domingo, 16 de outubro de 2016

Tarot XVII. A Estrela. Significados do arcano, consciencializações energético-espirituais.

                                                                  
O arcano XVII da Estrela foi e é visto e desenhado na simbologia do Tarot como um dos mais benéficos ou inspiradores e está representado em geral por uma mulher desnuda, ou semi-nua, derramando através de dois vasos (em geral de cores diferentes) energias ou água para um rio ou lago, com uma ou mais estrelas brilhando sobre si, num céu aberto e brilhante...
Encontra-se vizinha de vegetação verdejante e de uma ave, no caso da imagem uma coruja ou mocho (ou ainda o orientador corvo alquímico, presente até no S. Vicente moçárabe e lisboeta), associada desde tempos imemoriais à sensibilidade oculta, nocturna e silenciosa, e os misté, ou iniciados dos mistérios greco-romanos, eram os que sabiam aprofundar o silêncio da noite, entrando em contacto com o mundo espiritual e eventualmente colhendo o orvalho das bênçãos divinas. E associada à deusa grega, Atena,  a da Sabedoria, e da qual derivou, ou corresponde, a Minerva romana. 
Apesar das raízes greco-romanas, além das cristãs, do Tarot, uma criação de artistas humanistas do Renascimento,  na maioria  das versões não vemos a coruja da deusa Atena mas simplesmente uma ave, talvez  até como símbolo da alma-espírito e da sua capacidade tanto de voar como de inspirar,   a qual se encontra sobre um florescimento vegetal, arbusto ou árvore. O que indica a necessidade de uma constante  harmonização da alma na sua aspiração evolutiva, ou seja, de melhoria de realização espiritual, tarefa por vezes difícil quando os meios de informação, os ambientes e as pessoas não ajudam e antes manipulam, desequilibram ou mesmo oprimem...
Através da simbologia do arcano da Estrela intuímos e evocamos a  participação ascensional humana na primacial dimensão benéfica e amorosa da Vida no Cosmos pois, a partir de uma mulher benfazeja que, interagindo com os elementos da Terra e Água, derrama e partilha as energias vitais e fertilizadoras, entramos na atmosfera do Ar e, por fim, no Céu ardente de estrelas ou sóis de diferentes tamanhos, projectando-nos tanto para o Infinito das galáxias seja para os mundos subtis e espirituais, com os seus seres, influxos e bênçãos celestiais. E conhece-se hoje muito mais os exteriores macrocósmicas e microcósmicas do que as dimensões interiores psico-conscienciais, apesar de tanta gente as ensinar e  escrever, diga-se de passagem, em geral com pouquíssima experiência real, sobre tais aspectos esotéricos ou níveis mais interiores ou subtis do espírito humano...
Este arcano relembra-nos então que somos um pequeno Microcosmos do grande Macrocosmos,  em unidade ou num campo unificado de energia-consciência, e com responsabilidades de intermediarização, mormente a mulher, mais dotada de sensibilidade e de amor, quando mãe quase incondicional nessa potencialidade unitiva e abnegada, e por isso escolhida  para simbolizar a transmissão harmonizadora, nela tanto inata como voluntária,  de energias e ondas, sentimentos e forças do Amor. Para que num mundo demasiado oprimido por  elites e corporações tão egoístas e criminosas, as sementes luminosas da Paz, do Amor e da Esperança não esmoreçam e se apaguem, mas antes floresçam e frutifiquem pela nossa acção persistente, corajosa e criativa, e em especial quando conflitos fortes deflagram e nos envolvem subtilmente a todos....
                                         
