Não é fácil a consciencialização do nosso estado de Amor, já que estamos em geral muito na cabeça e na actividade mental relacionada com actividades exteriores e logo não sentimos como está o Amor em nós, nem se sabe bem o que é ou pode ser o Amor nos seus diversos níveis, mesmo que se o sinta por momentos ou por tempos mais longos no relacionamento humano ou na criatividade, como afectividade, gratidão ou mesmo felicidade.
Em geral não se reconhece o Amor como um estado do Ser Divino que em nós pode estar ou perpassar, mais ou menos, como uma das suas qualidades ou até essência, ou ainda como a energia coesiva e unitiva do Universo, e que a nossa missão na terra será provavelmente conseguirmos o máximo de despertar dele e nele.
Se estamos mais conscientes de tal omnipresença do Amor a nossa aspiração a ele pode ser maior e, através de certos estados psico-somáticos, tais como os desenvolvidos pela atenção e a devoção, podemos intensificar centros de forças subtis e influenciar neuro-transmissores cerebrais, e assim aprofundar ou estabilizar melhor tal vivência.
Se estamos mais conscientes de tal omnipresença do Amor a nossa aspiração a ele pode ser maior e, através de certos estados psico-somáticos, tais como os desenvolvidos pela atenção e a devoção, podemos intensificar centros de forças subtis e influenciar neuro-transmissores cerebrais, e assim aprofundar ou estabilizar melhor tal vivência.
Na verdade, a ocorrência ou sintonização maior do Amor em nós emana de, e acontece em, níveis pouco consciencializados, seja cósmicos seja microscópicos, e o Amor sente-se e é vivido algo involuntariamente, ora instintivamente ora mentalmente, pois só o conseguimos sentir mais consciente e profundamente quando estamos verdadeiramente sintonizados com alguém, com um trabalho, com um objecto ou obra de arte, com a Natureza e sobretudo com o nosso espírito, o anjo e na aspiração à Divindade.
Todavia é muito raro estarmos sintonizados conscientemente com profundidade ou força suficiente nestes níveis. E raro é vermos com a visão espiritual as potencialidades e maravilhas da nossa abertura e osmose com o Amor. E raro é além disso se sentidas ou em certos casos mesmo desvendadas em meditações, tais aberturas ao Amor, que elas se estabilizem como estado de desanuviamento interior e fogo de irradiação permanente.
Todavia é muito raro estarmos sintonizados conscientemente com profundidade ou força suficiente nestes níveis. E raro é vermos com a visão espiritual as potencialidades e maravilhas da nossa abertura e osmose com o Amor. E raro é além disso se sentidas ou em certos casos mesmo desvendadas em meditações, tais aberturas ao Amor, que elas se estabilizem como estado de desanuviamento interior e fogo de irradiação permanente.
Tentarmos compreender e realizar melhor o Amor exige atenção e sinceridade, estudo e esforço tanto na entrega a ele fogo do Amor, como ao que se ama e a quem se ama, tal como ainda no auto-conhecimento e vontade de meditação e discernimento, pois o caminho de aproximação e sintonização é como avançar no fio de uma navalha, donde facilmente se cai, se distrai, se esfria na multiplicidade dispersante ou mesmo conflituosa que nos rodeia.
É necessário então fortificar-nos na ligação interna, sentir também o pulso e anseios do coração, para assim observar, compreender e corrigir ou controlar instintos, desejos, reacções, aspectos, energias e causas, trazendo-os à luz da consciência.
Como que mandalizá-los a partir do coração, isto é, torná-los, ordená-los concêntricos e transparentes ao foco de luz que emana do centro íntimo do coração, denominado por exemplo pelos místicos iranianos como o segredo do segredo, ou pelos espirituais ocidentais, coração do meu coração.
Quanto à expressão "luz da consciência", embora seja de utilização quase inconsciente, na realidade é muito significativa, pois a consciência é luz e o acto de estarmos conscientes de algo ilumina e clarifica o sujeito e o objecto, e logo ao virar-nos para dentro, fortalecemo-nos e aproximamo-nos da desvendação da chama do coração do Amor atractivo, unitivo e coesivo.
