- Meu coração, porque suspiras tu?
Que desassossego é esse de estares sempre a ir à janela?
Ele escutou-me e calou-se como que envergonhado.
Mas, depois, replicou-me serenamente:
- Sofro da coita do amor,
Ardo por ninguém e alguém,
E assim busco no horizonte
Vulto ou ser conhecido ou amado.
- Não vês que a esta hora do dia ou da vida
Já é tarde demais para alguém chegar?
O coração refluiu sobre si e respondeu-me:
- Não sabes nada do sofrer do amar:
O coração que arde busca outro peito para inflamar.
- Mas se não te aparecer alguém, o que farás?
- Neste alto monte em que me encontro
Quatro ligações posso encetar: aspirar e meditar, invocar e criar.
E com tal me devo contentar e alegrar, ser e estar.
Dia 23-VII, pelas 21:58, Gerês Transmontano. Melhorado e partilhado às 0.00 de 12-12-2021. Lux Dei!
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