domingo, 7 de setembro de 2014

Festival da Terra 2014 - 10ª Edição da Feira Alternativa de Lisboa... Imagens...

 Realizou-se hoje o Festival da Terra 2014 - 10ª Edição da Feira Alternativa de Lisboa no parque Inatel. Embora tendo hesitado, resolvi ir e eis as fotografias tiradas, desde as margens das auríferas Tágides até a uma feira miscelânica, com aspectos melhores e piores naturalmente.
São todas as fotografias tiradas e na altura não pensava que decidiria publicá-las ...
Certamente que muitas outras deviam ter sido recolhidas, tanto mais que fui encontrando e dialogando com algumas pessoas amigas, que não aparecem portanto, ou detive-me numa ou noutra barraca e conversei mais demoradamente, como é caso das três pessoas da Loja das Vitaminas...
Quanto às palestras o que vi por um minuto, acerca de canalizações invisíveis, juntando-se  a vários gurus, leitores de aura e tiradores do Tarot, mais os aparelhos  medidores e curadores quânticos, e os métodos reconectivos deixou-me algo apreensivo de que para um público pouco esclarecido nestes assuntos está a ser servido por vezes algo mais de gato que lebre numa zona em que o vegetarianismo deveria primar, embora alguns cartazes e grupos defendessem os direitos animais e uma pessoa mesmo o trate com acupunctura, a veterinária Ana Gomes.
Nota mais negativa: estarem a ser vendidas gomas cheias de açúcar e quem sabe aspartame em dois locais e as pobres das mães a protestarem contra aquilo, como uma me disse, mas a ver o pai a comprar e pagar. Noutra, rebuçados de açúcar a serem oferecidos...
Aspectos melhores: algumas conversas lúcidas com pessoas amigas, como a Fernanda Botelho e as suas ervas e almanaques, o António Prata, bom conhecedor destes ambientes e grupos, a Filomena Santos, responsável da livraria da Espiral e com vontade de reunir de novo, pessoas, grupos e projectos despertantes,  a Rita Conceição, alma muito sensível e osteopata e a trabalhar agora com o Projecto do Desenvolvimento Humano, da Anna Mikii, o Paulo Andrade, dos esoterismos e da Espiral, o João Silva, artista da música electrónica e das organizações de espectáculos no Panteão, a Sofia Costa Quintas, antiga companheira da Aventura da livraria e centro de tertúlias Pessoas e Saberes, autora de um Tarot para empreendedores criado e posto em livro, algo apreensiva com o aspecto de pouca fiabilidade da maior parte do que via, bem como da pouca mudança de vida que sentia em muita gente, a  Cristina Leal e o seu companheiro, que ficaram mais bem informados do valor do Irão como país culto e gente boa e não a caricatura que dele fazem os norte-americanos e impingem ao mundo,  o actual director deste evento, que vem da direcção da revista Zen, ou então as que subitamente conhecemos, como a Ana Gomes, lúcida contra as manipulações e geo-engenharias do sistemas e boa conhecedora dos meridianos, dos chakras e das possibilidades de se tratar os animais pelas agulhas, as jovens da www.lojadasvitaminas.com, uma grande adepta do Ginko biloba, a outra de uma cozinha bem trabalhada e amada, ou o Paulo, que já me conhecia do Despertar Portugal e que faz regressão de pessoas até ao momento de nascimento e depois as deixa explorar o que sentem e as faz regressar, sem querer dogmatizar sobre se são vidas passadas ou se apenas ensinamentos ou impulsos do interior, ou ainda um espanhol meio indiano que vendia produtos ayurvedicos , tal como Neem, Masala, Curcuma, Jagery ( o verdadeiro açúcar de cana vindo da Índia, barato e bom), e  finalmente água de rosas colhidas à mão...
Lavemo-nos então com elas e em vez de as pagarmos caras vindas do Oriente, ou as comprarmos sintéticas e só de aromas nas farmácias, e façamos tal maravilha com as nossas rosas de Santa Teresinha e oremos com ela para que mais chuvas de flores e de graças desçam sobre a Humanidade tão.... (acrescente o que quiser e tente criar alternativas....
Saída das margens do ´Tejo e das suas Tágides
e embarcações
e formações de núvens...
A pensar no grupo do Face: Nuvens e céus de Portugal...
Sri Yantra, um dos mandalas mais tradicionais na Índia, sobretudo para os Shaktas...
Leitores e leitoras de aura com bastante procura, mas de duvidosa qualidade.
A lenda dos mestres ascensionados, quais santinhos novos...
Se este Tarot está associado aos índios, já para um outro tirador de cartas quem ele invocava era o Buda, a pessoa, segundo ele, mais apropriada... Quem diria, mas a fé move montanhas....
Bastõeszinhos chamânicos artísticos...
Enquanto espera apanhe uma dose de açúcar branco para enfraquecer o seu estado psico-fisico...
Os números no séc. XXI já podem resolver as grandes questões que fizeram sucumbir aos pés da Esfinge biliões de seres
A Fernanda Botelho,  uma sábia pura da Natureza, das ervas medicinais e dos seus livros e almanaques...
Ervas, chás, biscoitos servidos com amor e sinceridade...
Pássaros e seus cantos, precisam-se...
Boas vibrações e como estão sempre a extinguir-se variedades  de pássaros que ao menos possamos ouvi-los assim...
O Portal das Aves e o lúdico nas escolas, contra a computorização autista forçada das crianças...
As tatuagens ou pinturas naturais (com henna) que duram apenas algum tempo e são belíssimas e tradicionais, em todo o Oriente...
Mandalas, jóias, crianças ou caminhos de centralização na beleza Divina...
Anjos ou fadas, ou os seres subtis que as crianças ainda captam ou sentem, intuem ou vêem...
Os bem saudáveis e queridos bonecos Waldorf, inspirados nos ensinamentos de Rudolf Steiner.
Dos anjos e fadas na tradição de Rudolf Steiner e das escolas Waldorf
A Ana Gomes trouxe alem da sua bata branca de veterinária as cores da sua alma e de uma sua amiga que desenha mandalas..
Dos Mandalas belíssimos. O de cor de laranja acabou por vir comigo e estar aqui ao meu lado, sendo presenteado posteriormente. Um preço muito leve para o valor que ela tem ou pode ter em quem o contempla ou enriquece mesmo...


