quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Biografias de Sri Ramakrishna: resumo dos 12 capítulos da "Vida de Ramakrishna", de Romain Rolland, por Pedro T. da Mota. No seu 188º aniversário.

Uma fotografia de Ramakrishna Paramahansa, em Calcuta, 10-X-1881.

Qualquer biografia, para ser mais fidedigna e impactante, requer testemunhos de contemporâneos,  conhecimento directo, visualização e sensação, e assim a do santo místico bengali Ramakrishna (1836-1886) tem de forçosamente colher muito no que um discípulo Mahendranath Gupta registou com autorização do mestre ao longo dos últimos anos da sua vida, de 1862 a 1866, e que publicou em bengali, em 5 volumes, de 1897 a 1932, data em que deixou a Terra. São notas muito vivas quase cinematográficas as que ele nos deixou do que era o dia a dia, os ambientes, os diálogos, as ideias, os êxtases, os problemas de um dos últimos grandes mestres da Índia. 

Mahendranath Gupta

Tal registo, que se autonomizou como o Evangelho de Ramakrishna, e que teve algumas mudanças nas sucessivas edições das traduções em inglês, é a base fundamental para se desenvolverem  aproximações, teorizações, facetas, biografias de acordo com a individualidade do historiador, biógrafo, ensaísta, orientalista ou mero devoto. Entre os ocidentais, sem dúvida  Romain Rolland foi um dos melhores dos seus biógrafos, pois a sua  Vida de Ramakrishna, na qual, após os dois avisos preliminares aos leitores do Ocidente e do Oriente, escalona a obra em doze capítulos, foi realizada com grande sensibilidade, empatia e sabedoria, esta tanto inata como  adquirida, já que, para além de ter escrito anteriormente boas novelas e biografias e ter recebido, por tal e pelo seu elevado idealismo e amor da verdade, em 1915, o Prémio Nobel da Literatura, uns anos antes, em 1924, biografara Gandhi, outra grande alma da Índia, da qual se considerara mesmo o seu Evangelista europeu, nomeadamente da ahimsa, não-violência. Como a de Ramakrishna nunca foi traduzida para português, ao contrário da que ele realizou de Gandhiji, vamos resumi-la brevemente.

Romain Rolland e Gandhi, em 1931.
  

 No 1º capítulo, intitulado o Evangelho da Infância,  narra o seu nascimento, seguindo o modo subtil de ter sido anunciado em sonho, a 18 de Fevereiro de 1836, e descreve os seus dois primeiros êxtases, e a vida simples e plena de imaginação do tão sensível jovem, que pela morte do pai aos sete anos, acabou por juntar-se ao irmão mais velho, que era sacerdote num templo em Calcutá quando tinha 16 anos, ajudando-o na jardinagem e oferta de flores no templo. Quando este morre, passado cinco anos, Sri Ramakrishna acaba por aceitar tornar-se o novo sacerdote nesse templo de Dakshineswar, na margem esquerda do Ganges, a seis milhas de Calcutá e que fora fundada por uma milionária mas da casta mais baixa Rani Rasmani, e onde viverá toda a sua vida, à parte algumas peregrinações e viagens não muito longas, e as idas mais regulares a Calcutá. Deste capítulo já extraímos uns parágrafos valiosos para o blogue, conforme pode ler em Os êxtases da alma-Proteu de Ramakrishna, por Romain Rolland, na sua "Vida de Ramakrishna".

  Kali

No 2º capítulo intitulado Kali, a Mãe, observamos o crescimento da intimidade com a Deusa, a Divindade na sua essência feminina, Kali sendo uma das faces e a mais adorada na Bengala, e como ela se revela em visões, numa crescente numa fusão anímica e corporal, e que irá originar o senti-La continuamente presente.  Eis a primeira, narrada por Ramakrishna: «Um dia, fiquei preso de uma angústia intolerável. Pareci-me que me torciam o coração como uma tolha molhada. A dor dilacerava-me. Quando pensei que não teria em vida a bênção da visão divina, uma agitação terrível tomou-me. Pensei: Se tem de ser assim, então chega de vida... A grande espada [atributo da deusa] estava pendurada na parede do templo de Kali. O meu olhar caiu sobre ela e de repente um raio atravessou o meu cérebro: Ela... Ela vai ajudar-me... Precipito-me, empunho-a como um louco e eis que subitamente a sala, com as suas portas e janelas, o templo, tudo se desvaneceu. Parecia que nada existia. E, em seu lugar, apercebi-me de um oceano de espírito, sem limites, refulgente. Para qualquer lado que virasse os olhos, tão longe quanto olhasse, eu via chegarem vagas enormes deste oceano luminoso. Precipitavam-se furiosamente sobre mim, como para me engolirem. Num instante ficaram sobre mim, abateram-se e engolfaram-me. Rolado por elas, sufocava. Perdi toda a consciência natural, tombei... Como se passou esse dia e o seguinte, não sei. Dentro de mim ondulava um oceano de felicidade (ananda) inefável. E até ao fundo dele, eu estava consciente da Mãe Divina...». Uma bela descrição de um típico momento de iniciação, no limite das nossas forças, e a posterior comunhão com o beatífico ou amoroso oceano da Divindade...

