quinta-feira, 11 de março de 2021

Dia de aniversário do heróico mártir Qasem Soleimani, com um vídeo de Soureh, قاسم سلیمانی تضادها

                          

Faz hoje, 11 de Março,  anos o heróico general iraniano Qassem Soleimani, embora apenas nos planos espirituais pois foi cobardemente assassinado com alguns companheiros quando acabara de aterrar no Iraque no dia 3-I-2020, convidado a negociar entendimentos diplomáticos com a Arábia Saudita. Nascera a  11 de Março de 1957 em Kerman, de uma família pobre de agricultores e foi subindo lentamente na vida à custa de muito esforço, sacrifício, coragem, visão e sabedoria, trabalhando em construções de barragens e irrigações, fortalecendo-se num ginásio e lendo e estudando com um religioso, Hojjat Kamyab, discípulo do ayatollah Khomeini, continuando ao longo da sua vida a ser muito religioso e místico, cheio de compaixão e amor, ora chorando ora se alegrando, ora adorando ora entusiasmando os que o rodeavam...

No coração, no amor, na ligação espiritual a Deus, corajosamente...

  Participou em múltiplas frentes de batalha ao longo da sua vida, destacando-se sempre pela sua coragem, sendo certamente um dos maior heróis das últimas décadas e, contra o que se pensa até, na salvaguarda da civilização, não só do Irão, Iraque e Médio Oriente, mas também da Europa, ao ter sido o principal estratega na derrota dos extremistas terroristas, como reconheceram no auge da luta os principais líderes mundiais e é hoje evidente a quem não está infectado pelos vírus do neoconservadorismo imperialista ocidental....

                                 

Infelizmente Donald Trump, Mike Pompeo, Mike Pence, Mark Esper, Benjamin Netanyahu, Mohamad bin Salmon, o Pentágono, e com a ajuda de alguns operativos das bases militares do imperialismo norte-americano adjacentes ao Iraque e Irão, decidiram assassiná-lo traiçoeiramente através de um drone, cobardemente portanto, e tornaram-se criminosos para sempre na História da Humanidade, enquanto Qasen Soleimani se ergueu a mártir e mestre da Humanidade, e certamente libertador da presença e influências criminosas da USA na região...

                              

                                           

                                       

                                             

                                          

Como serão castigados, tal como indica a bandeira vermelha do Amor e Justiça, como será a Justiça Divina e o karma deles não sabemos. Para já houve, 1º, uma pequena largada de mísseis no dia a seguir ao  funeral do general Soleimeni sobre duas bases norte-americanas no Iraque, deixando os responsáveis em Washington sem saber  o que dizer ou reagir, para além de encobrirem os efeitos humanos. 2º, vemo-los cada vez mais expostos nas suas mentiras e ganância imperialista, tanta vez criminosa mesmo apenas pelas sanções que estrangulam países algo mais socialistas como Cuba, Venezuela, Síria, Rússia e, claro, Irão. 3º, o mais evidente, Donald Trump perdeu as eleições presidenciais e com ele foram arrastados os republicanos que estavam nos altos cargos da Administração e entre eles os mais tenebrosos warmongers e criminosos,  tal Elliot Abrams (um dos dráculas da Venezuela) e Mike Pompeo, que publicamente em entrevista já confessara sê-lo, enquanto director da CIA.

Regressemos Soleimani, e alarguemos brevissimamente em meia dúzia de linhas o seu percurso de trabalhador, pai, religioso-místico (dotado do dom das lágrimas e da voz persuasiva), guerreiro, estratega, líder, protector dos oprimidos e dos órfãos, herói da nação e dos shias, e quem até hoje recebeu o maior funeral da História da Humanidade, com milhões e milhões de pessoas a acompanhá-lo, mais os seus companheiros, entre os quais poderemos nomear Shahrooz Mozaffarinia: 
  Milhões e milhões de almas em quem as forças anímicas de Qasen Soleimani estavam ou entraram, impulsionando-as no caminho da coragem luminosa pela Verdade e a Justiça, por uma Humanidade fraterna, solidária, e religiosa, ou seja, trabalhando pela religação ao espírito e a Deus....

