Subitamente
de noite acordo e não sei mesmo porque saí do sono e dos sonhos, pois deitara-me há quatro horas e pouco. Mesmo assim estou desperto e
vigilante. Encaminho-me para a janela, abro-a e vejo que as nuvens
estão muito perto da terra, desceram sobre nós, e penso que a
ausência do Sol que as aligeiraria é determinante nesta sensação de possibilidade de elas quase roçarem as copas das árvores trémulas ou mesmo as
nossas mãos e almas em aspiração.
Assisto admirado e entusiasmado a uma cavalgada
poderosa em laivos amarelados e esbranquiçados, ou negros acinzentados, de nuvens
rápidas, ora leves ora cheias, ora calmas ora tempestuosas.
Terei
sido acordado por mim, por aspectos dos sonhos ou pela minha alma-espírito consciente do que se passava, ou terão sido as nuvens que conseguiram introduzir-se no ambiente do
meu sonho, ou então nas vibrações da minha aura, convidando-me a
presenciá-las no mistério nocturno de que se revestem majestosamente, talvez para transmitirem-me não sei que energias?
O
vento que as sopra, também a mim debruçado ao máximo na janela, me
move e refresca e dá-me forças para poder ler depois as páginas de um
livro que de outro modo não seriam lidas e comentá-las em sementes
de artigos ou de livros futuros, nesta continuidade da sabedoria
perene que tanto amo...
Sim,
as nuvens e a brisa entraram mesmo dentro de mim e agora a chuva e o
vento que se derramam no ar e nas frinchas da casa são recebidas
sossegadamente, clarificantemente, somos conhecidos, amigos, somos
Um...
E em dia de eleições, o pouco que nos resta de participarmos e vagamente alterarmos ao de leve a marcha desarvorada dos fracos políticos que em geral nos desgovernam, há mesmo que acolher e atravessar os ventos e as chuvas que as nuvens derramam e por fim, por entre a floresta do alheamento mais profundo, depositarmos o nosso voto livre e libertador e avançarmos na nossa demanda luminosa...
Fotografia de Jeannie Adams... Graças...
Vote bem...
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