quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

Discurso de Putin, dia 17. II parte. Mensagem de esperança na vitória e na paz e que novos dirigentes mais maduros e íntegros surjam na Europa. Text bilingual

 Vladimir Putin: Companheiros,
Gostaria de agradecer ao Ministro por fornecer uma análise detalhada da situação das questões nas Forças Armadas e ao longo da linha de contacto [ou frente].
Como é costume, vou partilhar algumas considerações gerais convosco. Provavelmente não direi nada que não saibam, mas ainda assim creio que é importante dizer.
Gostaria de começar com a nossa história recente, com os desenvolvimentos mais recentes, para se ter uma ideia clara de onde estamos agora e por que estamos onde estamos.

Já me ouviram dizer isto muitas vezes antes, mas acho que vale a pena repetir. Pouco depois da queda da União Soviética, pensávamos que nos tornaríamos rapidamente membros da família "civilizada" das nações europeias e da família ocidental civilizada numa forma mais ampla. Hoje, descobrimos que a civilização lá é inexistente e que a degradação é tudo o que existe, mas esse não é o ponto. Naquela época, pensávamos que era algo bom e que nos tornaríamos um membro pleno e em igualdade daquela família. Nada disso aconteceu. Vêm? Nada disso aconteceu, e não nos tornamos membros em igualdade daquela família.
Pelo contrário, eles começaram a apertar a Rússia de todos os ângulos e até aumentaram a pressão. Quase tudo o que dizia respeito à Rússia foi decidido por eles a partir de uma posição de força. Eles  davam-nos palmadinhas nas costas e convidavam-nos para participar em vários encontro, mas o Ocidente usava a força, incluindo a força militar, para fazerem avençar os seus interesses quanto à Rússia.
Verdadeiramente assim. Apoiar o separatismo e o terrorismo foi claramente demonstrado e realizado ao fornecerem armas e dinheiro aos terroristas e ao oferecerem-lhes apoio político e mediático em toda o tabuleiro do jogo. Restrições económicas também nos foram impostas, e isso  é 
também uma pressão forçada, e muito séria por sinal.
Eu lembro-me muito bem disso. Quando dissemos que precisávamos de proteger nosso país contra o terrorismo, nos disseram-nos para fazermos o que fosse necessário, mas não certas coisas, caso contrário não seríamos elegíveis para empréstimos ou renovações em termos facilitados. Isso foi uma pressão direta forçada e uma imediata restrição na esfera económica.
Instrumentos destrutivos destinados a desestabilizar a Rússia de dentro  foram 
também utilizados – e isso foi inteiramente deliberado. Vimos o mesmo padrão noutros países: mecanismos para minar a estabilidade política interna foram criados e postos em uso.
Claro, por essa altura, toda a arquitectura de segurança do pós-guerra tinha deixado de funcionar. Tudo começou a deteriorar-se rapidamente, e as regras estabelecidas, juntamente com a Carta da Nações Unidas, foram postas de lado. Considerem os acontecimentos na Jugoslávia. Como é que isso se alinhou com a Carta da ONU? Não foi isso o uso da força? Já falamos sobre isso muitas vezes, mas o fato é: eles simplesmente fizeram o que acharam melhor, agindo por conta própria. Eles manipulavam a situação e forçavam uma votação se pudessem. Se não, que se lixe – aplicavam a força armada diretamente. No final, eles devastaram e desmantelaram a Jugoslávia e fragmentaram o povo sérvio, espalhando uma única nação por diferentes entidades estatais.
Não vou deter-me agora na expansão da OTAN, embora o seu papel seja óbvio. Mesmo hoje, dizem-nos que não temos o direito de ditar como os outros devem garantir a sua segurança ou de privá-los das suas escolhas. Não estamos privando ninguém de nada. Não estamos fazendo exigências excepcionais. Estamos simplesmente insistindo para que as promessas feitas a nós sejam cumpridas. Foi declarado publicamente que a OTAN não se expandiria para o leste. O que se seguiu? Eles ignoraram isso completamente, e a uma onda de expansão seguiu-se outra. Repito: não estamos a pedir nada de extraordinário – apenas que as garantias que nos foram dadas sejam cumpridas.
