quarta-feira, 20 de maio de 2020

Da demanda espiritual por entre o espólio de Fernando Pessoa: um poema espiritual e rosicruciano, de Pedro Teixeira da Mota.

A minha peregrinação no espólio de Fernando Pessoa, na Biblioteca Nacional de Lisboa,  começou no ano de 1986 e foram três anos de muitas horas dedicadas a decifrar e a ler os seus papéis dispostos em pastas e que ia transcrevendo para um e depois dois cadernos, a que se juntavam fotocópias de numerosos documentos, em especial os mais difíceis e valiosos, resultando disso após moroso e amoroso trabalho a impressão de quatro livros de inéditos e vários textos e conferências. 
No ano de 2020, graças ao confinamento, pude ordenar melhor o imenso arquivo de escritos soltos, ou de diários. Ou então de cadernos temáticos, como esses dois dos documentos de Fernando Pessoa.
Ora por entre as transcrições de poemas ou sobretudo textos ocultistas, ia escrevendo algumas reflexões ensaísticas ou mesmo poéticas, de algum modo lançando as minhas flechas semi-poéticas e tentando sondar os mistérios do ser e da espiritualidade, em geral, em Fernando Pessoa, em mim, na Tradição Espiritual Portuguesa. 
No meio da tarefa de decifração e entendimento da opus pessoana, tais momentos auto-criativos eram como um súbito respirar por mim próprio, na elevação vertical que as minhas forças geravam em diálogo com a demanda de Fernando Pessoa e a Tradição Perene,  muito certamente sinais da comunhão no fogo comum que alimenta, inspira ou intensifica os peregrinos e espirituais. 
Eis um deles, embora a transcrição fiel de 2020 deu lugar a uma melhorada em 2021, como pode discernir pelas diferenças efectuadas:

«Participando da mensagem de Pessoa
somos então emissários dum Oriente oculto,
mistério traçado nas linhas invisíveis do futuro.
Acreditamos então na vida, este jogo sem fim de se erguerem
histórias contadas das dores e alegrias
sem fim do mundo,
Em nós então recuperando tábuas de salvação de comunhão.
Remos traçando rotas nos desertos das multidões de pensamentos,
Solitários  cavaleiros esquadrinhando horizontes infinitos,
sob a calma abóbada divina ora silenciosa ora esfuziante de sons.
Assim participamos nesta vida invocando a sagrada consciência,
esta chama que em nós relampeja e dá calor ao corpo e luz à vida,
e ousamos então ressuscitar nossas almas, séculos oprimidas,
levantá-las em comunhão com o que Pessoa revelou na intuição
de que afinal a demanda do santo Graal é aceitar de Deus o sinal
 da descida da luz poderosa, em nós subindo a gratidão amorosa.
Assim vivemos a Rosa da cruz, o Amor vencendo o sofrimento
Olhos irradiante para que os males sejam dissipados pela Luz,
Elevando-se o nosso ser à irradiação da Glória e do Amor Divinal.»


terça-feira, 19 de maio de 2020

Poesia da Natureza e do Espírito, com desenhos simbólicos. De Pedro Teixeira da Mota.

Nestes tempos de maior recolhimento, e logo de arrumações e ordenações de milhares de escritos, em papéis soltos por vezes com desenhos, gerados ao longo dos anos, alguns vêm ao de cima e pedem-me para os salvar do anonimato ou mesmo da destruição e lançá-los antes ao graal de almas amigas (e da posterioridade...), as quais poderão talvez recebê-los com algum benefício, tal como o de lerem (palavras e símbolos, estes algo subtis...) e contemplarem ou comungarem a mensagem poética, depositada tão fragilmente em papel azul leve mas contudo invocadora das potencialidades e perenidades de cada alma, na Unidade e no Infinito... 
                                        Aum... 1 à UM.....



«As poesias
Cantigas,
árvores e o vento
Lamentos da chuva.

Em cima da mesa a uva
E do tanque a frescura.

