terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Rudolfo Steiner: "Vladimir Soloviev, um mediador entre o Ocidente e o Oriente" O valor da sua leitura para a espiritualidade Ocidental se ampliar.

 É conhecido por muitos (ligados à espiritualidade e à antroposofia),  a valorização do povo Russo que Rudolfo Steiner expôs ou desenvolveu em várias palestras, mas poucos conhecerão a admiração sentida por Vladimir Soloviev, que tinha como o maior filósofo russo de então (algo reconhecido hoje por todos, tendo entre nós Álvaro Ribeiro apresentado e traduzido do francês A Verdade do Amor, altamente recomendável), e que pela sua alma oriental era ainda capaz de, a partir das forças da natureza e humanas, sentir e viver a religação espiritual ao Cristo, ao Logos Solar, à Divindade, considerando-o mesmo como um representante dos antigos sacerdotes que conseguiam estar conscientes dos mundos superiores.
Já escrevi sobre ele, https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2023/05/vladimir-soloviev-vida-e-obra-santa.html e https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2025/11/vladimir-soloviev-e-oracao-o-que-e-o.html, e iremos provar a asserções com alguns textos, que contextualizaremos em dois artigos. O primeiro, escrito por Rudolfo Steiner (27/2/1861 a 30/3/1925) em Janeiro de 1922,   é a introdução a uma edição alemã das obras completas de Vladimir Soloviev (28/1/1853 a 13/8/1900): 

  Vladimir Solovyov, um mediador entre o Ocidente e o Oriente"

«O facto de que a Kommende-Tag-Verlag em Estugarda ter decidido apresentar ao público as obras do filósofo russo Vladimir Soloviev em tradução alemã corresponde nos dias de hoje  a uma necessidade na vida intelectual. Da riqueza do que Soloviev escreveu, foi recentemente publicada a seguinte obra: Doze Palestras sobre o Deus-Homem, traduzida do russo por Harry Köhler (Stuttgart, 1921). A vida de Solowjoff  insere-se na segunda metade do século XIX, e as suas obras no  final dele. Como é que o pensamento da Europa Oriental pondera as questões mais profundas da existência humana, como é que lida com as questões vitais de seu próprio tempo, é revelado de forma vívida nas reflexões de Soloviev. Ele é uma personalidade que examina minuciosamente a maneira de pensar das visões de mundo da Europa Ocidental e Central. Ele comunica dentro das formas de pensamento nas quais Stuart Mill, Henri Bergson, Émile Boutroux e Wilhelm Wundt também se exprimem. Mas fala de uma maneira completamente diferente de todos eles. Usa essas formas de pensamento como uma linguagem, mas revela a vida interior do ser humano a partir de um espírito diferente. Ele mostra que na Europa Oriental ainda vive muito daquele espírito [geist] que no início da evolução cristã era o das outras regiões europeias, mas que na Europa Ocidental  foi completamente convertido [ou transformado]. O que o resto do Ocidente só pode compreender a partir da história é [ou tem] vida [ou visão] imediata no Oriente [no caso, na Rússia e em Soloviev].
 Soloviev fala de tal maneira que se sente uma certa revivificação de como, até ao século IV, os pensadores do cristianismo lidavam [abordavam, trabalhavam] com a união [ou unificação] do Ser Cristo no homem Jesus de Nazaré [der Vereinigung der Christus-Wesenheit in dem Menschen Jesus von Nazareth]. Para falarem sobre tais assuntos tal como Soloviev fala,  os pensadores da Europa Ocidental e Central  carecem hoje de todas as possibilidades conceptuais.
Na alma de Soloviev, duas experiências coexistem claramente: a experiência do Pai-Deus na Natureza e na Existência Humana [Menschendasein], e a do Filho-Deus, Cristo, como a força que arranca a alma humana dos laços da existência natural e primeiro a introduz na verdadeira existência espiritual. [Rudolfo Steiner não menciona, na visão do mundo divino de Soloviev, Sophia, a Sabedoria Divina, o aspecto feminino de Deus, mas de facto nos Fundamentos espirituais da Vida ela não é mencionada.]
Rudolfo Steiner esculpindo em madeira o Cristo entre as polaridades adversárias
 Os teólogos contemporâneos na Europa Central já não conseguem distinguir entre essas duas experiências. A alma deles chega apenas à experiência do Pai. E dos Evangelhos, eles apenas ganham a convicção de que Cristo Jesus foi o anunciador humano do Pai divino. Para Soloviev, o Filho está na sua divinidade [göttlichkeit] junto, [neben, ou para além], do Pai. O ser humano pertence à natureza como todos os seres. A natureza em todos os seus seres é o resultado do divino [göttlichen]. Pode-se [uma pessoa pela reflexão e meditação] impregnar-se com este pensamento. Então, olha-se para o Pai-Deus. 
Mas também se pode sentir: o homem não deve permanecer na natureza. O ser humano deve elevar-se acima da natureza. Se ele não se elevar acima da natureza, a natureza torna-se nele pecaminos . Se alguém seguir os caminhos da alma nessa direção, chega às regiões onde encontra no Evangelho a revelação do Filho de Deus. A alma de Soloviev move-se por esses dois caminhos. Ele oferece uma visão de mundo que se vivencia bem acima da religião ortodoxa russa , e embora completamente cristã em termos religiosos, também se revela como um autêntico pensamento filosófico.
A filosofia fala através da religião de Soloviev; na sua obra, a religião transforma-se numa visão do mundo filosófica. No pensamento europeu, o único caso semelhante encontra-se em Escoto Erígena no séc. IX [815-877], e depois não mais. Este  irlandês, vivendo na Francônia [França Ocidental], deu no seu livro Sobre a Organização da Natureza [De divisione de natura] uma visão geral da natureza do mundo e do ser humano na qual   ainda vivia no Ocidente algo de semelhante ao que se respira nos pensamentos e sentimentos de Soloviev.  Mas em Erigena já podemos ver a desaparecer o elemento da visão de mundo ocidental que ainda está cheia de vida em Soloviev. Isto emerge da apresentação dela à alma do leitor europeu como uma ressurreição do espírito [presente n'] os primeiros séculos cristãos.
Considere-se como Soloviev começa a falar [e Steiner vai transcrever com algumas leves adaptações] sobre Natureza, Morte, Pecado, [Lei] e Graça num ensaio [Os Fundamentos espirituais da Vida, o qual foi abordado por mim, sobretudo quanto à oração, em https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2025/11/vladimir-soloviev-e-oracao-o-que-e-o.html]: 
“Na alma humana há duas asas invisíveis, dois desejos [wünsche, ou aspirações].” Elas elevam a alma acima da natureza. Elas são o desejo [ou sede] de imortalidade e o desejo [ou sede] de verdade ou perfeição moral. Uma aspiração  sem a outro não tem sentido. Uma vida imortal sem perfeição moral não traria felicidade [ou não é um bem]. O homem não pode  contentar-se em ser imortal; ele  deve também tornar-se digno dessa imortalidade, vivendo de acordo com a [ou realizando a]verdade. Mas a perfeição também não serve de nada se expirar na morte. Uma vida imortal sem perfeição seria um logro; a perfeição sem imortalidade seria uma falsidade revoltante que faria mal."
Solowjoff, ou Soloviev, fala a partir de tal modo de pensar. Isso dá às suas descrições o seu caráter oriental. A presente era precisa de ampliar o horizonte do seu espírito. As pessoas do círculo terrestre devem-se aproximar umas das outras. Soloviev é um representante da Europa Oriental. Ele pode servir para expandir a vida espiritual da Europa Ocidental. Ele próprio tinha-se integrado nessa vida intelectual segundo o seu modo  de sua expressão; mas também mantendo plenamente a sua alma oriental.  Encontrá-lo, para um ocidental, significa descobrir algo que revela aspectos significativos da humanidade, mas que o homem ocidental e centro-europeu já não consegue encontrar, pelo menos nos caminhos que se tornaram os caminhos do conhecimento nos últimos séculos.
O Ocidente e o
Oriente têm de descobrir o entendimento de um com o outro. Conhecer-se melhor Soloviev contribuirá muito para ajudar o Ocidente a ganhar tal entendimento.»
       Possamos ler, meditar e aprofundar  obras de Soloviev e de Steiner, e vivenciar melhor as realidades espirituais referidas, tão essenciais por entre as lutas e a manipulação geral, tendo o centro do coração ígneo e intensificando o bater das asas referido no início...
 Encontra o texto em alemão e a tradução inglesa oficial, em   https://rsarchive.org/Articles/GA036/English/SOL2024/15_Vladimir_Solovyov.html

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

1º de Dezembro, na história e hoje. O Arcanjo de Portugal. A luta contra a opressão de Portugal pelos actuais dirigentes oligarquizados e globalizados.