Como os arcanos do Tarot devem ser contemplados ou lidos também na relação com os outros arcanos e nos seus vários planos de manifestação, nomeadamente no literal ou físico, no energético, no psíquico ou mental, no espiritual e o divino (numa classificação quinária, embora também se possa fazer a tripla: corpo, alma e espírito, - e a septenária, como entre nós Fernando Pessoa mencionou), podemos dizer que este arcano XVII está mais relacionado com o XIV da Temperança e a sua Mulher-Anjo-Deusa, em ambos se apontando para uma harmonia nos vários níveis do nosso ser.
Mostra-nos a Estrela que, mais consciencializados e caldeados os tradicionais Cinco Elementos, atingida certa maturidade pelo confronto da alma luminosa e alada com os instintos, a dor corporal e sentimental, a ascese, o mal e a adversidade, o ser está mais purificado, espiritualizado e unificado no seu interior, nomeadamente quanto às suas polaridades e conflitos, e pronto tanto para ver e receber como para irradiar e derramar  energias luminosas, seja físicas, psíquicas, espirituais e celestiais para os outros seres em múltiplos níveis ambientais...
Isto acontece no fertilizar e harmonizar, desde a Natureza e os seus eco-sistemas (hoje a precisarem tanto de protecção ecológica e agricultura biológica, admiração e amor), até às pessoas, grupos e sociedades, também frequentemente carentes de valores e de energias saudáveis e iluminativas, tão submersas pelas lavagens aos cérebros de governos, grupos de pressão e "medias", o que se tem acentuado muito a partir do vírus de 2020, com a sua carga inaudita de atemorização, sofrimento, desânimo, falências e mortes (e mais recentemente com o conflito entre a Rússia e a NATO, USA, Ucrânia e UE, que desejamos que termine rápido) e a não menos grave lesão cerebral e anímica causada pelos noticiários televisivos na sua impressionante quantidade de informação-desinformação-formatação-aniquilação  debitada, em muito ultrapassando já a distracção, juvenilização ou mesmo alienação da bola.

                                        
                         Vasos, bilhas,  chakras bem abertos ao alto, à Estrela, ao Cosmos... 
Interiormente ou psiquicamente podemos ver nesta mulher transparente e benéfica tanto  a Deusa, a Sacerdotisa, a Mestra, a Musa, a Amada, a Curadora, a Trabalhadora, a Esperança  ou mesmo a Natureza Feminina e sensível, em si e em nós, e então é importante trabalharmos para que a nossa pessoa,  ou personalidade, a "per-sona", por onde soa e ressoa o mundo e o nosso verdadeiro eu espiritual, seja uma intermediária bem mais vertical, pura e nua, despida de roupagens desnecessárias e preconceitos limitadores, tornando-se uma auto-consciente harmonizadora de si própria e uma servidora desinteressada do Dharma ou Ordem do Mundo e não do Imundo, como o imperialismo e neo-liberalismo ditatorial ideológico, financeiro, corporativo e digital têm tanto desenvolvido e explorado, criando conflitos e guerras em tanta parte...
E ao sermos um tal canal e centro energético-consciencial limpo, verdadeiro e transparente,   podem-se derramar ou desenvolver através de nós as melhores energias e potencialidades do Kosmos (do grego, um Todo ordenado e belo) e dos seus níveis e seres espirituais e angélicos, nomeadamente as que se manifestam ou geram pela nossa aspiração, investigação e acção, através de uma luta ora interna ora internacional, para que haja mais saúde e prosperidade,  paz e  justiça,  liberdade e responsabilidade ecológica,  diálogo e compreensão internacional,  fraternidade  universal e Amor... 
Ao nível mais sagrado, a Mulher-Estrela é um símbolo e uma janela da Face Feminina da Divindade e das suas revivificadoras e fertilizantes Deusas, Ninfas e Naíades (tão cultuadas entre nós na época romana, ou mais tarde por poetas e escritores nossos, tais como Luís de Camões, Jorge Ferreira de Vasconcelos e Bocage),  sacerdotisas e sibilas, bacantes amorosas e sábias, jardineiras e curadoras, etc., desde sempre existentes e que não podemos deixar fenecer.... 
Poderemos referir dessas faces femininas da Divindade a Inanna da Suméria, a Ishtar da Babilónia, a Astarte da Assíria, a Anahita da Pérsia, ou ainda a Ísis Egípcia e as amorosas Afrodite e Vénus greco-romanas (e provavelmente esta foi a fonte primordial deste arcano, sendo a estrela da tarde), para além de termos já referido as sábias Athena e Minerva, ou agora Kuan Yin e Amaterasu O mi kami, Maria e Fatima Zahra (mulher de Ali), em todas se realçando a sensibilidade e a força do Amor e Harmonia, bem incarnadas em fecundidade e geração, abnegação e inspiração.
 