Passa a hora
na planície
E só o viajante passa
Está só de si mesmo
É parte do todo.»


"1 à Um"    "Viajantes serenos na Unidade de tudo"   *

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Uma oração espiritual ao Anjo da Guarda. Por Pedro Teixeira da Mota.

Santo Anjo da Guarda,
minha querida companhia,
dai-me firme a tua mão
para te sentir no coração.

Faz com que as tuas asas
e as infinitas de Deus
influam na minha alma
e a façam em paz brilhar
na aureola profunda
da comunhão constante
com a essência espiritual.

Ajuda-me a caminhar
com o bordão das virtudes
e no eixo dos mundos,
que tu conheces e mostras,
para que Deus esteja
mais presente em nós
e nos livre de desgraças,
pelo Amor invencível
do Bem e da Verdade real.

Saibamos erguer-nos da horizontalidade e comodismos, e erguermo-nos na espada ou vontade angélica, de abertura à comunhão com a Divindade!

quarta-feira, 13 de maio de 2020

"Réquiem", na editora Tartaruga. Poesia de Manuela Morais sobre os tempos actuais.

Acabou hoje de me chegar pelo abnegado carteiro mais um presente da Tartaruga, ou seja, foi dado à luz o último livrinho (in-8º de 38 p.) da apreciada editora alternativa Tartaruga, sempre com o seu grafismo e qualidade de papel de grande qualidade. 
E se muitos têm sido os autores publicados nos mais de oitenta títulos em carteira, este é mais um da autoria da própria fundadora da editora, a transmontana Manuela Morais, uma vida muito completa, licenciada em Literatura comparada, tendo acompanhado prolongadamente, ou vivido em amor e dedicação, dois grandes artistas Fernão de Magalhães Gonçalves, professor de literatura, leitor de português e grande amigo de Torga (sobre quem escreveu dos melhores ensaios) e, depois da sua precoce morte na Coreia do Sul, o escultor, pintor, medalhista e sábio da geometria sagrada Espiga Pinto, que passou a ser o ilustrador das capas e não só.
Este último livro tem ainda a actualidade de ter a sua génese na famigerada pandemia que tem perturbado bastante a vida e a morte de muita gente. É um canto da sua alma, simples mas sentido, de angústia e amor, de morte  e renascimento, e por isso foi gerado em verso e reverso: Réquiem e Canto da Alegria.
Tendo-me pedido umas palavrinhas para a contracapa, eis o que lhe enviei, e que ficou no meio das palavras de Cláudio Lima, Júlia Serra, e nas de dois amigos antigos e grandes Afonso Cautela, um jornalista pioneiro da ecologia e da saúde natural já a pendular nos outros mundos (e ver o artigo que lhe dediquei  https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2018/07/afonso-cautela-vida-e-obra-com-um-video.html, e, a fechar o canto laudatório, o Rão Kyao, sempre soprando a sua flauta tão religiosa como pacificante...
 «Requiem e Canto de Alegria. Estes curtos mas incisivos poemas reflectem uma viagem sensível da autora tanto no inferno das vidas abruptamente cortadas e para o mundo do além atiradas sem qualquer preparação e celebração, como no purgatório dos que vivos sofrem a doença, os confinamentos, os receios, as angústias. É um pequeno filme de uma cidade ocidental em quarentena perante um misterioso e muito destrutivo vírus. E contudo, com o passar do tempo, com as forças da primavera, com as vitórias de muitos, começa a soprar uma outra viragem na alma pela qual a autora passa a sentir o amor subtil e imortal que parecia para sempre desterrado, morto. Os últimos poemas são um canto à esperança e renascimento, à vida e ao amor, em especial à comunhão amorosa com o amado, mesmo que já partido para o além. Através destes poemas somos convidados a comungar no corpo místico da humanidade, pois onde há amor ai está Deus, a Unidade, e esta infunde paz e esperança em cada individualidade e em toda a Humanidade.» 
Por fim, fiquemos com o 17º poema dos vinte e um, e inspirações e realizações de Saúde e Força, Discernimento e Destemor, Luz, Amor e Paz!

segunda-feira, 11 de maio de 2020

O "imenso olhar" de Antero de Quental, nos sonetos de Carlos Eugénio Corrêa da Silva (Paço d'Arcos).