Acredito que todos aqui entendem que os acordos com a União Soviética eram tratados de uma maneira, e os acordos com a Rússia moderna, após a desintegração da URSS, de outra. Todos os nossos interesses eram simplesmente ignorados.
Isto levou por fim ao golpe na Ucrânia. Que tipo de democracia é esta, que nos têm dado lições ou conferências há décadas? Foi uma evidente tomada de poder armada. Se tivessem ido às urnas – como já disse inúmeras vezes – teriam ganho as eleições de forma justa. Nada os impederia; a vitória estava assegurada. Mas não – eles simplesmente demonstraram força, e foi isso.


A partir de então, eles começaram a reprimir violentamente o sudeste, as suas regiões sudeste, desencadeando efectivamente uma guerra. Não fomos nós que começamos a guerra em 2022; foram as forças destrutivas na Ucrânia, apoiadas pelo Ocidente. Em essência, o próprio Ocidente instigou este conflito. Estamos apenas procurando acabar com isso, parar isso. Inicialmente, buscamos meios pacíficos através das negociações de Minsk, como se devem lembrar. Eventualmente, fomos compelidos a introduzir um componente militar assim que ficou claro que estávamos sendo enganados. Essa decepção foi desde então exposta em claro: altos oficiais do Estado afirmaram sem pudor que nunca tiveram a intenção de honrar os acordos, mas apenas de ganhar tempo para armar e equipar as forças ucranianas. Eles prepararam um golpe, iniciaram operações militares e deliberadamente – estou convencido, deliberadamente – precipitaram uma guerra.
O presidente Trump disse que, se estivesse no cargo na época, nada disso teria acontecido. Ele pode muito bem estar certo. Porque a administração anterior deliberadamente levou as coisas a um conflito armado. E acho que a razão é clara: eles acreditavam que a Rússia poderia ser rapidamente desmantelada e dividida. Os "porquinhos" [ou os porcos inferiores] europeus imediatamente se juntaram aos esforços daquela administração americana anterior, esperando lucrar com o colapso do nosso país: recuperar o que havia sido perdido em períodos históricos anteriores e vingar-se de alguma forma. Como agora se tornou evidente para todos, cada uma dessas tentativas, cada plano destrutivo contra a Rússia, terminou num completo e total fracasso.
A Rússia demonstrou sua resiliência na economia, finanças, política interna, estado da sociedade e, em última análise, na sua capacidade de defesa. Sim, ainda há muitos problemas e questões nesta área.
Posso ver pessoas aqui neste salão que vieram diretamente da frente, das linhas de frente, da linha de contacto de combate. Eles estão sentados aqui, eu os vejo-os. E eles sabem melhor do que ninguém que o exército ainda enfrenta muitos problemas; eles encontram-nos todos os dias.
E, no entanto, nossas Forças Armadas se tornaram-se completamente  – fundamentalmente diferentes. O resultado mais importante da operação militar especial é que a Rússia recuperou o seu estatuto de estado plenamente soberano. A Rússia se tornou-se soberana em todos os sentidos da palavra. Recuperamos esse status em grande parte graças à vossa participação, graças à contribuição das Forças Armadas.
O nosso exército tornou-se totalmente diferente. Isso aplica-se ao comando das tropas, tácticas, estratégia, equipamentos e ao trabalho e desempenho do complexo de defesa e industrial. Isso também diz respeito ao componente estratégico: o nosso escudo nuclear está mais actualizado do que o componente nuclear de qualquer potência nuclear oficialmente reconhecida. Quanto está modernizado, mais de 80 por cento?
-   Chefe do Estado-Maior Valery Gerasimov: - Noventa e dois por cento.
-  Vladimir Putin: As nossas forças nucleares estão 92% modernizadas. Nenhuma outra potência nuclear no mundo tem tal nível.
Temos novos armamentos e novos sistemas de armas. Ninguém mais no mundo tem isso, e ninguém terá por muito tempo. Já mencionei isso antes e conhecemos o Avangard, o Burevestnik e outros sistemas.