É necessário então fortificar-nos na ligação interna, sentir também o pulso e anseios do coração, para assim observar, compreender e corrigir ou controlar instintos, desejos, reacções, aspectos, energias e causas, trazendo-os à luz da consciência.
Como que mandalizá-los a partir do coração, isto é, torná-los, ordená-los concêntricos e transparentes ao foco de luz que emana do centro íntimo do coração, denominado por exemplo pelos místicos iranianos como o segredo do segredo, ou pelos espirituais ocidentais, coração do meu coração.
Quanto à expressão "luz da consciência", embora seja de utilização quase inconsciente, na realidade é muito significativa, pois a consciência é luz e o acto de estarmos conscientes de algo ilumina e clarifica o sujeito e o objecto, e logo ao virar-nos para dentro, fortalecemo-nos e aproximamo-nos da desvendação da chama do coração do Amor atractivo, unitivo e coesivo.
Ou seja, ao meditarmos, ao observarmos as nossas reacções aos outros, ao sentirmos a afectividade maior ou menor em que estamos, ao sintonizarmos o Ser, o Amor em si, o amado ou a amada, o Anjo ou o Mestre, compreendemos como o Amor, ou o afastamento ou obscurecimento dele, está em nós, fazemos com que a luz da consciência acalme as vagas de pensamento e se ligue no silêncio com tal centro da nossa dimensão interna afectiva, daí resultando uma iluminação e dinamização maior do nosso conjunto psicosomático e, claro, maior brilho do Amor, nós quais vagalumes ou joaninhas palpitando no Cosmos e seu Campo unificado de energia consciência informação...
Na verdade, ao meditarmos pode ainda suscitar-se a visão interior da alma, do espaço subtil e espiritual que temos e somos, e onde se poderão erguer, desvendar-se, avistar-se e fortificar-nos as formas dos seres com quem temos mais relação ou afinidade anímica, ou as que mais amamos, então intensificadas ou desvendadas pela luz e o fogo do Amor, tornando-se ou desvendando-se assim simultaneamente o nosso ser mais flamejante.
Algo que, se é perseverado pelos modos de vida, devoção e consciencialização, gera uma eclosão maior do amor devocional, aspiracional, tornando-nos templos Divinos, portadores do santo Graal, e logo estando-se mais em comunhão com os anjos e mestres, ou suas bênçãos, e portanto em Amor mais permanente, grato, intenso.
Na realidade, no processo ou caminho meditativo consciencial iluminamos aspectos tais como sensações, instintos, energias, emoções, sentimentos, sonhos, pensamentos, motivações, actos e imagens, que se entretecem mais ou menos com o Amor e nos envolvem, alguns dos quais estão tão subtilmente sobrepostos ou entrosados que não é fácil discernirmos e sentirmos o que é, está ou pode ser em nós, verdadeiramente, o Amor, e de que níveis ele se funda e irradia mais.
Exemplos, se tal desejo de unidade para com uma pessoa parte do instinto genésico ou sexual, se da afectividade social (frustrada ou plena), se da determinação mental de elevação energética, se de afinidades electivas fortes, se do coração espiritual e da centelha espiritual, ou ainda do Amor unitivo em si mesmo e que dois seres, reciprocamente se querendo ou amando, intensificam e trazem ao de cima mais.
Por fim, o nível tanto mais íntimo como mais elevado e mais permanente é a atracção amorosa entre o eu e a fonte dos eus (De-eus), a Divindade, e este Amor devocional ou de aspiração de união, cultiva-se também em certos aspectos com os Anjos, em especial o da Guarda, ou o Arcanjo do país, e com os Espíritos e mestres.
É importante aprofundarmos as razões de sentirmos Amor, pois em geral conhece-se ou identifica-se o Amor mais na experiência imediata de se estar apaixonado, ou então quando se gosta muito e se pode dizer mesmo que se ama algo ou alguém. Ou mesmo, em algumas pessoas, a vida e a fonte de tudo, a Divindade.
