sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Fernando Pessoa, "Un soir à Lima". Celebração no Martinho da Arcada, 29/11/2014.


        CELEBRAÇÃO DOS 79 ANOS DA PARTIDA PARA OS MUNDOS ESPIRITUAIS DE FERNANDO PESSOA, no Café Martinho da Arcada, ao Terreiro do Paço, no dia 29 de Novembro de 2014.
Participam Arianna Luci, tocando violino, Inês Cruz Reis, com leitura encenada de excertos iniciais do Livro do Desassossego", a Susana Borges, que lerá Dois Excertos de Odes, e Pedro Teixeira da Mota que falará sobre o Caminho da morte para a imortalidade em Fernando Pessoa...
Foi a 17 de Setembro de 1935, a dois meses de meio da sua partida para os mundos espirituais, que Fernando Pessoa foi surpreendido pela audição radiofónica de uma serenata opus 99 de Dieudonné-Félix Godefroi, Un Soir à Lima, que a sua mãe costumava tocar, quando a família estava na África do Sul, num ambiente encantador e com Fernando Pessoa a contemplar à janela a grande ou infinita noite de luar africana. A sua emoção foi tão grande, dado o amor que tinha pela mãe, que morrera a 17/3/1925, que um poema longo, dos mais longos dos últimos anos, surgiu, provavelmente regado com algumas lágrimas provenientes das múltiplas memórias queridas e saudosas que lhe brotavam da alma algo dilacerada por toda uma vida de genial raciocinador e explorador de sensações mas muito pouco amante e amado, talvez o amor dela ainda tendo sido o maior...
Os poemas dos últimos anos da vida estão tingidos de desilusão e tristeza mas a lucidez, o sentido crítico, a imaginação e alguma aspiração brilharão até ao fim...
Destaquemos, por entre as lágrimas das saudades, o veio da eterna melodia ou da voz subtil que Pessoa invocará e evocará sempre, a noção culposa de se ter traído ao abusar do raciocínio que lhes destruiu a alma em mil bocados, alguma diluição que consegue entre o que foi e o que era num fluxo único suspensivo e suavizante e, na parte final, o grande apelo de esperança de Deus e da vida eterna...
Que já se tenha encontrado com a sua mãe, que irradiante na mónada esteja, são os nossos desejos...
Transcrevemos o poema com as quatorze variantes de palavras, sobrepostas no manuscrito, no seu devido lugar e omitindo-se as das anteriores...
Este poema é acompanhado por imagens da Mãe e dele, e da ligação para a música "Un Soir à Lima", retirada do Youtube, ( https://youtu.be/7IKeNPNTTqg ) e é publicado nas vésperas dos 79 anos da sua morte, que será celebrada no café Martinho da Arcada, no dia 29 de Novembro pelas 16:00, numa iniciativa do grupo do Facebook "Amigas e Amigos do Martinho da Arcada" e para a qual está convidada ou convidado...
UN SOIR À LIMA

"Vem a voz da radiofonia e dá
A notícia num arrastamento vão:
«A seguir
Un soir à Lima»...

Cesso de sorrir...
Pára-me o coração...
E, de repente,
Essa querida e maldita melodia
Rompe do aparelho inconsciente...
Numa memória súbita e presente
Minha alma se extravia....
O grande luar da África fazia
A encosta arborizada reluzente.
A sala em nossa casa era ampla, e estava
Posta onde, até ao mar, tudo se dava
À clara escuridão do luar ingente...
Mas só eu, à janela.
Minha mãe estava ao piano
E tocava.
Exactamente
«Un Soir à Lima».

Meu Deus, que longe, que perdido, que isso está!
Que é do seu alto porte?
Da sua voz continuamente acolhedora?
Do seu sorriso carinhoso e forte?
O que hoje há
Que mo recorda é isto que oiço agora
Un Soir à Lima.
Prossegue na radiofonia
A mesma, a mesma melodia
O mesmo «Un Soir à Lima».

Seu cabelo grisalho era tão lindo
Sob a luz
E eu que nunca pensei que ela morresse
E me deixasse entregue a quem eu sou!
Morreu, mas eu sou sempre o seu menino.
Ninguém é homem ante a sua mãe!
E inda através de lágrimas não falha
À memória que tenho
O recorte perfeito da medalha
Daquele perfeitíssimo perfil.
Chora, ao lembrar-te, mãe, romana e já grisalha,
Meu coração teu e sempre infantil.
Vejo teus dedos no teclado e há
Luar lá fora eternamente em mim.
Tocas em meu coração, sem fim,
Un Soir à Lima.
                                          Fernando Pessoa, com a mãe de cabelo grisalho, o padrasto, as meias irmãs e irmão. África do Sul, provavelmente 1904-05.

O silêncio fatal das coisas findas
As tuas mãos pequenas e tão lindas
Com escrúpulo risonho e familiar
Com um sorriso em que não há
Nada senão o eternamente humano
Tiravas da quietude o piano
Un Soir à Lima.

