Que a tua alma no além seja rapidamente harmonizada pelos bálsamos e arco-íris dos Anjos e da Divindade
A meditação da morte sempre foi recomendada pelos espirituais em todas as tradições, pois com ela aprendemos o despreendimento e identificamo-nos mais com o nosso ser espiritual e o seu corpo próprio que vamos talhando ao longo da vida. De igual modo as orações pelos mortos surgem quase todas as tradições e assim quando alguma pessoa amiga parte devemos renovar essa meditação e oração para aprofundarmos tal mistério, germinarmos suas sementes e flores odoríferas e irradiarmos assim centelhas de luz e de amor que iluminem e aqueçam quem partiu e nós próprios, evocando-se ainda as bençãos espirituais e divinas sobre todos, pois cada meditação é sempre reflexiva, espelhante, interconectante entre o que está em baixo e o que está em cima, entre o nós e os outros...
Neste sentido no fim deste texto vão algumas orações e indicações, num video gravado hoje de manhã, pouco depois de ter sabido que uma amiga (Maria João), após doença ou diminuição já suficiente, partira...
Na verdade, todos devemos tentar viver o melhor possível para que a morte venha na altura certa e conseguirmos dizer: “eu sei aceitar a morte, mesmo se tiver que ser voluntária por alguma causa ou por coerência. Pois a morte é uma libertação, em que deixamos o corpo e as limitações terrenas e passamos a respirar e a evoluir num mundo mais luminoso e espiritual…”
“Saberei ou sei atravessar os purgatórios e purificações e entrar nas ondas dos mundos subtis e espirituais, quando vier a morte e seja despenhando-me de uma altura considerável, seja voando para a Divindade, estarei em calma ou em máxima intensificação energética, arrancando o corpo espiritual do físico, quem sabe numa sensação talvez conhecida daqueles que já se lançaram em pára-quedas e de repente sentem o esticão e aí estão eles a flutuar num novo corpo semi-alado, uma oval transparente de miríades de ondas e partículas de luz e e de cor..."
Assim é o nosso corpo psico-espiritual, com o qual viajaremos pelos mundos subtis após a separação do corpo físico. E se não nos acontece mais em vida terrena a consciência da experiência de sairmos do corpo terreno (ainda que algo fique nos sonhos, como a descida a pique, de elevador, ou em saltos e voos) isso deve-se à agitação da sobrevivência, à dispersão informativa e manipulada e à excessiva identificação corporal que nos impedem de estarmos mais firmes e fortes conscientemente como Eu no corpo espiritual, seja nos gestos e actos do quotidiano, seja nos diálogos e meditação, seja já nos sonhos e, por fim, quando morrermos fisicamente e partirmos renascendo espiritualmente...
Por isso, por vezes, a morte é antecedida de sofrimento despojador e libertador mais ou menos prolongado, para que a alma se desprenda dos seus apegos e saiba estar mais nua e em maior aspiração à Paz, ao Amor, à Unidade (até com os que já partiram...), à presença pura Divina, à identificação com o seu próprio Espírito...
A morte libertadora e para o Alto apontada é o desenlace natural de uma vida mais ou menos harmoniosamente trilhada, e devemos então estar sempre preparados
para a enfrentarmos corajosa e luminosamente, não nos deixando abraçar por medos ou míticas figuras mas antes nos elevando qual chama alada, ave misteriosa ou companheiro dos Anjos...
Claro que as nossas orações, meditações e ligações verticais ao longo da vida são sempre influenciadoras dos seres que poderão aproximar-se mais de nós quando partirmos da terra física e passarmos por um entorpecimento e neblina intermediária e pelos reajustamentos das consciências e memórias ou impregnações cerebrais, oníricas e espirituais, até estarmos e entrarmos mais consciente e clarividentemente nos mundos psico-espirituais, na chamada Terra Lúcida pelos Persas antigos... Mas, certamente, sabemos ainda muito pouco da vida já fora da incarnação terrena, por isso o que podemos mais fazer é viver harmoniosamente, meditar bem, cuidar e meditar dos que vão morrendo e invocar e evocar os que imortais nos amam e nos podem inspirar, de amigos e antepassados aos mestres e Anjos, ou mesmo às faces e Sol do Amor da Divindade...