                                          

Lutar e vencer a ignorância e arrogância dos que se opõem agressiva, opressiva ou violentamente ao Bem, à Justiça, à Verdade, ao Amor, à Fraternidade e à Liberdade de Portugal e da Multipolaridade equitativa mundial. 

Escrito  extraído do texto do blogue intitulado: Dezembro e as Efemérides do encontro do Oriente e do Ocidente, e em especial da Índia e de Portugal. Constantemente ampliadas, e actualizado.

1640. Portugal reconquista neste dia 1º de Dezembro a independência nacional, após sessenta anos de subordinação à uma má e bastante opressiva administração castelhana, sobretudo com o conde de Linhares e Miguel de Vasconcelos, graças à conjuração rápida e corajosa desencadeada vitoriosamente na capital do reino, no paço Real e nos centros nevrálgicos do poder, na qual se destacam D. Antão de Almada (num desenho das época, em baixo), o futuro marquês de Marialva D. António de Meneses, o 3º conde de Arcos D. Tomás de Noronha (1593-1669) e outros dos quarenta patrióticos restauradores. A boa nova leva o seu tempo até chegar ao Oriente, e é acolhida com júbilo. Não sendo aceite pelos castelhanos nem pela Santa Sé que a eles estava condicionada, será por batalhas e lutas prolongadas durante vinte e oito anos que a Restauração triunfará.

D. Antão de Almada, 7º conde de Avranches (1573-1644) uma alma abnegada e heróica do Portugal, exemplo que nos deve impulsionar criativamente na luta contra a decadência política, partidária e humana de Portugal e da Europa espezinhada  pela clique neo-liberal anti-democrática e ditatorial que dirige a União Europeia e o Reino Unido..

O Arcanjo de Portugal, numa representação quinhentista cultuável na charola de Tomar.

 Tornado feriado nacional, o 1º de Dezembro permitirá aos portugueses consagrarem algum tempo à invocação e comunhão com o Arcanjo de Portugal, sua essência espiritual, relembrarem-se de portugueses patrióticos e corajosos, e receberem inspirações e forças para os seus trabalhos e caminhos de resistência e independência, hoje em dia tão necessários face às novas opressões tecnológicas, financeiras, sanitárias, globalistas, além do que se passa na comunicação, media e redes sociais, numa percentagem enorme vendida à alienação e à repressão dos conteúdos que ponham em causa os que pretendem tornar-se os donos duma Humanidade cada vez mais desprotegida de direitos sociais e logo explorada e manipulada pelo neo-liberalismo transhumanista ou melhor infrahumanista implementado pelo Fórum Económico Mundial, a Open Society, a Blackrock, e &, e no qual direitos dos trabalhadores, planos nacionais de saúde, identidades de género, famílias, nações, tradições e religiões estão a ser neutralizadas, alteradas, manipuladas, destruídas. 

Em 2023, com um governo demitido, assistiu-se uns dias antes desta data histórica à tentativa de mudança de símbolos  da Tradição Portuguesa, por parte de governantes submissos a Ursula e seus assessores, provavelmente a mando dos dirigentes da oligarquia super-imperialista que têm no Fórum Económico Mundial e outras instituições congéneres, no dólar infinitamente impresso, nas individualidades e organizações não governamentais avençadas, na indústria dos armamentos e da farmácia e nos meios de comunicação arregimentados, os seus instrumentos de domínio manipulativo e destrutivo, e que através da anti-democrática e insana direcção da União Europeia, têm levado os políticos portugueses no poder constantemente a agir contra o sentir, a alma e os verdadeiros interesses e objectivos de Portugal, Terra, pessoas e história, que foi e é espiritual e de fraterna universalidade, tal como tanto realçaram Jaime Cortesão, Damião de Peres e Agostinho da Silva, e deveria ser hoje não de histérica russofobia,  de complacência com o genocídio palestiniano pelo sionismo e de aceitação da destruição da democracia e do estado social, mas pelo contrário de democracia económica, social e cultural,  e de multipolaridade equitativa e fraterna, liderada hoje pelo BRICS, onde deveríamos estar....  

 
Ore ao Arcanjo de Portugal, e com o seu Anjo da Guarda, ou mestres, santos e santas preferidos, à Divindade na forma que A possa sentir mais (a ishta devata, na tradição indiana), e alinhe-se, fortifique-se, seja agraciado e logo corajoso na vivência e irradiação do Logos, que foi, é e será a essência e objectivo do ser humano, enquanto Divindade, Amor, Inteligência, Palavra, Ordem justa ou Dharma, e Harmonia bela ou Kosmos, na sua criativa peregrinação e ascensão psico-espiritual..

domingo, 30 de novembro de 2025

Oligarquia e escândalos: de Georges Pompidou a Emmanuel Macron. O auge da corrupção no Estado francês. Por Laurent Brayard. Texto bilingue.

O notável jornalista Laurent Brayard publicou recentemente no  reseauinternational.net, e nos International reporters,  dois artigos valiosos sobre o grau extrems da corrupção na classe política francesa,  comparável a da Ucrânia, como se está agora a revelar, mas que está presente em quase todos os governos ocidentais. Oiçamos então este corajoso jornalista de investigação acerca dos mecanismos manipuladores, circenses e fraudulentos em acção em França e por detrás de Emmanuel Macron, o arrogante avençado dos Rothschild e Klaus Schwab, e dos que mais odeiam a Rússia e amultipolaridade.

                                                  

 «Desde o final dos anos 60, a República Francesa foi atingida por numerosos escândalos políticos, com uma aceleração notável a partir da presidência de Valéry Giscard d'Estaing, mas sobretudo nos dois septenários de François Mitterrand. Após uma ligeira queda nos dois mandatos de Jacques Chirac, eles voltaram a subir para bater recordes nos atuais mandatos de Emmanuel Macron. 

Noutro artigo que escrevi [La corruption endémique des élites européistes, en France et dans l’UE] sobre este tema, mostrei que a explosão é notável sobretudo desde a chegada ao poder do atual presidente Macron, um nível de corrupção que a França não conhecera nem nas horas sombrias [ou tão corruptas] da presidência Mitterrand. O cursor da corrupção está, infelizmente, no seu auge e levanta questões legítimas.

Uma corrupção transversal que atinge desde o mais alto nível do Estado, até as administrações das regiões, departamentos e prefeituras. 

