sexta-feira, 30 de abril de 2021

Poemas da Luz anímica e do Amor perene. Do XI ao XXIII, final, de há anos e bem melhorados agora. Com 5 pinturas de Bô Yin Râ e uma nipónica.

XII
Mil nomes pronunciei antes de chegar ao Teu,
Mil passos e retrocessos tracei nos areais
Até encontrar a firmeza das rochas e da terra
Por onde caminhamos e nos despertamos.

No nosso coração há mares
e nele, como conchas, peixes ou sereias
nossas almas nadam e comunicam
sentindo-se bem no Oceano sem fim.

Gritarei e esculpirei o teu nome
     Nas paredes das falésias imensas.
Traçarei o teu nome no ar lilás
    Qual voo da gaivota no horizonte.


 Não dormirei sem ter invocado teu Nome,
sem adormecermos no mesmo mantra.
E mesmo nas marés dos sonhos
estaremos sempre bem atentos
a não nos perdermos de vista,
     A âncora da Esperança que quer
bem firmemente perseverada
nas profundezas do Amor e Ser.

XIII
"Morrer é ser iniciado"
diziam os antigos gregos.
Cristo veio renová-la:
"Não há morte, mas ressurreição".


Vou peregrinando na vida
Procurando ser sábio e verdadeiro
E cada vez mais luminoso
Ligando bem o céu e a terra.

Quando te encontrei
na paz dos teus olhos
Vi o Oceano sem fim
E  nele
quis mergulhar.


Agora nadamos no mar sem fim
do Amor divino e invencível
que como Sol renascendo cada dia,
Atrai-nos para Deus, a fonte da Vida.

XIV
Busco a alma divina
Em mim e em ti,
Voo sereno mas com pressa,
  Amor e aspiração divina.

Procurar o espírito,
Erguer a individualidade,
Abraçar-nos nas essências,
Despertar-nos ao máximo
E sermos um na Divindade.


Não deixarei os cães
morderem ou ameaçarem
nossos caminhos e passos.
Atento e forte na luz
dissiparei toda e qualquer treva.


Tornar-nos-emos tão fortes e puros
como os lírios, cedros e montes,
ou as aves e crianças desprendidas
transmutando a sombra na luz.

Dispersarei as trevas do nosso ser.
Torpor, dúvidas ou tentações
estilhar-se-ão na luz do meio
em que nossas almas viverão.

XV
Teus olhos sonhados e místicos
belos, cristalinos e puros,
procuro chegar ao fundo,
passando da menina à alma
e quem sabe mesmo ao espírito.

Do beijo na face, a forma dos lábios
e os contornos das pálpebras
não traçarei palavras ou sons.
Basta o sentimento, a consciência desperta
e esta vontade imensa de te amar, de sermos amor.


XVI
Face à noite primordial cósmica,
Ao antigo Caos do Amor
E à união das nossas almas
só sentimos gratidão, beatitude e amor.

Não dormiremos como as estrelas,
como o galo pitagórico saudaremos a Aurora.
E da intensidade do nosso encontro e união
Ressoarão ondas rítmicas no Oceano Cósmico,
Cristalizando nas almas a presença Divina.

XVII

Só vendo ainda  as luzes da aurora

 Não posso saber de nudez total.

Quando ela chegar e nos abrasar

Pouca escória em nós restará,

Será verão quente na nossa unidade.

 

O Amor escorre da fonte cristalina

 Ciciando sons e ritmos divinos

Inundando a nossa alma de Luz

Erguendo-nos na dimensão imortal.


XVIII

Os Setembros cálidos e mágicos

 Quando subimos aos montes,

ou trabalhamos nas colheitas

em tudo a fertilidade sorrindo.

 

Dedos e mãos que se tocam,

Almas que se querem unir,

 São Miguel lá no alto triunfando:

Os raios de Amor cruzando a Terra.

 

Ritmos de luas, equinócios e eclipses,

São ocasiões de ritos e meditações,

 evocações das Harmonias  Cósmicas

na Terra tão explorada, ardente e carente.

 

XIX

Pássaros da luz

esparsa por aqui e acolá,

traçando fulgurações

nos encontros ocasionais.

 

 Como não gratamente relembrar

jardins de sol e estufas de sombra,

mesas, flores,  parreiras e diálogos,

almas e uniões tão expectantes?

 

A procura ardente do Espírito

Une as almas peregrinas afins,

E calmas como guardiões

Vigiam as costas de Portugal.

 

Unindo-nos com os mais novos

Complementamos os mais velhos,

Abraçando o  Céu e a  Terra,

 Harmonizamos o Androginato interno.

 

 Folhas, nuvens e pessoas ao vento

São apelos ao discernimento

Das seivas anímicas valiosas,

Que devemos cultivar perenemente. 

XX

 Gaivotas solitárias e miraculosas

atravessando mares e costas sem fim,

olhos no longe, impávidas e serenas,

voos rasantes nas cristas das ondas

subindo subitamente rumo ao sol 

e por fim ei-las precipitando-se

e no mar ondulante mergulhando:

e quando vem o peixe na boca

há paz na alma desabrochante.

 XXI

O  Amor é todo poderoso

mas para muitos é tão ilusivo.

pois ele parte, ele chega

ele exige, ele esfuma-se.

 

Nas horas mais nocturnas

O fogo do Amor devemos despertar,

para, resistindo ao torpor das trevas

ardermos, iluminar-nos e  contemplarmos.

 

Mas como, para quem

questiona a mente ao Ser?

- Lança a energia da aspiração coração

e chama pelo nome e face divina

que mais vibra no teu coração.

 

A Unidade Divina e a sua Comunhão.

É dada por quem amas ou amaste.

Cultiva os momentos de mais Amor

pois embora invisível arde e desvenda. 

 

Quem amas palpitará vibrante

Rumo a ti na Alma do Mundo.

Por fios luminosos correm anseios,

Precipitando visões celestiais

 Compensando as dores e esforços.

 

Tua alma grávida como uma catedral,

Contém ícones, resinas e filigranas,

E coroando, em cálice, a eucaristia,

 A visão duma face feminina divina.

XXII

Teu rosto e ser tão belo

não está ainda tão amado

que espelhe o espírito divino

e nos inunde da sua felicidade.

 

Teu corpo puro e subtil

Redondo e harmonioso

É uma promessa certa

 Da criatividade frutífera.


Teus dedos suaves

apontam as linhas,

desenterram as raízes,

segredam sentidos,

indicam caminhos,

desvendam os mistérios.

 

A presença da Luz Primordial

brilha no fundo do teu coração

e tudo será bem possível

na Primavera da tua alma.

 

Tua aura calma,

Tua vida límpida,

Permitem a paz,

Partilham o silêncio.

 

Em evocação de ti

Saudarei a Magia

 Causadora dos encontros

 Dos seres amáveis,

A descoberta das almas gémeas

A união das almas afins.

 

XXIII

Nossos nomes originais cruzados

E nossas mãos e almas entrelaçadas

Geram osmoses, poemas e claridades,

que aumentam a fraternidade planetária.

 

E vencendo as dúvidas e trevas,

Insónias, desânimos e agitações,

Por serviços e realização espiritual,

Desabrocharemos a consciência imortal.
 

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