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| Da Alma ao Espírito, c/ fotografia de Alice Batista, e Himavat, de Bô Yin Râ. |
A Divindade é o mistério mais elevado e profundo da vida, pois é tanto a origem como o fim do seres e da manifestação dos Cosmos e por isso tal questão ou interrogação, se é levada ao peito e se torna uma demanda (do graal), deverá ter naturalmente mais tarde ou mais cedo como epílogo um conhecimento melhor acerca d'Ela, até mesmo unitivo como muitas almas místicas ou iniciadas sentiram, pesem as muitas distrações, dificuldades e manipulações que nos separam da paz e clareza anímica que permitem tal aprofundamento do conhecimento psico-afectivo íntimo, clarividente, iluminativo, plenificante. Perseveremos contudo...
Nos nossos dias, em que o materialismo, o globalismo, as narrativas oficiais, o darwinismo, o transhumanismo (ou melhor infra-humanismo), e as usuais alienações televisivas e dos espetáculos captam e perturbam tantas energias anímicas , é evidente que as pessoas chegam ao fim de cada dia ou mesmo da vida com pouco de Divino, mesmo que haja rebentos ou gérmens das pequenas aspiração, orações, cogitações e meditações praticadas, ou então de actos de compaixão, abnegação, amor e sacrifícios, estes ainda assim ocorrendo mais pela existência das famílias (talvez daí que ela esteja a ser tão atacada) e da fraternidade e solidariedade nas almas humanas. Também a primazia grande da acção ou trabalho sobre a contemplação, é uma característica da civilização moderna que dificulta a religação espiritual.
Todavia, a nossa missão e luta diária, e mesmo que falhemos por vezes deveremos renascer, avançar, persistir e recriar, é no fundo não desanimarmos de conseguir religações à Divindade e ao Amor pelo menos nos modos que nos sejam mais afins e apreciados.
Importante para que tal religação à Divindade aconteça é que consigamos sentir mais na vida a força ou mesmo a Presença Divina em nós, nos outros e à nossa volta.
Se tal parece difícil actualmente, já os povos em estados mais antigos e naturais de civilização sentiam-na muito naturalmente e expressaram-no em cultos de árvores e pedras, montes e rios, aves e animais, anjos e deuses, pois sentiam-na, enquanto o maravilhoso, numinoso e sagrado, no silêncio e no canto dos pássaros, nos fenómenos e ciclos da natureza, nas manifestações dos quatro elementos, nas pedras preciosas e cristais, na voz e na música, na noite estrelada e da música das esferas, e aprofundavam tal na gratidão silenciosa, orativa ou dialogante, em imobilidade, peregrinação, dança, rito ou culto...
Modernamente o intelectualismo e cepticismo, a insensibilidade pelo excesso do digital e dos telemóveis, têm secado muito as fontes do sentimento e do amor para o numinoso, o sagrado, o invisível divino. Por isso é bem recomendável o interagir real com as pessoas amigas e o ir-se e estar-se na natureza, sentindo-a com amor e em abertura, o que pode gerar por vezes até uma experiência de forte unidade com ela e com a vida divina que a anima e que não sendo a Divindade em si mesma, ainda assim é algo dela na manifestação.
Ao longo dos séculos, numa evolução psíquica, moral e religiosa imensa e que ninguém consegue discernir plenamente ou realizar bem, foi-se desenvolvendo em alguns seres a capacidade de estabelecerem melhor tal religação, no Oriente demandada e denominada nas vias ou yogas, em condições favoráveis ou não, e que deixaram assim trilhos nos caminhos subtis das almas e da memória da terra lúcida e perene e que nós devemos cultivar e levar mais longe e acima, tanto mais que nascemos em famílias, nações, grupos e religiões e temos antepassados, compatriotas, colegas ou fiéis que já deixaram o caminho do avanço terreno e que ora deixaram testamentos anímicos para prosseguirmos ora nos mundos subtis ainda precisam das nossas energias intencionais ascensionais, as quais com eles se juntam ao cruzar-nos em relações de lembrança grata, oração, apoio e inspiração, como por exemplo se celebra no dia dos Fiéis Defuntos, ou as almas às quais somos fiéis do Amor acima ou além da morte.
Este é um dos meios que os antigos nos deixaram: o Corpo Místico da Humanidade, e o orarmos pelos que já tendo partido podem precisar ainda de luz e amor nas suas almas deles para poderem despertar os seus sentidos espirituais, através dos quais podem melhor avançar e elevar-se nos mundo subtis e espirituais conscientemente, de acordo com a aspiração, a impulsão, a auto-consciência, o merecimento interior e a graça.
Ao orarmos por eles, para que sejam mais fortificados espiritualmente e para que a Divindade neles esteja mais viva ou consciencializada espiritual e amorosamente, estamos a trabalhar para a intensificação luminosa em vários planos do universo, deste o terreno físico até aos subtis e espirituais, ou mesmo divino, interagindo com eles. E caso tais almas já não já não precisem, chegará a outras....
Se é pelo olho espiritual que vemos a Luz divina descendo sobre nós, ou discernimos melhor o subtil universo e os seus seres e símbolos, é sobretudo pelo coração que desenvolvemos ou intensificamos o amor que cria a vibração ambiental que permite a coalescência ou avatarização da subtilíssima Divindade e que desde a sua transcendência e na sua imanência consegue então fazer-se mais sentida em nós.
Então há alegria, gratidão, paz, esperança e amor e no centro e fundo nobre da alma podemos invocar e sentir mais a Divindade que se vai fazendo renascer em nós e naqueles por quem oramos ou amamos.
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| Ser de Luz, pintura de Bô Yin Râ.... |



