Todavia, o que vai neste sentimento, tido como Amor, pode, como já aludimos, mais do que verdadeiramente Amor, ser muitas vezes desejo ou carência, afirmação, controle e posse, algo que não se quer reconhecer ou pensar, ainda que frequentemente tal se verifique, e se venha a confirmar mais tarde, por vezes para desilusão de um ou dos dois, embora se deva aceitar e avançar, dando graças pelos momentos ou tempos de mais Amor vividos e, no fundo, na peregrinação terrena, bem iluminantes.
O Amor, como consciencialização e irradiação do coração espiritual, como ardência plena para a fonte do Amor, a Divindade, e como dádiva plena a tal corrente e do nosso ser nela para alguém, para os outros e o Cosmos implica um trabalho constante de religação, ou seja, de não sairmos ou melhor até de voltarmos a tal consciencialização e vibração, o que sabemos bem ser difícil no dia a dia do séc. XXI, com maior ou menor confinamentos, com maiores ou menores imperialismos e opressões, difícil mas desafiante...
É então importante por um lado não nos deixarmos envolver demasiado pela horizontalidade social e mediática, e por outro haver tanto a sintonização e graça do íntimo do mundo espiritual, como também a abnegação e submissão persistente do eu, enquanto personalidade limitada e limitadora da frequência vibratória cardíaca e da correnteza unitiva, pois são os egos ou eus humanos, com as suas preocupações e envolvimentos, hábitos e reacções, que põem os corpos, desejos e pensamentos em estados ou níveis vibratórios pouco afins ou atractivos da graça do Amor, do espírito, do anjo e da Divindade.
O Amor torna-se assim quase um ideal e daí terem surgido ao longos dos séculos tantas teorias e práticas que, por exemplo, configuraram na Índia a Bhakti Yoga, o caminho do Amor Divino, a união pelo Amor devocional, ou ainda a Tantra Yoga, em que há já a utilização do corpo na sua sexualidade e energias para se tentar despertar o corpo de luz ou se expandir a consciência, o amor e se chegar a uma certa unidade.
Todavia na Tantra Yoga, e em especial fora dos contextos yogis originais de mestre a discípulo e de pequenos grupos, tal como acontece no Ocidente, as pessoas tendem a ficar demasiado na sexualidade, na sensualidade, nos egos e vaidades, enredando-se nos grupos e nos egos dos pseudo-mestres, por iluminados ou universais que se proclamem, e pouco ou nada acontece de unificação de energias, de realização e religação espiritual e divina, pois na realidade o Amor pela união sexual não é algo de mecânico, automático ou de exercício, mas de comunhão na elevação psico-espiritual, o que implica sempre um caminho espiritual sério e de intimidade pessoal a dois e não de mistificações e superficializações, no que se pode denominar "materialismo espiritual", tão presente nos movimentos da chamada new age.
Por estas vias práticas ou sadhanas tenta-se chegar ora à libertação ora à união, e é nesta via mais dualista e devocional, a da união, que o Amor tem sido mais demandado, cantado, realizado, em especial na Índia, pelos místicos vishnuítas, mas não só, dois dos clássicos sendo os Bhakti sutras de Narada e a Bhagavad Gita, esta verdadeiramente abrangente, para além de milhares de obras de grandes místicos como Kabir e Mirabai, Ramakrishna e Rabindranath Tagore, Swami Prabhupada e Guru Ranade, etc., etc.
Todavia, quanto a um pleno conhecimento do Amor no nível cósmico ou universal e no Ser divino, se encontramos ou temos tido certas intuições, visões e realizações poderosas (uma delas sendo exactamente a de Krishna a Arjuna, descrita na Bhagavad Gita) é difícil chegar a um acordo, já que são temporárias e subjectivas. Contudo, dentro das compreensões ou até doutrinas geradas ao longo dos séculos pode-se discernir como que duas linhas, uma para a qual o Amor é a energia fundamental do Universo provinda da Divindade ou mesmo a Sua Essência e indispensável para a religação a Ela, a outra valorizando mais a Consciência pura, Shiva, como Sua essência e considerando o Amor como dinamismo, a Shakti, na terminologia sânscrita, que tanto é encadeadora (Maya) como libertadora (Kali).