Desde 1969, foram 205 escândalos políticos no total, mas o número real é muito maior, pois esta lista inclui apenas os que envolvem presidentes, ministros, senadores ou deputados. Outros, como os que afetam instituições francesas, deveriam ser adicionados a esta lista, como os que atingiram desde os anos 90 a Safer (Sociétés d'aménagement foncier et d'établissement rural), ou ainda importantes associações ligadas ao Estado francês e cujas causas foram ou são financiadas com dinheiro público (por serem reconhecidas de utilidade pública). Um dos exemplos mais tristes foi o da Fundação para a Pesquisa sobre o Câncer (ARC), que fez manchetes com seu presidente, Crozemarie, que desviou mais de 20 milhões de francos e estava envolvido em múltiplas fraudes. A nível regional, depoimentos que colectei no passado, especialmente em torno da Previdência Social, também mostram uma corrupção generalizada em certas administrações francesas. As práticas são frequentemente aquelas que giram em torno de privilégios durante as licitações públicas, que na realidade são tendenciosas, com contratos lucrativos sendo posteriormente confiados a "amigos" próximos dos dirigentes, mediante serviços e propinas que deslizam por baixo da mesa. Um dos fatos mais graves que tive que relatar foi o roubo a uma startup de três jovens empreendedores, uma empresa de design gráfico, que foi afastada e desapropriada de seu projeto por altos funcionários da Prefeitura de Dijon, no início dos anos 2000, a respeito de um projeto cultural sobre o castelo de Dijon, uma pequena irmã da Bastilha que foi demolida no final do século XIX.

Uma sociedade doente que não tem um farol para guiá-la. 

A razão dessa corrupção endémica reside, acima de tudo, na própria fraqueza do poder político, que está diretamente envolvido. Os faróis não funcionam há muito tempo e, na ausência de exemplos vindos do mais alto nível do Estado, as práticas  democratizaram-se e espalharam-se  por todos os níveis do aparelho estatal e administrativo. 

Os importantes escândalos políticos que surgem nos meios de comunicação são, aliás, muitas vezes apenas "golpes" organizados por facções políticas adversas, em lutas onde a informação é usada como arma. Sem isso, aliás, seria difícil ter acesso aos principais escândalos. Mas os casos, mesmo expostos e revelados ao público em geral, muitas vezes afundam-se em procedimentos judiciais intermináveis. Eles nem sempre levam a condenações justas e, portanto, também são objeto de novos escândalos. Porque a vontade dos políticos não é punir as más práticas, mas sim, numa república eleitoralista, provocar constrangimentos, ver a derrota de um candidato adversário, derrubar um governo, ou simplesmente vingar-se de inimigos políticos. Esta é a recompensa de uma "democracia" que, por sua vez, levanta questões. É normal, de fato, que esses diferentes escândalos sejam, na realidade, apenas armas políticas, de vingança política e de acertos de contas? Obviamente não. Estranhamente, a opinião pública parece se conformar-se com a situação, pois do ponto de vista mediático, existe um efeito de "show" [que tanto é amplificado pelos comentadores televisivos alienantes e estupidificantes.]

A política espectáculo, uma consequência da era da "mídia fast food da imagem". 

 Desde o aparecimento da imprensa e a lei de 1790, as lutas políticas  expressaram-se sempre por meio da difusão mediática. Inicialmente reservada a uma elite capaz de ler e escrever, ou seja, cerca de 20% da população da época, a alfabetização em massa dos cidadãos franceses, por meio das políticas de instrução pública, das escolas da Terceira República, com os famosos "Hussardos Negros", as lutas políticas se espalharam-se massivamente na sociedade francesa, com o surgimento das rotativas tipográficas e os avanços técnicos na esteira da Revolução Industrial. Desde então, a imprensa percorreu um longo caminho, com a propaganda de massa invadindo-a desde o início do século XX, e depois com a chegada de novas revoluções tecnológicas: o rádio, a televisão, a internet e o digital. De fato, a mídia tornou-se um poderoso instrumento de poder, muito rapidamente cortejada pelos poderosos, e depois até mesmo colocada sob controle estatal, criada pelo Estado, ou mesmo comprada por famílias oligárquicas ou grandes grupos financeiros.
É a razão de uma queda vertiginosa da l
iberdade de imprensa e de expressão, sendo os desafios maiores, especialmente num sistema eleitoral universal. Para "divertir o povo", a política precisa encenar-se a si mesma e, às vezes, dar exemplos, desejados ou não. As populações, é necessário dizer, são ávidas por esse espetáculo, onde personalidades de primeira linha são dilaceradas em episódios tragicómicos. É uma forma de manter uma válvula de segurança para o sistema republicano francês, entregando alguns políticos como bode expiatório. Segundo o próprio poder, seria até mesmo a "expressão da democracia", a sua realidade, um padrão tranquilizador para a opinião pública, imaginando que essas revelações também induzem à proteção e à luta contra as corrupções, quaisquer que sejam.
Com o tempo, e o desaparecimento de uma política benevolente e próxima das populações, o percurso do sistema francês afundou-se cada vez mais profundamente em más práticas, cinismos, mentiras e manipulações. É um jogo onde as asas de personagens que pareciam honestos às vezes se queimaram, com o exemplo de Beregovoy e sua morte mais do que suspeita permanecendo um dos mais marcantes. O escândalo político tornou-se, portanto, ao mesmo tempo um instrumento de governação, parte integrante dos bastidores do Estado, dos ministérios e até mesmo das oficinas mais modestas, das administrações, das regiões ou dos municípios. É também, sobretudo, a expressão mais sinistra do desvio das instituições, das fraudes e de uma degradação muito nítida da República Francesa, até no seu templo e essência. As moedas ou divisas tornam-se então obsoletas, a Liberdade é ameaçada, a Igualdade é substituída por uma república comunitária e de elites endogamicas. Quanto à Fraternidade, ela está abandonada na rua e até mesmo espezinhada. Os últimos vernizes republicanos só se sustentam por palavras, que se tornaram vazias de sentido. Quem poderá afirmar que hoje esta república será um exemplo para o mundo inteiro, a exemplo do que foi tão repetido ou matraqueado a respeito da Grande Revolução de 1789, mostrada como o acontecimento que conduziu o Povo francês "à felicidade suprema", como tendo chegado ao porto?

 Depuis la fin des années 60, la République française a été frappée de nombreux scandales politiques avec une accélération notable à partir de la présidence de Valéry Giscard d’Estaing, mais surtout des deux septennats de François Mitterrand. Après une légère baisse sous les deux mandats de Jacques Chirac, ils sont repartis à la hausse pour battre des records sous les mandats actuels d’Emmanuel Macron. Dans un autre article que j’avais rédigé sur cette thématique, l’explosion est même notable depuis l’arrivée au pouvoir du président actuel, un niveau de corruption que la France n’avait pas même connue dans les heures sombres de la présidence Mitterrand. Le curseur de corruption est hélas à son paroxysme et il pose de légitimes questions.

Une corruption transversale touchant le plus haut niveau de l’État, jusqu’aux administrations des régions, des départements et des mairies.  

Depuis 1969, c’est un total de 205 scandales politiques, mais leur nombre est beaucoup plus important en réalité, car cette liste ne concerne que ceux touchant des présidents, des ministres, des sénateurs ou des députés. D’autres comme ceux touchant des institutions françaises devraient être ajoutés à cette liste, comme ceux ayant frappé depuis les années 90, la Safer. (Sociétés d’aménagement foncier et d’établissement rural), ou encore d’importantes associations liées à l’État français et dont les causes ont été ou sont financées par de l’argent public (car reconnues d’utilité publique). L’un des plus tristes exemples fut celui de la Fondation pour la recherche sur le cancer (ARC), qui défraya la chronique avec son président, Crozemarie qui détourna plus de 20 millions de francs et trempait dans des magouilles multiples. Au niveau régional, des témoignages que j’ai relevé dans le passé, notamment autour de la Sécurité Sociale, montrent également une corruption généralisée dans certaines administrations françaises. Les pratiques sont souvent celles tournant autour des passe-droits durant les appels d’offres publics, qui en réalité sont biaisés, de juteux contrats étant ensuite confiés à des «amis» proches des dirigeants, moyennant des services et des enveloppes qui se glissent sous la table. L’un des faits les plus graves que j’ai eu à relever, fut le vol à une startup de trois jeunes entrepreneurs, une entreprise de graphisme, qui fut écartée et dépossédée de son projet, par de hauts fonctionnaires de la Mairie de Dijon, au tout début des années 2000, à propos d’un projet culturel sur le château de Dijon, une petite sœur de la Bastille qui fut rasée à la fin du XIXe siècle.

