quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Da Luz cósmica como fonte do pensar: ensinamentos de Bô Yin Râ no seu livro "O Fantasma da Liberdade".

                                             

No seu livro dado à luz em Basileia em 1930 Das Gespenst der Freiheit, O Fantasma da Liberdade, Le Fântome de la Liberté,Bô Yin Râ aprofunda e questiona alguns aspectos fulcrais da vida, misteriosos mesmo e num dos seus capítulos mais originais, o décimo primeiro, Wissenschaft, Ciência, depois de referir a evolução humana e cerebral da linguagem, desde o rosnar e balbuciar até à primeira palavra engendrada pelo espírito, afirma que o ser humano distingue-se dos animais porque "o seu cérebro consegue absorver as partículas de luz física ou visível que irradiam em todos os lugares e transformá-las em forças de apreensão".

O cérebro humano, mais sensibilizado  e desenvolvido para tal que o dos animais, consegue absorver e transformar as partículas luminosas provindas do sol, da lua e das estrelas, pois elas são de substância espiritual,  numa força capaz de criar um conteúdo ou domínio interior de conhecimento. Transmuta assim criativamente a força da luz pura em imagens das coisas exteriores que podem ser apreendidas depois pelo pensamento.

São estas imagens de formas exteriores, ainda que mais subtis, que nos permitem também alcançar apreensões e relações que escapam à percepção dos cinco sentidos.

Porém, o pensar que não seja estimulado pelo exterior, mas que se realize no nosso mundo interior, e que portanto é uma criação nossa interna, precisa de abundante  substância transformada da luz física no cérebro, diz-nos Bô Yin Râ. 

Quem sabe, perguntaremos nós, se alguns esgotamentos interiores, ou cansaços mentais não correspondem a uma exaustão de energia luminosa, e que portanto para além do descanso mental, ou do dormir mais, seja conveniente exposição e captação maior da luz?

Toda a nossa representação interior é  uma imagem nascida da transformação da substância física da luz e é também só  numa  precipitação ou coalescência luminosa que a realidade da alma e do Espírito substancial se nos torna apreensível.

Explica-nos então Bô Yin Râ: «Esta substância luminosa, que penetra continuamente tudo o que é terrenamente físico, graças aos movimentos ondulatórios de corpúsculos inimaginavelmente pequenos de força luminosa [e poderemos denominar em termos indianos  glóbulos do prana ou akasa], transformada nos cérebros permite criarmos as  mais diversas imagens, que não têm que corresponder necessariamente ao que quer que seja de real, quer se trate, segundo o modo de falar habitual, da realidade do mundo exterior quer já da Realidade Absoluta, que só existe em formas anímicas e espirituais substanciais.»

Podemos dizer que esta afirmação de que a Realidade Absoluta, ou ainda, o Ser e Mundo Divino, mas também o mundo espiritual, só é visível em formas anímicas  espirituais  fundadas na substância luminosa é bem profunda, e pode entender-se também no sentido que a nossa vida de aprendizagem espiritual é em parte a unificação da energia vibratória e luminosa espalhada no universo,  nos objectos e nos corpos com a consciência e o espírito. E quando meditamos podermos assimilar mais a substância espiritual da luz no nosso ser e cérebro, como por vezes vemos no nosso ver espiritual ou 3º olho.


Será acertado e útil  distinguir um  triplo nível do cérebro como sede do discernir, do pensar e do realizar, o físico das percepções, o psíquico do mundo interior das ideias e o espiritual da Divindade, todos eles permeados pela luz substancial, mas que poucos se consciencializam? - É uma questão que cada um terá de responder por si, ou discernir os níveis qee vive ou trabalha mais.

Depois de nos alertar para a disciplina do pensamento necessária, para podermos percepcionar tanto a realidade materialque nos rodeia como o mundo espiritual, algo que neste século XXI, com tanta ficcionalidade e manipulação de imagens e ideias ou falsas narrativas e medos, se torna bem difícil percepcionarmos a realidade espiritual (e por isso se aconselha a não se verem noticiários televisivos e seus comentadores avençados), diz-nos Bô Yin Râ que como toda a ciência se baseia e alimenta da linguagem, que não é senão a representação fonética da modelação interior  da força da luz física transformada, o desenvolvimento da ciência dependeria em larga medida de uma interrogação apropriada da linguagem, o que em geral não se faz para os níveis internos e superiores...

Dirá também que as descobertas por vezes mais interessantes  são devidas ao facto que uma palavra impulsionou o despertar do encaminhamento do pensamento para onde se encontrava a resposta, que até muita gente procurava, provavelmente por afinidades,  influências à distância e sincronias, associações de pensamentos, e por fim ligações de sinapses cerebrais, além de poder ser o despertar dos sentidos espirituais intuitivos ou certeiros na localização da resposta ou esclarecimento que porventura d

Dirá ainda Bô Yin Râ: mesmo quando pensamos que estamos a relacionar-nos com as coisas em si mesmas,  são as imagens interiores correspondentes, criadas pela força da luz transformada, das quais dispomos como objectos de observação e cuja representação fonética é a linguagem...

Há aqui uma alquimia da palavra sugerida subtilmente, como se a palavra revelasse ou desvendasse a essência das imagens, ou mesmo abrisse para a energia espiritual substancial nelas. Daí a utilização de sons, mantras, jaculatórias na maioria dos ensinamentos espirituais...

Dirá ainda que o nosso ver é só uma transformação concentrada das partículas de força luminosa em substância de forma, a partir da qual se constrói todo o nosso mundo interior, o único no qual vivemos, por mais materialistas ou positivistas que sejamos, diremos. E a palavra é a condensação interna sonora da luz e da imagem que se denomina. Vemos aqui uma subtil indicação valorizadora da ciência ou arte dos mantras, sons e orações luminosas...

Porém, quem  pratica a ciência oficial - provinda de uma longa experimentação e disciplina, e nisso valiosa - , dum modo que a pessoa se  torna estranha à vida desperta, aquela na qual o pensamento deve ser o servidor [e não o dono], é tão mistificada pelo seu sonho [de rigor científico] como quem é possuído pelo produto das suas confusas fantasias», que acontecem por não haver disciplina mental  na aceitação ou criação de imagens nem aspiração a Verdade, para que a Realidade possa ser apreendida por nós interiormente...

Como último conselho, fique-nos este tão actual, quando tantos políticos, governantes, estados e organizações tentam pelo medo, a corrupção e a opressão criar uma dominação cada vez maior sobre a humanidade livre: «Toda a empresa humana deve servir a vida, deve esforçar-se de enriquecer a existência terrestre, a fim de que o ser humano não se torne um escravo, lá onde deve estabelecer o seu domínio» e, acrescentaremos nós, a sua liberdade criativa não alinhada com a narrativa oficial mas sim com a sua consciência em demanda da verdade ou realidade e da Divindade...

Pinturas de vistas nos mundos espirituais, por Bô Yin Râ....

2 comentários:

Maria Ramos disse...

Fabuloso, não conhecia o blogue fico fã.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Agradeço muito a sua apreciação generosa.Tentarei merecê-la. Boas inspirações e quando tiver dúvidas, força.