Já nos que seguem os ditos (algo pretensiosamente, já que os Vedas o são igualmente) "Livros revelados" e suas doutrinas, verificamos como há muitas limitações no Judaísmo, com uma concepção de Deus Jeová bastante tribal e violenta, que Jesus e o Cristianismo tentaram mesmo ultrapassar, embora a Igreja claudicasse ao criar ou manter uma aliança entre Antigo Testamento de Jehova e o ensinamento de Jesus e do Pai.
Com o tempo, embora pregando-se o Amor ou melhor a Caridade, muito na linha de S. João, e do seu Evangelho, que com o de Tomé são os que transmitem mais o ensinamento de Amor e de Realização espiritual de Jesus, os fiéis pouco se realizaram e muitas das suas convicções, palavras e realizações foram ou são bastante limitadas, dogmáticas ou mesmo violentas (o pior tendo sido a fatal Inquisição católica e protestante, que abateram grandes almas como Giordano Bruno ou Miguel Servet) e logo pouco pacificadoras (unde Pax vobis?), harmoniosas e universais. Reconheça-se contudo que a Igreja Católica melhorou bastante nas últimas décadas quanto ao ecumenismo e ao diálogo com as outras religiões.
Será nos místicos, devotos e iniciados mais ardentes e profundos das várias religiões, em especial indiana, cristã e islâmica, que encontramos os que conheceram (e conhecem) por experiência estados conscienciais expandidos de amor, de felicidade, de união, com quem ou o que quer que fosse, embora em geral sejam os mestres e a Divindade, deixando frequentemente disso relatos, diálogos, instruções, orações, mantras, instalações de altares, diagramas ou imagens (caso de muitas das pinturas de Lama Anagarika Govinda, Nicholai Roerich e Bô Yin Râ, na imagem) que facilitam o avançar no Caminho espiritual e consequentemente a crescente iluminação e religação ao Divino, ao Amor pelo amor e o conhecimento.
E não deveremos esquecer de nomear tantos poetas e escritores, que dentro ou fora destas religiões, teceram com seus corpos e almas textos e poemas de amor mais que flamejantes, ainda hoje inflamando os que os lêem, e podemos nomear Mevlana Rumi e Hafiz, Sohrawardi, Ruzbehan Baqli e Nur Ali Shah dos iranianos, ou dos portugueses Camões, S. Agostinho da Cruz, Bocage, João de Deus, Leonardo Coimbra e Agostinho da Silva...
Cada um de nós deverá então cultivar (nomeadamente lendo os autores ou poetas que mais o demandaram ou viveram), chamar e meditar o Amor, ou tornar-se mais consciente dele, e querer viver mais em amor e dele receber de quando em quando alguma instrução, desvendação beatífica, graça, a qual deve ser depois aprofundada, mantida, relembrada, cultivada, sabida de cor, ou seja, do coração, sentida, amada e preservada, irradiando mais nesses momentos de anamnese, de sintonização, geração ou ressurreição do que constitui o corpo glorioso (ou espiritual) nosso e que nas nossas interiorizações e meditações trabalhamos mais.
Como a fonte e base substancial omnipresente e divina do Amor não é atingida pela maioria das pessoas, e logo se perde, desvanece, ameniza-se nos que a sentem de quando em quando, o Amor não está claro nem nos corações, nem na mente racional das pessoas, nem na visão interior contemplativa, nem a arder no interior delas, pelo que se tornam necessárias as artes poéticas, pictográficas, mandalicas, mântricas para nos alinharem mais com o Amor, que na tradição da Cavalaria do Amor perene se cristalizou muito bem nos lemas do Infante D. Henrique, Talant de bien faire (tão valorizado por Fernando Pessoa) e do Infante D. Pedro das 7 Partidas, Désir, desejo e aspiração, tradição espiritual que perpassa bastante em Camões, Jorge Ferreira de Vasconcelos, Bocage e tem um cantar de cisne no soneto Mors-Amor, de Antero de Quental, embora ainda hoje viva e na ampla comunidade de língua portuguesa.
Apesar de tantos contributos, mesmo em muitos dos mais amantes, poetas, devotos e espirituais não está tão forte e "ininterrupto" (algo que Erasmo pedia no seu Modo de Orar a Deus, que publiquei), como poderia estar, donde o desafio do dito que o "Amor autêntico é permanente" já glosado por mim. Assim, a chama do potencial Amor divino permanente estando em nós pouco intensificada e cultivada, é como uma flor de lótus ou uma rosa Amor que deverá desabrochar um dia mais plenamente no peito e coração espiritual do homem e da mulher.