Desafios para que o nosso coração arda mais luminosamente e vença a ignorância e os apegos e assim a nossa consciência se polarize mais no seu centro espiritual...
O Anjo da Guarda emerge do fundo negro da nossa quase inconsciência e cegueira, ou da noite imensa da Vida, ou das trevas da não-manifestação, num eixo luminoso e amoroso de múltiplos fios e canais para a Divindade e no Cosmos. Quem ama o seu Anjo da Guarda (ou quem o quer conhecer mais...) deverá durante o dia tentar ligar-se com ele e assim reforçar os fios e canais de ligação. Ou intensificar a frequência vibratória comunicativa, de modo a possibilitar uma maior aproximação a ele, uma melhor sintonização e unificação... O estado da relação com esta dimensão não é tão fácil de se ver como está e por que modos melhor se realiza, não só por depender de toda a vida harmoniosa e ética que conseguirmos desenvolver mas sobretudo por se passar ao nível invisível da alma, e se a fé e o amor bastarão para muitos acreditarem que estão com o seu Anjo, outros já tentarão destrinçar melhor o que se passa, tanto mais que há dois níveis em acção: tanto o vertical de ligação e intensificação sensível ou intuitiva ao alto, e portanto de apelo orante ou meditante, como também o interior da memória que nos relembra e potencializa para a acção-meditação a partir das suas experiências.
Este esforço de reminiscência ou rememorização do que já vivenciamos aguça tanto a nossa aspiração e fé como a nossa atenção concentrada, apelante, clarividente, pondo-a de algum modo, ou sintonizando-a, em moldes psicomórficos (isto é, de imagens de formas, com forças ideias psíquicas) já experimentados, ou se quisermos, pondo-nos numa ressonância vibratória mais acertada ou adequada, tanto trazendo ao de cima as nossas informações e vivências angélicas, como atraindo novas... Daí a importância de tanto lermos e ouvirmos informações verdadeiras (e há muitíssimos livros de anjos cabalísticos e outros, que em grande parte se baseiam em meras repetições de esquemas inventados no final do séc. XVIII ou nas efabulações "nova-era" superficiais), como sobretudo de perseverarmos nas nossas próprias orações e contemplações que, partindo do nosso interior, abrem e renovam as ligações, e orientam o nosso foco da luz da atenção para o interior alto subtil onde o Anjo vive, de modo a que possamos melhor senti-lo e ouvi-lo, vê-lo e amá-lo...
Quem ora e medita, estuda e labora, e vive harmoniosamente, recebe a visitação do Anjo de quando em quando...
Assim a experiência-memória torna-se mais do que uma referência: é uma vivência germinante, uma janela reinvocadora e uma sensibilidade intensificante da percepção subtil da sua proximidade, sobretudo a trabalhamos na oração ("procurai e pedi") mais demoradamente. O Anjo da Guarda desvenda-se então como o nosso guia e protector sempre que é mais necessário, e surge ora como a consciência da nossa totalidade, desde os ossos até aos raios ou asas e ao ambiente e grupo em que estamos como, finalmente, Ele próprio, mensageiro do Ser Divino, nosso amor e mestre, tão próximo e tão subtil...
Nosso ser angélico, nosso guia peregrínico, alma gémea sonhada, avistada e amada. Saibamos esforçar-nos por merecer a Tua graça!
Ensinamentos das nuvens e do Céu, neste fim do dia 2 do 2 de 2015...