Mostra e demonstra o Caminho...
Nas representações mais antigas do Tarot, certo ênfase foi dado mais à imagem de uma estrela, que tanto simbolizava as luminárias do Céu como em especial Sírius ou Vénus, a quem se atribuía o influxo do Amor, pois reconhecia-se ou considerava-se que tal estrela ou planeta, com sua radiância atractiva amorosa, era buscada, recebida e transmitida mais pela mulher, ou pela alma sensível e receptiva, na sua demanda de plenitude e de se tornar um vaso feliz, qual Graal do Divino e, logo, de poder ser mais musa, inspiradora, curadora, amada, amante...
A imagem que vemos em seguida, das cartas do Tarot Visconti Sforza, mostra-nos uma estrela de oito pontas, que representaria o planeta Vénus, segurada ou talvez melhor sintonizada e recebida por uma mulher vestida de azul e com um casaco vermelho, representando a alma calma e luminosa que se abre à estrela e ao caminho ascensional rumo a Deus. A representação de Vénus na série dos planetas nas cartas ou emblemas atribuídos a Mantegna, sensivelmente da mesma data, confirma esta hipótese venusiana.
                                          
Estrela que é ainda a da intuição-visão do Espírito, e que era buscada, ou  que, segundo a narrativa lendária e simbólica evangélica, guiava os Magos da Pérsia, ou Mestres do Oriente, representantes da Tradição Primordial da ligação ao Espírito, também denominada  Filosofia Perene ou Prisca Teologia no Renascimento italiano, que unia e une, agora e sempre, as almas mais despertas na Terra e que emerge algo misteriosamente, na redacção do Evangelho segundo S. Mateus, com os três Magos Reis "vindos do Oriente" a seguirem-na, numa descrição algo materializada (e daí a sua voga com astrólogos e astrónomos...), mas com sucesso,pois foi grande a fortuna que este episódio semi-mítico teve no Cristianismo, com as festas dos Reis, as reizadas, e a magia da prenda solar e da fava subterrânea ou nefasta no bolo-Rei, ou hoje ainda, mais saudavelmente, no Bolo-Rainha e biológico, tal como, numa referência regional, a Próvida e outras empresas têm conseguido produzir...
Estrela que foi também representada, em alguns Tarots, a ser estudada pelos magos da Pérsia, ou por astrónomos-astrólogos, frequentemente em cálculos ou observações que visavam calendarizar o tempo e discernir as posições equinociais ou planetárias que anunciariam tanto as melhores épocas  de  fertilidade dos campos, com suas espécies e trabalhos, como também os momentos mais auspiciosos para o acesso ou melhor realização do génio ou missão, destino ou estrela dos povos e reis. E com o tempo, democraticamente embora também frequentemente mistificadoramente, de cada ser humano normal, pois todos nós temos  nossas tarefas, frutificações, missões, as quais pelos nossos estudos, auto-exames, meditações, diálogos e acções devemos discernir, melhorar e realizar. 
É claro que qualquer astrologia de jornal ou revista pouco vale nas suas indicações, a não ser nos estímulos positivos nos que acreditarem, e mesmo as feitas com a hora do nascimentos são mais convenções psíquicas com possíveis abordagens clarificadores ou inspiradoras do que realidades objectivas e muito menos predeterminantes e, já agora diga-se de passagem, nunca justificativas da exploração monetária e manipulação anímica que vários astrólogas e astrólogos fazem, frequentemente apenas com palavreado e algum conhecimento psicológico, e com pouca realização interior e intuição, a que por vezes se juntam  técnicas algo enganadoras e até perigosas,  como as regressões... 
                                             