                                 As gomas que não deviam ser permitidas numa feira destas...
De Ferreira de Zézere e das abelhas, a arte e a medicina em acção
Passagem de shamanismo, provavelmente brasileiro
Nuvens poderosíssimas, bem contempladas ou sentidas pela Sofia Costa Quintas e o António, após eu os impulsionar nessa direcção
António Prata e Sofia Costa Quintas, almas já com bastante discernimento e sensibilidade...
As metamorphoses das nuvens por causas sempre subtis
A Rita Conceição, de costas e de verde, apoiando o Projecto de Desenvolvimento Humano, da Anna Mikii...
A Sofia e o Paulo discutem as leituras da aura, quanto de imaginação, de forçar ou então de clarividência...
A Solange, massagista mas também a dar consultas outras, e a Filomena Santos, alma mater actual da "Espiral" dos livros e dos projectos...
Ao Caminho, com alegria e na luz dourada...
A Ana Gomes, sob uma palmeira e não poderia haver melhor imagem para deixarmos a Feira, pois tanto ela como a fénix são símbolos da longevidade, da morte e renascimento, da imortalidade, a que a Ana se dedica em si e para os outros...
Araucária axial, ligando a terra e o céu, e nuvens especiais suaves, calmantes dizem-nos: a noite aproxima-se, mergulha nas profundidades da tua alma e no Oceano Divino...
A fada estrela espírito sorri-nos rosadamente..
Ommmmmmmmm

domingo, 17 de agosto de 2014

Post-modern Islamic art in Portugal. An exhibition by Margarida Sardinha at Ericeira. Presentation text of Pedro Teixeira da Mota.