Tinhas, perfil, um rosto de medalha
Eras de frente, e olhando, a minha mãe

Como hoje o teu olhar me falha

E o teu perfil me lembra bem.


«Os pequenos dormiram logo?»
«Ora, dormiram logo».
«Esta está quasi a dormir»
E tu, sorrindo e ao responder continuavas
O que tocavas -
Atentamente tocavas - 
Un Soir à Lima.

Tudo que fui quando não era nada,
Tudo que amei e sei só eu verdade
Que o amei por não ter hoje estrada,
Que tenha qualquer realidade.
Por não ter dele mais que a saudade -
Tudo isso vive em mim
Por luzes, música e a visão
Que não tem fim
Dessa hora eterna no meu coração,
Em que voltavas
A folha irreal da música a tocar
E eu te ouvia e via
Continuar
A eterna melodia
Que está
No fundo eterno desta nostalgia
De quando, mãe, tocavas
Un Soir à Lima.

E o aparelho indiferente
Traz da emissora inconsciente
Un Soir à Lima.

Eu não sabia então que era feliz.
Hoje, que o já não sou, sei bem que o era.
«Esta também está a dormir.
«Não está».
Ficámos todos a sorrir
E eu distraidamente vou
Continuando a ouvir,
Longe do luar que há
E que lá fora existe duro e só,
O que me faz sonhar sem o sentir,
O que hoje faz que tenha de mim dó
Esse canto sem voo, teclado e brando
Que minha mãe estava tocando -
Un Soir à Lima.

Não ter aqui numa gaveta,
Não ter aqui numa algibeira,
Fechada, haurida, completa,
Essa cena inteira!
Não poder arrancar
Do espaço, do tempo, da vida

E isolar
Num lugar
Da alma onde ficasse possuída
Eternamente
Viva, quente,
Essa sala, essa hora,
Toda a família e a paz e a música que há
Mas real como ali está
Ainda, agora,
Quando, mãe, mãe, tocavas
Un Soir à Lima.
                                                                  
Mãe, mãe, fui teu menino
Tão bem dobrado
Na sua educação
E hoje sou o trapo que o Destino
Fez enrolado e atirado
Para um canto do chão.
Jazo, mesquinho,
Mas ao meu coração
Sobe, num torvelinho
A memória de quanto ouvi do que há
No que há de carícia, de lar, de ninho,
Ao relembrar o ouvi, hoje, meu Deus, sozinho,
Un Soir à Lima.

Onde é que a hora, e o lar e o amar está
Quando, mãe, mãe, tocavas
Un Soir à Lima?

E num recanto de cadeira grande
Minha irmã,
Pequena e encolhidinha
Não sabe se dorme se não.
Eu tenho sido tanta coisa vil!
Tenho traído tanto do que sou!
Meu espírito sedento
De raciocinador subtil
Quantas vezes prolixamente errou!
Quantas vezes até o sentimento
Inanimadamente me enganou!
Já que não tenho lar,
Deixa-me estar
Nesta visão
No lar de então,
Deixa-me ouvir, ouvir, ouvir -
Eu à janela
Do nunca mais deixar de sentir,
Nessa sala, a nossa sala, quente
Da África ampla onde o luar está
Lá fora vasto e indiferente
Nem mal nem bem
E onde, no meu coração
Mãe, mãe
Tocas visivelmente,
Tocas eternamente
Un Soir à Lima.

A minha raiva de animal humano
A quem tiraram a mãe,
E não tem
Para o menino que lhe na alma há,
Para lhe encher o coração,
Mais que esta visão -
As tuas mãos pequenas pelo piano
Quando, oh meu Deus, tocavas
Un Soir à Lima.

Ai, mas é engano.
Aqui sou velho
Não há sala nem há piano
Nem tu existes a tocar.
Há um aparelho mudo
De onde um som vem de longe, e dói.
Como é que eu te darei um beijo agora?
Eu poderia, vindo da janela,
Como tantas vezes fiz
[...]
O raciocinador exacto 
Cuja alma está em mil pedaços,
Em mil pedaços que nem há...
Deixa-me dormir
E sonhar de estar vendo, a ouvir,
Un Soir à Lima. 

E era nesta calma,
Nesta felicidade
Em que existia uma alma
(Meu Deus, que saudade!),
Que, sob a luz que dourava,
(Hoje onde é que isso está?)
Longe de onde o luar prateava,
Minha mãe tocava
Medalha atenta e humana ao piano,
Un Soir à Lima.


Desde então
Tenho atravessado
Muitas vidas.
As mais das vezes tenho errado
Meu coração
Pesa de coisas esquecidas.
Desde quando
Nesse brando
Conforto do meu lar extinto
Eu, à janela, ouvia, hirto e sonhando,
Ermo e indistinto,
O que há
Em toda a música de intuição e instinto,
Quanto tenho deixado morrer
Dentro do que quis ser,
Quanto tenho deixado
Só pensado,
Quanto, quanto,
Tem sido para mim somente sonho,
Somente o encanto,
Tristemente risonho
De o ter sonhado,
Quem sabe se a saudade
Transmutada num devaneio meio humano
De quanto nessa noite está,
Longínqua, em que, mamã, ao piano
Tocavas, sob a crua claridade,
Un Soir à Lima.