Nestes dias chuvosos, nos quais linhas e panos sucessivos de nuvens cinzentas adensam os horizontes físicos e etéricos, e logo influenciando os psíquicos ou estados de alma, convém estarmos atentos às abertas que subitamente se produzem, e em especial no pôr-do-Sol, quando a magnanimidade da Inteligência Divina dispôs o Microcosmos terrestre de tal modo ordenado em Beleza que as cores do ocaso do Sol nas nuvens possam de algum modo intensificar a nossa alma, tingindo-a do rosa do Amor, do dourado da glória e adoração Divina, do azul e anil do infinito, ou mesmo agraciando-nos com o subtil e raríssimo raio verde da esperança (já romanceado por Júlio Verne) também sentido como o esmeraldino da Divindade (nomeadamente na tradições Persa e Islâmica) e causador de grande e fulminante alegria e exultação na alma de quem o consegue contemplar...
Mas para além deste banho colorido, que tanto o nascer-do-Sol como o pôr-do-Sol permitem, e que há milénios é praticado por tantos povos e tradições, com efeitos tanto terapêuticos física como energética como psíquica e espiritualmente, nem que seja por nos relembrarem as cores da nossa alma espiritual e dos mundos subtis, que comunga assim, ainda que em geral algo inconscientemente, ou por nos fornecerem alguns raios directos aos nossos chakras ou centros energéticos subtis, há outra realidade bem mais importante a sintonizarmos e invocarmos que é o do Céu ou Espaço que se encontra acima das nuvens, sejam elas mais cinzentas e pesadas da chuva (fecundadora...) seja das nuvens coloridas ou mesmo modeladas em formas e mensagens, pelo acaso ou por nós, pelos espíritos da Natureza, os Kami, os Anjos e Mestres, que nos tocam e que em tantas fotografias e textos tenho partilhado na página grupo do Facebook, "Nuvens e céus de Portugal."
Segue uma pequena recolha de imagens, nada de extraordinário, para relembrar que no simples e no cinzento, no frio e no Inverno, com aspiração e discernimento, coração e orientação, podemos abrir ou manifestar mais a Luz e o calor do Amor...
Lisboa, neste dia 2 do 2 de 2015, simbolicamente no Tarot, da Natureza Feminina e Pontífice, ou da Dualidade complementar para a Unidade, ou como a Natureza é um livro aberto para quem a contempla amorosamente, ou ainda, e chega, como a Natureza que nos contém e sustenta é ainda o melhor espelho, livro e janela para a Divindade...
Abertas sobre o rio e sobre um dia muito nebuloso, ou como o azul do céu imenso permanece por detrás das sombras e ocultamentos que as vicissitudes do tempo e da fortuna, da saúde e do amor nos causam, temporariamente...
O pôr-do-Sol faz-nos erguer do trabalho ou ocupação para contemplarmos as cores que nos vêm refrescar e entusiasmar, aquecer e alegrar...
As almas ou os elementais da árvores estendem os seus braços nus para o céu e de lá, e do céu em nós, espreitam, ou graças são-nos derramadas...
Planos sucessivos acinzentados e contudo um fogo ardente na nossa alma que aspira sempre ao Sol do Divino e que o comunga de algum modo no espaço puro e na taça universal do coração do coração, (Jam-e-Jam), prtotipo persa do nosso santo Graal...
O Inverno despoja muitas das árvores das suas folhas reverberantes, levando com o frio a seiva a concentrar-se nas raízes e troncos. Assim que tu também te saibas recolher na tua interioridade mais funda e aí ganhares forças, seja por momentos saudosos no meio das tuas ocupações diárias, seja mais demoradamente na noite solitária da oração-meditação e dos sonhos...
O sopro que leva as nuvens, quando passa diante do Sol poente no Oceano imenso, deixa-as tingirem-se de rosa-avermelhado-dourado, celebrando o Amor Divino que une todos os seres, ondas e partículas do Cosmos e convidando-te a abrires mais o teu coração a tal nível e frequência...
Por detrás das chaminés e picos altaneiros das religiões, das nuvens, cinzentas e para alguns algo tristes, ou coloridas e para muitos despertantes e iluminantes, ergue-se, contempla-se, alcança-se o espaço imenso, o Akasa hindu, o Logosspermatikoi grego, o Tawid islâmico, o Divino omnipresente, e a nossa alma é convidada a silenciar-se, a libertar-se das limitações e opressões e a expandir-se e a Ser, grata...