Algo que, se é perseverado pelos modos de vida, devoção e consciencialização, gera uma eclosão maior do amor devocional, aspiracional, tornando-nos templos Divinos, portadores do santo Graal, e logo estando-se mais em comunhão com os anjos e mestres, ou suas bênçãos, e portanto em Amor mais permanente, grato, intenso.
Na realidade, no processo ou caminho meditativo consciencial iluminamos aspectos tais como sensações, instintos, energias, emoções, sentimentos, sonhos, pensamentos, motivações, actos e imagens, que se entretecem mais ou menos com o Amor e nos envolvem, alguns dos quais estão tão subtilmente sobrepostos ou entrosados que não é fácil discernirmos e sentirmos o que é, está ou pode ser em nós, verdadeiramente, o Amor, e de que níveis ele se funda e irradia mais.
Exemplos, se tal desejo de unidade para com uma pessoa parte do instinto genésico ou sexual, se da afectividade social (frustrada ou plena), se da determinação mental de elevação energética, se de afinidades electivas fortes, se do coração espiritual e da centelha espiritual, ou ainda do Amor unitivo em si mesmo e que dois seres, reciprocamente se querendo ou amando, intensificam e trazem ao de cima mais.
Por fim, o nível tanto mais íntimo como mais elevado e mais permanente é a atracção amorosa entre o eu e a fonte dos eus (De-eus), a Divindade, e este Amor devocional ou de aspiração de união, cultiva-se também em certos aspectos com os Anjos, em especial o da Guarda, ou o Arcanjo do país, e com os Espíritos e mestres.
É importante aprofundarmos as razões de sentirmos Amor, pois em geral conhece-se ou identifica-se o Amor mais na experiência imediata de se estar apaixonado, ou então quando se gosta muito e se pode dizer mesmo que se ama algo ou alguém. Ou mesmo, em algumas pessoas, a vida e a fonte de tudo, a Divindade.
Todavia, o que vai neste sentimento, tido como Amor, pode, como já aludimos, mais do que verdadeiramente Amor, ser muitas vezes desejo ou carência, afirmação, controle e posse, algo que não se quer reconhecer ou pensar, ainda que frequentemente tal se verifique, e se venha a confirmar mais tarde, por vezes para desilusão de um ou dos dois, embora se deva aceitar e avançar, dando graças pelos momentos ou tempos de mais Amor vividos e, no fundo, na peregrinação terrena, bem iluminantes.
O Amor, como consciencialização e irradiação do coração espiritual, como ardência plena para a fonte do Amor, a Divindade, e como dádiva plena a tal corrente e do nosso ser nela para alguém, para os outros e o Cosmos implica um trabalho constante de religação, ou seja, de não sairmos ou melhor até de voltarmos a tal consciencialização e vibração, o que sabemos bem ser difícil no dia a dia do séc. XXI, com maior ou menor confinamentos, com maiores ou menores imperialismos e opressões, difícil mas desafiante...
É então importante por um lado não nos deixarmos envolver demasiado pela horizontalidade social e mediática, e por outro haver tanto a sintonização e graça do íntimo do mundo espiritual, como também a abnegação e submissão persistente do eu, enquanto personalidade limitada e limitadora da frequência vibratória cardíaca e da correnteza unitiva, pois são os egos ou eus humanos, com as suas preocupações e envolvimentos, hábitos e reacções, que põem os corpos, desejos e pensamentos em estados ou níveis vibratórios pouco afins ou atractivos da graça do Amor, do espírito, do anjo e da Divindade.
O Amor torna-se assim quase um ideal e daí terem surgido ao longos dos séculos tantas teorias e práticas que, por exemplo, configuraram na Índia a Bhakti Yoga, o caminho do Amor Divino, a união pelo Amor devocional, ou ainda a Tantra Yoga, em que há já a utilização do corpo na sua sexualidade e energias para se tentar despertar o corpo de luz ou se expandir a consciência, o amor e se chegar a uma certa unidade.
