domingo, 29 de novembro de 2015

Marcha pelo Clima. 2015, Lisboa. Imagens de almas, aspirações e dinâmicas...


Um pensamento que explica bem a causa principal da degeneração climática e bastante do sofrimento humano: o Sistema mundial  implementado por interesses económicos e de poder anti-humanos.
Outra das causas certamente intensificadoras da destruição dos ecosistemas e do corpo e da mente humana.
Se tiver tempo para ler, melhor...
Embora o saber ocupe lugar, e há muita informação que visa destruir o seu discernimento, saber dos perigos que nos podem cair em cima é importante para podermos dar a resposta correcta: Não ao TTIP...
Olhai os lírios dos campos mas também das cidades, tão simples mas tão perfumados,...
Uma das causas do aquecimento global e que certamente será debatido mas pouco controlado pelas grandes potências reunidas na cimeira de Paris, já viciadas no entanglement do Sistema, subtil, hipócrita, incapaz de se gerir pelo Bem Comum a longo prazo...
Vários grupos de activistas destacavam-se na distribuição de informação clarificante, tais como sobretudo o  Não ao Tratado Transatlântico,  a Acção Directa de Portugal. o www.cowspiracy.com, embora também estivessem presentes Green Peace, Quercus e o Stop Monsanto Portugal 
Começo da marcha, a sair do Martim Moniz, pelas 15:30. Talvez umas 800 pessoas
Os medos que os meios de informação e o Sistema procuram fomentar nas pessoas devem ser bem discernidos e evitados. Não veja televisão e leia o menos possível de jornais, tão vendidos e logo manipulados... Seleccione as fontes de informação pela net, conforme a sua sensibilidade e procura de Verdade

Uma das distribuidoras da resistência ao Tratado Transatlântico:
através do site www.nao-ao-ttip.pt procura-se atingir até 8 de Junho, data de decisão dos algo morcónicos deputados da UE, os dois milhões de assinaturas, que talvez lhes abram as consciências e não se deixem corromper tanto pelos interesses norte-americanos, que não são mesmo nada os dos habitantes da Europa como muitos continuam a crer...

Arte, simplicidade e globalidade...
Uma crítica muito fundamentada (não fundamentalista...) aos problemas causados pelo consumo de carne ou mesmo do leite estava bastante presente, em especial pelo grupo acção directa, com página no Facebook: accaodirectapelalibertacaooanimal
Certamente que os céus estarão mais azuis e harmoniosos se as aspirações destes poucos seres presentes na manifestação alastrassem a outros corações e causassem as necessárias transformações planetárias...
PAN  e o MAS foram os dois únicos partidos políticos que estiveram representados, pelo menos com bandeiras
A gente jovem predominava, o que é muito bom sinal, embora gente mais experiente, onde pontificou o arquitecto João Reis Gomes, 78 anos de defesa do Ambiente com Gonçalo Ribeiro Teles, Afonso Cautela, Delgado Domingos...
O futuro que se quer ecológico e biológico, harmonioso e feliz






As roupas, as cores, as florese não só as palavras de ordem e amusica,  também têm a sua importância na vibração que uma marcha ou manifestação causa nas pessoas e no Cosmos...

Cruzamentos na Almirante Reis, e neles entramos nós constantemente, seja nas decisões que temos de fazer como nos pensamentos e estados de alma que deixamos ocupar a nossa consciência e ser, só algumas vezes sendo os melhores para a harmonia planetária.


A Terra, se pudesse, vomitaria selectivamente os piores seres, ou as mais destrutivas e poluentes fábricas, e melhoraria rapidamente o seu estado e logo o da Humanidade...


Rastas, gratas, pois não havia rastos químicos nos ares



Chegada à Fonte Luminosa
Sabermos discernir a complementariedade dos diferentes tipos de caminhos para o Bem comum e luminoso


Podia ser Berlim ou Paris, mas não vínhamos apenas do Martim Moniz.