É na Visão imperfeita dum Parnaso cristão, dada à luz postumamente em 1932, prefaciada por Vieira de Almeida e dedicada a Ladislau Patrício (entre outros destinatários dos sonetos), que as primícias poéticas do malogrado Carlos Eugénio Corrêa da Silva (Paço d'Arcos) chegaram até nós, presenteando-nos com sonetos de profunda erudição e sensibilidade, embora talvez sem a fluidez musical que lhes poderia corresponder. 
 Era Carlos Eugénio um espiritual cristão, com algo de um místico medieval ou humanista mas com os anseios apropriados da modernidade, mormente na unidade entre o catolicismo e o paganismo, entre a civilização greco-romana e a ocidental cristã. 
Os 33 títulos dos sonetos dividem-se em 3 partes:
A I - Medalhas, subdividida em 3 capítulos, intitulados: De Delos ao Baixo Império (com 6 sonetos), Do Monte Cassino  a Versailles (com 4) e No Limiar do Mundo Moderno (com 11). Algumas grandes almas greco-romanas são invocadas e homenageadas, tais como Eneias, Cícero e Marco Aurélio, mas também locais, tais como Beja, onde uma jovem grega Nike recebeu versos exarados no seu epitáfio e que anunciam os de Camões a Inês de Castro.
A II - Impressões de Viagem contem sete sonetos, sobre S. Tomé e Príncipe, Barcelona, Lago de Lugano, Alentejo (2) e castelo de Marvão.
A parte III e última, Folhas da árvore da vida, tem quatro conjuntos sonetos, com títulos bem significativos, o último A uma rapariga linda e doente, composto no sanatório Sousa Martins na Guarda, contendo três sonetos, belíssimos, trágico, pois narra, já condenado pela tuberculose (o mal do século, sobretudo nos poetas) o enamoramento breve pelo seu "anjo de caridade",  e como a mão da Maria Celeste F. apoiou-o e com bálsamo precioso ungiu seu corpo e  alma, preparando-o para o Morrer é ser iniciado, que a Antologia Palatina dos gregos, Antero de Quental e Fernando Pessoa tinham afirmado e escrito. 
 Fotografemos a página intervencionada do terceiro e último soneto e transcrevamos os dois tercetos finais dessa dedicatória final, e com votos que no mundo espiritual se tenham reencontrado : 
«Deus há de coroar tua fronte formosa
Pois bálsamo trouxeste ao pobre Prometeu
Agrilhoado ao leito, à noite dolorosa.
 
 Onde vou? Ninguém sabe. À Morte? À vida? Ao céu?
Quiseste ser p'ra mim a aurora luminosa
De um dia mais feliz que nunca amanheceu.»

Depois desta contextualização, bem pequena para a imensa sensibilidade e erudição de Carlos Eugénio, depois de anotarmos que em 1931 a imprensa da Universidade de Coimbra dava à luz a antologia dos seu textos em prosa, de doutrina ou sensibilidade católicos, a Jornada de Um Crente, vindo a publicar-se depois ainda a Vita Brevis, com prefácio de Joaquim de Carvalho, transcrevamos, dessa II parte onde Antero ombreia com as outras referências de Carlos Eugénio, tais como Schiller, Bethoven, Chateubriand, Vigny, Psichari, Teresa de Brunswick,   o belo e sábio soneto dedicado a Antero de Quental:
«O Divino Platão disse a um filho errante:
Hoje reina a Matéria! O Espírito morreu!
Mas quem pode esquecer que eu transportei ao céu
A subsistente ideia em seu fulgor brilhante?

Na Grécia rica em luz em meu poema distante
Um pensamento eterno ao jovem mundo deu.
«Vai tu lampeão acesso em denso véu
Falar no Pensamento ao mundo agonizante!»