 No 3º capítulo, Os dois mestres do conhecimento: A monja brâmane e Totapuri, o homem todo nu, descreve a vinda destes dois grandes seres espirituais, bem importantes na sua aprendizagem dos caminhos tradicionais da Índia, ao alargarem bastante o seu conhecimento prático, as sadhanas, e teórico, das darshanas, ou visões filosóficas, e passando a abranger em si tanto a devoção à Divindade com forma, em especial a Deusa Kali, como a Divindade sem forma, o Brahman, no qual Totapuri estava de certo modo imerso consciencialmente, budicamente.

Transcrevo de Romain Rolland a sua descrição dos efeitos do ensinamento da Bhairavi e do reconhecimento que ela fez dele como avatar:« Ele possuía agora todas as formas de união de amor com Deus, - as dezanove atitudes ou emoções (rasas) diversas da alma na presença da Divindade: as relações de servo para senhor, de filho para a mãe, de amigo, de amante, de marido, etc. Investira a citadela divina, por todos lados, e o "conquistador" de Deus participava da sua natureza.
A sua iniciadora reconheceu nele uma incarnação da Divindade.
Numa reunião que ela provocou, em Dakshineswar, após discussões com os sábios panditas, a Bhairavani impôs [ou convenceu] às autoridades religiosas o reconhecimento do novo avatar. Então o seu renome começou a estender-se. Vinham de longe para ver o homem maravilhoso, que não só realizara uma das sadhanas ou vias de iluminação mas todas, e os peregrinos que se esforçavam pelo Divino, por uma ou outra dessas vias, - monges, ascetas, sábios, sadhus - vinham pedir-lhe conselho (...) As descrições dele [poucas] falam da fascinação que produzia o aspecto daquele que vinha não, como Dante, do Inferno - mas do Mar profundo, como um pescador de pérolas, - a irradiação dourada do seu corpo, que o fogo do êxtase [e do amor e devoção] lentamente cozera e dera uma patine [pelo afluxo de sangue, anotará Romain, a que podemos acrescentar a aspiração, a respiração e a intensificação energética]»

Será com Totapuri, que foi mesmo obrigado a feri-lo no 3º olho com um vidro, que conseguirá passar subitamente da sua devoção fixada na forma de Kali, a divindade pessoal, para a Divindade absoluta, sem dualismo. Anos mais tarde Ramakrishna dará uma compreensão mais unificada: «Kali não é alguém diferente do que chamais Brahman [a Divindade Absoluta]. Kali é a energia primordial, Shakti. Inactiva, chamamos-lhe Aquilo, Tat, ou Brahman, mas quando está em função criadora, preservadora e destrutiva, então chamamos a tal Shakti ou Kali».

No 4º capítulo A Identidade com o Absoluto, aprofunda aspectos e  efeitos dos ensinamentos vedânticos monistas ou advaiticos que Totapuri lhe transmitira, e especula a realização da unidade do espírito individual com o Absoluto.

Deste capítulo transcrevo uma parte de Romain Rolland que o anterior possuidor deste livro (o meu irmão Carlos, e Luz para ele!) sublinhou: «Para Ramakrishna há dois planos distintos e escalonados da visão: a Visão sob o signo de Maya que cria a realidade do Universo diferenciado - e a supra-visão da perfeita contemplação (Samadhi), pela qual o contacto com o Absoluto faz desvanecer-se  instantaneamente  a irrealidade de todos os eus "diferenciados" nossos ou dos outros. Mas, realça Ramakrishna, é absurdo pretender que o mundo seja irreal enquanto fizermos parte dele e que, conservando o nosso eu, recebemos dele a convicção inextinguível (mesmo que esteja velada na nossa lanterna) da sua realidade. Mesmo o santo que voltasse do Samadhi [unificação total ou êxtase] ao plano da vida corrente, está constrangido a retomar o envelope do seu eu diferenciado, se bem que atenuado e purificado. Ele é rejeitado no mundo da relatividade.  (...) E então a verdadeira face de Maya aparece-lhe: ela é o verdadeiro, e o falso, Vidya o conhecimento e Avidya a ignorância, tudo o que leva a Deus e o que não leva. "Portanto ela é". E a sua afirmação toma o valor de um testemunho pessoal, - qual S. Tomé apóstolo, que viu e tocou, - quando Ramakrishna atesta os Vijnani, os supra-conscientes (dos quais ele é um), que obtiveram o privilégio de realizar nesta vida, Deus pessoal e impessoal.»