Agora que um governo de unidade de esquerda tem algumas das rédeas do poder esperemos que os lobies das grande companhias e corporações não continuem a fazer tábua rasa dos princípios éticos e ecológicos



Intervenções ecológicas


Stop Monsanto têm feitos progressos, mas muito há ainda a fazer para deter tal destruidor do planeta e da humanidade
Leitura poética de um texto irónico da exploração que o Sistema mundial capitalista e manipulador, liderado peloa USA, tenta impor ao mundo, não só pela destruição do Médio Oriente e o apoio ao terrorismo sangrento mas agora atambém com o TTIP.   www.nao-ao-ttip.pt


Várias gerações, uma mesma alma da Humanidade harmoniosa latejando nas suas ondas e vibrações 
O reino canino, mais ou menos evoluído e e quase individualizado esteve bastante presente, com alguns cães a ganharem os prémios dos mais conscientes e, quem sabe, candidatos a passarem a humanos numa próxima vida...
Uma das fotógrafas mais activas e lúcidas da marcha, em movimento para a fonte da Natureza Una
Os dois jovens oradores, a alma feminina foi certamente mais afirmativa e impressiva.
Encontro no ínício da marcha com o arquitecto paisagista João Reis Gomes, que fez comigo metade da marcha e que me passou o manifesto alternativo de 1974, subscrito e redigido pelos sábios ecológicos de então, ainda hoje muito actual.
Aqui fica para a história, via net...

João Camargo faz a sua concisa intervenção
Ana Cristina Figueiredo, uma das consciências mais lúcidas e ecológicas  da manifestação, 20 anos na Quercus, mas agora já de fora.
Bons diálogos, seguindo-se um jantar num restaurante oriental, Darshan Nepal, bem simpático, com o nutritivo menu de espinafres, o saag panneer, por 5 €
Quando o repuxo começou a funcionar, já ao anoitecer, uma outra energia regeneradora se formou, fazendo um bom fundo para a música boa que se foi ouvindo. 
Última imagem, com um lema que deveria ter trazido mais almas portuguesas à marcha...

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Nuvens e rastos químicos de aviões fortes do dia 24/11/2015

Riscos de aviões ou rastos químicos sobre os telhados matutinos
Riscos ou ondulações sobre a árvore que ao Sol aspira...
Que tipo de céu, de ideias e de ideais queremos sustentar, para que objectivos, principios e seres nos erguemos diariamente?
Fotografias quase mediunicas...

A rosa da esperança e do amor ainda pode ser encontrada e apoiada
Sinos que tocam e levam mantras ou ladainhas nas suas badaladas
Convergências, irradiações. O que entra e sai de ti?

Qual Via Láctea efémera...
Linhas de horizonte, Palácio da Pena ao longe
Jactos que quase esbarravam... Serão turcos ou norte-americanos?
Escavações numa falésia e templo consagrado a Apolon e a Diana...



A aspiração ao alto, ao sol, à Divindade é a base essencial ao crescimento de todos os seres...
Núpcias celestiais
Uma casa encantada, com certeza... Fadas e ondinas, tritões e sereias nos sonhos surgirão...
Expandir a alma espiritual...
Diálogos ou Uniões subtis...
Uma costa até agora relativamente preservada de desastres ecológicos, ao contrário da Galiza ou, há poucos dias, tremendamente, o Brasil, desde a barragem da criminosa Samarco, em Mariana...


No coração do conglomerado brilha um deva





Taças ou asas, corações que diante ou nos vastos horizontes se erguem ao Divino...
Templo do Sol e da Lua, harmonizar e unir as polaridades
Sobre o Oceano profundo e sob o vasto céu enovoado, os livros oferecem-se...
Nuvens impressivas sobre Lisboa. Saibamos cumprir as nossas missões com pontualidade, coragem e generosidade

domingo, 22 de novembro de 2015

Da Tradição Espiritual Portuguesa: VITRIOL. Vídeo de uma oratio ou improviso invocativo e partilhante. 22-XI-2015.