Assim falou Platão... E Antero do Quental
(Era ele o filho errante) ao mundo gasto trouxe
Um pensamento expresso em estilo de cristal.

Ébrio de soluções, no Oceano embrenhou-se...
A dúvida afogou-o. Em parte o mal.
Ergueu o imenso olhar. Faltou-lhe a fé. Matou-se.»
 Muito belo esta ligação, muito evidente, entre Antero de Quental e Platão, e implicitamente com Sócrates, com quem aliás Antero até se comparou no sentido de ser mais um dialogante que um escritor e, quanto a mim, por terem sido dois mártires do conhecimento e do amor, Logos. Na Grécia eles tinham elevado o pensamento até ao mundo arquétipo ou das Ideias, mas como agora a matéria triunfava cada vez mais sobre o espírito, era preciso um novo cavaleiro andante (ou "filho errante") e por isso Antero de Quental enviado à Terra com missão elevada.
Todavia, com mil hipóteses diante de si, ébrio do vinho do conhecimento das grandes questões e soluções, as dúvidas, o mal e a falta de fé acabariam por o fazer sucumbir e mata-se.
Este diagnóstico é correcto, em parte ou na totalidade?
Parte de um observador imparcial e conhecedor dos problemas em causa, ou há algum tingimento da sua religiosidade católica.
Que se inebriou, sobretudo em Coimbra, das mil soluções filosóficas sociais e religiosas que se agitavam nos ares europeus, certamente. Que tenha perdido algum tempo nisso, mais do que seria desejável, bem possível. Que tenha enfraquecido e adoecido, em parte também por isso, certamente possível também, pois desgatara-se ao não estar a cumprir a sua vocação mais alta, que no caso seria a de que o mestre Platão lhe destinara...
As dúvidas e a falta de fé, enfraquecem-no? Em parte, certamente, embora elas possam ser estímulo a trabalho mais intenso, como Antero exprime na sua evolução de cosmovisão nos Sonetos e como compreensão filosófica espiritualizante que se confirma nas Tendências Gerais da Filosofia na segunda metade do século XIX, dada à luz uns meses antes de morrer.
Quanto ao mal, eis uma acusação quase, complexa, pois como um dos sucessores de Antero de Quental, Fernando Pessoa, se afirmava no último poema da Mensagem na mesma época de Carlos Eugénio Paço d'Arcos, ninguém sabe o que é o bem e o mal. Mas admitamos que Antero tenha namorado ou cultivado demasiado tempo o pessimismo, o niilismo, a morte e por isso se tenha deixado enfraquecer na sua solaridade espiritual, contribuindo para uma diminuição de forças psico-somáticas e até de fé e vontade de prosseguir a sua demanda.
Mal por oposição ao Bem, não. Antero foi nesse aspecto um santo, sempre lutando pelo bem do próximo, pelo bem da humanidade, crente nas forças positivas e de uma humanidade melhor. A sua ampla correspondência é um testemunho notável disso e constante ao longo de toda a sua vida.
Mal físico? Esse, provavelmente sim. O desarranjo psico-somático enfraqueceu-o demasiado e sentiu-se sem forças ou já sem missão para continuar na terra. E logo, "samuraicamente", matou-se.  
Ficaram a sua poesia amorosa e revolucionária inicial, e, como Carlos Eugénio realça os seus sonetos cristalinos, numa sua dura e sentida pesada travessia do das correntes do pensamento da época, que culminam em cinco ou seis sonetos, tais como o Mor-Amor, Com os Mortos, Comunhão, Solemnia Verba e Na Mão de Deus, pois, como diz bem Carlos Eugénio Corrêa da Silva, Antero de Quental era um "lampeão acesso",  dotado de um "imenso olhar"
Todavia, talvez, apesar de tudo, Platão e Sócrates estivessem ao seu lado quando acabando de se matar se viu num além diferente do que pensara. E a própria mão de Deus, na sua luz dourada, recebesse o seu puro e atribulado coração-alma em sangue, quem sabe se até pouco depois com as suas crianças adoptivas, tragicamente atingidas, chorando e rezando por ele com capacidades intercessoras. 
E depois, a sua legenda dourada, com tantos anterianos tecendo considerações valiosas sobre a sua vida, obra e morte, com o decorrer do tempo no além, ele próprio já não apenas como coração cansado descansando nas mãos de Deus, se tornasse o espírito, filho de Deus, mais consciente desta verdade e das realidades correspondentes, lá no céu das Ideias, onde certamente sorrirá, lampeão de olhar imenso, a estes pensamentos e sentimentos tanto do Carlos Eugénio Correia Marques como meus e  seus, leitora ou leitor.
Foram dois seres unidos  numa comum aspiração amorosa e gnóstica, em ambos mais ou menos meteórica e um pouco infausta, mas certamente ao nível de alma de grande luz e perenidade.
Muita luz e amor em Antero de Quental, e em Carlos Eugénio Corrêa da Silva e sua Maria Celeste, e para nós, nesta comunhão no corpo místico da Humanidade.