O anil violeta, anunciador do começo do fim do período de transição, o sandhya Indiano, tão recomendado para a interiorização harmonizadora, para a meditação, para a adoração ou acção de graças, espelha-se nos céus e convida-nos a elevarmos a nossa alma aos planos ou níveis mais subtis, silenciosos e serenos de nós próprios, em ressonância geo-morfo-psíquica com o Universo, o Espírito e a Divindade...
Uma estante de livros é como uma arca com pão, uma escada para o céu, um barco no Oceano, uma vela na Noite, o Amor a arder no coração... Estendes a mão, praticas o Istikhara persa (concentração invocadora de um autor sagrado e do Divino, antes de se abrir numa página ao acaso mas que será a certa), recebes uma mensagem, continuas a ler, dialogas ou anotas, e depois meditas e comungas com os autores e as forças ou seres ligados a eles, ou sentes mesmo a Unidade Divina, o Logos, nossa Dona Alma do Mundo, santa ou hagia Sophia.... Assim, no convívio com os livros, a tua alma expande-se, fortifica-se e irradia para onde tiver que ser, religando seres, ideias, energias e mundos... Por isso sempre se disse que o Amor é Cego, isto é, Universal, acima das limitações e das personalidades, unindo o opostos nas complementaridades que convergem para a Verdade e manifestam a Unidade... A alma de cada ser é um livro, cujas páginas vão sendo escritas dia após dia, ano após ano e, do que se viveu ou sonhou, delas se desprendem energias em ondas ou partículas que atravessam as pessoas e ambientes, a terra e o céu, gerando efeitos mais ou menos luminosos, harmonizadores ou libertadores, vistos por algumas almas mais clarividentes como multicoloridas flores e paisagens, borboletas e aves... Conseguires diariamente (o diariozinho...) ter contribuído com linhas valiosas, com momentos de comunhão com os outros ou com o Cosmos, escrevendo mesmo em sintonia com o Logos, a Inteligência escritora do Universo, é certamente um dos objectivos da vida de cada um de nós, participantes na grande aventura da história da Humanidade na Terra... Amarmos e preservarmos a Natureza, desenvolvermos a agricultura biológica, tendermos para o vegetarianismo, o naturismo, a ecologia, as comunidades coesas familiares ou grupais, a não-violência, a não alienação clubista ou partidária, a espiritualidade experiencial e universalista são certamente orientações que Gaia, ou a entidade da Terra, e os seus múltiplos e infinitos seres e espíritos subtis, agradecem. A nossa pegada na Terra não será então pesada mas sim leve, talvez mesmo como a das aves que se elevam da terra e voam luminosamente, símbolos do Espírito subtil e livre, como entre nós um grupo de almas bem luminosas, ou aspirando qual águia ao Sol, onde se destacariam Leonardo Coimbra, Teixeira de Pascoaes, Jaime Cortezão, Teixeira Rego, Sant'Anna Dionísio e Agostinho da Silva, criou numa revista no começo do séc. XX.
Seja pois a tua vida de trabalho um testemunho de boa e compenetrada consciência em acção, e a tua escrita diária um registo ora poético ora filosófico das compreensões, intuições e comunhões que vais conseguindo e, certamente, quando chegar a hora da partida a tua alma desprender-se-á muito luminosamente para boas paragens, ou elevadas, deste Cosmos infinito de origem Divina, e louvada e adorada seja ele
A passagem do tempo no corpo, ainda que lenta, vai dando os seus sinais, o mesmo se passando no amor e no conhecimento, ou seja, na alma e, portanto, antes chegar a hora de partires da Terra faz o que gostarias de fazer, ama ou apoia os seres de quem mais gostas e lê os livros e autores que desejas conhecer e comungar, escreve as tuas mensagens, para que entres serenamente e em amor grato na dita Eternidade, ou seja, nos mundos subtis e espirituais conforme o teu merecimento, e com as ideias, os livros e os escritos florescidos em ti e nos que te lerem ou ouvirem...