Pesa-me o coração. Um torpor denso
Ocupa-me a consciência de [...]
E um frio informe, desolado e denso
Não me deixa pensar.
Num baloiçar-me, num embalar
Relembro tudo, relembro em vão.
Meu Deus, isso tudo onde está?
Un Soir à Lima...

Quebra-te coração!...
Meu padrasto
(Que homem! que alma! que coração!)
Reclinava o seu corpo basto
De atleta sossegado e são
Na poltrona maior
E ouvia, fumando e cismando,
E o seu olhar azul não tinha cor.
E minha mãe, criança,
No recanto da sua poltrona
Enrolada, ouvia a dormir
E a sorrir
Que estava alguém tocando
Se calhar uma dança.
E eu, de pé, ante a janela
Via todo o luar de toda a África inundar
A paisagem e o meu sonhar.
Onde tudo isso está!
Un Soir à Lima,

Quebra-te, coração!
Essa mão pequenina e branca,
Que nunca mais me afagará,
[...]
Sorrias, rindo, para mim
Esse sorrir que já teve fim,
E continuavas tocando
Un Soir à Líma.

E eu que nunca julguei que tu morresses
E me deixasses só com o que eu sou...
E é uma emissora indiferente
Que por um aparelho inconsciente
Em música, só, música me dá
A angústia viva que me vem
De te ver, por me lembrar,
Minha mãe, minha mãe,
Tão tranquila, tocar
Un Soir à Lima.

Mas entorpeço.
Não sei se vejo, se adormeço,
Se sou quem fui,
Nem sei se lembro, nem se esqueço.
Há qualquer coisa que indistinta flui
Entre quem sou e o que eu era
E é como um rio, ou uma brisa, ou um sonhar,
Qualquer coisa que não se espera,
Que se suspende de repente
E, do fundo aonde ir acabar,
Surge, cada vez mais distintamente,
Num halo de suavidade
E nostalgia,
Onde o meu coração ainda está,
Um piano, uma figura, uma saudade...
Durmo encostado a essa melodia -
E oiço que minha Mãe toca,
Oiço, já com o sal das lágrimas na boca,
Un Soir à Lima.

O véu das lágrimas não cega.
Vejo, a chorar,
O que essa música me entrega -
A mãe que eu tinha, o antigo lar,
A criança que fui,
O horror do tempo porque flui,
O horror da vida, porque é só matar.
Vejo, e adormeço
E no torpor em que me esqueço
Que existo ainda neste mundo que há
Estou vendo minha mãe tocar.
E essas mãos brancas e pequenas,
Cuja carícia nunca mais me afagará,
Tocam ao piano, cuidadosas e serenas,
Un Soir à Lima.

Ah, vejo tudo claro!
Estou outra vez ali.
Afasto do luar externo e raro
Os olhos com que o vi.
Mas quê? Divago, e a música acabou..
Divago como sempre divaguei
Sem ter na alma certeza de quem sou,
Nem verdadeira fé ou firme lei.
Divago, crio eternidades minhas
Num ópio de memória e de abandono.
Entronizo fantásticas rainhas
Sem para elas ter o trono.
Sonho porque me banho
No rio irreal da música evocada.
Minha alma é uma criança esfarrapada
Que dorme num recanto obscuro.
De meu só tenho,
Na realidade certa e acordada,
Os trapos da minha alma abandonada
E a cabeça que sonha contra um muro.
Mas, mãe, não haverá
Um Deus que me não torne tudo vão,
Ou outro mundo em que isso agora está?
Divago ainda: tudo é ilusão.
Un soir à Lima...

Quebra-te, coração..."
                     ***
                            
           Para terminar, acrescentemos um poema  luminoso sobre a morte, escrito em 23/5/1932:
“A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.”
  

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Bô Yin Râ: biografia, ensinamentos e homenagem no seu aniversário: 25 de Novembro de1876.

