domingo, 2 de outubro de 2016

A Biblioterapia no Jardim da Estrela, 2-X-2016, Lisboa. Com Mariana Pires e o senhor engenheiro seu pai, Jorge

    A Biblioterapia nos jardins, sobretudo aos fins de semana, está a ter muito sucesso, e a custosa importação da famosa Ritalina, um fármaco pesado dado a tanta gente para se "anormalizar", isto é anestesiar,  está a regredir e nem tem sido preciso regressões nem custosas visitações de especialistas...
    Também a nubeloterapia se está a desenvolver entre nós, ou seja, as nuvens, ao serem contempladas sentidas e dialogadas, ensinam-nos muito e pelo que nos transmitem até podem curar certas doenças derivadas do pouco contacto com os céus e as suas partículas, ondas e tão metamorfoseáveis nuvens...
   No dito livro aberto moderno Facebook há um grupo de "Nuvens e céus de Portugal" onde alguns princípios  têm sido transmitidos pioneiramente  e com a simplicidade e humildade com que as nuvens se formam, falam e se desvanecem.
    Eis na fotografia inicial uma que nos convidou ao sairmos de casa e nos guiou no Domingo pela tarde para o Jardim da Estrela, claro com um excelente livro na mão, de Lynne Mctaggard, trocado na véspera na nóvel livraria de livros ingleses em segunda mão, Bivar, à Estefânia, na rua Ponta Delgada. 
Entremos no mundo mágico e salutar da Natureza que ainda subsiste dentro das cidades, os Jardins, em Persa denominados paradesa, donde se formou o nosso paraíso, e o que é um jardim senão isso, em especial com um belo tempo outonal, paz, liberdade e livros? 
                                     
   Diante das grandes árvores da borracha do jardim da Estrela por vezes sento-me e admiro a grande aspiração delas ao Sol e ora as contemplo, ora me entranho a ler, ora observo quem passa,  pessoas e cães sobretudo, cada uma com a sua frequência vibratória que o corpo e a alma geram e partilham no vasto eco-sistema do Jardim da Estrela que a todos nos envolve, ressoa e modela...

Árvores bem poderosas, que espíritos da natureza as habitarão? Quem lhes sabe tocar em vez de pintar, ou mesmo ler as poesias, por exemplo, As Fadas, ou outras, do livro de Antero de Quental, Tesouro Poético da Infância?
Sentar-nos na relva é uma graça nos nossos dias, pois nos jardins botânicos já se paga para entrar e sentar no chão nem pensar, mas aqui podemos comungar com a  terra, encostar-nos a uma árvore, segredar-lhe uns agradecimentos, sentimentos ou orações e contemplar até gente luminosa, como nós invocando os melhores raios e bênçãos que do sol descem e se derramam através da frequência saudável esverdeada e dourada que permeia o campo ajardinado no começo do Outono...