Todavia na Tantra Yoga, e em especial fora dos contextos yogis originais de mestre a discípulo e de pequenos grupos, tal como acontece no Ocidente, as pessoas tendem a ficar demasiado na sexualidade, na sensualidade, nos egos e vaidades, enredando-se nos grupos e nos egos dos pseudo-mestres, por iluminados ou universais que se proclamem, e pouco ou nada acontece de unificação de energias, de realização e religação espiritual e divina, pois na realidade o Amor pela união sexual não é algo de mecânico, automático ou de exercício, mas de comunhão na elevação psico-espiritual, o que implica sempre um caminho espiritual sério e de intimidade pessoal a dois e não de mistificações e superficializações, no que se pode denominar "materialismo espiritual", tão presente nos movimentos da chamada new age.
Por estas vias práticas ou sadhanas tenta-se chegar ora à libertação ora à união, e é nesta via mais dualista e devocional, a da união, que o Amor tem sido mais demandado, cantado, realizado, em especial na Índia, pelos místicos vishnuítas, mas não só, dois dos clássicos sendo os Bhakti sutras de Narada e a Bhagavad Gita, esta verdadeiramente abrangente, para além de milhares de obras de grandes místicos como Kabir e Mirabai, Ramakrishna e Rabindranath Tagore, Swami Prabhupada e Guru Ranade, etc., etc.
Todavia, quanto a um pleno conhecimento do Amor no nível cósmico ou universal e no Ser divino, se encontramos ou temos tido certas intuições, visões e realizações poderosas (uma delas sendo exactamente a de Krishna a Arjuna, descrita na Bhagavad Gita) é difícil chegar a um acordo, já que são temporárias e subjectivas. Contudo, dentro das compreensões ou até doutrinas geradas ao longo dos séculos pode-se discernir como que duas linhas, uma para a qual o Amor é a energia fundamental do Universo provinda da Divindade ou mesmo a Sua Essência e indispensável para a religação a Ela, a outra valorizando mais a Consciência pura, Shiva, como Sua essência e considerando o Amor como dinamismo, a Shakti, na terminologia sânscrita, que tanto é encadeadora (Maya) como libertadora (Kali).
Já nos que seguem os ditos (algo pretensiosamente, já que os Vedas o são igualmente) "Livros revelados" e suas doutrinas, verificamos como há muitas limitações no Judaísmo, com uma concepção de Deus Jeová bastante tribal e violenta, que Jesus e o Cristianismo tentaram mesmo ultrapassar, embora a Igreja claudicasse ao criar ou manter uma aliança entre Antigo Testamento de Jehova e o ensinamento de Jesus e do Pai.
Com o tempo, embora pregando-se o Amor ou melhor a Caridade, muito na linha de S. João, e do seu Evangelho, que com o de Tomé são os que transmitem mais o ensinamento de Amor e de Realização espiritual de Jesus, os fiéis pouco se realizaram e muitas das suas convicções, palavras e realizações foram ou são bastante limitadas, dogmáticas ou mesmo violentas (o pior tendo sido a fatal Inquisição católica e protestante, que abateram grandes almas como Giordano Bruno ou Miguel Servet) e logo pouco pacificadoras (unde Pax vobis?), harmoniosas e universais. Reconheça-se contudo que a Igreja Católica melhorou bastante nas últimas décadas quanto ao ecumenismo e ao diálogo com as outras religiões.
Será nos místicos, devotos e iniciados mais ardentes e profundos das várias religiões, em especial indiana, cristã e islâmica, que encontramos os que conheceram (e conhecem) por experiência estados conscienciais expandidos de amor, de felicidade, de união, com quem ou o que quer que fosse, embora em geral sejam os mestres e a Divindade, deixando frequentemente disso relatos, diálogos, instruções, orações, mantras, instalações de altares, diagramas ou imagens (caso de muitas das pinturas de Lama Anagarika Govinda, Nicholai Roerich e Bô Yin Râ, na imagem) que facilitam o avançar no Caminho espiritual e consequentemente a crescente iluminação e religação ao Divino, ao Amor pelo amor e o conhecimento.