                           
Bô Yin Râ, aliás Joseph Anton Schneiderfranken, nasceu em Aschaffenburg, perto de Frankfurt am Main, em 25 de Novembro de 1876, às 2:00 da manhã, numa família de agricultores e artesões, o pai Joseph Schneiderfranken e a mãe Maria Anna Albert.  Aos treze anos, quando estudava na escola de Merian, em Frankfurt, foi obrigado, pelas dificuldades familiares, a abandonar os estudos secundários e a trabalhar como torneiro mecânico durante dois anos. 
Bô Yin Râ, jovem estudante de pintura.
Conseguiu porém inscrever-se e estudar três semestres, mas de 1892 a 1895, no Städelsche Art Institute, em Frankfurt, trabalhando em seguida de Outubro de 1896 a Abril de 1898 nos estúdios de Arte do Teatro  Municipal, de Frankfurt. Na época, através de um familiar, entrou em contacto com o notável pintor Hans Thoma (1839-1924), que, gostando tanto das suas paisagens e desenhos, o tomou por discípulo gratuitamente durante ano e meio, apoiando-o ainda depois.
Hans Thoma, auto-retrato.
Relacionou-se ainda com dois pintores importantes que o apreciaram e apoiaram:  Fritz Boehle (1873-1916) e Max Klinger (1857-1920), este elogiando muito a sua visão espiritual pictográfica e influenciando-o em certo tipo de desenhos e gravuras.
Formou-se finalmente no Städelsche Art Institute em 1899 e  estudou depois pintura em Viena de 1900 a 1901, com breve passagem por Munique, onde conviveu com o pintor Gino Parin (1876-1944). Estuda em Paris em 1902 na importante Académie Julian (fundada em 1867), onde tem como professores Tony Robert-Fleury (1837-1911), especialista em cenas históricas, e Jules Joseph Lefebvre (1836-1911), um simbolista, regressando a Viena no ano seguinte. 
Psyché ou, mais literalmente, Pandora, de Jules Lefebvre.
   Está em Berlim de 1904 a 1908, dando à luz
em 1906, em Leipzig, a sua 1ª exposição de gravuras e desenhos a lápis, tal a série Ornamentos, viajando em seguida até à Itália e à Suécia. De 1909 a 1912 vive e pinta em Munique.
Ornamento, por Bô Yin Râ.
                                                         