         Une société malade qui n’a pas de phare pour la guider.  

La raison de cette corruption endémique est avant tout dans la faiblesse justement du pouvoir politique, lui-même impliqué au premier chef. Les phares ne fonctionnent plus depuis longtemps et faute d’exemples venus du plus haut niveau de l’État, les pratiques se sont démocratisées et répandues à tous les niveaux de l’appareil d’État et administratif. Les importants scandales politiques qui font surface dans les médias, ne sont d’ailleurs souvent que des « coups » organisés par des franges politiques adverses, dans des luttes où l’information est utilisée comme une arme. Sans cela, il serait d’ailleurs difficile d’avoir accès aux principaux scandales. Mais les affaires, même sorties et révélées au grand public, sombrent ensuite souvent dans des procédures judiciaires interminables. Elles ne mènent pas toujours à de justes condamnations et font alors également l’objet de nouveaux scandales. Car la volonté des politiques n’est pas de punir les mauvaises pratiques, mais plutôt, dans une république électoraliste, de provoquer des gênes, voir la défaite d’un candidat adverse, de faire chuter un gouvernement, ou tout simplement de se venger d’ennemis politiques. C’est ici la rançon d’une «démocratie» qui pose des questionnements à son tour. Est-ce normal en effet que ces différents scandales ne soient en réalité que des armes politiques, de vendetta politique et de règlements de compte ? Évidemment non. Étrangement, l’opinion publique semble s’arranger de la situation, car du point de vue médiatique, il existe un effet de «show».

La politique spectacle, une conséquence de l’ère des médias fast food de l’image.  

Depuis l’émergence de la presse et la loi de 1790, les combats politiques se sont toujours exprimés par le biais de la diffusion médiatique. Au départ réservée à une élite en capacité de lire et écrire, soit environ 20 % de la population de cette époque, l’alphabétisation massive des citoyens français, via les politiques de l’instruction publique, des écoles de la IIIe république, avec les fameux «Hussards Noirs», les combats politiques se sont massivement répandus dans la société française, avec l’apparition des rotatives et de progrès techniques dans le sillage de la Révolution industrielle. Depuis, la presse a fait du chemin, avec la propagande de masse qui s’invita dès le début du XXe siècle, puis avec l’arrivée de nouvelles révolutions technologiques : la radio, la télévision, internet et le numérique. De fait, les médias sont devenus un puissant instrument de pouvoir, très vite courtisés par les puissants, puis même placés sous des contrôles étatiques, créés par l’État, ou même achetés par des familles oligarchiques ou de grands groupes financiers. C’est la raison d’une chute vertigineuse de la liberté de la presse et d’expression, les enjeux étant majeurs, notamment dans un système électoral universel. Pour «amuser le peuple», la politique a elle-même besoin de se mettre en scène et parfois de faire des exemples, voulus ou non. Les populations, il faut le dire, sont friandes de ce spectacle, où des personnalités de premier plan sont lacérées dans des épisodes tragi-comiques. C’est une façon de garder une soupape de sécurité pour le système républicain français, en livrant en pâture quelques politiciens. Selon le pouvoir lui-même, il s’agirait même de «l’expression de la démocratie», de sa réalité, un standard rassurant pour l’opinion publique, s’imaginant que ces révélations induisent aussi une protection et une lutte contre les corruptions, quelles qu’elles soient.

Avec le temps, et la disparition d’une politique bienveillante et proche des populations, le cheminement du système français s’est enfoncé de plus en plus profondément dans les mauvaises pratiques, les cynismes, les mensonges et les manipulations. C’est un jeu où se sont parfois brûlés les ailes des personnages qui paraissaient honnêtes, l’exemple de Beregovoy et sa mort plus que suspecte restant l’un des plus frappants. Le scandale politique est donc devenu à la fois un instrument de gouvernance, partie intégrante des coulisses de l’État, des ministères et jusque dans les officines les plus modestes, des administrations, des régions ou des municipalités. C’est aussi surtout l’expression la plus sinistre du dévoiement des institutions, des tromperies et d’une dégradation très nette de la République Française, jusque dans son temple et son essence. Les devises deviennent alors désuètes, la Liberté étant menacée, l’Égalité remplacée par une république communautaire et d’élites endogames. Quant à la Fraternité, elle est abandonnée sur le pavé et même foulée au pied. Les derniers vernis républicains ne tiennent plus que par des mots, devenus vide de sens. Qui pourrait affirmer qu’aujourd’hui cette république serait un exemple pour le monde entier, à l’instar de ce qui fut martelé à propos de la Grande Révolution de 1789, montrée comme l’événement conduisant le Peuple français "au bonheur ultime", comme se trouvant arrivé  au port?»
                         

Fernando Pessoa, e os Anjos e Arcanjos. Nos 90 anos da sua partida, breve contributo.

Outrora numa parede do Hospital de São Luís onde Fernando Pessoa desincarnou.

 Para saudar o espírito de Fernando Pessoa, nos 90 anos da partida (30/11/2015) eis um texto escrito há uns anos para a editorial Caminho e agora alterado e melhorado.          

                Anjos e Arcanjos, na obra de Fernando Pessoa

A brisa diáfana, a canção angelical ou mesmo a presença angélica (do grego angelos, mensageiro, anunciador) perpassam espaçada e subtilmente a obra de Fernando Pessoa pois tanto o Cristianismo em que fora educado, como também a Tradição espiritual, tanto a pré-cristã como a iniciática das Ordens e Religiões que estudou, lhe permitiram aceitar e intuir estes seres intermediários entre a Humanidade e a Divindade, e que, imaginados, vistos ou pressentidos em todos os tempos e povos, emergem mais na literatura e no ocultismo e hermetismo dos últimos séculos, numa reacção ao positivismo materialista e ao vazio de transcendência, sendo acolhidos ou referidos por vários autores lidos ou conhecidos de Fernando Pessoa, tais como Swedenborg, Martins de Pascoal, William Blake («quero ter, como Blake, a contiguidade dos anjos»), Balzac, Victor Hugo, Eliphas Lévi, Papus, A. E. Waite, Yeats e Rilke, ou mesmo Camilo Pessanha, um dos mestres de poesia de Fernando Pessoa.
Contudo, pela
 ligação à civilização greco-romana e na sua fase neo-pagã, Fernando Pessoa preferiu evocar mais  como intermediários os deuses e espíritos da natureza, tais as ninfas, fadas, elfos e silenos do que os anjos, por ele associados ao Cristianismo e ao misticismo e então combatidos. Assim, embora haja bastantes referências em poemas aos Anjos, as mais substanciais são poucas, surgindo em poemas de conteúdo espiritual e iniciático, tal na Iniciação, publicado na revista Presença em 1932, (e já hermeneutizada neste blogue) e no  qual  a alma é liberta da identificação com os corpos inferiores pela acção sucessiva dos Anjos, Arcanjos e Deuses, para receber, por fim, a injunção libertadora: - "Neófito, não há morte." 