              
Post-modern Islamic art in Portugal. Margarida Sardinha exposition by Gallery Helder Alafaiate, at the House of Culture in Ericeira, a most beautiful traditional village on the west coast of Portugal. Inauguration on 16 August 2014. Text for the catalogue by Pedro Teixeira da Mota:

Allah is the Light of the heavens and the earth. The similitude of His Light is as a niche wherein is a lamp, in a crystal glass, shining like a star.” – 24:35. Surate, The Light.


Islamic art of mosques and shrines, palaces and houses, paintings and drawings is basically sacred and sacralising, i.e. is based and invites us to utter the sacred words, to feel the sacred feelings, to meditate the attributes of the Divine and therefore tends to involve the human in a much wider dimension in which through seeing, feeling, reciting and meditating the concrete and personal are related and united with the archetypal and spiritual worlds and the Divine.
Thus Islamic art developed from the Qur’an, and afterwards from the actual sensitivities of each people or artist, and as is still today rooted in primordial origins unleashes flights of unusual and unprecedented postmodern creativity, such as Margarida Sardinha presents today.
Surely the primordiality of Islamic art, which is so touching to us, recedes beyond the Qur’an and its own specific mathematics, geometries and architectures towards the spirit-world with all its archetypes being intuited and evoked by the artists of different peoples and traditions. Thus, establishing the large circumambulatory movement from the macrocosms to the microcosms, the artists are alchemists, as they condense the philosophical matter by making visible the wonders of the spiritual and divine worlds, and so they purify us and raise us with all this energies and messages.
In the same manner portals open up so that we can reverse the movement into the downward descent, which was the creation or manifestation, and we thankfully return to these subtle worlds, we return to that primordial Oneness paramount and Divine, source of all numbers, shapes and names that are so harmonious worked and exalted by the artists and mystics of Islam. 
                                  
Islam seeks to materialize the Paradise on earth through architecture and art, i.e. to draw the distant, the perfect or the divine closer to us and in a sensitive and illuminating way. But simultaneously, in a symmetrical movement, one seeks to awaken the spirit that is in our depths so that it rises on its axis and, focusing on the prophetic message or in the Divine Sun of Majesty and Compassion, it becomes a living sun on earth and a source of blessing for all. Thus, through the beautiful and appropriate geometric proportions, it is searched to vibrate and harmonize the body and soul and make it more responsive and manifesting the Spirit and the Divine attributes.
                      
In this sense Margarida Sardinha strides with this exhibition, with its thousand crystallizations and recreations of the wonders of the palace and gardens of Alhambra, which since as early times as 11th century until today have been an inexhaustible source of exalting beauty and harmony.

                               
Animated by her gifts of communion with the macrocosms of sacred geometry, patiently endowed of science’s magnifying glass and longing for beauty, Margarida has been following the path of the cosmic mountain (qaf), with the manifested forms and names that connects us to the higher worlds and the Divine; and thus she gives us with this exhibition a portal of animated symmetries arriving or departing from the nameless One, departing or arriving to the secret of secrets (sir-e-sir), the heart of the heart, be it of the Cosmos, as order and proportion, be it our own centre, as spirit and fire reflecting the Divine. In both ways we are under the Grace (Baraka) Divine that is reaching and felt gratefully in us.
                        
Hence, to contemplate and feel as repetitive remembrances (zikr) this abstractions of dynamic harmonies, or even super-three-dimensionalities, is certainly a purifying and enlightening grace and a great stimulus in recognizing and feeling the basic principles of Islam, Tawid, Divine Unity or Oneness, and Whadat al-Wujud, the interconnectedness of everything and everyone with the One, and so we are encouraged to understand with observing and loving eyes and feel that the very divine and his cosmic vision sees through us, or that reflects or is given testimony on us and around us.
                            