Em 1903 casara-se com Irma Schönfeld (nascida em 1876), de Viena, mas que, de saúde frágil e diabética, morrerá cedo, em 1915, e sem descendência.
O local da Academia Platónica, junto a Atenas.
Entre Setembro de 1912 e Agosto de 1913 está na Grécia, pintando  paisagens e monumentos,  sendo então contactado por um (ou mais) mestres orientais que o preparam e religam espiritualmente e lhe fazem relembrar ou  conciencializar-se do seu original nome de Bô Yin Râ, de acordo com as proporções e ressonâncias espirituais suas primordiais.
Envia para Leipzig o esboço do seu primeiro livro, intitulado Licht vom Himavat, Luz de Himavat, a que se seguirão mais três pequenos, no número de páginas, publicados entre 1914 e 1917 por Hugo Vollrath (1877-1943), um editor artista e ocultista, ostentando como autor apenas as iniciais BYR. Os quatro, com algumas modificações, serão integrados no Livro da Arte Real, para o qual tinham sido idealizados. É nestes anos que escreve alguns dos livros publicados posteriormente, tais como o Livro do Deus Vivo, O Livro do Homem, Mais Luz, Livro dos Diálogos.
O Partenon, visto por Bô Yin Rã durante a sua estadia na Grécia.
Regressa a Munique, onde vive até ao começo da 1ª grande Guerra, com uma ida pelo menos a Paris, tendo René Guénon sido informado por Hiran Sing, ou Swami Narad Mani (um indiano muito crítico da Sociedade Teosófica e de Helena Blavatsky), como sendo o único representante na Europa de uma importante fraternidade espiritual oriental.
Alistado para a 1ª grande Guerra em 1916, serve na Prússia e depois em 1917 já na Silésia, em Görlitz, como intérprete de prisioneiros gregos. Pinta e desenvolve actividade cultural nessa cidade onde vivera 
desde 1599 o místico Jacob Boehme (1575-1624). E casa-se em 1918 com Helene Hoffmann (1887-1978), de Görlitz, cujo marido perecera na guerra, e que tinha duas filhas, Ria (1909) e Ilse (1912), nascendo do casal, em 1919, Devadatti (que ainda visitei e conheci na casa de seu pai em Lugano, nos anos 90, conforme: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2021/12/visita-e-dialogo-com-filha-de-bo-yin-ra.html).
Helene Hoffmann e as suas duas filhas.
 Em 1919 publica através de Kurt Wolff, em Leipzig, na sua Verlag der Weissen Bücher, o seu primeiro grande livro, Das Buch vom Leben Gott, com prefácio de Gustave Meyrink (1868-1932), que escrevia também para a mesma editora. Posteriormente, por desacordo com Gustave Meyrink, o prefácio será retirado, embora Bô Yin Râ continuasse a elogiar a sua capacidade imaginativa e literária.
 Quando esteve de 1917 a 1923 em Görlitzexpôs uma série de paisagens naturais e arranjos florais em 1919, no museu Kaiser-Friedrich. Nessa época viviam e trabalhavam na cidade valiosos artistas expressionistas e com eles se deu, sobretudo com Fritz Neumann-Hegenberg (que chegou a escrever um livrinho Die deutschen Mantra des Bô Yin Râ), e ainda com Willy Schmidt, Johannes Wüsten, Dora Kolisch, Walter Deckwarth, Arno Henschel e Walter Rhaue. Em 1920 fundou  a Sociedade Jakob Böehme, considerando este escritor hermético e místico um dos verdadeiros mestres da humanidade. E em 1921 expõe na galeria  da Sociedade vinte  pinturas de vistas ou perspectivas dos mundos espirituais, a que chamou "quadros metafísicos", fundados nas suas vivências espirituais, e que virão a ser incluídos no livro tão importante quão belo Welten, Mundos
Durante os anos de 1920 a 1922 publica mais livros através Kurt Wolff. Em 1922 passa duas semanas na paradisíaca ilha de Capri onde escreverá o livro Geheimnis, as Conversas secretas. 
O lago de Lugano, visto da encosta da casa, e hoje fundação museu, de Bô Yin Râ.
Em 1923 retira-se de Görlitz para Horgen, junto ao lago de Zurique, com a família, e em 1925 muda-se definitivamente  para Massagno, perto do lago Lugano, na Suíça, onde reside numa bela casa, a vila Gladiola, rodeada de um simpático jardim, na encosta do belíssimo lago, com Helene e as três filhas, e vai escrevendo e publicando as suas obras com bastante sucesso, dada a aspiração geral a conhecimentos mais profundos e simultaneamente simples e directos sobre a vida e o caminho espiritual.
 A bela casa ajardinada onde viveu Bô Yin Râ junto a Lugano, hoje Museu.
Conhecera nesse ano de 1923  o Dr. Alfred Kober-Staehelin (1885-1963), editor de Basileia,  o qual começa em 1927 a publicar em exclusivo na sua editorial Köber Verlag as obras de Bô Yin Râ e acerca de quem deixará os seus testemunhos em Meine Stellung zu Bô Yin Râ, de 1930, e Weshalb Bô Yin Râ? de 1931.
Dr. Alfred Kober-Staehelin.
Dos seus amigos ou discípulos mais conhecidos destacaremos ainda o barão siciliano ou melhor napolitano Roberto Winspeare (1887-1954),  seu primeiro tradutor para a língua francesa e autor em 1932 de uma conferência em Paris acerca de Bô Yin Râ (resumo em: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2018/11/o-barao-robert-winspeare-apresenta-o.html:), Rudolf Schott, um seu biógrafo,  os músicos e compositores Eugen d’Albert (1864-1932), Egon Wellesz (1885-1974) e Felix Weingartner (1863-1942), este tendo  publicado uma boa introdução à sua obra em 1923 intitulada Bô Yin Râ. Já  em 1994, Otto G. Lienert publicará na Kober Verlag uma  biografia e resumo do ensinamento, Weltwanderung.
 Como o seu sucesso  levara algumas pessoas a deixarem as igrejas, atraídas pela sua espiritualidade de realização interior fortificante e libertadora,  a Igreja Evangélica Protestante sentiu-se incomodada e há documentos internos da sua Apologetishe Centrale com referências aos aspectos do ensinamento de Bô Yin Râ que os desgostavam, já que  proviriam  de um falso guru ou profeta, o qual, ao igualar Jesus a um mestre, e ao considerar-se um seu mensageiro, negando a visão tradicional do  pecado original e da sua redenção por Jesus Cristo, estaria a perverter o Cristianismo. Encontram-se todavia arquivadas também cartas de crentes e fiéis protestantes comunicando a experiência viva de Deus graças ao ensinamento de Bô Yin Râ.
A estrela do Espírito. Ornamento, por Bô Yin Râ.
Era uma época complexa para os cultores do ocultismo e da espiritualidade, bem retratada numa obra recente de Corinna Treitel, A Science for the Soul: Occultism and the Genesis of the German Modern, devida à desconfiança e repressão pelo Estado alemão, a qual se acentuara com o erguer mais forte do Nacional-Socialismo, originando a perseguição a grupos ou pessoas, entre os quais os ligados a Bô Yin Râ, que contudo permanecerá a salvo na Suíça (algo vigiado)  até abandonar a cena terrestre em 14 de Fevereiro de 1943, deixando no seu legado perene gravuras, desenhos, as cerca de duzentas pinturas, os quarenta e três livros e algumas cartas.
Bô Yin Râ, com a Mulher, à porta da sua casa, nos últimos anos de vida.
Foi na Grécia que se encontrou com o mestre oriental que o iniciou espiritualmente (que aliás já lhe aparecera em criança) e é, de certo modo, após tal acontecimento e vivência que as suas pinturas passam talvez a revelar mais profundidade de visão e a sua experiência espiritual começa a ser transmitida em livros, surgindo o primeiro, o já mencionado Luz de Himavat, em 1919 e o trigésimo segundo,  fechando o seu ensinamento, o Hortus Conclusus, Jardim Fechado, em 1936, havendo ainda onze livros sobre arte, cultura, esoterismo e a sua missão publicados até 1939, perfazendo os quarenta e três publicados.
Num dos últimos livros que publicou, Briefen an Einen und viele, Cartas a Um e a Muitos, explica como a correspondência  mantida com os seus leitores o absorvia muito e como o trabalho de escrever  e  de pintar o foi desgastando, nomeadamente na mão, vendo-se forçado a renunciar à correspondência manual, passando a ditá-la e decidindo assim  transcrever
nesse livro algumas cartas-tipo e seus ensinamentos.
                                      