  A sua filha tem dado testemunhos bastante inspirados, sentidos e valiosos...

Tendo entrado com 22 anos para os Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica, em 1979, começou por participar na guerra do Iraque de Saddam Husseim, apoiado pela USA e o Ocidente, em particular França, Alemanha e Inglaterra que fizeram bom dinheiro com armamento e agentes químicos,  contra o Irão, que durou de 1980 a 1988, com cerca de meio milhão de mortos no total. Soleimani destacou-se pela sua coragem e visão, e foi ferido até gravemente em Dezembro de 1981 na mortífera batalha de Tariq al-Qods,  e no fim era já um comandante de uma divisão e um líder.

                         

Em 1998 tornou-se o chefe das forças Quds, dentro dos   Corpos da Guarda Revolucionária Islâmica e passou a ajudar os Shias no Iraque, os afegões e norte-americanos (até George Bush e a Administração da USA, em 2002 considerarem o Irão como parte do "Eixo do mal", quando eles é que sempre o foram) na luta contra Al-Queda, e os libaneses contra a ocupação e ataque israelita. Em 2011 começa a ajudar o presidente da Síria Bashar Hafez Al-Assad a resistir ao ataque insidioso de rebeldes, terroristas, israelitas, sauditas, norte-americanos e NATO.

                         

Quando o exército norte-americano abria alas no Iraque a Qasen Soleimani, o heróico guerreiro e estratega da derrota da Al-Qaeda, apoiada por tantos países ditos civilizados...

                           

Em 2015, lidera (na imagem em oração nessa altura) a nova reacção síria face ao reaparecimento do terrorismo do ISIL em muitas zonas da Síria, desta vez já com a ajuda de Putin, com quem tivera um importante encontro em 16 de Dezmbro de 2015, que determinou de certo modo a salvação da Síria e de certo modo da Europa mediterrânica  face ao terrorismo. Não há porém fotografias desse encontro, na fotografia seguinte apenas se vendo Bashar Al-Assad, Putin e o general russo.                                         

Será ainda decisiva a sua participação na libertação de várias zonas da Síria que tinham tombado nas mãos sanguinárias e iconoclastas dos terroristas, nomeadamente terras curdas, em que shiaas e curdos unidos derrotaram o ISIL, e esteve presente nas importantes reconquistas de Tikrit, Fajhula, Jurf Al Sakhar, de certo modo podendo dizer-se que foi o libertador do Iraque. Mas, ironias do Destino, aquele que uma reportagem da suspeitíssima CNN apontava como o herói da derrota do ISIL, foi considerado terrorista e foi abatido traiçoeiramente pelos norte-americanos, os quais, graças à sua capacidade de imprimirem os dólares que querem conseguiram subornar muitos iraquianos, e ali estão eles a sugar o petróleo da Síria e apoiarem os terroristas contra os shias e o Irão. 

                                     

Mas certamente que a accção de Soleimani e seus companheiros, nomeadamente de Abu Mahdi al-Mohandes, o chefe iraquiano das heróicas Forças Populares de Mobilização, nos planos invisíveis e no interior de milhões de seresm dará os seus frutos e o imperialismo norte-americano e dos seus aliados terá de recolher ou aparar as suas garras e, quem sabe, transmutar-se, para o Bem da Humanidade e do Planeta...

                                     

                                         

                                     Veja o bom vídeo:

terça-feira, 9 de março de 2021

Uma biblioteca "romântica" do séc. XIX, dos prelos lisboetas da época, com alguns mantras mandalicos.