Which are the animated works that touch us most or even open the spiritual eye and the heart, which works, and all of them are linked to the Alhambra and the Platonic and Archimedean solids, will make us be more inclined to Islam, the Tawid, i.e. the Divine Unity, the real or ultimate source of happiness, will depend on the psychic energies that cover or animate each of us. But with certainty to all visitors whom will walk and continue in the spirit of Margarida’s exhibition this contact will be a very illuminating and fertile factor in our lives, more intertwined and mirrored in fraternal religion and sacred geometry that comes from the Divine and Primordial Oneness, and wants to become the living expanding flame of Love (Ishq or Eshq) in the centre of each Being.»
                      

Margarida Sardinha expõe na Casa da Cultura na Ericeira. Imagens da inauguração, 16/8/2014.

O belo edifício da Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva, na aprazível e muito bem cuidada vila da Ericeira...
A chegada dos pais da artista ao aprazado e aprazível local...
Animada dos seus dotes de comunhão com o macrocomos da geometria sagrada, dotada pacientemente da lupa da ciência, da tecnologia e da ânsia da beleza, a Margarida tem vindo a percorrer as veredas da montanha cósmica primordial (Qaf), a que nos liga aos mundos superiores e à Divindade, pelas suas formas e nomes; e assim dá-nos nesta exposição um portal de simetrias animadas que partem ou chegam até ao inominado Um, a esse segredo dos segredos (sir-e-sir), ao coração do coração, seja da criação, enquanto ordem e proporção, o Cosmos, seja ao nosso centro, como espírito e fogo reflectindo o Divino. Em ambos os casos estamos na Graça (Baraka) Divina, que chega e é sentida gratamente em nós.
Fotografias minhas, com reflexos dos acrílicos e dos vidros, das fotografias tiradas pela Margarida em Alhambra, Granada, e tratadas magistralmente num todo muito dinâmico e harmonizante
A juventude mesmo novinha deixou-se surpreender....
Nada se perde, tudo se transforma... O que resultará nas alminhas?
Através das proporções geométricas belas e apropriadas, procura-se fazer vibrar e harmonizar o corpo e a alma e torná-los mais receptivos e manifestadores do Espírito e dos atributos Divinos.
Neste sentido caminha a Margarida Sardinha com esta sua exposição de milhares de cristalizações e recriações reverberantes das maravilhas do palácio e jardins de Alhambra, que desde tempos tão antigos como o séc. XI até aos nossos dias têm sido uma fonte de exaltante beleza, harmonia e amor.
Poliedros transfigurantes no microcosmos e no macrocosmos...
Ao contemplarmos e sentirmos como apelos repetitivos (zikr) estas abstrações de harmonias dinâmicas ou mesmo super-tridimensionais, é certamente uma graça e um estímulo grande a reconhecermos e a sentirmos dois princípios básicos do Islão, o Tawid, a Unidade Divina e Wadat al-Wujud, inter-conectividade dela com tudo e todos, e por isso somos estimulados a caminhar com um olhar e sentir amoroso em que a própria visão divina e cósmica vê através de nós, ou que se espelha e ou é testemunhada em nós e à nossa volta. 
Cena do filme animado que está constantemente a passar com poema em modo repetitivo da Margarida e que permite contemplação com sentido de profundidade reforçado, graças aos óculos coloridos tridimemsionais disponibilizados.... 
A arte Islâmica das mesquitas e santuários, dos palácios e casas, das pinturas e dos desenhos é basicamente sagrada e sacralizadora, ou seja está baseada e convida-nos a proferir as palavras sagradas, a desabrochar os sentimentos sagrados, a meditar e a viver os atributos divinos, tendendo pois a envolver o ser humano numa dimensão bem mais vasta, na qual através do ver, sentir, recitar e meditar unimos o concreto e pessoal com o espiritual e o divinal.
Um grupo internacional de intelectuais e artistas (a mãe da Margarida, a Maria Helena Pecante e a filha e a Tim-Tim) aprofunda reflexivamente os impulsos da arte islâmica post-modernista da Margarida
“Deus é a Luz dos céus e da terra. A Luz assemelha-se à contida num cristal de vidro  num nicho e que brilha como uma estrela brilhante.” – 24:35. Surate, A Luz, do Corão.