                                                         
Pequeno improviso sobre a Tradição Espiritual Portuguesa, ou da Lusofonia, e algumas das suas raízes matriciais, características, elos e práticas, em especial a ligação com o elemento terra, e logo com Tellus, a Dea Mater, a grande Deusa...
Devido ao pano de fundo, um desenho para um livro de crianças maravilhoso, houve um maior realce da famosa injunção alquímica ou iniciática: VITRIOL, ou seja, desdobrada: Visita interiorem Terrae rectificando invenies Occultum Lapidem, Visita o interior da Terra e rectificando encontrarás a Pedra Oculta», com ligações à Natureza, ao elemento terra e à arquitectura, pelo que não houve uma proporcionada menção na Tradição espiritual portuguesa e também brasileira da presença e culto dos outros elementos, tais como a água, o ar, o fogo e o éter, ou ainda à música e à poesia, estas tão importantes ora na captação ora na estimulação e transmissão de conteúdos importantes da manifestação cósmica e Divina na nossa Tradição Espiritual e para o nosso despertar em corpo, alma e espírito flamejantes. Encontrará porém tal noutros artigos no blogue e noutros vídeos...
                       

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Tarot, arcano X, a Roda da Fortuna.. Imagens arquétipas, símbolos energéticos, iniciações conscienciais.

    O arcano X, a Roda da Vida ou a roda da Fortuna, no Tarot, ou em cada de nós e em cada país, mostra-nos que ela está alinhada com o  Destino, ou o que se entende por Karma, acção-reacção de múltiplos factores interdependentes, mas também com o Dharma, da tradição indiana, a ordem e providência Divina e os seus agentes mais conscientes.
   A personificação da Sorte ou da Fortuna, ou das alternâncias dela, teve ao longo dos séculos várias avatarizações ou corporificações, seja na filosofia e literatura seja nas representações artísticas e iconologia e a ideia básica foi ora a periocidade ora o acaso dos acontecimentos na vida.
Os símbolos principais mais conhecidos ou utilizados foram o da mulher ou a deusa com os olhos tapados em equilíbrio instável sobre uma esfera e ao vento, indicando-nos que não podemos contar sempre com a Fortuna ou a boa Sorte e que ela é instável. Ou que é preciso uma grande arte para fluirmos harmoniosamente ao longo de toda a peregrinação terrena...
                                         
Das imagens femininas da deusa Fortuna destacam-se os olhos tapados significando com isso um aspecto positivo, a imparcialidade, e não tanto a cegueira em relação aos méritos e deméritos da vida de uma pessoa ou das energias visíveis e invisíveis que nos rodeiam Mas certamente também essa venda pode significar um sinal da súbita envolvência dos seres individuais inocentes em karmas colectivos que parecem mesmo apontar para uma Providência cega, uma Fortuna desafortunada a ceifar vidas em vez de ser a derramadora da cornucópia da prosperidade e felicidade a que todos os seres inatamente aspiram. 
                                         
Associada à ideia da Providência Divina, a Fortuna foi perfeitamente aceite pelos filósofos religiosos (nos cristãos destaca-se pioneiramente Boécio) que vêm uma Ordem Divina no Universo e assim os cultos exteriores pagãos à deusa Fortuna acabariam por ser para os teólogos menos dogmáticos ora exterioridades superficiais ora sinais de agradecimento ao bom funcionamento da Ordem do Universo e à roda da vida.
Esta concepção ou talvez mesmo visão de um plano divino em acção deve estimular-nos a trabalhar e a viver correctamente e a estarmos atentos a cada momento da vida para o tornarmos não só interactivo correctamente com o ambiente e as energias em acção, mas até no conseguirmos chegar ao centro, o centro tanto da roda e como do nosso ser, que já não é tão afectado pela ciclicidade ou periocidade da vida, inevitável no seu ritmo de polaridades, estações, ciclos, dores e prazeres, dia e noite, juventude e velhice.
                                            
