elaborado até agora e envolve muitas armadilhas e reviravoltas inesperadas. Ao preparar a conferência de hoje, dei-me conta de que, embora a hipótese do “optimismo escatológico” possa explicar muitos processos histórico-filosóficos, dar-lhes dimensões adicionais, abrir novos contextos e uma certa profundidade, ainda subsistem muitos espaços em branco.
A minha formação consistiu num constante auto-questionamento, na pesquisa de problemas em aberto e na identificação de incoerências. E, no entanto, achei que tinha todo o direito de trazer esta hipótese ao seu debate, porque as doutrinas em que tudo converge são sempre imperfeitas e, o que é pior, aborrecidas.
Por outras palavras, propomos interpretar o optimismo escatológico como uma espécie de leitura de um texto filosófico [ou dos problemas da vida] que revela, em diferentes pensadores, uma combinação paradoxal de vivência do mundo como finitude e ilusão, como simulacro, mas também uma atitude positiva e volitiva rumo ao fim da ilusão.»
Comentário nosso: Esta é a ideia chave de Daria Platonova Dugina, o seu testamento anímico, e que devemos consciencializar-nos bem, e assim, face ao mundo e à gnoseologia ilusória, há um triplo trabalho a ser realizado: sair-se da caverna da massificação alienante, que a oligarquia ocidental neo-liberal transhumanista fomenta e subvenciona, alcançar-se a ampliação de conhecimento e de verdade e, obtida a desalienação (sobretudo dos meios de informação) e a iluminação (interior e ainda dialogante), voltar-se à horizontalidade social mas já com um sentido dharmico ou de acção justa para o Bem, como tanto teorizou e viveu entre nós Antero de Quental, de modo a ajudarmos os seres humanos, nomeadamente os mais próximos e amigos, fracos e oprimidos a libertarem-se das garras da sombra, do ódio, da arrogância racista e imperialista, e dos seus avençados instrumentos que tanto pululam e poluem as sociedades, tentando encerrar as pessoas em superficialidades de informações e divertimentos, em fobias e seguidismos, desviando-as dos seus fins últimos de auto-conhecimento e de realização do amor fraterno, em sociedades justas, livres e multipolares....
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