Representava-se ainda sozinha ou isolada a Estrela com oito pontas, talvez em analogia no Ocidente  com as oito beatitudes, pelas quais no ensinamento de Jesus o espírito divino ou santificado se manifestava bem-aventurando os discípulos e discípulas no caminho da auto-realização e do Amor. E  mais tarde de novo se destacando no culto denodado e corajoso dos cavaleiros Templários, ou ainda nos espirituais do culto do Espírito Santo, entre nós bem trabalhado em Alenquer com a rainha Santa Isabel, em Tomar da Ordem de Cristo e da festa dos Tabuleiros, e nos Açores e na Madeira dos bodos fraternos, das procissões e das cantigas ao desafio, que tanta poesia e amor nas almas inspiraram, tal como a criança açoriana Antero de Quental sentiu e exclamou ao ouvi-las ecoar criativamente  em si:  "também eu sou poeta...", num claro despertar consciencial e, de algum modo, abertura ao espírito iluminante, que ele cumprirá abnegadamente muitos anos, seja na poesia de amor, na revolucionário como na filosófica até sentir que tal fonte secara e anos depois, em 1891, após dar à luz o seu testamento filosófico em prosa, chegara a hora de deixar a Terra...
                                                
Esta Estrela, sem mulher sequer representada, tal como surge na representação em cima de um dos Tarots mais antigos, com vasos de destilação, ou retortas (athanor) de boca para cima e para baixo, recebendo e derramando energias espirituais, com triângulos de fogo nas suas bordaduras, numa simbologia da Alquimia, na sua procura de destilar a Quinta-Essência ou atingir a Pedra Filosofal, a qual se anunciava como Estrela, faz-nos vibrar com associações que vão desde o peregrinante caminho (que se faz caminhando e diariamente) para Compostela, o Campo ou o composto da Estrela, Stella, à Estrela do Espírito, a qual pode manifestar-se em nós quando o equilíbrio da vida passiva e activa é aprofundado na meditação. 
Para que ela então desperte e brilhe dinamicamente e seja  mais benfazeja, criativa e harmonizadora, no campo unificado de energias-consciências, ou Anima Mundi, que nos emaranha ou envolve. E que nos pode inspirar subtilmente nos sonhos e meditações, actos e pensamentos, telepatias e sincronias, fortificando-nos, alinhando-nos e espalhando luz sobre tanta agitação, confusão, manipulação, receios, niilismos, fatalismos, medos, como recentemente as galinhas tolas da comunicação social tanto se especializam em fazer, levando os mais discretos, prudentes ou sábios a deixarem de ter ou ver televisão e seus telejornais em especial...
Realização estelar ou espiritual que implica o trabalho árduo e persistente do ora et labora, a contemplação e acção, de modo a que se vá dando o polir da pedra ou pedras da matéria e do caminho, o desanuviar do espelho ou janelas da alma, ou da lente do telescópio vidente (e quão difícil tal é com tanta informação e lixo que as pessoas apanham e acumulam no seu interior), a fim de que o seu brilho, orientação e bênçãos, estejam mais plenamente em nós, aqui e agora...
                                              
No nível psicológico elevado, este arcano mostra-nos a anima feminina da Mulher, ou também ainda a que no Homem há, mais liberta, plena e irradiante, com a sua unificação e ligação ao Anjo, ao Espírito, à estrela, ao cosmos, ao mundo espiritual e divino. 
Pode-se mesmo dizer-se que uma pessoa, ao conseguir assumir mais a sua identidade espiritual ou supra-consciente, "psicoformiza" uma imagem e ideia de si própria mais benéfica, jovial e optimista, qual molde, que influenciará as suas energias anímicas (nomeadamente o seu inconsciente) e o seu corpo.
Ou seja, o sugestivo psicomorfismo activo e belo da Estrela, do Tarot, passa a ser vivido e partilhado mais plena e harmoniosamente em todo o seu ser e logo com os outros, dinamizando-se mais luminosamente os Cinco (terra, água, ar, fogo, éter) ou Sete (psíquico e consciencial) Elementos do Campo Unificado das energias e seres, visível e invisivelmente, algo que só lentamente, ou ocasionalmente, vemos e consciencializamos.
                                           