As grandes árvores em flor são sempre um resplendor e através delas nos fortificamos e elevamos à fortaleza e beleza do espírito e do Amor...
    Mas eis que o amigo Jorge Pires e sua filha luminosa Mariana nos desafiaram pelo telemóvel a mudar de pouso e a trocar o austero chão, embora relvado, por uns sofás biblioterapêuticos, estes dias em funcionamento... 
    Ei-los a receberem-nos, felizes, pois muito dados ao amor e leitura dos livros, congratularam-se com a chegada de alguém que já trazia o seu livro na mão mas que aos bons leitores se ajuntava...
Ali perto, algum rodopio de gente se avistava junto à estátua do nosso dilecto amigo "Antero de Quental, escritor", para o referir pelo nome de uma página do Facebook por mim animada. 
Havia diálogo, sob o vulto do Antero, que tem, já há uns anos, o nariz e uns dedos estropiados por gente menos educada do nosso país, mas que cremos já não existir para estes atentados e portanto aguardemos que a Câmara reponha o devido respeito pela efígie, ainda que não vera pelo menos imponente e interrogante, do grande pensador e poeta dos mistérios da Vida e da Morte, do Determinismo e da Liberdade, do Amor e da Verdade... 
Apesar de se ter evocado o nome de Antero de Quental para um dinâmico forum ou palco creio não se ter falado nele nem se o deixou falar e por isso juntamos nós algumas palavras valiosas de uma carta ao seu condiscípulo e futuro advogado Flórido Teles de Meneses, escrita em Coimbra, 7-VIII-1861:  «Bem sabes: quem crê na Arte crê no belo, no bom, isto é, no Amor e em Deus, e com estes elementos pode tudo perder-se mil vezes, que mil vezes será tudo salvo. É por isso que tantas esperança ponho na arte; é já um culto antecipado da religião que ainda está por nascer para uma sociedade de que só por aqui terão alguns uma vaga intuição. Desses alguns quero eu ser, como tu és, meu apóstolo e precursor de novos mundos, como são todos os que, depondo ambições do dia, viram os olhos da sua alma para o horizonte longínquo, aonde tem de raiar a Aurora do Dia novo».
O raio verde da aurora da Verdade que a leitura pode intensificar...
Vários tipos de estantes e assentos se ofereciam então às pessoas, com gosto e discrição escolhidos, e os utilizadores eram amantes dos livros e da sua sabedoria, praticantes certamente, embora mais ou menos conscientes, da biblioterapia, que aliás no livro que publiquei em Julho de 2015, intitulado Da Alma ao Espírito, se encontra um pouco desenvolvido no capítulo XXX, intitulado Biblioterapia.

    Pois no nosso canto, ou subcampo biblioterapêutico, juntou-se um grupinho, onde a gente mais nova alternava a leitura dos livros em papel com os mais modernos meios de comunicação e leitura, e algumas pessoas vieram fazer o istishara persa, escolher um livro, abrir "à sorte" e ler onde se abriu e receber uma mensagem, embora no Irão em geral se faça isso sobretudo com os Diwan (cancioneiros) de Hafiz e Saadi, os dois grandes poetas do Amor e do Espírito, e o Alcorão, este bastante menos aberto ao vinho do Amor que tanto nos inebria ou exalta na poesia clássica Persa...
 Um grupo mais animado, com a jovem de branco mais leitora e ao fundo as pessoas que foram passando...
                          Diálogos com vontade de se ouvir o outro e a sabedoria que possa ter é bom...
Ler para a criança, modelando animicamente o conteudo do lirvo para a alminha única em crescimento, uma arte
    Contemplar, ver que livro se quer escolher e levar, eis uma boa prática, pois com a falta de biblioterapeutas temos que ser nós mesmo a fazer o istishara persa, a intuição fulgurante ou, com mais discernimento ponderado, consultar os livros até descobrirmos os que mais amamos e que nos permitirão fazer  auto-conhecimento e auto-cura, ou então melhorar a nossa compreensão do mundo e do que nos rodeia, questiona, oprime ou liberta e, logo, desafia.
   Estas práticas de partilha de espaços biblioterapêuticos nas cidades e jardins têm toda a razão de ser, e estão de parabéns os organizadores, que aliás tinham um programa bem mais diversificado com várias actividade ao longo dos três dias, e será um contributo importante para se diminuir uma certa iliteracia persistente a que o ênfase exageradíssimo dado nos meios de informação e televisivos à bola não será alheio...
   E no Jardim da Estrela e de certo modo de Antero de Quental, seria bom que se realizassem algumas vezes palestras ou diálogos sobre a sua vida e contexto, pensamento e obra, ou leituras de seus poemas e cartas e, claro, outras actividades literárias e poéticas não já só emanando ou relacionadas com ele...
      Por fim, eis as torres da Basílica do sagrado Coração divino na humanidade, com os seus vasos, cruzes e espadas flamejantes a apelarem ou  despertarem-nos para a comunhão no Bem da Humanidade e na  Verdade e Divindade...
   O templo religioso, a árvore e eixo do mundo natural e imaginal, e a nuvem soprada pelo Espírito ou pelos Espíritos da Natureza e os Anjos, emanam ondas vibratórias que ressoam em nós, abençoando-nos.       Flua harmoniosamente...

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