Através da arquitectura e da arte procura-se no Islão materializar o Paraíso na terra, ou seja fazer aproximar de nós o distante ou o divino, de um modo sensível e iluminador. Mas simultaneamente, num movimento simétrico, procura-se despertar o espírito que está nas nossas profundezas para que ele se erga no seu eixo e concentrando-se na mensagem profética ou no Divino Sol da Majestade e Compaixão, e se torne um sol vivo na terra, uma fonte de bênçãos para todos.
Um dos trabalhos da Margarida Sardinha, visto com os óculos coloridos tridimensionais
A galeria Helder Alfaiate organizadora da exposição e as suas jovens colaboradoras, sob um dos quadros da Margarida, sempre obtidos a partir de múltiplas imagens do palácio e jardins de Alhambra
A Rita Burnay e o Rolim Carmo, jovens empreendedores da região com a sua deliciosa e já afamada  marca de cervejas Sardine, feita sem químicos e distribuída para qualquer parte do país...
O fechar da inauguração e a ida para as falésias do mar, onde se irá desenrolar a procissão de embarcações evocadora das bênçãos da Nossa Senhora da Boa Viagem
A artista caminha só já com os olhos e a alma nas criatividades das próximas exposições, mas que para já nesta "Simmetry's Portal" bem merecia ser divulgada e partilhada mundialmente sobretudo em terras Islâmicas...

Margarida Sardinha, "Symmetry's Portal" no Centro Ismaili de Lisboa. Texto de Pedro Teixeira da Mota, 14/1/2015

                                         
Sobre a obra Symmetry´s Portal de Margarida Sardinha, que estivera exposta em Julho de 2014 na Ericeira na Casa da Cultura Jaime Lobo e Silva, através da Galeria Hélder Alfaiate, escrevi para o catálogo o seguinte texto o qual hoje, 14/1/2015, aquando da sua exposição no Centro Ismaili, em Lisboa, melhorei e partilho de novo:
                          
“Deus é a Luz dos céus e da terra. A Luz assemelha-se à contida num cristal de vidro num nicho e que brilha como uma estrela brilhante.” – 24:35. Surate, A Luz, do Alcorão.
 
«A Arte Islâmica das mesquitas e santuários, dos palácios e casas, das pinturas e desenhos é basicamente sagrada e sacralizadora, ou seja, está baseada e convida-nos a proferir as palavras sagradas, a desabrochar os sentimentos sagrados, a meditar e a viver os atributos divinos, tendendo pois a envolver-nos numa dimensão bem mais vasta, na qual através do ver, sentir, recitar e meditar unimos o concreto e o pessoal com o espiritual e o Divinal.
A Arte Islâmica desenvolveu-se sobretudo a partir do Alcorão e depois das sensibilidades próprias de cada povo ou artista e ainda hoje, enraizada nas origens primordiais, desfere voos de criatividade moderna, inusitada e inaudita, tais como a Margarida Sardinha nos apresenta ou desafia a sentir e a contemplar.
                         
Certamente que a primordialidade da arte Islâmica, e que tanto nos toca, recua, para além do Alcorão e das próprias matemáticas, geometrias e arquitecturas, para o mundo espiritual, com muitos dos seus arquétipos ou protótipos a serem intuídos e evocados pelos artistas. Assim, ao estabelecerem o grande movimento circumbulatório e circulatório do macrocosmos ao microcosmos, os artistas são alquimistas pois condensam a matéria filosofal, tornam visíveis as maravilhas dos mundos espirituais e divinos, purificam-nos e elevam-nos com as suas energias e mensagens.
Abrem-se deste modo portais para que possamos reverter o movimento de descida, que foi o da criação ou manifestação, e regressarmos gratamente a esses mundos subtis, a esse Um primordial e Divino, fonte de todos números, formas e nomes tão exaltada ou perfeitamente trabalhados pelos artistas e místicos do Islão e da Tradição Perene.
                   