Writing and reading is almost a universal duty of everyone, and from this creative ondulation of potentials flourishes the wisdom of the sages and elders, who are less engrossed in the illusions and limitations of body and society, and more stabilized in the awareness of the Spirit, also called Tawid, the Unity of God... So, use well your time and your heart since your birth, don't loose it in gossip or seeing what is not important and truth... Be a man or woman of Love, a writer, a worker, an artist of beauty and wisdom in the subtle and great Cosmos.... O grande poeta persa Hafiz. Fotografia tirada em Teerão...
Arde no amor, compreende o Logos em tudo e transmite-o ou dialoga-o artisticamente, sabiamente, libertadoramente...
No Centro Ismaili, de Lisboa, centro de confluência das melhores tradições de cultura e arte sagrada, religião e espiritualidade, quer nos materiais, formas e simetrias, quer nas intenções e realizações, símbolos e orientações, ecumenismo e adoração, encontra-se agora presente a exposição "Portal de Simetria", "Symmetry's Portal", de Margarida Sardinha, contendo um filme de geometrias animadas e 19 trabalhos fotográficos, a partir de fotografias digitais das riquezas estéticas e sacralizantes do palácio e jardins de Alhambra, ponto máximo da arquitectura islâmica na Península Ibérica, no Al Andaluz medieval ecuménico.
Convergem então para esta exposição reforçadamente vários filões entretecidos no tempo e que são ampliados e cristalizados em mil fulgurâncias de simetrias regulares e poliédricas, em cuja compreensão e manejo Margarida Sardinha é uma mestra, lídima sucessora de toda a tradição dos artesões e mestres de oficinas que, ao longo dos séculos, mantiveram com uma continuidade notável a arte geométrica, simples e perfeita, do Islão.
De 15 de Janeiro a 15 de Fevereiro poderá desfrutar desta valiosa exposição, que apela à nossa contemplação sentida e demorada, para que os arquétipos e poliedros geométricos, reagindo com os conteúdos psíquicos ou anímicos nossos, accionem as compreensões e sentimentos, intuições e clarificações que nos impulsionarão mais luminosamente no Caminho e nos abrirão mais ao espírito e ao Divino.
Como já escrevera um texto para a exposição anterior (noutro post do blogue) e que foi publicado também na brochura desta exposição no Centro Ismaili (grato...), eis uma breve e poetico-espiritual revisitação de alguns dos excelentes trabalhos da Margarida Sardinha, a quem fazemos votos para que continue na senda da Beleza e da Verdade do Cosmos e dos Atributos Divinos...
Alida Akbarali, curadora do centro Ismaili, e Margarida Sardinha...
Parte da assistência
Margarida Sardinha justifica a sua exposição como artista, estudiosa das religiões comparadas e amante maravilhada da Alhambra, em cujos mosaicos, tal como nos templos Egípcios, e apenas neles, se encontram os 17 modos ou formas possíveis de talhar a simetria no plano...
Trabalhos assentes em formas geométricas especiais, feitas meticulosamente pela Margarida Sardinha, a partir das fotografias de Alhambra, transportam-nos para os mundos da geometria sagrada subjacentes ao ordenamento do Cosmos pela sabedoria Divina, e impulsionam-nos na demanda da face luminosa, que é testemunha de Deus, Shahadi, tão desenvolvida pelos filósofos místicos e sufis Persas e Islâmicos...
Caminharmos ao longo da vida cada vez mais para o centro divino, para a libertação da ignorância e do sofrimento, sempre foi a meta convergente, a qiblah, dos peregrinos e peregrinas, ou amantes, da Divindade, seja para Meca e a Ka'ba na peregrinação, seja para a gruta e pedra filosofal do coração (del) na oração-meditação...
Fazer do coração (del) templo, polir as arestas da personalidade, sempre tão oscilantes ou enovoadas, para que elas acolham e reflictam a Luz, o Amor e a Benção Divina, é certamente o alvo ou direcção, qiblah, da arte, da religião, da espiritualidade...
