quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Dos Mistérios sagrados do Amor. Estar em amor a partir do coração, perseverantemente.

Eis-me num daqueles momentos em que desejamos partilhar da alma mais profunda ou luminosa o melhor que temos, concebemos e somos, seres de luz e amor, de coragem e alegria, para o mundo, a escrita, o futuro...
Que palavras e ideias deveremos arrancar das entranhas de nós próprios, ou captarmos nas intuições subtis, e lançarmos no seio e alma dos que nos escutam ou lêem? 
Subo ao alto do monte granítico que me está mais próximo, contemplo os horizontes conhecidos mas tão distantes, para além de nuvens e da claridade e obscuridade que se desdobram em sucessão sugestiva do horizonte infinito, e consciencializo-me que terão de ser palavras verdadeiramente mágicas as que poderão tocar algumas das almas que me  ouvirem e sentirem.
Terei de ser um arpoador dos mundos subtis, um timoneiro da barca para o paraíso, etimologicamente de pardes, o jardim distante persa, tentando abrir e passar ideias e sentimentos, palavras e forças que despertem e alinhem, centrem e fortifiquem as pessoas... 
 - Se já estás no Caminho, então avança, parte, não te prendas com pessoas e grupos, modas e noticiários: sê tu, a sós e com a Divindade e suas faces, os Mestres, os Anjos e, depois, sim, partilha o que souberes, reúne-te com alguns seres mas sem te envolveres demasiado horizontalmente, num mundo onde reina tanta confusão e mistificação, tanta oposição e tanta diferença de vibrações e sensibilidades, interesses e níveis evolutivos...
Se encontrares quem ames e que te ama, e se queiram um ao outro em amor por momentos dias, meses ou anos, então avança no mistério mágico e despertante do amor e da união.
 Só com uns poucos de seres mais afins pode brotar o amor plenamente, em grande reciprocidade  de entrega e adesão, mas quando se intui isso como possível, devemos avançar em tal encontro auspicioso de almas e dialogar e aprofundar as afinidades electivas e seus trabalhos criativos o mais possível, sondando ou invocando os mistérios da Unidade e do Amor Divino, e frutificando-os beneficamente...
Quaisquer que sejam os resultados ou efeitos de tal encontro ou tentativa sincera, o Amor-Sabedoria só poderá aumentar em nós e na Terra, seja negativamente pela compreensão da incompatibilidade de génios, seja positivamente pela fruição do estado de Amor e dos seus frutos de sabedoria e bondade, criatividade e felicidade desabrochados com tal pessoa.
Quando sentimos a corrente do Amor passar entre dois seres, quando estamos mesmo em Amor reciprocamente com alguém, quantas energias divinas brotam de nós e se espalham pelo universo, com efeitos subtis, quais borboletas e joaninhas, na multidimensionalidade dos seres e ambientes?
Acolhe pois tais possibilidades de ser amor, de amares ou então procurares a amada ou o amado, por mais que te tenhas desiludido de tais encontros ou frutificações.
O amor é unitivo. Mesmo o gostar de alguém ou algo, objecto, trabalho ou ser  é uma manifestação da energia bipolar unitiva do Cosmos, ainda que em graus menores mas que se podem depois aprofundar e que são sempre fontes de realização e evolução espiritual, ao serem como tal  consciencializados e assimilados.
Quando estamos com alguém, de acordo com a intensidade dos fogos dos nossos centros de força subtis tocados pelo Amor, brotarão os raios e ligações unitivas que afeiçoam e embelezam, curam e unem os seres e, seguindo os níveis mais ressoantes e afins, a eclosão das chispa intensificadora da corrente de empatia ou unitiva do Amor pode ser mais ou menos desvendadora da nossa natureza espiritual.
Arquétipos femininos de tal intensificação são as musas, sibilas e sacerdotizas que ao longo dos séculos tanto inspiraram a poesis, a intuição, a criatividade, a heroicidade, o amor, a adoração...
 
Foi dito "onde dois ou três se reunirem em meu Nome, eu estarei presente", mas não é fácil amar-nos a três, ou estar em amor em grupo, pois o Nome em que nos reunimos é o do Amor em si mesmo, mas também o do Mestre, enquanto um ser realizado do Amor, ou mesmo no nome ou presença do Espírito divino em nós, enquanto centelha do Sol do Amor primordial.
Este amar a três pode perturbar, quando por exemplo um par normal encontra um ser já mais consciente do Amor, e este no seu relacionar-se, liga e unifica com tanta intensidade, que um dos outros dois pode sentir-se algo ultrapassado. No caso então devemos expressar o amor num interesse sentido e manifestado igualmente para os dois, respeitando os laços já existentes. Nos grupos se passa o mesmo: se prestamos demasiada atenção a alguém, se lhe damos mais a correnteza do amor, os outros podem sentir-se em carência ou mesmo frustrados e até com rápidos sentimentos de inveja...
Mais fácil é certamente estarmos a  dois, na comunhão com o Amor divino, e felizes os que conseguem contemplar-se olhos nos olhos, mãos nas mãos, ou mesmo peito com peito, e penetrarem nos seus níveis mais elevados e espirituais, sentindo algo mais do coração ardente e da Unidade, e assim se erguerem unindo a terra e o céu, como hierofantes nas hierogamias dos antigos Mistérios. 
E depois aprofundarem tal, lutando criativamente com persistência, numa relação estável ou mesmo familiar...
Mas também a sós, quando cerramos os olhos e meditamos, centrando-nos e tentando entrar no nosso interior, no coração espiritual e no Amor, poderemos sentir tal energia bem como a comunhão no corpo místico que nos une tanto com os seres que mais amamos, vivos ou já partidos, humanos ou celestiais, como com o próprio coração espiritual do Ser Divino.
Cultivemos então mais estas possibilidades de comunhão no Amor com gratidão, e irradiemos as melhores energias para o ambiente e para a Humanidade, ainda tão subjugada por entidades e seres violentos, egoístas e imperialistas que tanto perturbam e fazem sofrer seres e povos sem fim.
É por isto tudo que o amor entre dois seres, numa família, num grupo, numa povoação, numa poesia, numa dança, numa música, numa acção generosa, numa peregrinação, numa lavoura, numa causa ou na meditação regular é tão importante para o Todo e para todos. Saber estar em amor a partir do coração, perseverante, salutar e criativamente, fundamental!
                                       
 Consigamos então nós corajosamente estar e ser cada vez mais o fogo do Amor Divino vivo, fortalecendo o corpo espiritual consciencial nosso e planetário e irradiando para o Mundo e Cosmos multidimensional...

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