A Harmonia das Religiões, pintura da época por Keshab Navavidhan. À esquerda Keshub e Ramakrishna.
No 5º capítulo, o Retorno aos Homens, descreve como Sri Ramakrisna começando a sentir a unidade de todos os seres e religiões, quis aprofundar o conhecimento vivencial delas e assim no fim de 1866 vivenciou a entrada no Islão graças a Govinda Rai, um sufi que tinha uma boa realização divina e que o iniciou e com quem praticou até o profeta Maomé lhe aparecer e fundir-se com ele. Em 1872, quando a sua jovem mulher Sarada Devi veio passar algum tempo a Dakshineswar e viver com ele, consagrou-a como deusa Kali, oficiando o ritual tântrico do Shodashi Puja, e adorando-a como Deusa.
Sete anos depois em 187
4 foi com o Cristianismo que se relacionou intensamente, sendo-lhe lido os Evangelhos e durante dias foi inundado pelas imagens e o amor compaixão típico cristão, até por fim obter a visão de Jesus  aproximando-se dele e fundindo-se consigo.
Mais tarde a partir
destas experiências Ramakrisna clamará que o mesmo Deus é aproximado pelas diferentes religiões e seitas e que não há razões para lutarem entre si, pois elas não são mais que vias ou recipientes diferenciados pelos climas, temperamentos, línguas, mas para uma Substância ou Divindade única, que carrega ou a que se atribuíram tais nomes diferentes.

Nos capítulo VI Os Construtores da Unidade: Ram Mohun Roy, Devendranath Tagore, Keshab Chunder Sen, Dayananda, e  VII, o Reencontro com os grandes Pastores, escreve a importância destes quatro reformadores religiosos e sociais de Bengala e da Índia e como conhecendo os três últimos só com Keshub Chunder Sen (1838-1884), e o movimento do Brahmosamaj desenvolveu uma genuína e prolongada amizade.

Devendranath Tagore

Foi Devendranath Tagore (1817-1905), sucessor de Ram Mohun Roy (1772-1833), que organizou e sistematizou o Brahmosamaj, baseando-se sobretudo nas Upanishads livremente interpretadas e criando um caminho do meio entre o politeísmo hindu e o trinitarismo cristão. Sublinhados pelo meu irmão Carlos, eis os seus e do grupo-assembleia (samaj) Quatro artigos de Fé:
I - Ao Princípio era o nada. Só o Um supremo existia. Ele criou todo o Universo.
II - Ele (a) só é o Deus (a) da Verdade, a Infinita Sabedoria, a Bondade, a Potência, a Eternidade, a Omnipresença, a Unidade sem segundo.
III - É no seu culto, na sua adoração que reside a nossa salvação, neste mundo e no outro.
IV - O culto consiste em amá-lo e em fazer o que Ele-Ela ama».

Keshub Chundra Sen, grande amigo e admirador de Ramakrishna.

No VIII Capítulo, O Apelo dos Discípulos,  mostra a organização do Brahmo Samaj da Índia, de Keshub Chundra Sen, nascida em 1886 da cisão (já que ele era mais teísta e entusiasta, com alguma influência do evangelismo  cristão) com o que passou a designar-se o Adi Brahamo, o 1º Brahmo (de Devendranath Tagore, mais olímpico e hindu). E com alguma originalidade Romain Rolland considera que Sri Ramakrishna, ao acompanhar Keshub e os seus discípulos desde 1875,  clarificou-se para a sua próxima fase da missão, a de mestre com discípulos, embora a monja brâmane Bhairavani já tivesse anunciado tal logo no início da sua vida como religioso. Uma visão com vários jovens a aproximarem-se dele como discípulos tê-lo-á preparado para começar a ser visto, apreciado e procurado pelos mais jovens e ardentes dos meios citadinos ligados ao renascimento bengali. Simultaneamente a fama dos seus samadhis e da sua sabedoria popular atraíam muita gente simples que o visitava, ouvia e divulgava. E assim começaram a surgir os primeiros discípulos, que ele começa a esmiuçar os contornos dos encontros e das suas características no IX capítulo, o Mestre e as suas crianças, e no X, algo influenciado pelos Evangelhos e a vida de Jesus, intitulado O Discípulo amado Naren, em que Narendranath Duth, depois chamado swami Vivekananda, é apresentado, mais extensamente, pois, para além de ser um dos que ele mais amava, será ele o líder, após a morte de Ramakrishna Paramahansa, da Ordem monástica que se estabelecerá em 1897 e irradiará para grande parte do mundo.