Que estrela e que estrelas são mais precisamente estas, em termos do Cosmos físico, poderemos ainda de novo interrogar-nos. Court de Gebelin, um dos pioneiros, embora algo fantasioso, do estudo do Tarot, ainda no séc. XVIII, considerou ser Sírius, ou a Canícula, que se levantava nos céus do Egipto quando começavam as inundações do rio Nilo, sendo estas simbolizadas na imagem de Ísis a derramar as águas que regeneram a fecundidade da Terra e alegram as famílias e campos. Sirius, a estrela alfa da constelação do Cão, talvez por ser a mais brilhante do céu multicolorida foi por alguns povos muito cultuada  e mesmo nas excessivamente iluminadas cidades de hoje conseguimos alcançar com a vista, ou mesmo receber no nosso cérebro e alma, temperando energias e limpando de cinzentismo, os seus raios coloridos, compreensíveis por ser 40 vezes mais luminosa que o Sol, mas situada a 8,6 anos de luz da Terra.
                                              
Outros comentadores  interpretaram como as Plêiades, ou ainda  os sete Planetas, com o Sol ao centro. Mas identificou-se mais a estrela com Vénus e Sirius,  na ideia de forças benéficas divinas do Cosmos derramando-se sobre a Terra e de facto no Egipto marcando o começo do ano no calendário de Menfis.
                                    
Todavia são tantas as analogias ou identificações possíveis da Estrela, dada a polisemia ou multidimensionalidade dos símbolos, que mais vale deixarmos a obra (interpretativa) em aberto, cada um escrevendo na página final em branco do seu Evangelho Eterno o que o seu espírito ou intuição lhe poderá mostrar ou inspirar, tal como queriam, disseram e escreveram entre nós, por exemplo, Antero de Quental, Agostinho da Silva e Natália Correia.  Claro que certamente pode sempre identificar-se e ligá-la, nos seus níveis mais elevados, ao Espírito, ao Sol, à Verdade, à Divindade,
Talvez a imagem feminina possa então sentir-se como Vénus, como Minerva, como Ninfa ou Deusa das águas e da geração, como a sacerdotisa dos mistérios e do amor ecológico, orgânico, da permacultura ou da Natureza pura, como a Mulher que sabe trabalhar com a água, com a terra, com as crianças, com os frágeis, com as energias do amor, sabiamente...
E Estrela que pode ser ainda  a Esperança e em especial, no caminho iniciático e do Tarot interiorizado, como a Alma de cada um de nós ao assumir com mais plenitude, felicidade e fluidez a sua natureza espiritual, contemplando-a interiormente  na estrela ou centelha, ouvindo-a na linguagem melódica ou mântrica, vendo-a na levitante ascensionalidade das aves e nuvens, trabalhando-a na terra e nos elementos, admirando-a nos cristais e flores.
E sentindo-a na fluidez do derramamento misericordioso e harmonioso das energias naturais e divinas, tal e qual Ganimedes, do signo do Aquário, com os seus dois jarros de harmonizar-unificar as dualidades, ou o bodhisatva Maitreya, o do Discernimento e Compaixão, irradiando através de nós, para um mundo tão necessitado face a governos imperialistas ou corruptos, a terrorismos mais do que desumanos e a religiões e cultos de seitas ultrapassadas em vários aspectos. E tão necessitado ainda da Estrela  face a tantos hábitos, desportos e distracções inúteis e violentos que impedem a consciência espiritual e mais fraterna de desenvolver-se mais na Humanidade, hoje tão oprimida pelos projecto da Nova Ordem Mundial, ameaça que exige de nós muita atenção e discernimento, com um modo de vida e de alimentação (física, psíquica e espiritual) que fortifique o sistema imunitário e não permita que tanta desinformação e aterrorização entre nas suas almas.
                                       