                              
 Na Mensagem, também os encontramos no poema dedicado a Dona Filipa de Lencastre: «Que enigma havia em teu seio/ Que só génios concebia?/ Que arcanjo teus sonhos veio/ Velar, maternos, um dia?»
Já nos textos de teorização e investigação sobre as hierarquias angélicas e os nomes de Deus, os planos do Universo, as sefirotes cabalistas e os graus dos sistemas das Ordens mágicas e herméticas, as referências abundam, em parte devedoras de fontes neoplatónicas, cristãs, gnósticas e cabalísticas. Fernando Pessoa enumera assim mais de uma vez as nove hierarquias celestiais descritas pelo pseudo-Dionísio Areopagita, e faz culminar a escala de níveis de interpretação, com os sentidos místicos, mágicos, alquímicos, angélicos e arcangélicos . 
Noutros textos, em ensaios sobre a Iniciação, ecoando ensinamentos das ordens herméticas inglesas a que teve acesso, afirma que «a conversação com o Santo Anjo da Guarda é a mais alta obra de magia»  e que esta conversação significa não só a intimidade interior mas o despir-se da inteligência pessoal e da personalidade, o abdicar-se delas, para que   aconteça abertura ao nível supramental ou angélico.
Certamente que estes níveis mais elevados do Cosmos e estes seres tão subtis não são facilmente coaguláveis-fixáveis-definíveis- teorizáveis, sobretudo para quem os conheceu apenas por leituras, imaginação mágico-poética, ou já intuição fugaz, e por isso dirá, repetindo mais de que uma vez a glosada afirmação oculta «vi Anjos, toquei Anjos, mas não sei/ Se Anjos existem». 
Isto indica a fragilidade evanescente ou até ilusória da via mágica, sobre a qual Fernando Pessoa confessara: «não esqueçamos a advertência de um Mestre da Magia, «Já vi Ísis, já toquei em Ísis; não sei contudo se ela existe», donde a sua saudade da simplicidade da aproximação directa infantil, tal como diz no mesmo poema, mais à frente, que quem lhe dera «ser agora qual menino eu era/ dos mesmo anjos mais fiel vizinho». Podemos considerar  que provavelmente tendo aprendido  a Oração do Anjo da Guarda, poderá ter, com a sua imensa sensibilidade, intuído em jovenzinho a sua presença...
Fernando Pessoa reconhecerá que o ultrapassar dos condicionamentos psíquicos implica um trabalho persistente, o qual é no fundo a iniciação: o dissipar ou desvendar das trevas e ilusões, em parte resultantes da nossa dispersão mental e social, das nossas impurezas, da falta tanto da capacidade de concentraçã como de aspiração à luz e à verdade e ainda do olho espiritual não estar aberto, o que nos impede de vermos que os Anjos, pois «os Deuses não morreram: O que morreu foi a nossa visão deles. Não se foram: deixámos de os ver.» 
                                     
Por estas razões Fernando Pessoa afirmará a sua ligação à Tradição primordial do Um e das suas emanações de estados múltiplos de ser, e do retorno ascensional a Ele, nomeadamente na famosa carta a Adolfo Casais Monteiro, de13/1/1935, uns meses antes de morrer: «Creio na existência de mundos superiores ao nosso e de habitantes desses mundos em experiências de diversos graus de espiritualidade, subtilizando-se até se chegar a um Ente Supremo, que presumivelmente criou este mundo». 
Relembremos ainda, destes seres mediadores ou níveis intermediários, o Arcanjo de Portugal, citado como o «Espírito da Nação na sua alma recôndita» que sabe os segredos mas não os revela facilmente,  bem como as referências aos Arcanjos    em vários escritos sobre a Trindade, o Demiurgo e a tradição da Queda dos Anjos e dos Homens. 
                                                  
 Não encontramos todavia em Fernando Pessoa uma Angeologia  realizada e estruturada pois na sua vida poética fluíram provavelmente mais (embora não as tenha contado)  as brisas, o vento, o eco, os pressentimentos de fadas e elfos do que as intensificações do numinoso divino, reveladas pelo seu mensageiro por excelência, o Anjo, ainda que existam alguns textos e poemas do final da vida bem significativos. 
 Assim, num curto escrito que aponta (pelo papel e tinta) para ser do último ano da sua vida, crítico da divisão da psique humana segundo a teoria freudiana, relaciona originalmente o que poderei chamar o supramental com os níveis angélicos: «Os herméticos admitem estas duas divisões do espírito [consciente e sub ou in-consciente] – a primeira puramente humana, a segunda obscuramente animal, mas acima delas estabelecem a existência de uma terceira divisão – a sobrehumana, esboçada, embrionária, incompleta, tida por a qualidade que liga o homem às existências superiores, designando-as frequente e porventura simbolicamente, por anjos, arcanjos e a outros nomes assim». Anote-se uma certa originalidade na síntese esboçada distinta  da freudiana e da  junguiana,  preferindo a designação de plano sobrehumano onde vivem as  existências superiores, designadas tradicionalmente pelos nomes simbólicos de anjos e arcanjos...
                                                                 
Numa visão mais simbólica, iniciática e hermética,  o Anjo da Guarda, humanamente e na  identificação interna, pode ser visto como o Espírito, o Mestre da alma, e sabemos, graças aos estudos de Henry Corbin, Louis Massignon e Paul Ballanfat, que muitos iniciados designam o Anjo como o Segredo mais íntimo, o Mestre do coração, nomeadamente na Tradição sagrada do Irão xiita, com raízes nas entidades angélicas femininas denominadas fravartis, companheira e guia de cada ser, sobretudo  após a desencarnação, e nesse sentido Fernando Pessoa interrogou-se intimamente: «A alma da alma é um homem à parte de cada homem e isto é o Mestre, um Anjo da Guarda. A alma desta alma é Deus. (Ou é isto apenas no génio e inspiração». 
Já noutro texto, sobre esta questão da identificação ou da identidade angélica e espiritual, concluirá certas interrogações sobre ensinamentos duma ordem mágica, aceitando que «a fórmula Santo Anjo da Guarda corresponde ao Eu Superior, e exprime a verdade. O Espírito da nossa Alma, sendo a substância de nós, é apesar de tudo distinto de nós neste mundo e é outrem. A fórmula Santo Anjo da Guarda está portanto correcta.». E num valioso mas menosprezado poema, meses antes de morrer, ondula à volta do mistério do Anjo: «Meu coração também/ É o túmulo do Bem/Que a minha Alma não tem.// Mas há um anjo a me ver/ E a meu lado a dizer/ Que tudo é outro ser». 
O itinerário iniciático de Fernando Pessoa, que não foi mistificação ou ambiguidade tal como muitos pessoanos quiseram ou querem, embora fosse limitado pela sua dispersão psíquica, enfraquecimento somático e afectivo, e menor associação-ligação-invocação com os seres e energias mais luminosos, tais mestres e santos, o Anjo, Jesus Cristo, a Divindade, continua naturalmente ainda hoje longe de ser compreendido, sobretudo nas influências, na originalidade e nas realizações internas, e não é fácil conseguir-se transmitir tal hermenêutica mais acertada.
Um exemplo de textos que questionam superficiais  ou tendenciosas aproximações ou interpretações do ocultismo, esoterismo e misticismo de Fernando Pessoa é aquele em que ele nos diz ousadamente que «a iniciação é a admissão à conversa dos Anjos. Alguns ouvem, outros ouvem e veem... A essência da doutrina oculta é que não há comunicação com Deus (Martins Pascoal a Saint-Martin). A essência do misticismo é procurar esta comunicação, quebrar os limites da pluralidade. (1) Conhecimento e conversação com o Anjo da Guarda, (2) Conhecimento dos outros anjos, (3) Caminho para Deus» , afirmações esta escritas nos últimos meses da sua vida e que marcam a sua crescente compreensão do valor da ligação directa mística salvífica ou do coração espiritual com o anjo, o mestre, o Cristo e a Divindade.
Certamente muitas das actividade tradicionalmente reconhecidas ou atribuídas aos Anjos estão presentes na sua obra, tais como manifestarem o esplendor divino, intensificarem o júbilo adorativo ao nascer e ao pôr do sol, guardarem a memória, interpretarem os sonhos, sustentarem o esforço e a ascese no Caminho, ajudarem a ver os outros como espíritos filhos de Deus e a pensar com discernimento, protegerem no invisível, advertirem e apoiarem nas dificuldades, curarem,  mostrarem-se aos que merecem, acompanharem e transmitirem intenções e orações nos mundos subtis, religarem-nos a Deus, serem psicopompos na hora da desincarnação, surgindo de facto  explícita ou implícitamente na obra de Fernando Pessoa  não tão poucas vezes como se pensaria.
Smirnov Rustzek. Anjos Guardiões