 As bibliotecas particulares reflectem muito os gostos e afinidades dos seus donos e as épocas em que eles viveram. Podemos encontrar algumas muito vastas nos temas representados, outras que são bastante especializadas em um ou dois temas. Em geral, são sempre vários e podemos nomear a  literatura, e as suas subdivisões de romances, contos, poesias, memórias, a história, a filosofia, o direito,  a ciência,  a etnografia, a medicina, a religião, etc.,  mas há que destacar frequentemente serem determinadas épocas ou regiões as que atraem mais uma pessoa e configuram a sua biblioteca e então temos as clássicas, as medievais, as do humanismo do Renascimento, a revolução francesa, o liberalismo, o orientalismo, o Egipto, a Índia, a Rússia, a Pérsia, o Brasil, etc., etc.

                         

Muito recentemente um amigo antiquário da rua de S. Bento, o Pedro Carvalho, com leiloeira online mais de coleccionismo e antiguidades (Bidantiques), recebeu uma biblioteca razoável e pediu-me uma ajuda na catalogação, o que fiz durante alguns dias. Ora ela,  sem ter mais do que umas poucas raridades, apresenta uma excepcional colecção dos romances de meados do séc. XIX, muito bem encadernados, dos "grandes" autores franceses (Lesage, Victor Hugo, Alexandre Dumas, Ponson du Terrail, Eugene Sue, Musset, etc.), mas também portugueses, espanhóis e ingleses, rocambolescos, bastante de capa, espada e amores.

Estes livros foram traduzidos e dados à luz nas profusas  pequenas tipografias lisboetas, facto que conheço há uns anos e me tem levado a recolher dados e a imaginar assinalar num mapa de Lisboa, com as suas ruas e casas,  todas ou muitas das tipografias, editoras e livrarias, que ao longo do século XIX e XX existiram, verdadeiros mas efémeros templos do conhecimento e da instrução, locais de culto e de cultura com tanta história fabulosa, hoje um milionésimo recuperável...

Quão surpreendente e instrutivo seria constatarmos como todas as ruas centrais ou nobres de Lisboa estavam atulhadas delas e como hoje as poucas que ainda existiam têm vindo a extinguir-se.

Mudam-se os tempos, mudam-se os meios de produção, as tecnologias, as mentalidades, os interesses e agora o capitalismo global não quer vender tanto cultura mas sim outros consumos mais mundanos ou do reino das aparências.

 Desta biblioteca destacam-se tanto as belas encadernações com ferros românticos dourados nas lombadas, muitas até com as iniciais do nome a fazerem de ex-libris no pé da lombada, como os multicoloridos papéis de fantasia que cobrem as pastas, já que são meias encadernações em chagrin ou carneira e, finalmente iconograficamente, os frontispícios e as muitas finas gravuras ou litografias que adornam as obras. E é mais isso que vou partilhar, com uma ou outra intervenção poético-espiritual minha, nos belos papéis de fantasia. 

                                       

Certamente que deveremos referir pelos conteúdos e a raridade a bela edição das obras completas de Alcipe, a Marquesa de Alorna, bem como as de Elpino Duriense, a 2ª edição de 1880 do icónico Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz, uns 10 volumes do Almanaque de Lembranças, viveiro de centenas de poetisas e poetas olvidados, o Elogio dos Reis de Portugal, do P. António de Figueiredo (do séc. XVIII), O Portugal na Balança da Europa, de Almeida Garret, as Mil e Uma Noites, com suas delicadas gravuras e, sobretudo, o monumental Minho Pitoresco, de 1887, mais de 1400 páginas e com belíssimas litografias de vistas do final do séc. XIX, hoje já muitas desaparecidas.

Deliciemo-nos com algumas imagens, de mais uma biblioteca,que, recolhida durante quase 200 anos, é agora dispersa ou partilhada para novos possuidores, que se alegrarão com as leituras, alegrando ainda todos os que possam estar ligados, potencial e subtilmente, a tanta obra semi-olvidada...