O ensinamento de Bô Yin Râ é inegavelmente de primeira qualidade, a mesma que sentimos nos grandes Mestres da Humanidade, que ele afirma serem seus irmãos na fraternidade dos Irradiantes da Luz Primordial, considerando-os necessários ou essenciais no caminho espiritual de todos os seres humanos, contra o parecer de muitos que os dispensam, pois eles são as pontes ou pontífices, ajudantes ou guias para o mundo espiritual e divino.
                                        
A certeza que as obras e pinturas transmitem, a claridade que trazem, a harmonia poética e mágica com que as suas palavras vibram e ressoam, as impulsões que lançam, tudo contribui para considerarmos a sua obra como das mais valiosas sobre os mistérios da vida, pois encontramos nela valiosas aproximações à descrição do caminho espiritual e da ligação à Divindade, certamente difícil de ser realizada, mas muito verdadeira e praticável...
                                        
A sua extensa obra de trinta e dois livros, o Hortus ConclususHorto fechado, de profundos mas simples e claros ensinamentos sobre a Realidade Última e Primordial e os caminhos para lá se chegar e estar, assenta no que ele nos diz brevemente no seu folheto Sobre os meus Escritos: «Eu comunico o meu conhecimento experimental das raízes do homem terrestre numa esfera de forças “espirituais” substanciais, inacessível aos sentidos físicos mas alcançável duma maneira “sensível”, esfera na qual a consciência individual do ser humano pode despertar
nesta vida corporal terrestre, mas na qual despertará inevitavelmente assim que a sua existência terrena terminar.
Comunico o meu conhecimento experimental da Hierarquia de ajudas espirituais individuais, que parte do próprio centro Primordial da esfera das forças espirituais, que desce até à Humanidade deste planeta e que se manifesta por certos homens preparados para esta missão já antes do seu nascimento terrestre.
Comunico o meu conhecimento experimental relativo à possibilidade de entrar em ligação espiritual com esta hierarquia, e mostro o caminho a seguir para se chegar a tal.
Comunico finalmente de que maneira adquiri a experiência que me era acessível e porque é que eu devia chegar a ela»....
Ora numa época em que são tantos os semi-cegos guias de cegos, ou os fiéis estagnados no que não é essencial nas suas religiões, ou que é tão grande o carnaval ocultista, a manipulação das seitas, a imaginação das canalizações, as superficialidades e embustes nas auto-ajudas e nova Era, regressões e cabalices, este ensinamento certamente será muito útil, ajudando as pessoas tanto a aprofundar as suas religiões como a discernir melhor, entre tanto falso instrutor e doutrina, o caminho real que conduz à realização própria e á religação espiritual e divina.
Se houve muita gente valiosa a crer em Bô Yin Râ, como alguns dos seus ensinamentos eram difíceis e simultaneamente teceu críticas à teosofia da Sociedade Teosófica e às descrições mirabolantes de vidas passadas de alguns dos seus corifeus (tais Charles Leadbeater e Annie Besant), e à  fundadora Helena Petrovna Blavastky, esta considerando-a mais uma médium de que em contacto verdadeiro com os mestres, surgiram oposições. Também a sua afirmação de que a mulher em si não estava capacitada intrinsecamente para atingir a mais alta realização espiritual enquanto na Terra, suscitou reacções adversas, embora ele diga que o mesmo se passa para a imensa maioria dos homens.
Dos esoteristas devemos destacar os reparos de René Guénon que considerava o seu ensinamento fraco e que não levaria a um nível muito elevado, algo que Julio Evola, próximo de Guénon, também afirmaria. Contudo, os três estavam de acordo nas críticas à Teosofia e aos dirigentes da Sociedade Teosófica, algo que Gustave Meyrink também subscrevia. Mais recentemente, o erudito Antoine Faivre no seu Dictionary of Gnosticism and Esotericism, 2006 tende a menosprezar as capacidade e obras "prolíficas" de Bô Yin Râ, considerando-as baseadas na sua "crença" em intrincadas relações entre a substância omnipresente espiritual e as formas de vida no mundo material, numa crítica nada fundada e clara, já que desprovido de visão espiritual apenas deduz do que lê e pensa e, provavelmente, sente, estando ainda influenciado por algumas linhas ocultistas maçónicas, a do Rito Escocês Rectificado a que pertencia, [pois recentemente, em 2021, desincarnou. Dialoguei com ele duas vezes, cordialmente. Lux!]
                                         