No Tarot, que aparece como um jogo, os Trionfi, nos meados do séc. XV na zona da Itália nos ambientes das cortes cultas ou humanistas, com aproveitamentos de ensinamentos mediterrânicos do Egipto, Grécia, Médio Oriente e Oriente, e que se vai sintetizar nos 22 arcanos actuais pela primeira vez por quem nós não sabemos em Itália, encontramos na versão francesa de Marselha, já do séc. XVII, uma roda com seis braços e uma manivela, estando dois animais agarrados a ela, entre o cão, o lobo e o macaco, onde um sobe, agarrado por um nó que o apanha no pescoço e nas orelhas ponteagudas, com roupas azuis e vermelhas no tronco, enquanto o que desce fá-lo com uma saia apenas e com uma face bem mais humana, ambos com as caudas esticadas, o que parece um contra senso para quem desce. Esta cauda esticada pode significar que mesmo nas descida ou dificuldades devemos lutar ou abrir-nos às energias do céu ou dos planos subtis e espirituais para nos apoiarem ou nutrirem. É o caso do corona virus que precipitou muitos seres na parte debaixo da roda e que se devem virar para o sol e a vitamina, D, o zinco, o dióxido de cloro e outros ingredientes de alimentos, plantas e medicamentos (tal o Ivermectin) para nos ajudarem a fortificar o sistema imunitário e vencermos rapidamente os sucessivos vírus como uma gripe passageira...
É misteriosa esfinge quem preside no alto da carta, com uma espada na mão, embora com um manto alado avermelhado onde deveriam estar as asas da esfinge, e uma coroa amarela das energias psíquicas em acção ou da coroa do desabrochar do chakra do cimo da cabeça na sua abertura à confiança, às intuições, aos guias e mestres, ao Anjo e à Divindade. 
                                          
A Esfinge do mistério do conhecimento da Realidade, é uma depositária da memória e assim com justiça rege através da comensurabilidade do esquadro e do compasso o Universo relacional dos seres e neste mosaico de Roma antiga vemos a roda da vida, da morte e do renascimento, e sobre ela a borboleta da psique, como que batendo as asas a partir da roda do Dharma e do Karma, a missão e a lei da causa do efeito, pois cada acto ou pensamento tanto nos sub-animaliza e coisifica, como espiritualiza e imortaliza, nos prende ou liberta....
                                                              
Os que sobem e os que descem, os arrogantes que são rebaixados e os humildes exaltados, a vida dos humanos com as suas loucuras e harmonias está então contida no grande corpo da Alma do Mundo, que tem nos níveis mais elevados a Providência Divina, a Haghia  Sophia, mas nos mais baixos as opressões, guerras, crimes e devemos saber circular nela com a visão plena e a acção justa, sabendo ainda recolher-nos ao centro dela... 
                                      
A versão do Tarot do ocultista inglês vitoriano Arthur Edward Waite já inclui no quatros cantos das lâminas os quatro elementos, evangelistas e signos. Quem segura a espada é mesmo uma esfinge egípcia e quem circula na roda é o chacal Anubis e quem desce é a serpente Aapep. A roda já está no ar, mais cosmicizada que no medieval de Marselha, e nela há os típicos acrescentos dos novecentistas ocultistas bastantes mistificadores, bastante ingénuos no seu superficial entusiasmo universalista, ou mesmo manipuladores de correspondências de símbolos alquímicos, astrológicos e letras ocidentais e hebraicas. Vê-se ainda o nome Taro, e o de Deus Ihvh apontando para o centro e fonte do Universo.
                                         
Através desta versão moderna, a Roda da Vida e da Fortuna pode ser sentida como o microcosmos que cada um de nós é perante sucessivas esferas e ambientes macrocósmicos e que devem ser vividos sob a sintonização e a inspiração das Três Graças (mães, mestras e anjos), o aspecto fecundante e amoroso das três Parcas, e que fadam auspiciosamente cada ser na suas boas intenções e esforços.