E não deveremos esquecer de nomear tantos poetas e escritores, que dentro ou fora destas religiões, teceram com seus corpos e almas textos e poemas de amor mais que flamejantes, ainda hoje inflamando os que os lêem, e podemos nomear Mevlana Rumi e Hafiz, Sohrawardi, Ruzbehan Baqli e Nur Ali Shah dos iranianos, ou dos portugueses Camões, S. Agostinho da Cruz, Bocage, João de Deus, Leonardo Coimbra e Agostinho da Silva...
Cada um de nós deverá então cultivar (nomeadamente lendo os autores ou poetas que mais o demandaram ou viveram), chamar e meditar o Amor, ou tornar-se mais consciente dele, e querer viver mais em amor e dele receber de quando em quando alguma instrução, desvendação beatífica, graça, a qual deve ser depois aprofundada, mantida, relembrada, cultivada, sabida de cor, ou seja, do coração, sentida, amada e preservada, irradiando mais nesses momentos de anamnese, de sintonização, geração ou ressurreição do que constitui o corpo glorioso (ou espiritual) nosso e que nas nossas interiorizações e meditações trabalhamos mais.
Como a fonte e base substancial omnipresente e divina do Amor não é atingida pela maioria das pessoas, e logo se perde, desvanece, ameniza-se nos que a sentem de quando em quando, o Amor não está claro nem nos corações, nem na mente racional das pessoas, nem na visão interior contemplativa, nem a arder no interior delas, pelo que se tornam necessárias as artes poéticas, pictográficas, mandalicas, mântricas para nos alinharem mais com o Amor, que na tradição da Cavalaria do Amor perene se cristalizou muito bem nos lemas do Infante D. Henrique, Talant de bien faire (tão valorizado por Fernando Pessoa) e do Infante D. Pedro das 7 Partidas, Désir, desejo e aspiração, tradição espiritual que perpassa bastante em Camões, Jorge Ferreira de Vasconcelos, Bocage e tem um cantar de cisne no soneto Mors-Amor, de Antero de Quental, embora ainda hoje viva e na ampla comunidade de língua portuguesa.
Apesar de tantos contributos, mesmo em muitos dos mais amantes, poetas, devotos e espirituais não está tão forte e "ininterrupto" (algo que Erasmo pedia no seu Modo de Orar a Deus, que publiquei), como poderia estar, donde o desafio do dito que o "Amor autêntico é permanente" já glosado por mim. Assim, a chama do potencial Amor divino permanente estando em nós pouco intensificada e cultivada, é como uma flor de lótus ou uma rosa Amor que deverá desabrochar um dia mais plenamente no peito e coração espiritual do homem e da mulher.
Os seres que atingiram, conservaram e testemunharam grandes estados de Amor místico e permanente à Divindade, ou mesmo à amada ou ao amado, ao amigo ou à amiga, ou ainda na doação criativa a outros, por força ou ardência de tal atracção de doação e união, realçaram esses três moldes ou molas principais de sentir e manifestar o Amor, e deveremos no último molde ou linha realçar o muito heroísmo, dádiva e amor à paz, à cultura, à ciência, à pátria, aos animais, à natureza, às causas da humanidade, nos que a chama do Amor estava bem dinâmica, ainda que em geral não consciencializada na sua dimensão interior, espiritual, divinizante.
Se tivermos a consciencialização firme de que o Amor tem origem Divina, e é intrínseco Dela e no nosso espírito, e que ele para ser mais conhecido e vivido por nós, tal implica tanto gnose ou inteligência como vontade e fé, já que é apenas por uma experiência e intuição, subjectiva ou pessoal, incomprovável exterior ou cientificamente (mesmo que o peito esteja mais ardente...) que sentimos, vivenciamos ou intuímos o Amor, tanto no nível primordial e universal como no nosso nível íntimo e aurico, então conseguiremos perenizá-lo mais facilmente, no sentido de que a Fonte Divina embora transcendente é sempre acessível enquanto imanente e merece logo sempre o nosso amor, em contraste com a impermanência do contacto amoroso com os outros moldes onde ela se manifesta, tanto mais que Ela é o próprio Amor.