Através da arquitectura e da arte procura-se no Islão materializar o Paraíso na Terra, ou seja, fazer aproximar de nós o distante, o transcendente, o Divino, de um modo sensível e iluminador. Mas, simultaneamente, num movimento simétrico, procura-se despertar o espírito que está nas nossas profundezas para que ele se erga no seu eixo e, concentrando-se na sua seidade espiritual, na mensagem profética ou no Divino Sol da Majestade e Compaixão, se torne um sol vivo na terra, uma fonte de bênçãos para todos e tudo...
Assim, através das proporções geométricas belas e apropriadas, procura-se fazer vibrar e harmonizar o corpo e a alma e torná-los mais receptivos e manifestadores do Espírito, das harmonias subtis cósmica e dos atributos Divinos.
Neste sentido caminha a Margarida Sardinha com esta sua exposição de milhares de cristalizações e recriações reverberantes das maravilhas do palácio e jardins de Alhambra que, desde tempos tão antigos como o séc. XI até aos nossos dias, têm sido uma fonte de exaltante beleza, harmonia e Amor.
                    
Animada dos seus dotes de comunhão com o macrocomos da geometria sagrada, dotada pacientemente da lupa da ciência, da tecnologia e da ânsia da beleza, a Margarida tem vindo a percorrer as veredas da montanha cósmica primordial (Qaf), a que nos liga aos mundos superiores e à Divindade, pelas suas formas e nomes, e assim dá-nos nesta exposição um portal de simetrias animadas que partem ou chegam até ao inominado Um, a esse segredo dos segredos (Sir-e-sir), ao coração do coração, seja da manifestação ou criação, enquanto ordem e proporção, o Cosmos, seja ao nosso centro, como espírito e fogo reflectindo o Divino. Em ambos os casos estamos na Graça (Baraka) Divina, que chega e é sentida gratamente em nós.
                         
Assim, contemplarmos e sentirmos como apelos repetitivos (zikr) estas abstrações de harmonias dinâmicas ou mesmo super-tridimensionais, é certamente uma graça e um estímulo grande a reconhecermos e a sentirmos dois princípios básicos do Islão, o Tawid, a Unidade Divina e Wadat al-Wujud, interconectividade dela com tudo e todos, e por isso somos estimulados a caminhar com um olhar e sentir amoroso, no qual a própria visão divina e cósmica vê através de nós (mormente no nosso olho espiritual...), ou que se espelha ou é testemunhada em nós e à nossa volta.
                         
Quais são as obras animadas que mais nos tocam ou mesmo nos abrem o olho espiritual e o coração, por quais delas, e todas ligadas à Alhambra e aos sólidos Platónicos e Arquimedianos, seremos mais inclinados ao Islão, ao Tawid, ou seja, à Unidade Divina, a verdadeira ou suprema Fonte da Felicidade, vai depender das energias anímicas de que cada um de nós se reveste. Mas certamente que para todos, percorrer e continuar no espírito desta exposição da Margarida, será um factor bem iluminativo e fecundativo nas nossas vidas, mais entrelaçadas e espelhadas na religião fraterna e na geometria sagrada que provém da Divindade Una e Primordial e que se quer tornar fogo vivo expansivo de Amor (ishq) no centro de cada Ser.»

Por Pedro Teixeira da Mota, escrito em Julho de 2014, com correcções e adaptações no dia 14 de Janeiro de 2015. aquando da sua exposição no centro Ismaili de Lisboa...
Fotografias parcelares, captadas por mim, no dia da inauguração de uma exposição que bem merecia ser levada a países islâmicos por instituições portuguesas. E que a partir de hoje 14/1/2015 vai ser contemplada e interagida por mais pessoas..