 Demos  ainda  exemplos, tal o de poderem  ser o espírito protector e inspirador de uma igreja ou local de culto:

 O anjo da sua capela 
conhece quem ela ama. 
A brisa passa por ela,
Mas ela não a chama. 
Descerem, relembrarem, religarem, e escrito um ano exacto antes da sua morte: 
Que anjo, ao ergueres
 A tua voz 
Sem o saberes 
Veio baixar 
Sobre esta terra
Onde a alma erra 
E com as asas 
Soprou as brasas 
   Do ignoto lar? 
Finalizemos esta breve homenagem a Fernando Pessoa, aos Anjos, Arcanjos e ao Arcanjo de Portugal, com o final de um  dos mais belos poemas de Fernando Pessoa, e que publiquei em Poesia Profética, Mágica e Espiritual, em 1989
«Mãos do meu Anjo da Guarda,
 Que bem guiais, como dois, 
O meu ser que teme e tarda,
Postas firmes nos meus ombros 
Sem de que eu saiba de quem sois! 
 
Vou pela noite infiel  
Sentindo a aurora raiar 
Por traz de alguém que me impele 
Mas já adiante de mim 
Vejo a luz a se espelhar. 

                                                        

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

Maria Zakharova: Ursula von der Leyen estará alucinada, conforme as suas últimas declarações? O fim do ciclo ilusório.

  Maria Zakarova, com a sua finíssima inteligência, ao considerar alucinadas as últimas declaração da presidente da União Europeia deu a entender  que Ursula von der Leyen estará cada vez mais numa crise de nervos grande face à derrota eminente da Ucrânia, ao montante descomunal do dinheiro desviado por Zelensky e os seus,  e  à queda próxima e inevitável do ditador de Kiev. 
Tenta ainda assim  manter-se poderosa e invencível, no que é ajudada pela sua enorme frieza e ambição, e não é por acaso que é conhecida como o coração de pedra,  pelo que depois da última reunião com os líderes dos países da UE, os famosos coligados dispostos a lutarem até ao último ucraniano, e até aos últimos euros dos Europeus, anunciou as condições que a União Europeia exige para se chegar à paz na Ucrânia. São elas porém tão absurdas, tão irrealistas, que só mostra quão arrogantes, orgulhosos e anti-russos são os péssimos governantes avençados certamente  à oligarquia infrahumanista de Davos e Bildberg, Rothschild, Schwab e Gates,  Soros e BlackRock, em luta de morte com a Rússia, o BRICS e a multipolaridade não submetida ao dólar.
                            
 Perante tal arrazoado de exigências absolutamente impossíveis de serem aceites pelos russos, o que eles sabem certamente, o que quererão com isso? Será apenas fuga para a frente, incapazes de terem a humildade de confessar que erraram e que não conseguiram isolar, demonizar, enfraquecer, vencer a Rússia? Ou será apenas para manterem os seu egos na mó de cima e impressionarem por mais uns dias ou semanas a população alienada e manipulada por Milhazes, Rogeiros e &, e que ainda ainda abanam a cabeça dizendo: - "Sim, Respeito por Zelensky", e "Ucrânia está a vencer" ? 
Ou será que têm alguma arma ou solução secreta e invencível nas mãos de Mark Rutte, o desgraçado e roto chefe da NATO, ou do micrónico Napoleão mas com bombas nucleares, Macron, ex-agente de investimentos do banco Rothchild, ou do sionizado Sir Keir Starmer, o maior opressor do povo britânico nos últimos séculos, que até se atreveu a deter e a perseguir o legendário defensor dos direitos humanos e dos povos do Médio Oriente George Galloway, na fotografia em conversa recente com o grande Alexander Dugin, o pai da filósofa mártir Daria Dugina Platonova?
 
Veremos brevemente, mas por ora oiçamos a excelente directora do departamento da Comunicação, do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Federação Russa, e que é considerada a mais bela porta-voz do Kremlin, Maria Zakharova,  descrevendo e rebatendo quatro das exigências dos coligados vencidos, e que de tão alucinadas até deveriam ter sido publicitadas  pela inconcebível Kaja Kallas... 
                     
«Afirmou Ursula, como porta voz dos coligados: "Em primeiro lugar, as fronteiras não podem ser mudadas à força."
Ora em relação ao Kosovo,  Ursula  não pode não ter ouvido o que foi declarado, pois foi o Ocidente que proclamou e  realizou à força uma redefinição unilateral das fronteiras da Sérvia, contra a vontade do povo sérvio. [O que não se passou nem se está a passar no leste da Ucrânia, maioritariamente habitado por russos etnicamente]
Ursula: "Em segundo lugar, a Ucrânia, como estado soberano, não pode limitar o número das suas forças armadas, pois isso tornaria o país vulnerável <...> e, assim, minaria a segurança europeia."
Em outras palavras, Ursula nega a um estado soberano a possibilidade de decidir sobre as suas forças armadas?
Ora, dando um exemplo, o Tratado "2 + 4" de 1990, que regulou o desenvolvimento da Bundeswehr, e as forças armadas da República Federal da Alemanha. assumiu que deveriam ser reduzidas de 500.000 para 370.000 pessoas em quatro anos. E a Alemanha confirmou ainda renúncia previamente assinada da produção, posse e uso de armas de destruição maciça.
Ora como cidadã da RFA, uma alemã, Ursula von der Leyen deveria pelo menos conhecer a história do seu próprio país.[Mas de facto pouco sabe da história e anima mundi, senão ler os papéis que os assessores muito bem pagos lhe escrevem]
Em terceiro lugar, «o papel central da UE em garantir a paz na Ucrânia deve ser plenamente reflectido nesse acordo».
Desde quando é a União Europeia que garante a paz à Ucrânia? Esta é uma questão importante, pois é necessário registar a data do início das alucinações em Bruxelas. E, se possível, esclarecer quem é o responsável por isso e com base em quê.
Quarta parte : "A Ucrânia deve ter a liberdade e o direito soberano de escolher seu destino. Ela escolheu o destino europeu."
Esta é a parte mais absurda. Todos nós nos lembramos muito bem de como o presidente legalmente eleito da Ucrânia, Viktor Yanukovych, declarou que o país que ele então legitimamente governava suspenderia o acordo de integração europeia porque "a economia e a legislação ucranianas não estavam prontas para a associação com a União Europeia."
Ao mesmo tempo, o Ocidente lançou [a revolução] de Maidan, que levou ao golpe inconstitucional de 2014 e, em última análise, ao estabelecimento em Kiev de um regime neonazista liderado por uma minoria global. O mesmo regime na Bankova que proíbe a língua russa e realiza abertamente ataques terroristas, e "até ao último ucraniano", cumprindo as ordens de Bruxelas, da União Europeia. Será que isto é, deve-se entender, o chamado "destino Europeu."? [Pois ] O ciclo fechou-se.»
Esperemos que se conclua rapidamente, com menos mortes  e sofrimentos possíveis! Pax, Lux, Amor Dei!
 Extraído do Vk.com: 
Explanationx of Maria Zakarov about the last crazy declarations of Ursula:
«Ursula von der Leyen, after a meeting with the leaders of the EU countries, announced the European Union's conditions for achieving peace in Ukraine.
"First of all, borders cannot be changed by force."
Regarding Kosovo, Ursula could not have not heard. It was the West that proclaimed and, by using force, carried out a unilateral redefinition of Serbia's borders, against the will of the Serbian people.
"Secondly, Ukraine, as a sovereign state, cannot limit its armed forces, which would make the country vulnerable <...> and thus undermine European security."
In other words, Ursula denies a sovereign state the possibility to decide on its armed forces?
For example, the "2 + 4" Treaty of 1990 regulated the development of the Bundeswehr, and the armed forces of the Federal Republic of Germany were to be reduced from 500,000 to 370,000 people within four years. Germany confirmed the previously registered renunciation of the production, possession, and use of weapons of mass destruction.
As a citizen of the FRG, a German, she should at least know the history of her own country.
"Thirdly, the central role of the EU in guaranteeing peace to Ukraine must be fully reflected."
Since when does the European Union guarantee peace to Ukraine? This is an important question, as it is necessary to record the date of the beginning of the hallucinations in Brussels. And, if possible, clarify who is responsible for this and on what basis.
"Ukraine must have the freedom and sovereign right to choose its destiny. It has chosen the European destiny."
This is the most absurd part. We all remember very well how the legally elected president of Ukraine, Viktor Yanukovych, declared that the country he then legitimately governed would suspend the European integration agreement because "the Ukrainian economy and legislation were not ready for association with the European Union."
At the same time, the West launched another Maidan, which led to the unconstitutional coup of 2014 and ultimately to the establishment in Kiev of a neo-Nazi regime led by a global minority. The same regime on Bankova that bans the Russian language and openly carries out terrorist attacks, "to the last Ukrainian," fulfilling the orders of Brussels of the EU. This, it should be understood, is the so-called "European destiny." The cycle has closed.

