domingo, 4 de outubro de 2015

Das nuvens, dos sonhos e dos votos. Acordarmos para as vermos, ou porque elas nos chamam?

Subitamente de noite acordo e não sei mesmo porque saí do sono e dos sonhos, pois deitara-me há quatro horas e pouco. Mesmo assim estou desperto e vigilante. Encaminho-me para a janela, abro-a e vejo que as nuvens estão muito perto da terra, desceram sobre nós, e penso que a ausência do Sol que as aligeiraria é determinante nesta sensação de possibilidade de elas quase roçarem as copas das árvores trémulas ou mesmo as nossas mãos e almas em aspiração. 
Assisto admirado e entusiasmado a uma cavalgada poderosa  em laivos amarelados e esbranquiçados, ou negros acinzentados, de nuvens rápidas, ora leves ora cheias, ora calmas ora tempestuosas.
Terei sido acordado por mim, por aspectos dos sonhos ou pela minha alma-espírito consciente do que se passava, ou terão sido as nuvens que conseguiram introduzir-se no ambiente do meu sonho, ou então nas vibrações da minha aura, convidando-me a presenciá-las no mistério nocturno de que se revestem majestosamente, talvez para transmitirem-me não sei que energias?
O vento que as sopra, também a mim debruçado ao máximo na janela, me move e refresca e dá-me forças para poder ler depois as páginas de um livro que de outro modo não seriam lidas e comentá-las em sementes de artigos ou de livros futuros, nesta continuidade da sabedoria perene que tanto amo...
                                
Sim, as nuvens e a brisa entraram mesmo dentro de mim e agora a chuva e o vento que se derramam no ar e nas frinchas da casa são recebidas sossegadamente, clarificantemente, somos conhecidos, amigos, somos Um...
E em dia de eleições, o pouco que nos resta de participarmos e vagamente alterarmos ao de leve a marcha desarvorada dos fracos políticos que em geral nos desgovernam, há mesmo que acolher e atravessar os ventos e as chuvas que as nuvens derramam e por fim, por entre a floresta do alheamento mais profundo, depositarmos o nosso voto livre e libertador e avançarmos na nossa demanda luminosa...
Fotografia de Jeannie Adams... Graças...
Vote bem...

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Aniversário de Mowlana Rumi. Birth day of Rumi. Bilingual celebration. Com poemas de Rumi

Aniversário de Mowlana Rumi. Birthday of Rumi. Bilingual celebration...
 
Ó tu, Rumi, mestre do amor ardente,
recebe de nós estas chispas de nossos corações
e que elas sejam como que raios de estrelas
na noite escura do nosso afastamento.
 
O you, Rumi, master of the fiery love,
receive from us these sparks from our hearts
and may they be like rays of stars
in the dark night of our estrangement.
 
                                                              
"Iran and the rest of the world are commemorating National Mowlavi Day to pay tribute to the renowned 13th century Persian poet on his birthday anniversary and to invoke his blessings for spiritual upliftment of mankind
Mowlana (Mowlavi) Jaleleddin Mohammad Balkhi, known as Rumi in certain countries, was a poet, Islamic scholar, theologian and mystic, full of God realization. He was born in Balkh (in Persia, but now part of Afghanistan) and passed away in Konya, now Turkey, where his body was laid to rest.
                                                         
Túmulo de Mawlana Rumi em Konya. Visitei e meditei nele, no meu regresso por terra de uma peregrinação a Índia. Forte.
Every year, Iranians hold ceremonies in different cities across the country, including the capital, Tehran, to pay homage to the world-famous literary figure. Similar ceremonies are also held in other countries, including Turkey, specially in Konya, and Tajikistan. Mowlavi is better known for his magnum opus, Masnavi, which contains a great number of stories and anecdotes of diverse styles and is considered by many to be one of the greatest works of Persian literature. His second best known work is Diwan-i Shams-i Tabriz which is named in honor of his master Shams. The major work is a collection of poems, including couplets, quatrains and ghazals, a form of poetry full of the fulness of Love.
                                                 
Mowlavi’s poems have been widely translated from Persian into many of the world's languages. In 2007, the United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) named 2007 as the year of Mowlavi in honor of the Persian poet's outstanding achievements. In 2015 we are praying that is presence in the souls of many will lead mankind out of misery.» Article from Press.Tv, from Iran, remixed by me...
                                                               
