sábado, 2 de maio de 2020

"O Amor autêntico é permanente". Com Dulce Pontes & George Dalaras, "O Mare e tu". Ser o Amor, Divino.

"O Amor autêntico é permanente", eis um dito bem verdadeiro e desafiante, que me apareceu impresso num postal (de 1998, atribuído a Mons. Alves Brás), e que me impulsionou a este escrito, ao som maravilhoso de duas vozes e música (O mare e tu, em Atenas, de Dulce Pontes e George Dalaras, e que encontra no fim). Mas quem conseguimos nós amar permanentemente, desejar-lhe sempre o bem, não só gostando dela ou estando simplesmente em amor com ela, mas também doar-nos a uma compreensão e elevação a dois que passe por todas as vicissitudes do quotidiano? 
 Quem consegue estar disposto a dar-se totalmente por outra pessoa, a ser um com ela nos momentos tanto mais fáceis como difíceis, no mítico amor incondiocional?
Não será muita gente. Mais até nos pais e mães, essa sempre renovada esperança de uma Humanidade melhor, tão destroçada infelizmente por alguns países mais imperialistas e violentos. Quererá dizer isto que hoje em dia poucas pessoas amam não só autenticamente mas plenamente?
Na manifestação terrena, e mais ainda no séc. XXI crescentemente regulamentador ou mesmo opressivo,  o ser humano é limitado no seu Amor e nas suas capacidades e realizações, embora nos seus sentimentos e conceitos, ideias e ideais não o seja tanto, sobretudo na juventude, transitória ou perene, que resiste às manipulações e alienações...
Somos muitos D. Quixotes, Camões, Anteros, Leonardos, Florbelas, Pessoas, Agostinhos, Natálias, isto é, idealistas, sonhadores, navegadores mas depois a dura realidade do tempo e do espaço sociais, com as suas lutas de sobrevivência, egoísmo e manipulações, acabam por nos encerrarem em pequenas bolhas (e já Erasmo parafraseara longamente Homo bulla est), maiores ou menores de afectos, familiares ou de amigos, ou de crenças e ideais, nos quais por vezes o amor permanente brilha ainda, embora muitas vezes,  depois da labareda inicial dos encontros afectivos, casamentos e descobertas de causas e de espiritualidade, haja uma normalização redutora e a chama íntima é quase perdida de vista e de ser sentida...
O Amor permanente é então um desafio muito grande, pois implica estarmos, ou tendermos para estar, ou podermos quando quisermos ressuscitar o Amor vibrante, íntimo. Ora para chegarmos a tal estação do caminho real do Amor, muito depende de nós próprios: - ou o queremos manter acesso, e lutamos por estar atentos e irradiantes dele, fluindo mais naturalmente ou menos nele, ou então forçosamente somos apanhados pelo que nos rodeia (onde os media, e os tão nocivos noticiários, são fatais), condicionados pelo que fazemos e pensamos, e logo soçobramos numa certa semi-consciência, algo mecânica ou mediocrizada por hábitos, e ficamos apegados ou dependentes de coisas, alimentos ou seres, que tanto poderemos amar mais ou menos, com reciprocidade ou não, sendo tal útil e libertador ou não, mas numa oscilação, essa sim, permanente da nossa consciência e capacidade amorosa...
 Certamente se conseguimos encontrar e conciliar o indomato amore com o amore mio (da canção ou no par) então o fogo do Amor flameja, e a onda comunga no Oceano e aspirações, olhares e abraços unificam, o vermelho e o branco casam-se... 
Mas não sendo fácil tal encontro, de almas-gémeas ou pelo menos bem vizinhas, então talvez devamos reconhecer que a conseguirmos a permanência ela é sobretudo do Amor em si, acesso em nós, subtilmente, espiritualmente. E sê-lo. Ser permanentemente Amor, sermos mais o nosso ser espiritual e primordial...
 Realização esta que pode ser sentida e expressa nas pessoas mais afins do elemento fogo como: - "Eu sou Amor, eu ardo no fogo do Amor divino". Ou no elemento água: - "Eu sou uma ondulação do Oceano do Amor..." 
Ou o Aum, sonorização  indiana da presença divina no Cosmos, ouvida na cabeça ou no coração e tão mítica  como a "música das esferas" pitagórica...
Esta consciencialização do Amor e da sua dimensão espiritual e cósmica, que pode estar mais forte ou menos realizada, mais vivida ou menos com tais frases que podem actuar como mantras ao repetirmo-las interiormente, é constantemente confrontada com acções e reacções que ora nos afastam ora nos aproximam dela; e ainda com pessoas que estão mais ou menos sintonizados com o Amor, e que se relacionam connosco das mais diferentes maneiras e intencionalidades.
Será então necessário querermos ou valorizarmos estar sempre em Amor  e depois discernirmos com a auto-consciência, o mais constantemente possível, se estamos mesmo em Amor, na comunhão e irradiação plena ou possível e adequada do Amor divino que é a nossa essência.
Momentos de meditação, oração, gratidão, contemplação, com eventuais ligações aos mestres e anjos, ajudam-nos bastante a centrar-nos e a sentirmos de novo mais o Amor em nós e logo a fortificar-nos nele e a irradiarmo-lo seja horizontalmente, seja verticalmente, para o que nos rodeia e para o distante, vencendo obstáculos e oposições e clarificando, curando, abençoando, como cavaleiros ou cavaleiras do Amor ou mesmo do Graal..
A união amorosa com pessoas, animais, plantas, aves, árvores, natureza, casas, objectos, livros, etc., e que é intensificadora do nosso estado de Amor permanente, também é importante ou fundamental de ser cultivada. E pode ser bem dançada e cantada, como podemos ouvir na música e voz tão boas de Dulce Pontes e George Dalaras, numa grande vizinhança e comunhão de Amor e Unidade com o Cosmos.
Para estar na Luz e no Amor autênticos não é necessário nem rituais, nem merkabas e extra-terrestres, nem exercícios complicados e 5ªs iniciações, nem canalizações,  regressões e vidas passadas,  que em geral são mistificações e explorações comerciais e que nos prendem ainda mais a egos e a grupos... 
 
 O Amor autêntico é libertador por si mesmo, vence ameaças, medos, doenças (em certa medida...), supera de algum modo o tempo e o espaço e permite-nos vivenciar estados mais íntimos, unitivos e expansivos de consciência, seja ao sentirmos o amor mais por, ou plenamente com alguém, seja ao sentirmos o Amor em si em nós, seja ainda recebendo as suas correntes Divinas que dos mundos e seres espirituais nos chegam...
"Felizes dos que se tornam Amor"
Seja então mais autêntico, esteja ou seja mais permanente e profundamente o Fogo do Amor Divino... Aum...
                           

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