"O que está em cima é como o que está baixo, para se fazer o milagre da Unidade", afirmaram os herméticos de Alexandria, então cadinho de civilizações... Feliz daquele que está consciente da beleza e profundidade tanto do mundo físico como do espiritual e os une no seu olho e coração subtil e luminoso e os vive na grande alma do mundo entretecida por infinitas ondas e partículas, cordas e arcadas, nós e almas, graça e plenitude...
A vida é como um jogo da glória, um labirinto ou uma circunvalação (tawaf) e deves conservar um fio de prata que te oriente e axialize, ou que ligue com os que já chegaram ou estão no Centro, e então atravessarás mesmo as falésias e fracturas mais difíceis, ondulando nas vibrações rítmicas e purificadoras e chegarás ou sentirás mesmo o centro, pilar ou eixo (Qutb) de ti mesmo e logo do mundo Angélico e Divino...
A contemplação das formas e essências perfeitas nos seres e nos mundos subtis e arquétipos exige uma vida ordenada, ou seja, que tu Microcomos estejas em harmonia como o Macrocosmos. Então acederás à taça do Graal (jam-e-jam) ou comunhão do Centro, do Coração, Del...
Do centro e do Espírito, Ruh, e das mil refrações dos Atributos Divinos nas arcadas da manifestação e nos seres... Participa criativamente e harmoniosamente...
"Multiuniverso da mente", ou seja, embora coexistindo múltiplos universos paralelos ou emaranhados um nos outros, tudo o que é visto depende da nossa perspectiva, pois o observador, ainda que limitado, influencia o que é observado. E podes ainda estares consciente de estares a ser observado, visto ou mesmo amado de cima ou de dentro...
A nossa maneira e capacidade de ver é muito limitada e portanto ir levantando os véus da natureza, discriminando a essência da mutabilidade, abrindo o olho espiritual, intensificando a universalidade e a divindade no coração é essencial... Rasga as tuas limitações e dependências, serena a mente.... Sê...
"A escuridão dos nós", ou como são muito subtis os laços que vamos tecendo e em que estamos entretecidos, uma verdadeira teia de inter-conectividades que ora se revela ora se oculta em múltiplas formas e sentimentos, planos e estados de ser, deixando vir ao de cima a Luz e a Presença da Unidade Divina (Tawid)... Escolhe então bem os teus nós, com quem te ligas e ao que aspiras e o Divino brilhará mais em ti...
Qual Ka'ba, o cubo milenário, contendo o meteorito negro do céu, cada cubo, como forma perfeita do quaternário, contém todas as cores e planos e pode desdobrá-los e fazer-nos entrar ora em ondas ora em coalescências particulares, eus, momentos, padrões... E é a mente e alma que se apreendem fluindo em diversos planos e estações (makamat), apelando e tendendo ao Divino de onde vieram...
"A relatividade da Luz"... A Graça divina ou espiritual para brilhar em nós tem de encontrar uma face limpa, que espelhe a Luz (Nur), na cor, iridiscência e frequência individual e que a cada um compete cultivar, com Sabedoria (Hikma) e Amor (Ishq)...
Seres de múltiplas facetas, milhões de átomos anímicos, sombras e luzes, linhas e formas, um emaranhamento belo e imenso na Unidade Divina, Wahdat al-Wajud...
Cada espírito (ruh) é lançado na roda da vida e em ziz-zague ou esforço da demanda aproxima-se mais ou menos do centro dela e de si mesmo, entrando em dimensões superiores, em estados ou estações (makamat) mais luminosos, no espaço infinito e perfeito da Seidade Divina...
"Ponto de Origem": procurar de onde vieste e para onde vais, é uma pergunta ou enigma que a todo o momento nos interpela e impulsiona para sabermos manter seja as melhores formas e faces, seja as mais clarificadoras ondulações, intenções e ligações, seja finalmente o Islão, que é fidelidade, abandono, submissão, união com o Ser Divino...
"A Progressão do Amor", ou no emaranhamento da vida, a estrela que inspira os caminhantes e que de quando em quando se revela na interioridade profunda, ou na mais elevada abóbada, alegrando-nos, iluminando-nos...