São meios de nos abrir para a possibilidade de recebermos da Mãe Natureza, do Eterno Feminino, e dos corpo místico da Humanidade na Alma do Mundo, ou Campo Unificado de consciência energia, as inspirações e energias capazes de nos fortalecerem nesta época difícil para que a tessitura económica e social mental de Portugal não seja demasiado destruída por medidas de contenção, controle e opressão exageradas ou erradas e que tanto têm estado a favorecer as grandes oligarquias que tentam controlar manipuladora e opressivamente as liberdades fundamentais dos seres, de facto muito apoiadas pelas instituições políticas e os seus agentes, quando o que nós precisamos é de verdade, de justiça, de paz e de psiques fraternas, luminosas e amorosas...

sábado, 7 de novembro de 2015

"Caim", de José Saramago, e a luta por um Cristianismo mais verdadeiro.

                                                                     
                                             CAIM, CAIM, de José Saramago...
O livro Caim, de José Saramago, dado à luz em 2009, bem como algumas das suas posteriores afirmações, originaram uma polémica na qual têm intervido escritores e políticos, teólogos e cristãos por inúmeras razões, das quais, a meu ver, as não menos importantes são as relacionadas, 1º, com o Deus do Antigo Testamento, pois será ele o mesmo Deus que o Deus (Pai) de Jesus e, 2º, com o possível erro do Cristianismo primitivo, e do nascente Catolicismo Romano, de colarem, à Torah, passando a ser chamada Antigo Testamento, o ensinamento de Jesus, sob o nome de Novo Testamento...
Será que a Bíblia ainda deve ser aceite no seu todo como verdade, se está repleta de imaginações desequilibradas, certamente não inspiradas por Deus, qualquer que seja o sentido que lhe atribuamos, e ainda por cima tendo sofrido ao longo dos séculos, e sobretudo no início, bastantes alterações e manipulações?
Se os próprios judeus hoje em dia quase só lêem e consideram como sagrados os cinco livros da Torah, o Pentateuco, e repudiam totalmente o Novo Testamento, não será porque sabem que são incompatíveis?
Aliás, Jesus apelou mais de uma vez para que se deixasse a Lei exterior, e se passasse para a lei ou frequência vibratória do Amor e da Graça, interior, consciencial, livre. “Disseram-vos, ouvistes, mas eu digo-vos...”
A uma sociedade feroz e, apesar de pretensamente eleita por Deus, jamais pacificada ou convertida à piedade religiosa, e por isso só semi-controlada por tabus, prescrições e mandamentos, Jesus exemplificou e propôs a conversão e o despertar interior, a relação íntima e piedosa com Deus,  a oração e a vida justa e  amor ao próximo..
O ensinamento ou filosofia de Jesus (philosophia christi, lhe chamava Erasmo) era realmente o da libertação dos seres e não o da manutenção de tantas servidões como as que já existiam, com a Lei, os Mandamentos e a caterva de prescrições: o reino dos Céus é o mundo espiritual, bem como a centelha divina que está presente no interior de cada ser, a qual deve ser redescoberta no nascer de novo, e aprofundada pelo estudo, o trabalho, o amor e a compaixão  a fim de ser partilhada e comungada com os outros.
Contudo, com o tempo, o Catolicismo romano tornou-se talvez excessivamente o herdeiro do Judaísmo e do imperialismo Romano e só 
aqui e acolá, num ou outro místico, num ou outro ser verdadeiramente santo ou santa, missionário e servidora, é que sobreviveram os verdadeiros ensinamentos e até os estados conscienciais e espirituais de Jesus, e que eram e são os mais elevados da Tradição espiritual da Humanidade, em certa medida também realizados nos Mistérios antigos e no Oriente.
Na história do Cristianismo, o dogmatismo, a violência, a Inquisição, a venda das indulgências, a censura e repressão da liberdade do pensamento, o luxo e o poder do papado ou de certos eclesiásticos representavam a antítese do ensinamento e consciência de Jesus.
A ausência de experiência espiritual ou de ligação íntima à Divindade, o que era o essencial para Jesus, são frequentemente características dos católicos ou evangelistas, para não falarmos de seitas modernas tais como as Testemunhas de Jeová ou da Igreja Universal do Reino de Deus, completamente manipuladas e alienadas em crenças exteriores e dependências de pastores exploradores e ignorantes.  
Crê-se ou acredita-se no que não se compreende ou  é mesmo absurdo, e cumprem-se os preceitos, assiste-se ou participa-se nas cerimónias ou cultos, mas há pouca interiorização ou relação com o Espírito da Verdade que Jesus procurou fazer sentir e revelar aos que o acompanhavam, e que recomendou e prometeu aos que seriam seus discípulos, pois as pessoas sujeitam-se antes à lavagem ao cérebro que ora padres ora sobretudo pastores e vendedores de banha de cobra pregam...