Quanto às águas, forças, energias ondas ou partículas que ela e eventualmente nós derramamos dos dois vasos e recipientes, das duas taças de comunhão e partilha, de duas naturezas ou polaridades em nós, com que nomes as podemos denominar? 
Consciência-Energia, Água-Vinho, Força-Doçura, Ida-Pingala, Yin-Yang, Shiva-Shakti, Ouro Solar-Prata Lunar, a correnteza das polaridades do Amor, fluxo ascendente e descendente da respiração, inspiração e expiração irradiante, Águas da Vida eterna, dons do Espírito Santo, Mel venusiano?
Comparando os arcanos XIV e o XVII, vemos que os dois cântaros ou bilhas apresentam duas diferenças principais: na Temperança do arcano XIV manifestam a polaridade nas cores e há como que uma corrente passando de um para o outro, seja reciprocamente seja alternadamente, parecendo até mais um fluxo subtil electro- magnético, espiritual. Já na Estrela do arcano XVII os dois cântaros  têm a mesma cor (na versão de Marselha) e estão ambos a derramar as energias sobre o rio da Terra, e a  mulher ou sacerdotisa está nua e com um joelho sobre a terra.
Parece que estamos a ver um processo iniciático: na Temperança, XIIII, o contacto espiritual, interior, que pode ser mesmo com o Anjo da guarda e que harmoniza as nossas energias duais e na Estrela,  XVII, quando a alma passa à acção na Terra derramando o Amor e Sabedoria que realizou ou que passa através dela, no caso um vaso estando próximo da zona geracional, sexual e do fim da coluna. Certamente haveria mais  a dizer-se ou mesmo a intuir-se sobre os ritos de passagem, de energias...
                                           
Com humildade e pureza, subindo as energias aos níveis internos e espirituais, tal como a ave que canta na copa do arvoredo, mantendo o olhar e alma determinados na Estrela interna, no Infinito e na Divindade em que temos o nosso ser, não receando a noite, as trevas, as ameaças, a indiferença, o cansaço ou fragilidade humana, as pandemias de vírus e de medos, saibamos receber e logo transmitir, pelo cântaro do Graal (ou na comunhão com o Espírito divino), o Amor Sabedoria que, infundido nos nossos actos e gestos, mãos e palavras, pensamentos, sentimentos e intenções, ajuda a harmonizar, curar e plenificar os seres e a Natureza, dissipando as manipulações e falsas afirmações de todo o género... 
Esta prática perseverante e auto-consciência permite a inspiração e ligação com os mundos espirituais e seus psicomorfismos ou arquétipos operativos, e  com as estrelas, os Deuses e Deusas, os Mestres subtis e os Anjos e Arcanjos e, finalmente, a Divindade, para desabrochamento maior da Justiça, da Paz e do  Bem da Terra e da Humanidade, do Cosmos e da criativa Unidade panpsíquica, Ekamkar Omkar, como se diz e canta numa tradição indiana...
                                         
Consciencialize-se, contemple, seja e viva mais a Estrela,  luminosa, corajosa e alegremente, em Unidade, a sós, em grupo ou família, ou com a sua alma mais complementar ou amada...
                                     
E saltemos uns milénios, na perenidade do Conhecimento, do Egipto antigo para uma fotografia recente do telescópio espacial Hubble mostrando o nascimento de uma Estrela no Cosmos Divino e demos graças na Unidade das Estrelas...
                                                  
E estude, medite ou trabalhe mais neste dia para gerar ou recolher no seu cântaro ou vaso alquímico as melhores energias do Cosmos, do Espírito Divino, e da Estrela-Sol Primordial Divino, de modo a partilhá-las criativa, sábia, amorosa e maravilhosamente...

 
                                Desenho da estrela do espírito pelo notável mestre alemão Bô Yin Râ.
                       Esteja mais em Amor sábio, criativo e corajoso!

6 comentários:

M. Augusta Araújo disse...

Magnífico texto.
Grata
MAA

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Muitas graças pela sua apreciação. Que a Estrela brilhe sempre sobre si!

Helena Correia disse...

Maravilhoso e sábio texto!
A parte final : excepcional ⭐����

Magga Barbosa disse...

Gratidão. Texto inspirador. Om

maria de f´tima dasilva coito de almeida disse...

Sublime, Pedro!
Grata.

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Saudações Helena, Maga e Maria de Fátima. Muitas graças, algo atrasadas mas só agora vi (ao melhorar o texto) os vossos generosos comentários. Boas inspirações e bênçãos da Estrela e da Luminárias...