domingo, 10 de maio de 2020

Yoga e a Índia em Portugal. Ensinamentos na década de 1980.

Ños anos 80, depois de ter estado dois meses e em seguida um ano na Índia, praticando os vários yogas e aprendendo com mestres e em ashrams, ensinei yoga esporadicamente em Gilde (S. Torcato, Guimarães) e Braga, com regularidade em Lisboa, Évora e Covilhã e sobretudo no Porto, no restaurante macrobiótico e centro alternativo Suribachi, à rua do Bonfim, ainda hoje em actividade, e onde antes de mim estivera a ensinar o Carlos Hargraves. Além das aulas, meditações, diálogos ou satsangas e idas à Natureza, dava umas folhinhas com ensinamentos tradicionais e dos mestres que conhecera, com  o esquema da sequência das posturas e práticas nas aulas e com explicações de espiritualidade e yoga.  
A Manuela, o Miguel Canelas e eu, na muralha do castelo de Guimarães.
As aulas continham uma síntese, um graal, de Raja Yoga, na linha de Yoga Vedanta e do que aprendera na Índia com mestres e instrutores, e dos ensinamentos dos livros de Agni Yoga, mais o que ia descobrindo.  Ensinava sob a denominação Agni Raj Yoga.
Na quarentena de 2020, pondo os milhares de livros, imagens e papéis em ordem, encontrei  algumas folhas e vou transcrever uma, com acrescentos ou explicações entre colchetes:
                                      Textos sobre Yoga.
Das Upanishad (2.000. A.C.) [Embora os Vedas tenham começado a ser compostos oralmente nesse período, as Upanishads, que fazem parte dos quatro Vedas,  começam a surgir por volta do séc. VIII, a.C.]
- Conduz-nos do irreal ao Real [Verdade], da escuridão à Luz, da morte à Imortalidade. [Asatoma sadgamaya, Tamasoma jyothirgamaya, Mrithyorma amritangamaya.   Proveniente da Bṛhadāraṇyaka Upaniṣad (1.3.28.), recentemente traduzida por António Barahona, e que é muito utilizada como oração yogi.