Vladimir Soloviev. Brief biography. "The Spiritual Foundations of Life". The Prayer, Our Father, the name of God, and Thy will be done.

Vladimir Soloviev. Brief biography. The Spiritual Foundations of Life. The Prayer, Our Father, the name of God and Thy will be done.

                                                              

Vladimir Soloviev, a Muscovite, son of one of the most important Russian historians, Sergei Soloviev, lived only 48 years (1/28/1853-8/13/1901) but left a trail of eternal light not so much in speculative or discursive philosophy, but in idealistic and religious philosophy, mystical and soteriological, where he greatly developed the idea of the Universal Church, the role of the deep and traditional Russia, and Sophianity, or Sophialogy, for early on, at the age of 11, he was touched by the Divine under the vision of its feminine face, Sophia. Entering the youthful phase of greater Gnostic openness, coinciding with his travels and stays in England and Egypt, he delved deeper into Christianity, trying to unite the Orthodox and Catholic Church and doctrine, but with a strong emphasis on Sophia, Divine Wisdom, which is depicted in the following famous icon from Novgorod, of the XV century, the first one to represent her:
                                         
Already graduated in
 philosophy and as a professor, he distinguished himself through articles and books, friends and lectures, even having the joy of seeing both Dostoievsky (1821-1881) and Tolstoy (1828-1910) attend his lecture on Dostoievsky's work, although they had never met. Unlike his relationship with Dostoevsky, with whom he was quite friendly and a confidant, in St. Petersburg, the relationship with Tolstoy was difficult, as he, although deeply Christian, was against certain anti-natural dogmas of Christianity, such as the resurrection of the flesh or the body of Jesus, with Soloviev's letter to him attempting to prove the necessity of his existence being well known.

 His vast body of work, which came to attract the interest of German, French, and English intellectuals, and even Rudolf Steiner in one lecture spoke well of him, was not completed in some projects, such as the translation of Plato's Opera omnia, due to his premature death. The most important companions or disciples were Sergei Trubetskoy (1862-1905), Pavel Florensky (1882-1937), Sergei Bulgakov (1871-1944), and Nicholas Berdiaev (1874-1948). In Portugal, The Truth of Love is published by Guimarães Editora, an excellent book.

Pavel Florensky and Sergei Bulgakov in a mystical conversation, perhaps invoking God. Painting by the excellent Mikhail Vasilievich Nesterov
  Having published a text and video about Soloviev: https://pedroteixeiradamota.blogspot.com/2023/05/vladimir-soloviev-vida-e-obra-santa.html, in this article I would like to present some teachings from the Spiritual Foundations of Life, which I will transcribe from the 2nd French edition, from 1949, in a small in-4º of 192 pages, written when he was 30 years old, between 1882 and 1884, and where he captured with great speculative, theological, and faith-driven strength the essence of religion, the spiritual path, and Christianity, well-prepared as he was by his studies in Christian theology and Platonic philosophy, and which can still teach and inspire us today, despite some errors of lack of knowledge or undervaluation of other religions, and the excessive valorisation of the writings of the Bible and the conceptions that were made such as that of Jehovah, of man as a sinner, and of the world dominated by evil, beyond the bodily resurrection.

                                 

 After the preface by Archbishop Michel d'Herbigny, in the 1st part, in the Introduction, it briefly addresses Nature, Death, Sin, Law, and Grace, followed by three chapters on Prayer, Sacrifice, and Almsgiving, and Fasting. In the second part, the first chapter addresses Christianity as the revelation of the Light and the universal meaning (logos) of Christ, followed by The Church and the State and Society according to Christ.
It is from the 1st chapter, about Prayer and the Our Father, that we have selected the transcribed text, a good approach to God as the source of Good, and a good justification for the need for prayer, followed by a summary by me of what it says about the Our Father prayer. May this text improve the effectiveness of prayer, without, however, underestimating other formulas or expressions of the prayer-aspiration to the Divinity, even in the way of reciting the Our Father, which can be done only in parts, or even prayed more slowly in one of its petitions, or even paraphrased-transformed by our own soul and aspiration...
"We believe in the Good, but we know that the [true] good is not within us." [Here Soloviev does not affirm the existence in us of the immortal spirit in itself, or our conscious connection to it, and that it is Good, as he believes there has been the Fall]. We must then turn to the Real Good, surrender our will to it, offer it a spiritual sacrifice, and direct our prayer to it. He who does not pray, that is, does not align his will with the supreme will, either lacks faith in Him, does not believe in the good, or thinks of himself as the absolute possessor of the good, considering his own will as perfect and all-powerful. Not believing in good is moral death. Believing that one is the origin and source of good is madness. Believing in the divine source of good, directing prayers to it, and surrendering everything to its [limited] will, is supreme wisdom and the principle of moral perfection.
If we truly aspire to a free and perfect life, we must entrust ourselves and submit to the One who can free us from evil and give us the strength to do good, and who possesses freedom and perfection for all eternity. Our soul has only the capacity to become free and perfect, but it does not possess freedom or perfection on its own; it only has the possibility [or potential] for both.
This virginal aptitude of our soul can become fruitful with a new life that will be our salvation; but, for this purpose, for there to be a true emergence of a new life, it is necessary that a principle enters into activity that carries within itself a certain creative power and is like the germ of this new life. Our soul is capable of receiving God, but this aptitude must be surrendered unreservedly to His liberator and lord, the Father of a new life; so that it does not remain barren, but becomes the mother-matter of a new spiritual life that allows it to act and create in freedom. By surrendering to Him in faith, the person unites with Him in prayer; likewise, this is the first act of faith, in which God and the human being act together.
"Faith without works is dead," prayer is the first of these works and the beginning of supernatural activity. Believing in God, we must believe that all good resides in Him, in fullness and perfection (for otherwise He would not be God) and if, in truth, all good resides in God, we cannot, by that fact, establish any good and true work by ourselves. We have no power except to not act against the good and grace that come from heaven, to cooperate with grace, not acting against it, but giving it our assent [or consent]. Divine grace turns us towards God, and we merely consent to such a conversion by our will.
Here is the essence of prayer; it is already a certain good and just work, through which we act upon God and God acts upon us. It is already the beginning of a new spiritual life, in which we experience the first movement within us. We know that this life is within us and constitutes the best of us, but also that it does not come from us (...) but comes from the Father (...)».
Hence the importance of the Our Father for Soloviev, who will try to elucidate in the sense that the Father of Lights or the Father who is in Heaven is not the source of diseases, sins, and death, but that He is, and in Him reside, the Good, the Truth, the Life. And therefore, if we truly believe in Him, we leave behind all that sick and miserable past and desire above all, or with all our heart and strength, God.

