XII
Mil nomes pronunciei antes de chegar ao Teu,
Mil passos e retrocessos tracei nos areais
Até encontrar a firmeza das rochas e da terra
Por onde caminhamos e nos despertamos.
No nosso coração há mares
e nele, como conchas, peixes ou sereias
nossas almas nadam e comunicam
sentindo-se bem no Oceano sem fim.
Gritarei e esculpirei o teu nome
Nas paredes das falésias imensas.
Traçarei o teu nome no ar lilás
Qual voo da gaivota no horizonte.
Não dormirei sem ter invocado teu Nome,
sem adormecermos no mesmo mantra.
E mesmo nas marés dos sonhos
estaremos sempre bem atentos
a não nos perdermos de vista,
A âncora da Esperança que quer
bem firmemente perseverada
nas profundezas do Amor e Ser.
XIII
"Morrer é ser iniciado"
diziam os antigos gregos.
Cristo veio renová-la:
"Não há morte, mas ressurreição".
Vou peregrinando na vida
Procurando ser sábio e verdadeiro
E cada vez mais luminoso
Ligando bem o céu e a terra.
Quando te encontrei
na paz dos teus olhos
Vi o Oceano sem fim
E nele quis mergulhar.
Agora nadamos no mar sem fim
do Amor divino e invencível
que como Sol renascendo cada dia,
Atrai-nos para Deus, a fonte da Vida.
XIV
Busco a alma divina
Em mim e em ti,
Voo sereno mas com pressa,
Amor e aspiração divina.
Procurar o espírito,
Erguer a individualidade,
Abraçar-nos nas essências,
Despertar-nos ao máximo
E sermos um na Divindade.
Não deixarei os cães
morderem ou ameaçarem
nossos caminhos e passos.
Atento e forte na luz
dissiparei toda e qualquer treva.
Tornar-nos-emos tão fortes e puros
como os lírios, cedros e montes,
ou as aves e crianças desprendidas
transmutando a sombra na luz.
Dispersarei as trevas do nosso ser.
Torpor, dúvidas ou tentações
estilhar-se-ão na luz do meio
em que nossas almas viverão.
XV
Teus olhos sonhados e místicos
belos, cristalinos e puros,
procuro chegar ao fundo,
passando da menina à alma
e quem sabe mesmo ao espírito.
Do beijo na face, a forma dos lábios
e os contornos das pálpebras
não traçarei palavras ou sons.
Basta o sentimento, a consciência desperta
e esta vontade imensa de te amar, de sermos amor.
Face à noite primordial cósmica,
Ao antigo Caos do Amor
E à união das nossas almas
só sentimos gratidão, beatitude e amor.
Não dormiremos como as estrelas,
como o galo pitagórico saudaremos a Aurora.
E da intensidade do nosso encontro e união
Ressoarão ondas rítmicas no Oceano Cósmico,
Cristalizando nas almas a presença Divina.
XVII
Só vendo ainda as luzes da aurora
Não posso saber de nudez total.
Quando ela chegar e nos abrasar
Pouca escória em nós restará,
Será verão quente na nossa unidade.
O Amor escorre da fonte cristalina
Ciciando sons e ritmos divinos
Inundando a nossa alma de Luz
Erguendo-nos na dimensão imortal.
XVIII
Os Setembros cálidos e mágicos
Quando subimos aos montes,
ou trabalhamos nas colheitas
em tudo a fertilidade sorrindo.
Dedos e mãos que se tocam,
Almas que se querem unir,
São Miguel lá no alto triunfando:
Os raios de Amor cruzando a Terra.
Ritmos de luas, equinócios e eclipses,
São ocasiões de ritos e meditações,
evocações das Harmonias Cósmicas
na Terra tão explorada, ardente e carente.
XIX
Pássaros da luz
esparsa por aqui e acolá,
traçando fulgurações
nos encontros ocasionais.
Como não gratamente relembrar
jardins de sol e estufas de sombra,
mesas, flores, parreiras e diálogos,
almas e uniões tão expectantes?
A procura ardente do Espírito
Une as almas peregrinas afins,
E calmas como guardiões
Vigiam as costas de Portugal.
Unindo-nos com os mais novos
Complementamos os mais velhos,
Abraçando o Céu e a Terra,
Harmonizamos o Androginato interno.
Folhas, nuvens e pessoas ao vento
São apelos ao discernimento
Das seivas anímicas valiosas,
Que devemos cultivar perenemente.
XX
Gaivotas solitárias e miraculosas
atravessando mares e costas sem fim,
olhos no longe, impávidas e serenas,
voos rasantes nas cristas das ondas
subindo subitamente rumo ao sol
e por fim ei-las precipitando-se
e no mar ondulante mergulhando:
e quando vem o peixe na boca
há paz na alma desabrochante.
XXI
O Amor é todo poderoso
mas para muitos é tão ilusivo.
pois ele parte, ele chega
ele exige, ele esfuma-se.
Nas horas mais nocturnas
O fogo do Amor devemos despertar,
para, resistindo ao torpor das trevas
ardermos, iluminar-nos e contemplarmos.
Mas como, para quem
questiona a mente ao Ser?
- Lança a energia da aspiração coração
e chama pelo nome e face divina
que mais vibra no teu coração.
A Unidade Divina e a sua Comunhão.
É dada por quem amas ou amaste.
Cultiva os momentos de mais Amor
pois embora invisível arde e desvenda.
Quem amas palpitará vibrante
Rumo a ti na Alma do Mundo.
Por fios luminosos correm anseios,
Precipitando visões celestiais
Compensando as dores e esforços.
Tua alma grávida como uma catedral,
Contém ícones, resinas e filigranas,
E coroando, em cálice, a eucaristia,
A visão duma face feminina divina.
XXII
Teu rosto e ser tão belo
não está ainda tão amado
que espelhe o espírito divino
e nos inunde da sua felicidade.
Teu corpo puro e subtil
Redondo e harmonioso
É uma promessa certa
Da criatividade frutífera.
Teus dedos suaves
apontam as linhas,
desenterram as raízes,
segredam sentidos,
indicam caminhos,
desvendam os mistérios.
A presença da Luz Primordial
brilha no fundo do teu coração
e tudo será bem possível
na Primavera da tua alma.
Tua aura calma,
Tua vida límpida,
Permitem a paz,
Partilham o silêncio.
Em evocação de ti
Saudarei a Magia
Causadora dos encontros
Dos seres amáveis,
A descoberta das almas gémeas
A união das almas afins.
XXIII
Nossos nomes originais cruzados
E nossas mãos e almas entrelaçadas
Geram osmoses, poemas e claridades,
que aumentam a fraternidade planetária.
E vencendo as dúvidas e trevas,
Insónias, desânimos e agitações,
Por serviços e realização espiritual,
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