Comemora-se hoje no Irão e em todo o mundo culto e oculto o dia de anos de Mowlani Rumi, ou Jalal ad-Din Muhammad Rumi, o grande místico e poeta do Amor total, divino. Parabéns... E que continue a inspirar muitas pessoas e a ser um verdadeiro mensageiro subtil da Paz, do Amor e da Divindade...
                                                        
Eis uma tradução minha de um seu poema, a partir de versão francesa, acerca da realização espiritual estar acima das regras do senso comum:
"Por vezes o meu estado assemelha-se a um sonho,
E este meu sonhar parece a outros infidelidade.
Sabe que embora os meus olhos estejam semicerrados, o meu coração está desperto.
O meu corpo, apesar de descontraído, está pleno de energia.
O Profeta disse: "Os meus olhos dormem
Mas o meu coração está bem vivo com a Divindade."
Os vossos olhos estão abertos mas o vosso coração está demasiado adormecido.
Os meus olhos estão fechados, mas o meu coração é uma porta aberta.
O meu coração tem cinco sentidos dentro de si mesmo.
Estes sentidos do meu coração vêem os dois mundos.

Que uma pessoa cheia de dúvidas como tu não me censures:
O que que é uma noite para ti é um dia pleno para mim,
O que é para ti uma prisão é para mim um jardim.
O que é uma trabalheira para ti é uma alegria imensa para mim." 

Outro poema de Mawlana Rumi:
«Diz-se que a flauta e a lira que encantam os nossos ouvidos
Derivam a sua melodia da musica das esferas celestiais...
Mas a fé amorosa, ultrapassando os muros das especulações
Consegue ver o que dá a doçura a cada som dedilhado.

Nós, fragmentos do Ser Humano Primordial, ouvimos dele
O canto dos Anjos e dos Espíritos Celestiais elevados.
A nossa Memória, apesar de pesada e turva, retém
Algum eco desses acordes maravilhoso não terrestres.

Oh a música é o alimento de todos os que amam
A musica eleva a alma para os níveis superiores.
As centelhas brilham, os fogos latentes aumentam,
Ouvimos e intensificamo-nos com alegria e paz. "
Poema de Rumi cantado por Sina, no youtube. Basta clicar para  ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=QAUquX-cWr4
                                                           
Be in peace and feel more in thy heart the presence of the luminous spiritual being, Love and whatever from the Divine Being...

domingo, 27 de setembro de 2015

A Biblioteca Real da Ajuda, e os seus cimélios, e um concerto medieval, 26-IX-2015.

