terça-feira, 4 de agosto de 2015

Tarot IV - O Imperador. Imagens arquétipas, símbolos energéticos, iniciações conscienciais.

                                       
 Nesta imagem de um dos Tarots primordiais, os Trionfi, o dos Visconti-Sforza, o Imperador tanto contempla e segura o mundo redondo como estabelece a verticalidade, a axialidade e assim coalesce ou concretiza  harmoniosamente a possível quadratura ou realização concreta do círculo convivial dos seres, das Graças e do Divino.
 
Entre nós, Fernando Pessoa, conhecedor do Tarot, cantou de certo modo este arcano IV, na patriótica e magico-iniciática Mensagem, como a cabeça do grifo do brasão de Portugal e realçou a manifestação deste arquétipo no Infante D. Henrique: «Em seu trono entre o brilho das esferas,//Com seu manto de noite e solidão,//Tem aos pés o mar novo e as mortas eras —// O único imperador que tem, deveras,// O globo mundo em sua mão.//
                                      
                            O Imperador, no original e belo Tarot da Mónica de Morais....
O Imperador apela a sabermos fixar as nossas potencialidades ou virtualidades, a condensá-las ou colapsá-las em acções, nomeadamente de protecção, estabilidade, autoridade. Ou seja, a exercermos a nossa vontade com determinação e poder, com verticalidade e correcção e ligando harmoniosamente a terra e o céu, a ética e a vivência, a horizontalidade e a verticalidade, o que apetece e o que se deve, a personalidade e a individualidade.
                                       
O império da Justiça, o que ligamos e desligamos, a lei do Karma do que fazemos ou do que não realizamos, interliga todos e, a cada momento, por maiores que sejam as opressões e sofrimentos, no nosso íntimo, somos sempre senhores de uma parte considerável das nossas forças anímicas, que devemos exercer bem em volições, pensamentos, sentimentos e actos, os quais têm sempre efeitos nos seres e nos mundos infinitos de partículas que nos envolvem.
O Mercúrio filosófico e alado, a energia plástica psíquica, está fixado ou concentrado, e o ser domina ou sabe observar com independência e sábia orientação os estados mentais, os actos, os desejos, as palavras e, quando é necessário, gera-os e rege-os com conta, peso e medida, com gravidade, sopesando-os e insuflando-lhes energias, ao ter na sua mão esquerda e receptiva o símbolo da terra ardente, culminada pela cruz da inserção dos valores espirituais nela, tal como vemos na imagem acima do Tarot de Arthur E. Waite, e na seguinte, de Marselha).
                                        
Realcemos, segundo esta imagem do mais clássico Tarot, o de Marselha, que tanto a espiral das ondas de pensamento e das energias cósmicas está mais religada e coroada ao Divino, a pessoa imperadora é também de idade ou madura, e o colar dos elos dos sentimentos e amizades está presente, com o medalhão dourado do coração e do amor a brilhar e irradiar...
Na dinâmica espiral do Tarot e do mês, e que vem da Trindade ou tríade inicial, estabilizamos hoje no cubo, no quadrado, no quaternário (dos quatro elementos tradicionais, ou ainda no do saber e querer, ousar e calar), que é também a pedra de fundação ou cúbica, fundamento do corpo e de qualquer construção, na qual erguemos a vontade justa ou alinhada com as quadro direcções e correntes do espaço, e os quatro elementos e podemos sentir e entrar mais conscientemente na quinta-essência nossa, e que é o campo ou domínio anímico-espiritual e do Amor divino perene.
Quando a agitação da matéria e do quotidiano é controlada e se entra na quinta-essência, o ser começa a estar mais inspirado, sintonizado ou consubstanciado com a Sabedoria-Amor ou Logos que interpenetra o Cosmos e que deveria ser mais acolhido nas almas e inspirar as sociedades e os mundos. Mas quão longe estamos ainda nos impérios mundiais de tal. Será o arcano seguinte, o do Pontífice, que ainda irá acentuar mais a necessidade de ligação com o intimo e o alto, o espírito e o divino.
                              