As nossas forças terrestres também estão a crescer e a fortalecer-se. Sim, repito, os que vieram da linha de frente sabem que muitos problemas permanecem. Mas essas tropas estão completamente diferentes agora: estão endurecidas para a batalha. Não há outro exército como este no mundo; simplesmente não existe.
Sim, as Forças Armadas da Ucrânia também estão passando pelo teste da ação militar. Mas, infelizmente para eles, assim como o próprio estado ucraniano está desintegrando-se – simbolizado pelos "equpamentos de casa de banho de ouro" – as suas forças armadas também estão degradando-se. Isso é evidenciado pelo crescente número de desertores: mais de 100.000 processos criminais por deserção foram abertos na Ucrânia, e o número total de desertores está na casa das centenas de milhares. Este é um sinal claro de degradação.
E as nossas Forças Armadas estão em ascensão. Repito, muito ainda precisa ser feito, mas tudo será feito. Sempre afirmamos – e quero reafirmar isso – que permanecemos prontos para negociações e prontos para resolver todos os problemas que surgiram nos últimos anos por meios pacíficos. A administração dos Estados Unidos demonstrou tal prontidão, e estamos enpenhados em diálogo com ela. Espero que o mesmo aconteça eventualmente na Europa. É improvável com as actuais elites políticas, mas será inevitável à medida que continuamos a fortalecer-nos, se não com os políticos actuais, então com uma mudança das elites políticas na Europa.
Gostaria de agradecer pelo vosso trabalho dedicado em 2025 e expressar a minha confiança e esperança de que todos os desafios enfrentados pelo nosso país sejam resolvidos com sucesso.
Muito obrigado. (Aplausos.)

Desejo o melhor para todos.»

                                                         
Vladimir Putin: Comrades,
I would like to thank the Minister for providing a detailed analysis of the status of matters in the Armed Forces and along the line of contact.
As is customary, I will share a few general considerations with you. I will probably not say anything that you do not already know, but I still believe it is important to say it.
I would like to begin with our recent history, with the most recent developments, in order to have a clear idea of where we are now and why we are where we are.
You have heard me say it many times before, yet I think it is worth saying it again. Shortly after the Soviet Union had fallen apart, we thought we would quickly become members of the “civilised” family of European nations and the civilised Western family more broadly. Today, it turns out that civilisation there is nonexistent, and degradation is all there is there, but that is not the point. Back then, we thought it was a good thing and that we would become a full-fledged and equal member of that family. Nothing of the kind happened. You see? Nothing of the kind happened, and we did not become an equal member of that family.
On the contrary, they started going after Russia from all angles, and even ratcheted the pressure up. Almost everything concerning Russia was decided from a position of strength. They would pat us on the shoulder and invite us to attend various events, but the West used force, including military force, to push its Russia-related interests.
Truly so. Supporting separatism and terrorism was clearly demonstrated and carried out by supplying terrorists with weapons and money and providing them with political and media support across the board. Economic restrictions were imposed on us as well, and that, too, is about forceful pressure, and a very serious one at that.
I remember this very well. When we said that we needed to protect our country against terrorism, we were told to do whatever we needed to, but not to do certain things or else we will not be eligible for loans or renewed easy terms.” This was direct forceful pressure and outright restriction in the economic sphere.
Destructive instruments aimed at destabilising Russia from within were also deployed – and this was entirely deliberate. We have seen the same pattern in other countries: mechanisms for undermining domestic political stability were created and put to use.
Of course, by then, the entire post-war security architecture had ceased to function. Everything began to erode rapidly, and the established rules, along with the UN Charter, were cast aside. Consider the events in Yugoslavia. How did that align with the UN Charter? Was that not the use of force? We have spoken of this many times, but the fact remains: they simply did as they saw fit, acting at their own discretion. They would manipulate the situation and force a vote if they could. If not, to hell with it – they applied armed force directly. In the end, they ravaged and dismantled Yugoslavia and fractured the Serbian people, scattering a single nation across different state entities.
