terça-feira, 20 de abril de 2021

Poemas da Luz anímica e do Amor perene. Do I ao VII dum ciclo de XXII, escritos há já uns anos.

 Estes poemas foram escritos em Setembro e Outubro de 2005 após ter visitado no Porto a Dalila Pereira da Costa e ter estado com ela, o Fernando Echevarria e a Maria João Reynaud, que me ofereceu então o seu livro Luz de Intimidade, Edições Afrontamento, onde fui escrevendo os poemas ora em diálogo com os dela ora em folhas de título ou de breve citação. Há dias arrumando os livros de poesia, e os que me foram oferecidos ao longo dos tempos, subitamente abriu-se a Luz de Intimidade e a minha letra sobrenadou. Escritos não para alguém particular, mas pelo Amor...

                                                         

                                                 I -  ALBA

Brilham as estrelas no céu,

Palpitam sorridentes a chamar-nos.

Quantos abrimos o cimo da cabeça

às vibrações e bênçãos delas?

 

Começar o dia com as estrelas

saudá-las ao longe, das janelas.

Ou caminhar sob elas,

recebendo seus eflúvios

na noite imensa que se despede.

 

Assim entrei a manhã

E chamei-te à distância:

- Meu Amor, onde estás tu

Porque esta distância entre nós?

 

Dizes-me que os nossos passos

nos encaminham um para o outro,

Seja de noite ou de dia,

Hoje, amanhã ou sempre.

 

Descanso, calmo,

Sei que nos encontraremos

E estreitaremos as almas 

Na Unidade do Espírito.

 

 II 

  Trevas e torpores,

pântanos e remoinhos,

tudo isso atravessamos

com os remos forçando.

 

Batalha de barcas,

de viagens e travessias.

Quando se encontrarão por fim 

as nossas almas de luz? 


Cruzarei as distâncias todas,

Não deixarei o altar esfriar.

Nele sacrificarei o meu ego

Aos teus adorados pés.


Teceremos arquitecturas

de palavras, significados e valores,

vivendo e transmitindo

a sabedoria imensa que nos anima.


Haverá alegria

 Na barca da nossa alma.

O lampião dará luz,

Os peixes virão à tona.

III

    Nestes nossos estios quentes

não sei que admirar mais:

se a cor vermelha das folhas

se a pujança perene das árvores,

se o amor humano

que não se deixa cair

nem com as estações e idades

e sempre renasce novo

manifestando a perenidade do Amor.


IV

Lá no longe,

marcando o encontro

do céu e da terra,

Aqui em mim,

nos olhos semicerrados

entre a luz e a obscuridade,

assim vou talhando o olho espiritual,

assim vou abrindo o coração,

até  abranger o Oceano,

 Sanmudra de Om namo Narayana

e passar ao horizonte longínquo

e contemplar admirado Narayana.

V

Atravessas o céu da minha alma

como uma aparição de Deus

deixando sulcos de amor

que ainda agora reverberam

 

Como o voo rápido duma gaivota

fendendo os ares abruptamente,

aceito que também a passagem

seja um relâmpago na noite,

um clarão na madrugada.

 

Virei pé ante pé

bater à janela da tua alma

ciciar teu nome

às tuas pálpebras e orelhas.

Segredar-te mistérios

aos teus cabelos escorridos,

acariciar teus lábios

e dedos finos.

 Depois, no céu,

reinarei coroado por ti

da mirta dos poetas,

da amrita dos místicos,

Pois o nosso Deus nascerá em nós. 

VI

Vezes sem conta

meditámos no santuário

invocando as bênçãos divinas

e o regresso da Luz.


Cores fulgurantes e luminosas,

sentimentos puros e exaltantes,

assim vou tecendo

a teia dos meus dias.

Mas quando tu chegaste

arrancaste-me da solidão

e abriste tal corrente no meu peito

que de noite ou de dia

meu coração sangra por ti.


Esculpo a aura e alma nossa

traço sinais e desígnios,

sinto-te mais desperta e luminosa.

 Seremos justos, corajosos e ardentes

na irradiação da harmonia e da felicidade,

na transmissão dos estados de consciência

que curam, iluminam e salvam.

 VII

Trarei aos teus pés

léguas de antiguidade,

depositarei no teu regaço

braçadas de flores milenares.

Voaremos juntos como gaivotas

rasando as ondas brancas e altaneiras,

daremos as mãos à borda d'água

e escreveremos os poemas da Eternidade...

2 comentários:

Iandella Cape disse...

Muito belo.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças, Landella. Aproveitei para reler e pontuar melhor. Boas inspirações e realizações!