Seguem-se alguns ensinamentos, segundo o que Bô Yin Râ transmitiu e eu compreendi ou assimilei:
- O caminho espiritual é basicamente o do auto-conhecimento, o do controle e unificação dos átomos e forças anímicas sob a vontade única de nós mesmos, pela qual a pessoa começa a controlar o seu pensamento dispersivo e a conseguir interiorizar-se até começar a sentir e realizar o seu corpo espiritual, a Luz divina, o Espírito.
Para esta unificação e discernimento requer-se longa e perseverante escuta de nós próprios até as flores de lótus da nossa alma se abrirem à luz do alto ou do espírito, particularmente  com a ajuda do nosso Anjo da Guarda ou Mestre.
Uma vida justa, de trabalho consciente, de afectividade e humanidade, deve ser acompanhada de uma prática diária de meditação, de escuta interior, de aspiração à Divindade, para que possamos ir avançando na ligação e união, primeiro ao espírito e depois a Ela, e assim reforçarmos a nossa sintonização com a realidade espiritual em nós e no Universo.
Não é pela alimentação, a respiração, a sexualidade, as drogas, os mantras, a especulação filosófica, a carga erudita cerebral, o fanatismo, a auto-sugestão, as cabalices e esoterices, que tal se consegue mas sim por uma vida dinâmica e desprendida, uma unificação anímica que nos proporcione o domínio harmonioso dos desejos e pensamentos, uma vida sob a orientação ou aspiração da ligação a Deus e de estarmos alinhados com a Sua vontade, e com a  auto-consciência silenciosa e atenta ao sentir interior da presença subtil do espírito em nós. Ou seja, vivendo numa perseverante auto-consciencialização e revelação espiritual, e numa vida criativa, justa e abnegada.
O caminho espiritual é  uma vida harmoniosa realizada com mais consciência do ser espiritual em nós, um alargamento da dimensão dos nossos sentidos psico-espirituais - que se podem abrir então para os mundos espirituais - e uma inserção criativa na fraternidade da Humanidade e dos Mestres, numa vivência do Espírito Eterno na nossa interioridade e coração e na inter-acção não egoísta e solidária com os outros.
Templo Espiritual
Não é pela abertura a espíritos desencarnados, tão vulgar no espiritismo (pois frequentemente são entidades brincalhonas ou obsessivas) ou a extraterrestres (canalizados quase sempre imaginativamente) mas pelo silêncio e a escuta interior que a presença espiritual é sentida e que eventualmente imagens, pensamentos e sentimentos subtis em ligação aos mundos espirituais podem brotar em nós e inspirar-nos, embora o mais importante seja a unificação interna e a aproximação silenciosa ao espírito divino íntimo.
É o culto da voz da consciência, do Génio ou Daimon de Sócrates e que entre nós Antero de Quental recomendou muito, por exemplo, nas suas belas cartas escritas ao poeta, oficial e viajante luso-indiano Fernando Leal,  e que é no fundo a sintonização e audição da Palavra, do Verbo que se pronuncia em nós intimamente: "Lá no fundo do seu coração há uma voz humilde, mas que nada faz calar, a protestar, a dizer-lhe que há alguma coisa porque se existe e porque vale a pena existir. Escute essa voz: provoque-a, familiarize-se com ela, e verá como cada vez mais se lhe torna perceptível, cada vez fala mais alto, ao ponto de não a ouvir senão a ela e de o rumor do mundo, por ela abafado, não lhe chegar já senão como um zumbido, um murmúrio, de que até se duvida se terá verdadeira realidade. Essa, meu amigo, é a verdadeira revelação, é o Evangelho eterno, porque é a expressão da essência pura e última do homem, e até de todas as coisas mas só no homem tornado consciente e dotada de voz. Ouça essa voz e não se entristeça.» Carta de  Antero de Quental.
Todavia, certamente, certas frases ou sons, os mantras, alguns consagrados milenariamente em tradições espirituais, pela disposição e vibração sobretudo das vogais, sejam eficazes auxiliares na modelação harmonizadora das nossas forças anímicas, a fim de conseguirmos interiorizar-nos e silenciar-nos, ou fortificar-nos, para que o Espírito divino possa ser sentido, visto ou acolhido, e por isso Bô Yin Râ partilhou os "seus" mantras, apresentados em Funken, Centelhas.
´                                          
Valorizou alguns dos mantras indianos mais sagrados, tais como o Tat Twam Asi, Tu és esse Espírito, que nas Upanishads o mestre indiano transmite ao discípulo, ou o Om Mani Padme Hum, a joia da consciência espiritual está na flor de lótus em ti, que muitos budistas entoam. Bô Yin Râ complementa-os com alguns mantras escritos por ele em alemão, embora diga que se encontram em todas as tradições espirituais tais frases operativas, e que as línguas antigas, tal o Latim para o Ocidente, tem nelas muito da sua força espiritual, considerando assim  a tradução do latim na liturgia para a língua nacional como uma diminuição na sua eficácia espiritual.
As suas imagens, palavras e ensinamentos apelam a libertar-nos de intelectualismos, de curiosidades e saberes livrescos e sectários,  de esoterices complicadas e imaginadas, e despertarmos para o auto-conhecimento directo e libertador... 
Para Bô Yin Râ, em contraste com a maior parte dos que imaginam ou realizam  muitos ditos budistas ou cultores do vazio, não há um mundo sem forma nem símbolos, pois pelo contrário mesmo os mundos espirituais mais elevados contêm formas; e também não há que extinguir-se o eu, pois os espíritos individuais estão destinados a evoluir e a irradiar eternamente, aperfeiçoando a sua vontade e criatividade singular harmoniosamente (sem se deixar limitar pela personalidade antes brilhando através dela, diremos) no seio do Todo e maximamente em união com Deus... 
Considera também Bô Yin Râ que muitas das visões de videntes e pseudo-mestres não passam de aberturas reduzidas das janelas sobre mundos relativamente inferiores (e há-os verdadeiramente negativos) e em muitos casos modeladas pelos próprios observadores e as suas idiossincrasias, expectativas e preconceitos. 
A interacção entre estes mundos subtis e o humano físico é grande, daí muitas das lutas e fanatismos que tanto criam consequências no além, como são alimentadas na Terra por esse além, devido às suas egrégoras ou entidades grupais, e a seres, em geral não humanos, negativos que influenciam ou tomam conta dos humanos mais fanáticos e ambiciosos...
Bô Yin Râ, tal como outros mestres, defende que o ser humano é uma centelha espiritual emanada do Sol Divino primordial e  eterno e não um deus ou Deus. E que pela queda ou união ao corpo físico animal terrestre perdeu a consciência do mundo de onde vem e da sua identidade. 
Mais polémica será para alguns a afirmação de Bô Yin Râ de que só em casos excepcionais é que as almas, por falhanços, mortes prematuras e suicídios, são obrigadas a viver duas vezes na Terra. Ou ainda, a de que as lembranças regressivas, hipnóticas ou de dejá vu, correspondem em geral apenas a algumas das milhares de forças anímicas que nos constituem e que já passaram por outros seres, locais e tempos... 
Disto resulta a recomendação de não desejarmos mais do que podemos realizar nesta vida, pois senão ficamos algo encadeados a essas energias e desejos que não cumprimos, e que terão que aguardar que haja outros seres que as cumpram, satisfaçam ou completem, algo que contudo a sua filha Datti me confessou em diálogo na bela villa Gladiola, em Massagno, não ser motivo para a apreensões já que naturalmente tais forças e aspirações encontrarão quem as exerça ou satisfaça...
                Alguns pensamentos finais importantes de Bô Yin Râ: 
“Deves desenvolver uma certa prática ou treino de concentração para  não te dispersares numa frustrada busca de constantes excitações e distracções e deixares atrofiar a faculdade de fazer experiências interiores nas quais tomes consciência de ti próprio, e que te revelem o mundo do espírito substancial. 
A experiência interior não tem qualquer relação com o pensamento,  pois o mundo do espírito real e autêntico situa-se infinitamente para além dos meandros ou prodígios do mundo cerebral..."
                                      