Uma das narrativas de Ramakrishna aos seus discípulos: «Eu digo às pessoas para cumprirem tantos os seus deveres no mundo e na família, como com Deus, pensando nele. Eu não peço para renunciarem a tudo... (Sorrindo), No outro dia, Keshab estava a discursar e orava assim: "Ó Deus, concede-nos o mergulharmos no rio de Bhakti, amor devocional, e atingir o oceano de Satchitananda (Ser, Consciência e Felicidade eternas)!..." Ora havia senhoras que estavam a ouvir mais atrás. E disse então a Keshab: «Como é que podes mergulhar toda a gente de repente? O que aconteceria às senhoras? É portanto melhor saírem da água de vez em quando, mergulhar e sair alternativamente!»... Keshab e as outras pessoas riram-se muito...

Quanto à inserção no mundo, dirá: «Não podeis deixar de trabalhar pois a Natureza, Prakriti, força-vos a isso. Sendo assim, que todo o trabalho seja feito, como deve ser. Se é feito desprendidamente, ele levará a Deus. O trabalho feito assim é um meio para chegar à meta. E a meta é a Divindade... Trabalhar sem apego, é trabalhar sem esperar qualquer recompensa, sem medo de qualquer castigo, neste mundo ou no outro...»

O símbolo ou emblema da Ordem de Ramakrishna, com um grande cisne, Parama Hansa, vogando no oceano de Stachitananda  

  Nos capítulos XI e XII, O Último Canto, e o Rio Reentra no Mar Romain Rolland  caracteriza os últimos anos de grandes satsangas ou conversas, rodeado e acarinhado pelos devotos e discípulos, e descreve alguns desses diálogos tão profundos e libertadores quão simples nas suas histórias e parábolas, mas que na sua generosidade o iam desgastando de tal modo que o corpo começou a tornar-se demasiado frágil e finalmente se romper, a partir de um cancro na garganta, que não obstou contudo a continuar a ensinar quase até ao fim, morrendo de noite, e pensando os discípulos durante algumas horas que ele tinha entrado apenas em samadhi.
Realçaremos, um
a passagem dessas satsangas inolvidáveis, que também tocou ao meu irmão Carlos e a assinalou no exemplar utilizado: «Certos cristãos e bramoístas (do Brahmo Samaj) veem no sentido do pecado quase toda a religião. O ideal que têm do devoto  é o de quem ora assim: «Ó Senhor, eu sou um pecador. Digna-te perdoar os meus pecados!...» Eles esquecem que o sentido do pecado caracteriza somente a etapa primeira e inferior da espiritualidade.... As pessoas  não se apercebem da força do hábito. Se dizeis constantemente: «Eu sou um pecador», permanecereis um pecador até à eternidade. Devereis repetir antes:«Eu não estou aprisionado, eu não estou encadeado... Quem me pode prender? Eu sou o filho de Deus, do Rei dos reis...» Fazei agir a vossa vontade, e sereis livres! O tolo que diz incessantemente: «Eu estou na escravidão», acaba em verdade por se tornar escravo. O miserável que repete incansavelmente: «Eu sou um pescador», torna-se pecador. Mas essa pessoa torna-se livre, quando pensa e diz: «Eu estou livre da escravatura do mundo. Eu estou livre...». «O Senhor não é nosso Pai?... A escravatura é do espírito. A Liberdade é também do espírito...»
Ou ainda: «
O telhado está ao alcance da vista de toda a gente, mas é muito difícil de ser atingido. Mas aquele que o atingiu pode deitar uma corda para os que estão em baixo e puxá-los para o telhado.»

Um Epílogo final,  descreve o começo da formação da Ordem de Ramakrisna, num pequeno mosteiro em Baranagore,  a que  junta três Notas, intitulada a primeira a Fisiologia da Ascese Indiana, onde compara os estudos da experiência mística na Índia e no Ocidente, valorizando a obra de Henri Bremond, a Histoire litteraire  du sentiment religieux en France (que tem afinidades com os dois valiosos tomos d' As Correntes do sentimento religioso em Portugal, de Silva Dias), destacando o tomo VI, que fala da Vida intensa dos místicos; contrapõe o minucioso conhecimento que na Índia se fez dos corpos subtis, chakras e kundalini, mencionando os perigos e acidentes de tais práticas mais intensas e tenta mapear a graduação e caracterização iluminativa através dos chakras, a partir de alguns ditos (complexos ou subtis) de Ramakrishna e Vivekananda; a segunda Nota é Os Sete Vales da Meditação, da obra The face of Silence, D. G. Mukerji, uma imaginação sobre o percurso de Ramakrishna e, finalmente, a terceira, Saradi Devi e os ladrões, sobre a experiência que a mulher de Ramakrishna só e perdida de noite no caminho teve com um ladrão e a mulher que face à sua irradiação a trataram como a uma filha e a guiaram à sua meta, vindo ela depois a ser uma mãe para muitos dos discípulos. Possamos todos nós chegar à meta divina!

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