 Na sociedade actual (e particularmente nos dias que resolver trabalhar este arcano, tal como no dias 4 de cada mês) seria bom estar crítica ou lucidamente atento ao poder (político e não só), a quem o exerce, como e com que intenções, sobretudo nesta terceira década do séc. XXI quanto aproveitando-se do misterioso Covid se tem assistido a restrições por vezes bastante. exageradas dos direitos humanos por parte de vários governos.
Esta observação lúcida do poder e dos que usam mais a força na sociedade serve para que se possa discernir bem os que têm a ligação maior à Verdade, à Sabedoria, ao Divino, e assim os que estão mesmo exercer a vara dourada do poder, da autoridade  sejam apoiados, votados e valorizados, ao serem imaginalmente participantes ou agentes do mítico e desejado Império do Espírito Santo, e denunciando-se ou repelindo-se os mais mentirosos, brutais e negativos, como alguns jornalistas em especial têm feito, devendo-se nomear hoje 4 de Janeiro de 2021, Julian Assange que após 10 de prisão viu hoje ser negado o pedido de extradição para a USA, que o opressivo e vingativo império norte-americano tanto desejava...
Esta assunção do espírito imperando nas sociedade foi  algo nacionalisticamente considerado como específica utopia portuguesa mas no fundo ela realiza-se localmente e em comunidades de todo o mundo, e embora pioneiramente se tenha erguido, e mais especificamente como tal nomeado, com os franciscanos espirituais e outros participantes dos Descobrimentos e Expansão e sobretudo desenvolvido posteriormente em círculos de pregadores reais, tal como o Padre António Vieira, e posteriormente por Teixeira de Pascoaes, Fernando Pessoa  e Agostinho da Silva, ele hoje em dia tem sobretudo sentido como demanda, consciência e vida mais ambientalista, ética, solidária, fraterna espiritual e universalista, o que cabe a todos os seres e povos.
Certamente que o culto do império do Espírito Santo, originalmente desenvolvido mas depois abafado em Portugal continental, sobreviveu forte em alguns modos, mais até exteriores, no arquipélago dos Açores (com os seus Imperadores coroados ou embandeirados e o espírito de fraternidade cultuado com grande dedicação e alegria em bodos, festas, cantos ao desafio), e sobreviveu ainda no Continente, no que poderemos denominar ilhas "moreanas" (de Thomas More, do qual recentemente saiu uma bela tradução da Utopia por Aires de Nascimento e Pina Martins, autor este de uma Utopia III bem futurante), tais como Alenquer e Tomar.
                                        
Como vemos nas diversas versões deste Arcano cada ser está, ou deveria estar, sentado na cátedra do seu ser, conhecimento, poder e graça e deve exercê-los com poder mas sábia e compassivamente e não só  rochosa, seca ou inflexivelmente, ou seja egoisticamente, como sucede a tanta gente, grupos, partidos ou países que se alienam, petrificam, coisificam, diabolizam e logo cada vez mais manipulam, reprimem, oprimem...
Veja ou sinta então bem entre os projectos, conhecimentos e pessoas quem mais precisa de apoio, palavra, dinheiro e forças e participe corajosa e abnegadamente numa maior manifestação do virtual Império ou Reino do Divino, o qual é tanto manifestado pelo aspecto mais interior de amor e comunhão, como pelo mais determinado e interactivo, duas polaridades espiraladas que se interlaçam no nosso ser no dia a dia e desabrocham no peito em medalhão ou em rosea-cruz florida do Amor  confiante, generoso e iluminante...
                                       
O dia em que trabalhamos mais este arcano é um momento de realizações, fundações e conclusões. O poder de conseguirmos realizar ou colapsar no mundo que nos rodeia o que pensamos ou decidimos, o que dialogamos ou intuímos, pode ser então mais intensificado sábia e voluntariamente, de preferência em diálogo com os outros e não em imposições como se tende a verificar no mundo, seja com os chefes de corporações económicas seja com o absurdo e violento imperialismo norte-americano. A carta do Imperador é uma chamada de autoconsciência à nossa relação com os outros e ao sentido de Justiça que estamos a desenvolver na nossa vida e actividades.
Saiba então fazer circular bem o amor e a justiça, no fundo o poder, por entre as energias dos cinco elementos, ou ainda as simbolizadas nos quatro naipes que se encontram diante do primeiro arcano, o Mago ou Bagatelo e relacionando-se e partilhando com justiça e coerência o Amor, inteligência e riqueza no que fizer, pensar e sentir não se deixando enfraquecer e manipular por tanta informação tendenciosa por tanta intencionalidade negativa.
Apoie e dinamize harmoniosamente as melhores interacções possíveis dos seres e coisas com os quais se relacionar e de modo a que a comunhão no Amor-Sabedoria do Campo unificado de energia-consciência comece a acontecer mais e o mundo Divino impere, sorria, dance ou estabilize mais em nós e em muitos seres... 
 
 Aspirando ou realizando já à contemplação infusiva dos níveis mais elevados de ti e logo do Cosmos, mantém a tua axialidade de ligações e interage em amor e justiça, compaixão e poder com todos os seres 
 Looking to the higher and divine realms, connected to them by the inner axis and the rod of justice, keep the world in harmony peacefuly and lovely by thy hand and thy heart...

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