Entremos no santuário real da Ajuda, num dia aberto e com maravilhosa música, pois a cultura dos Livros antigos e de sua sabedoria é benéfica para o corpo, a alma e o Espírito, conforme o  livro que publiquei recentemente e que certamente gostaria de estar entre estes seus antepassados, "Da Alma ao Espírito"
Aprofundemos as dimensões dos sentidos e da alma, nossa e dos livros...
Os instrumentos musicais e de leitura rodam, tangem e tocam harmoniosamente as estrelas e as almas
Frontão do palácio, qual frontispício da unidade da polaridade complementar, coroada ao alto
Tocai-nos, empunhai-nos, deixai as nossas mensagens entrarem em vós
Corações ao alto
Mestre Alexandre Herculano, bibliotecário fundamental, génio do local. Quantos investigadores inspirará?
A leitura profunda e sentida de bons livros leva-nos ao 7º céu
Quando a banda desenhada personalizada sobre pergaminho e em cores preciosas singrava nos Livros de Horas, cadências ritmadas de leituras de orações pela salvação das almas que ainda hoje nos encantam
Certamente o livro mais precioso da biblioteca real da Ajuda, uma recolha de poesia medieval galaico-portuguesa, em escrita iluminada do início do XIV, sobre pergaminho e em estado muito perfeito embora sem as notações musicais:  o Cancioneiro da Ajuda, contendo 310 cantigas trovadorescas galaico-portuguesas.
Todos nós fazemos plantas de estantes, divisões ou bibliotecas, exteriores ou interiores, onde os melhores livros possam ressaltar para os nossos olhos e almas: eis a planta da divisão e arrumação de livros temática da biblioteca do palácio da Ajuda.
Subir aos céus pelas escadas dos livros é sem dúvida excelente para as energias anímicas se moverem também psico-somáticamente
Outros níveis da biblioteca, nos quais presentimos presenças ou olhares invisíveis, aqueles que por vezes tocam ou sonorizam-se subtilmente e nos inspiram...
Uma oficina de iluminuras, organizado pelo Palácio e a Universidade Nova, para crianças, teve bastante sucesso e permitiu uma iniciação ao livro antigo para muita alma sensível, assim bem semeada...
A super-informação que estaciona na terra e nas almas: 150:000 livros, desde o séc. XV...
Frontispicio ou portada de uma obra de um paracelsiano, com o carimbo da Real Biblioteca
Do Espírito santo, que frequentemente a letra mata...
Encadernação quinhentista, simple e bem antiga
O paraíso para qualquer alma amante dos livros, ou da página do Facebook: Do Amor e da leitura dos Livros, Books lovers, Aimer les livres...
Luís de Camões, sem musas visiveis e de costas para as Tágides, deve sentir alguma aspiração a que as suas "Rimas" tão amorosas, inteligentes e neo-platónicas sejam mais lidas e decoradas, como se devia ensinar mais nas escolas: "de-cor, do coração", criar uma memória íntima, imortal e imortalizante...
1ª edição das Meditações de Renato Descartes, com um pequeno aviso que este livro só pode ser lido por poucos e robustos. Talvez por isso Antero screvesse nas suas seminais "Tendências Gerais da Filosofia...:" O cogito ergo sum não é somente a carta de alforria da inteligência moderna: estabelecendo a absoluta unidade e autonomia do princípio pensante, estabelece implicitamente a unidade do mundo pensado (que a física cartesiana, reduzindo a matéria à extensão, afirmava ainda por outro lado) e leva forçosamente à conclusão da «identidade do ser e do saber», assim como à da autonomia de um universo que, análogo no fundo ao espírito, só pelas suas ideias imanentes existe e se governa». Revista de Portugal, nº 7. 1890.
Ferro de gravação da oficina de encadernação da Ajuda. Já sabe quando o vir num livro num alfarrabista ou leiloeira pode ter quase a certeza que a encadernação é de proveniência palaciana ou real da Ajuda
Cunhos, sinetes, ferros da oficina de encadernação 
As energias psico-espirituais puras das crianças levam-nas a realizar as melhores posturas que os ambientes reclamam
Quais nereidas navegando firmes no mar rico de tantas correntes e potencialidades: que sejam felizes leitoras e escritoras...
Pequena cronologia das vicissitudes da que foi a tão famosa Biblioteca Real Portuguesa
Recantos românticos e calmantes, por quanto olhos admirados e algusn livros assimilados...
Tantos tesouros encantados a chamarem por leitores, tantas almas capazes de se aperfeiçoarem e iluminarem pela leitura
Tecto rosado em tromp-oeil, em analogia com o dito "o amor é cego mas clarividente"
Inicio do concerto medieval: a Ana Raquel Baião Roque e o André Sousa Marques, almas luminosas com excelentes vozes...
No youtube, canal Pedro Teixeira da Mota, pode escutar todo o excelente concerto...
Da perfeição e do aperfeiçoamento, ou da arte inspiradora
Um concerto visto dos bastidores bibliotecários, ou não o seja eu tantas vezes na vida...
Embora faltando o clarinete, o grupo manifestou a sua grande qualidade e encantou
Harpas douradas, setas apontadas ao alto, aspiração das almas 
                                                       https://youtu.be/lpRaRKz6k2U
O excelente violinista Henrque Mendes, missão cumprida, com alguns acordes dignos da melhor poesia não só galaico-portuguesa como persa.
Das almas amantes dos livros e bibliotecárias
O derramamento das graças liberalmente.
O tecto em hexadecágono, 16 faces ou o octógono duplicado, beatificante....
Ser generoso é sempre frutuoso para todos e é mesmo um sinal do poder divino passar em ti...
Para estares mesmo grato, ou para o Universo estar-te grato, tens de desenvolver a força inteligente e devota do elefante, ou a  compaixão do pelicano que alimenta os seus filhos com o seu próprio sangue...
No regaço, a cruz da Ordem de Cristo, sinal da Ordem Espiritual de Portugal a que todos podemos pertencer...
O galo que vence as trevas e anuncia o resplendor do sol ou do Divino, deve estar sempre em cima da torre de vigia da alma
Regressemos à selva, à floresta do alheamento, ao jardim mágico, e saibamos cultivar as cores e aspirações do Outono...