                           Sobre a Arte de Ler, dirá com sábio realismo: 
“Entramos em comunhão com a alma do escritor e só devemos ler se temos a certeza que as ideias engendradas pela leitura favorecerão o desenvolvimento supremo da nossa alma. 
Também o cómico e o satírico despertarão em ti as forças divinas necessárias, ou mesmo livros cujo poder cativante reside na tensão que criam em nós.” 
                            Sobre os objectivos da vida: 
“ O teu objectivo supremo é a realização de ti mesmo na tua forma de manifestação engendrada pelo Espírito, na tua forma espiritual. 
Tu mesmo, unido a Deus. 
De toda a eternidade levas em ti  a forma engendrada uma só vez pelo Espírito, forma que é tua e que só tu, por toda a eternidade, tens a possibilidade de atingir, mesmo que tal tenha que tornar-se-te acessível somente após uma infinidade de séculos....” 
                                     
 E fica por aqui a nossa homenagem, neste dia de 25 de Novembro do ano da graça de 2014, e que foi ampliada algumas vezes de 2018 a 2025,  a um dos valiosos mestres e pintores espirituais da Humanidade, pouco conhecido entre os portugueses, embora  eu tenha traduzido colectivamente e publicado o Livro do Deus Vivo (e tenha preparado uma 2ª edição melhorada), e haja, além dos originais em alemão e que estão on-line, vário traduzidos noutras línguas. E se houver almas luminosas que saibam  alemão e que queiram ajudar na tradução de obras de Bô Yin Râ para português, óptimo.
Anote-se que finalmente em 18 de Maio de 2019 será (e foi, estando eu presente...) inaugurada a fundação e museu de Bô Yin Râ, no belíssimo local em que residia, a villa Gladiola, em Massagno, Suíça, conforme as duas fotografias reproduzidas.
E que em Setembro de 2022 acabei a laboriosa tradução e publicação de Das Gebet, A Oração, havendo  ainda exemplares, disponíveis a um módico preço, dos trezentos que dei à luz....
Saibamos aprofundar o ensinamento luminoso e imortalizante de Bô Yin Râ. Que ele nos inspire! Que os raios e iluminações do Espírito Divino se façam sentir em nós e em especial em tantos perdidos ou avençados ao infrahumanismo oligárquico que tanto mal está a causar na Europa. Pax,Lux,Amor....