For Soloviev, the desire can be to appear: 1st something that did not exist, 2nd something that already exists, and 3rd modifications or improvements. In the case of God, "we must first desire that He reveals Himself to us, and that He tells us His name, that He communicates to us the conception, the idea by which we will know Him." [Important is this trusting receptivity to which the Divine can manifest in us, as so many more devoted or mystical beings have felt throughout the centuries. In India, such internal divine revelation is called ishta devata, the intimate and personal deity of each individual.]
                                          
"And then, having known Him, we must truly receive His revelation or acknowledge His name (...) and then we must conform to Him, so that His Name may be sanctified", or, may be more conform to the original, glorified..
Regarding "Thy Kingdom Come," Soloviev points in a traditional sense; we should desire that God reign not only in the intimacy of our hearts but also in a visible way in other souls. The obstacle to such a coming is human wills that do not want their worlds to be the Kingdom of God, or to be open or in accordance with the divine Will, which can be more discerned by applying it as a rule of conscience in daily life, asking ourselves what the will of Master Jesus Christ would be.

                                                            
Our daily bread is seen as a confident request for fulfilment on both levels of sustenance, the spiritual and the physical. Recognising the need to forgive, it warns of the deep negative forces within us that rebel against the divine will or the harmony of natural laws and multipolar fraternity, and that can tempt us in three ways, namely with sensuality (which is overcome by purity), pride (by humility), and power (to be overcome by patience and detachment). The final petition "deliver us from evil" is a new affirmation of openness to God and the higher forces to help us in adversities, without underestimating fasting and prayer, which will be the most effective means of purification and reconnection.
Here is a brief overview of wisdom regarding the value and manner of prayer, from one of the main masters of Russian, Sophiology and European philosophy and spirituality, which is worth reading and delving into.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Dugin: Vitória para o Mundo Russo. Uma luta travada em duas frentes: Ucrânia e dentro da própria Rússia. Texto de 26/11/25

                                    
Mais um texto fervente de idealismo futurante de Alexandre Dugin,  pai Daria Dugina, a jovem filósofa mártir (mas por assassinato) desta guerra que parece avizinhar-se do seu desfecho, embora o empedernimento dos políticos ocidentais mais avençados à oligarquia infrahumanista ou diabólica de Davos, do Fórum Económico Mundial e da Open Society continuem com os megafones do ódio  e da guerra à Rússia.
Contudo até que ponto é que será tão fácil findar ou transmutar os elementos mais nazis e anti-russos das zonas fronteiriças da Nova Rússia é um enigma, que Alexander Dugin parece antever como difícil mas inevitável. Esperemos que corra bem e que a justiça, o amor e a fraternidade limpem as memórias traumáticas de tanta gente que, pela ambição desmedida do Ocidente oligárquico e woke. dos USA de Joe e Hunter Biden, Victoria Nuland e Anthony Blinken,  da NATO, de Stoltenberg e de Rutta,  de Boris Johnson, e de Zelensky e dos nacionalistas banderitas ucranianos, sofreu, ficou ferida e viu morrer tantos seres próximos ou de família. E que possa findar o ódio à Rússia, o criptonazismo e a hubris do Ocidente e dos extremistas ucranianos, e quem sabe a existência da imperialista NATO, derrotada nesta tentativa mas ainda a querer lutar, continuar, nomeadamente pelos monstros Merz, Starmer, Macron e mais alguns..
Oiçamos Alexander Dugin, uma das mais importantes vozes do mundo Russo, da multipolaridade equitativa mundial (que o BRICS incarna) e do optimismo escatológico, que a sua filha Daria Platonova tanto desenvolveu e inspira do além:
                                         
Vitória para o Mundo Russo. Uma luta travada em duas frentes: Ucrânia e dentro da própria Rússia. Texto de 26/11/25
«Na Ucrânia, derrotaremos o Ocidente, que está a lutar contra nós, precisamente na mesma altura em que derrotarmos e expulsarmos o Ocidente de dentro de nós mesmos—o liberalismo e a traição que nos dominaram na década de 1990, submetendo ao julgamento aquela realidade histórica, aqueles erros e aqueles crimes que cometemos quando destruímos uma grande potência e traímos o Mundo Russo.
Portanto, o julgamento que realizaremos depois a nossa Vitória sobre os criminosos nazis ucranianos também será um tribunal sobre a nossa própria história, sobre os anos 1990, sobre tudo o que levou a esta guerra civil fratricida e sangrenta.
Hoje, o destino da nossa Vitória lá e o destino da cura, renascimento e despertar do nosso povo aqui estão inseparavelmente conectados. Só podemos prevalecer quando esta guerra se tornar verdadeiramente uma guerra do povo, uma guerra russa, e quando nela conseguirmos vencer ou prevalecer sobre nós mesmos.
Depois da nossa Vitória, teremos inevitavelmente de relançar o Estado—não apenas o Estado das nossas terras antigas, mas o nosso próprio também. Porque será um Estado diferente, um povo diferente, uma sociedade diferente, um ciclo histórico diferente.
É claro, quando essa transição for concluída, encontrar-nos-emos num novo mundo. E teremos que pôr em ordem não apenas o que hoje é chamado de "Ucrânia", mas também o que hoje é chamado de "Federação Russa".
Seremos simplesmente compelidos a criar algo diferente: o Mundo Russo. Devemos fundamentá-lo, estabelecer as suas bases e conceber as suas novas instituições; adoptar uma nova constituição; e, em essência, simplesmente reconstituir o nosso Estado, que se tornará uma restauração plena daquela realidade histórica e daquele princípio histórico que é a Rússia Eterna, Grande e Boa. Devemos realmente despertar para cumprir o que nos foi legado desde o momento da formação de nossa estatalidade e o Baptismo da Rus'.
  O povo Russo vive no futuro. E nós existimos não "porque," mas "pela causa ou bem de." O nosso ser está à nossa frente. É por isso que respondemos tão rapidamente aos ensinamentos sobre a fraternidade universal, sobre o Paraíso na Terra. O "centro de gravidade" da pessoa russa está no futuro. Em direção a esse futuro, estamos a aproximar-nos cada vez mais. Esse futuro chama-se "Vitória."
 Neste momento o plano para esta Vitória está a ser forjado: como derrotar tanto a eles quanto a nós próprios, e como reviver, restaurar e ressuscitar tanto a eles como a nós próprios. Simultaneamente. Porque a abolição da "Ucrânia" (e isso é extremamente importante) implica a abolição simultânea da "Federação Russa" dos anos 1990. Essas duas realidades falsas e caricaturadas são o produto do colapso de uma grande potência orgânica, um Império (a União Soviética estragou muito nele também, embora também contivesse muitas realizações boas).
Por hora, contudo, não devemos argumentar acerca do passado, mas avançarmos para o futuro. Neste futuro, não haverá nem Ucrânia nem Federação Russa, mas um Grande Mundo Russo renascido, a nossa nova potência mundial com uma nova global Ideia Russa, que restaurará tudo o que é o melhor, tudo o que é antigo, e finalmente cumprirá os mandamentos dos nossos grandes santos e dos heróis de nossa história.
                                      
Teremos de mudar muito, e claro os habitantes das antigas terras devem desempenhar um papel muito importante nisso. Um papel muito mais importante do que o de uma população submissa, derrotada e colocada sob domínio estrangeiro. Mas tudo isto se tornará realidade quando a nossa Vitória se tornar realidade—não apenas sobre os outros, mas sobre nós mesmos.»