Criaram-se dependências de intermediários, seja dos padres e pastores, mestres, santos e canalizadores, seja das peregrinações, esmolas, indulgências, dízimos, e pouquíssimos conseguiram ou conseguem verdadeiramente unificar, aprofundar e expandir a sua consciência e aproximar-se e intuir o espírito e Deus.
Para isso muito contribui o “creio mesmo sendo absurdo”, e tanta enfabulação e miraculização que se fez no Antigo e no Novo Testamento e que, ainda que com sentidos também simbólicos, acabam por ser lidas e compreendidas literalmente, como se tudo tivesse realizado na realidade física.
E se em criança tal ingenuidade crente é natural, quando adultos já não temos desculpas de nos mantermos com um atestado de menoridade na testa.
Na realidade, à força de tanto se ouvir ou aceitar histórias impossíveis ou  mentiras
piedosas, as pessoas continuam crianças, relaxam a sua lucidez, a corda do arco que deveria buscar o alvo da verdade, tornando-se desistentes ou mesmo hipócritas, divididas entre o que tem de acreditar e o que no fundo já não acreditam, sobretudo no desempoeirado e tão globalizado séc. XXI, na terceira década ainda mais desencantado com tanta manipulação de narrativas oficiais e obrigatórias...
Razão têm então os que querem deitar abaixo esses falsos ídolos, essas concepções absurdas, violentas e limitadas que enxameiam a Bíblia e acabam por desfigurar os mistérios tão insondáveis por si e dificultar a tão necessária auto-realização espiritual. Entre eles conta-se José Saramago, que o tem feito com motivações e modos discutíveis (com todas as limitações da sua personalidade e de uma educação e cultura integral insuficiente), mas inegavelmente meritórios por provocarem o debate, o diálogo, o espanto, a interrogação, a indignação, o riso...
Como comunista, ateu, jornalista e sobretudo como romancista distinguido com o prémio Nobel, a sua participação na constituição da mentalidade colectiva portuguesa não se pode negar ou recusar, ainda que certamente se possa ou deva discutir, como aliás algumas das intervenções nesta polémica deixaram entrever, embora em geral as respostas que se têm ouvido dos seus adversários sejam mais emocionais, pessoais ou demasiado alinhadas ou mesmo patéticas, poucas se elevando às profundezas e alturas das questões que os livros ditos sagrados, as religiões, o espírito e Deus envolvem e exigem...
Não se trata porém de meras patetices, nem do retomar das críticas dos jacobinos do séc. XIX à Igreja o que está patente no livro e na polémica, como alguns disseram, mas uma ousada e divertida crítica ao Deus do Antigo Testamento e que no fundo faz parte de um vasto anseio da Humanidade de tentarmos clarificar e melhorar a nossa concepção de Deus e portanto do ser humano, já que se crê ser ele feito à Sua imagem e semelhança...
Cada vez mais se torna evidente, no séc. XXI da globalização e do desenvolvimento científico, técnico e mediático (ainda que desde 2021 cada vez mais tragicamente manipulado e oprimido), que as religiões terão de deixar de considerar sagrados e inspirados divinamente e logo obrigatórios vários aspectos ultrapassados, infantis, violentos ou absurdos. “Para um Cristianismo mais adulto ou verdadeiro”, poderia ser o lema ou a bandeira da batalha mais urgente que os cristãos e o Papa deveriam empreender, numa visão ecuménica e fraterna, dialogante e complementar com as diversas perspectivas e vivência das religiões, ciências e filosofias.
Assim, qualquer embate com as estruturas e mentalidades erradas e por vezes tão caricaturais e demoníacas das religiões, ou qualquer trabalhador que venha ajudar a deitar abaixo esses papões, é bem-vindo, e é o caso de José Saramago, pois como Jesus já disse «a messe é grande mas os operários são poucos», Lucas 10:2. Claro que devemos saber compreender o que se deve abater ou corrigir, melhorar ou preservar, num trabalho para um colectivo ou gerações sucessivas, e qualquer franco-atirador trará inevitavelmente consigo sempre limitações e poderá ocasionar feridas ou ofensas. Contudo, ainda assim, devemos saber ouvir o "espírito da verdade" soprando de onde quer que venha, diminuindo ou derrubando muros e dogmas, pois, tal como Desidério Erasmo clamou nos prefácios às suas pioneiras edições do Novo Testamento, Jesus queria que a “Filosofia de Cristo”, a sua mensagem libertadora e espiritual, fosse ouvida, vivida e aprofundada por todos.
Caim, de José Saramago, é assim inegavelmente uma divertida e bem imaginada revisitação de algumas histórias de uma personagem dessa imensa manta de retalhos que é o Antigo Testamento e que, na sua maior parte, se presta a grande críticas pela sua violência e fanatismo.
                                             