- O Conhecedor [o que adquiriu o conhecimento verdadeiro] é feito de fé, de verdade, de exactidão recta de majestade - e de Yoga (a sua alma).
- O corpo humano é um carro puxado por cavalos indisciplinados (os sentidos), que o cocheiro (o pensamento) não consegue dirigir. A alma - atman - embarcada nesta corrida para o precipício sofre, a menos que o Yogi abra a sua inteligência intuitiva do coração à luz de Atman...
- Aquele que sente em si a necessidade de saber, o desejo de salvar-se (mumuksa) possui já em si o sagrado Atman a agir para a sua libertação. 
- Diz-se que o Espírito humano pode ter dois aspectos, o puro e o impuro. Este quando se é escravo do desejo, puro quando está livre do desejo. É o pensamento a causa do cativeiro ou da liberdade dos humanos. Se apegado aos bens deste mundo conduz ao sofrimento, mas livre desta ligação conduz à libertação. É só quando o espírito humano está livre de todo o apego que conquista o auto-domínio e que extinguindo [silenciando] o pensamento atinge o estado supremo [Ou uma certa comunhão com o Espírito]. Mas enquanto a instabilidade reinar no seu coração longos serão os esforços para a realização. Conhecimento (Jnana) e Meditação são estes esforços. É preciso portanto combinar  a prática atenta de Yoga com a enunciação da sílaba secreta OM, cujo silêncio final se dirige para o Ser. Quando o adepto reconhece que ele próprio é  Brahman, ele realizou-o para sempre. 
[Esta identidade de atman (espírito, ou o ser em nós com Brahman, pois haverá só este Brahman, Divindade, Espírito Abslouto, ou Eu, é a visão e realização Advaita (ou não dual), de muitos yogis e filósofos. Já outros, onde me incluo, são Dvaita, dualistas, sentindo ou realizando que são duas realidades verdadeiras  mas diferentes, o espírito individual (atman ou jivatman) e o Espírito Absoluto, Atman ou Brahman]. [Assim hoje a afirmação final seria assim redigida por mim:  Quando o praticante toma consciência da sua ligação com o Espírito (atmam) ou com a Divindade (Brahman), obtém uma certa realização luminosa, mais ou menos profunda e duradoura.]
***
[Citações de Mestres] Contemporâneos:
Sri Yogi Jnana Sidha (mestre do Kavi Yogi Shudhanana Bharati): -Yoga é sentir na alma a unidade embraçante [envolvente] de Deus.
                                   
Sri Yoga Shudhananda Bharati (um dos mestres com quem vivi mais tempo e me iniciou, em Ram Nagar, Madras): - Procurai a companhia dos grandes seres (satsanga) mas sede vós mesmos.
- Elevai-vos acima das personalidades até ao Eu impessoal que está no vosso coração. Sede sempre centrados em Deus.
- O Yoga estabelece-te dentro de ti mesmo, independente dos outros. 
***
Sri Yogi Vidwans (um dos mestres que me iniciou, sendo yogaterapeuta em Wardha): Através das cinco Yamas [As cinco observâncias de Raja Yoga: Satyam, a Verdade, Ahimsa, a não-violência, Astheya, o não roubar, Aparigraham, o desapêgo e Brahmacharya, o controle da energia sexual],  reduzem-se as tensões sociais e a cooperação e simplicidade generalizam-se. A dedicação de tudo ao Divino  (Iswara pranidhana) é habilidade de estarmos conscientes da sua Presença.
O Guru (Mestre) é o que destrói as trevas. O que vira as almas para a luz.
 O Yoga ajuda a despir-nos das malhas que nos puseram em crianças e torna-nos seres livres.
***
Sri Morya: Agni Yoga [O mestre que teria inspirado o ensinamento de Agni Yoga ao casal russo Helena e Nicholai Roerich, este um fabuloso pintor, como vemos na imagem. Estive no local onde ele viveu em Naggar, Kulu Valey, e correspondi-me com o filho Svetoslav.] 
Hagia Sophia e a bandeira da Paz: a religião, a ciência e a arte em triangulação no círculo da cultura
- «Eu proteger-te-ei com um capacete de fé, uma armadilha de devoção e um escudo de vitória. Mas na bandeira estará inscrito: Amor - O Conquistador. 
- A transmutação da consciência é a substituição da memória pela compreensão do Espírito, envolvendo todo o ser como um chama.
- Notai o efeito do pensamento de matar e acção de matar no espectro da aura. Os resultados serão idênticos.
- O Mundo inteiro está dividido por uma linha de fronteira dentre o bem pessoal e o bem geral. Quando agimos na esfera do bem geral e temos motivos sinceros, então por detrás de nós acha-se toda a reserva das acumulações cósmicas.
-A Fé em si próprio e a procura da Verdade criam a Harmonia.»
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Saudações aos que buscam.
Ligação para esclarecimentos: Sri Pedro
Quinta do Gilde. S. Torcato, Guimarães. T: 42875 (de Braga).»

sábado, 9 de maio de 2020

Os Anjos, quem são e o seu relacionamento connosco. Texto e vídeo.