Por vezes o fogo colorido do Amor torna-se tão sensível em nós e nos que nos rodeiam, durante os encontros ou diálogos de nobres peregrinos, cavaleiros e cavaleiras do Amor e almas afins, que é visto mesmo com os olhos, o que nas religiões sucedeu mais com santos ou mestres, assim observados e depois representados com o coração em fogo, com o dito sagrado coração, o chakra Anahata, aberto e deixando ver o Amor operante. Já outros o viram por todo o corpo, ou pelo Amor conseguiram ver tal corpo espiritual multi-colorido e flamejante.
Relembrarmos então mais a janela ou o templo do Amor que há no peito, no corpo subtil ou de glória-luz, é importante, saindo-se tanto dos meros níveis instintivos e sexuais ou da agitação quotidiana mental, comunicativa e mediática, e intensificando-se a chama seja da aspiração seja da comunhão unitiva, de valor perenizante.
Se admitirmos e sentirmos que somos alimentados ou vivificados pelas correntes do Amor, ou que nos fortificamos nelas quando as cultivamos (nomeadamente pela oração, mantras, trabalho manual consciente), então seremos capazes de constantemente renascer face às inúmeras separações e mortes, sofrimentos e desilusões, oposições e lutas que vamos atravessando, capazes tanto de ainda de aguardar pacientemente e com fé uma nova intensificação do Amor, isto é, o reacendimento da chama do Amor, seja misticamente, verticalmente, em estados de graça orativos, meditativos e contemplativos, seja com outras pessoas, e assim avançarmos em estados de maior amor, no Amor, para sermos mais plenamente Amor, centelha e fogo em nós, rumo ao Sol Divino Primordial.
Se tivermos a consciencialização firme de que o Amor tem origem Divina, e é intrínseco Dela e no nosso espírito, e que ele para ser mais conhecido e vivido por nós, tal implica tanto gnose ou inteligência como vontade e fé, já que é apenas por uma experiência e intuição, subjectiva ou pessoal, incomprovável exterior ou cientificamente (mesmo que o peito esteja mais ardente...) que sentimos, vivenciamos ou intuímos o Amor, tanto no nível primordial e universal como no nosso nível íntimo e aurico, então conseguiremos perenizá-lo mais facilmente, no sentido de que a Fonte Divina embora transcendente é sempre acessível enquanto imanente e merece logo sempre o nosso amor, em contraste com a impermanência do contacto amoroso com os outros moldes onde ela se manifesta, tanto mais que Ela é o próprio Amor.
Por vezes o fogo colorido do Amor torna-se tão sensível em nós e nos que nos rodeiam, durante os encontros ou diálogos de nobres peregrinos, cavaleiros e cavaleiras do Amor e almas afins, que é visto mesmo com os olhos, o que nas religiões sucedeu mais com santos ou mestres, assim observados e depois representados com o coração em fogo, com o dito sagrado coração, o chakra Anahata, aberto e deixando ver o Amor operante. Já outros o viram por todo o corpo, ou pelo Amor conseguiram ver tal corpo espiritual multi-colorido e flamejante.
Relembrarmos então mais a janela ou o templo do Amor que há no peito, no corpo subtil ou de glória-luz, é importante, saindo-se tanto dos meros níveis instintivos e sexuais ou da agitação quotidiana mental, comunicativa e mediática, e intensificando-se a chama seja da aspiração seja da comunhão unitiva, de valor perenizante.
Se admitirmos e sentirmos que somos alimentados ou vivificados pelas correntes do Amor, ou que nos fortificamos nelas quando as cultivamos (nomeadamente pela oração, mantras, trabalho manual consciente), então seremos capazes de constantemente renascer face às inúmeras separações e mortes, sofrimentos e desilusões, oposições e lutas que vamos atravessando, capazes tanto de ainda de aguardar pacientemente e com fé uma nova intensificação do Amor, isto é, o reacendimento da chama do Amor, seja misticamente, verticalmente, em estados de graça orativos, meditativos e contemplativos, seja com outras pessoas, e assim avançarmos em estados de maior amor, no Amor, para sermos mais plenamente Amor, centelha e fogo em nós, rumo ao Sol Divino Primordial.
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