 De facto, a Bíblia é uma história mal contada, ou se quisermos, um amontoado de histórias, relatos e ensinamentos e mitos, tirados daqui e de acolá (tal como da Mesopotâmia, a Babilónia, a Pérsia e o Egipto), com valores desde os mais violentos e absurdos aos mais sublimes e compassivos. Atribuir contudo a Deus, o que foi produto de gerações sucessivas de homens do Médio Oriente, é um absurdo no séc. XXI. De nada serve chamar à colação os Estudos bíblicos que até alguns portugueses têm realizado nos seus quartos em Jerusalém. Ou reagir pateticamente em nome do respeito que José Saramago deveria ter para com as crenças dos outros. Ou ainda, clamar a exclusividade da Igreja em comentar ou interpretar a Bíblia.
Quer queiramos ou não, o ateu José Saramago trouxe uma pedra valiosa para o templo humano ao divino e para a busca da verdade em Portugal, ao tentar diminuir a alienação de tanta gente causada pela Bíblia (com as suas várias versões...), com tantos absurdos e manipulações, ainda hoje tida como divina, mas frequentemente transparecendo uma concepção tão limitada e violenta de Deus que claramente não era a de Jesus nem será a mais adequada aos nossos dias.
Talvez venha  o dia  em que dentro da Igreja-Assembleia dos crentes ou conhecedores, brote
um movimento de síntese para um Cristianismo adulto, não-violento, espiritual e ecuménico, livre das contradições insanáveis do Antigo Testamento, antes pleno do espírito, da verdade e do amor que foi e é o ensinamento ou Boa Nova, Evangelion, de Jesus, na imagem numa pintura de Bô Yin Râ...