A estrela do Espírito, Ruh, é verdadeiramente a fonte do Amor (Ishq) em nós, a centelha espiritual de origem Divina, mas poucos a conseguem ver e ser, ainda que semi-conscientemente a sintam reverberar, mesmo que apenas nos padrões repetitivos da arte, e a sigam ou levem por um fio ou corda fractal...
Tu no teu coração.... Thou in thy heart, sir-e-sir, the secret of the secret, to be the star of the Spirit (ruh), in communion with the One in all, Wahdat al-Wajud...
Contempla-me, medita, concentra-te bem fundo, ora e aspira, sê a estrela luminosa de cinco pontas. axializando-se no Divino...
"Coração desconhecido"... Sir-e-Sir é o nome dado pelos místicos Persas, Shias e Ismailis ao nível do coração (del) mais desconhecido, íntimo e Divino, o "Segredo do segredo"...
"Multiverso do som!... Wahi, a Divina revelação, a partir do "Kun", "Seja, faça-se", reverbera por todo o universo e chega-nos até aos ouvidos, olhos e corações nas ondas e partículas, sons e cantos, inspirações e visões...
"Singularidade do espelho"... Cada ser na sua singularidade é um espelho único da Divindade e nesta similitude vivida, em que O pode reflectir, testemunhar e manifestar, é verdadeiramente Divino... Daqui os cantos de amor que ecoam dos espíritos humanos pelo Amor e a Beleza da sua Fonte ou Origem...
Cada forma e ser abre-se sobre múltiplos planos.. Feliz quem sabe penetrar harmoniosamente na interioridade deles e compreender a Inteligência ou Logos cósmico e sentir a beatitude da Unidade Divina, Wahdat...
No coração puro e transparente, nu e espelho sem poeiras nem véus, poderás ver reflectirem-se os mistérios dos mundo subtis e dos seres celestiais, e os atributos Divinos... Toda a repetição dos padrões e dos sons ou orações visa harmonizar a tua dispersão mental e intensificar o teu olho espiritual, aquele que vê as formas sagradas e suas transmutações, ou a Luz divina...
"A órbita do Ovo cósmico"... Dos raios do teu coração e das bênçãos dos guias, Imams e Profetas obterás a Luz (Nur) para te aventurares ou adentrares na compreensão das origens e destinos e logo na navegação rítmica e harmoniosa no Cosmos estelar do Ser Divino, que subjaz e plenifica a vida terrena, sombra da Sua Luz e Presença...
Como uma antena de radar aberta aos mundos distantes e ao Ser Divino (Allah), sabe alinhar-te com as correntes da terra e da humanidade, e sintonizar com o mais subtil e puro, e o teu coração (del) tornár-se-a um Jam-e-Jam, um cálice do mundo...
"Singularidade da lente" "Lens's singularity".... Liberto das dispersões e imaginações, concentrado, torna-te mais consciente de que és um poliedro pentagonal, uma estrela (de cinco pontas) do céu na terra, ou um cristal florido da terra aspirando ao céu, e reflectirás serena e harmoniosamente o Divino, e serás um Seu amigo ou amiga, awliya...
Filme em três dimensões, e que graças as grelhas de fundo e aos sólidos em relevo, ou mesmo a uns óculos bipolares coloridos, e ao poema da Margarida, qual zikr ou mantra ecoando, permite uma entrada num mundo de profundidade e cosmicidade geométrica e numérica, rítmica e sagrada...
A fonte que jorra perenemente a água cristalina e fertilizante, no centro do centro Ismaili, transporta-nos para o jardim e para o Paraíso, ergue-nos para a ligação com a Fonte Misericordiosa e Divina, refresca-nos a sede e aspiração de peregrinos e peregrinas e dá-nos a paz e as forças para avançarmos mais ligados à Divindade (Allah) e à Verdade (Al-Haq), fraternamente, na Beleza do Amor e Sabedoria, Poder e Misericórdia...