A pequena gravação nocturna (que encontra no fim desta introdução) de uma leitura e comentário de duas páginas de um livro-santinho dos começos do séc. XX, francês, é uma pequena homenagem aos Anjos e à bela tipografia devocional francesa do século XIX, contendo algumas indicações, tradicionais e minhas, de como melhor entendê-los, senti-los, amá-los e assim nos relacionarmos.

Na verdade, o nosso Anjo da Guarda quer e gosta de inspirar e até envolver-nos e penetrar-nos, desde que nós o invoquemos com sentimento, ou mesmo ardor-amor, e perseverança, e merecendo-o por uma vida activa e ecológica, luminosa e amorosa, conscientes que somos seres espirituais e peregrinos na Terra para cooperar num plano cósmico seja de desenvolvimento das nossas potencialidades psíquicas e espirituais, seja de realização e libertação espiritual, e que se manifesta numa melhoria das pessoas amigas, ambientes e sociedade, para que haja mais religação com o mundo espiritual, seja nas suas qualidades e virtudes, seja com os Anjos e Arcanjos, os mestres e santos e santas, e a Divindade.
 Momentos diários de maior sintonização com o Anjo da Guarda ou com os Anjos e com o mundo espiritual, seja por orações e mantras, meditações ou contemplações são bem importantes para nos aproximarmos, interiorizarmos e elevarmos. E assim podermos com eles comungar com os nossos sentidos espirituais, em especial a visão e o coração, mas também, embora mais raramente, o tacto, o olfacto e a audição.
A oração tradicional: «Anjo da Guarda, minha doce companhia, guardai a minha alma, de noite e de dia», presta-se a muitas variantes, de acordo com o nosso sentir interior, e graças à criatividade nossa espontânea pode até surpreender-nos em variantes.
A contemplação de alguma imagem angélica num dos pequenos altares que tenhamos em nossa casa ou local de trabalho é também bastante útil não só para nos concentramos através dela, como para criarmos vibrações e ligações subtis tanto na imagem como no local, que de algum modo estimulam a nossa ligação aos Anjos e à Divindade.
Quanto aos nomes dos Anjos para cada dia, isso é uma invenção tola, de magia e de ocultismo muito tingidos de comercialismos e, portanto. quando vir algum livros com essas tabelas já sabe que é mistificação originada no Renascimento e da Cabala e sobretudo desenvolvida no ocultismo francês, do século XIX. Escrevi uma revisão crítica de cerca de 30 livros sobre Anjos, ajudando as pessoas a discernirem melhor as diferenças entre as patranhices e mistificações, de que Haziel e Doreen Virtue   foram dos últimos protótipos, do que é ora estudo e pesquisa séria ora verdadeira experiência interior. E eis a ligação para tal: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2017/08/livros-sobre-anjos-os-melhores-e-os.html
 Para finalizar esta introdução, lavrada qual vagalume sob uma manhã chuvosa e melhorada já numa noite outonal, lembremos que acima do nosso Anjo da Guarda está o Arcanjo de Portugal (ou do Brasil, ou de que país se for), o qual não é o Arcanjo Miguel, como muitos iludidos, ou tentando iludir, propagaram e ainda propagam e que, se trabalhamos bem e o invocamos meditando, por vezes podemos merecer a sua bênção ou, como se diz na Índia, a luz colorida e amorosa do seu darshan, ou visão e graça...
Muitas luz e amor, gratos, para eles, e para todos, na invocação da graça Divina, para que ela seja mais cultivada, cultuada e merecida em nós e para a harmonia e paz no mundo...