I will not dwell now on NATO expansion, though its role is obvious. Even today, we are told we have no right to dictate how others should ensure their security or to deprive them of their choices. We are not depriving anyone of anything. We are not making exceptional demands. We are simply insisting that the promises made to us be honoured. It was publicly stated that NATO would not expand eastward. What followed? They disregarded this entirely, and one wave of expansion followed another. I repeat: we are not asking for anything extraordinary – only that the assurances given to us be fulfilled.
I believe everyone here understands that agreements with the Soviet Union were treated one way, and agreements with modern Russia, after the USSR’s disintegration, quite another. All our interests were simply ignored.
This ultimately led to the coup in Ukraine. What kind of democracy is this, the one we have been lectured about for decades? It was a straightforward armed power grab. Had they gone to the polls – as I have said countless times – they would have won the elections fairly. Nothing stood in their way; victory was assured. But no – they simply demonstrated force, and that was that.
Thereafter, they began violently suppressing the southeast, their southeastern regions, effectively unleashing a war. It was not we who started the war in 2022; it was the destructive forces in Ukraine, backed by the West. In essence, the West itself instigated this conflict. We are only seeking to end it, to stop it. Initially, we pursued peaceful means through the Minsk negotiations, as you will recall. Eventually, we were compelled to introduce a military component once it became clear we were being deceived. That deception has since been laid bare: senior officials have stated unabashedly that they never intended to honour the agreements, but only to buy time to arm and equip Ukrainian forces. They engineered a coup, initiated military operations, and deliberately – I am convinced, deliberately – precipitated a war.
President Trump has said that had he been in office at the time, none of this would have happened. He may well be right. Because the previous administration deliberately brought matters to an armed conflict. And I think the reason is clear: they believed Russia could be swiftly broken up and dismantled. European “swine underlings” immediately joined the efforts of that previous American administration, hoping to profit from our country’s collapse: to reclaim what had been lost in earlier historical periods and to exact a form of revenge. As has now become evident to all, every one of those attempts, every destructive design against Russia, has ended in complete and total failure.
Russia has demonstrated its resilience in the economy, finance, domestic politics, the state of society, and, ultimately, in its defence capability. Yes, there are still many issues and problems in this area.
I can see people here in this hall who came directly from the front, from the frontlines, from the line of combat contact. They are sitting here, I see them. And they know better than anyone that the army still faces many problems; they encounter them every day.
And yet, our Armed Forces have become completely different –fundamentally different. The most important result of the special military operation is that Russia has regained its status as a fully sovereign state. Russia has become sovereign in every sense of the word. We have regained this status to a large extent thanks to your participation, thanks to the contribution of the Armed Forces.
Our army has become totally different. This applies to troop command, tactics, strategy, equipment, and the work and performance of the defence and industrial complex. This also concerns the strategic component: our nuclear shield is more updated than the nuclear component of any officially recognised nuclear power. How much modernised is it, over 80 percent?
Chief of the General Staff Valery Gerasimov: Ninety-two percent.
Vladimir Putin: Our nuclear forces are 92 percent modernised. No other nuclear power in the world has such a level.
We have new armaments and new weapon systems. No one else in the world has these, and no one will for a long time. I have mentioned this before and we know Avangard, Burevestnik, and other systems.
Our ground forces are also growing and strengthening. Yes, I repeat, those who have come from the front know that many problems remain. But these troops are completely different now: they are battle-hardened. There is no other army like this in the world; it simply does not exist.
Yes, the Ukrainian Armed Forces are also going through the ordeal of military action. But, unfortunately for them, just as the Ukrainian state itself is disintegrating – symbolised by the “golden toilets” – their armed forces are also degrading. This is evidenced by the growing number of deserters: more than 100,000 criminal cases for desertion alone have been opened in Ukraine, and the total number of deserters is in the hundreds of thousands. This is a clear sign of degradation.
And our Armed Forces are on the rise. I repeat, much remains to be done, but it will all be done. We have always stated – and I want to reaffirm this – that we remain ready for negotiations and ready to resolve all the problems that have arisen in recent years through peaceful means. The United States administration has demonstrated such readiness, and we are engaged in dialogue with it. I hope the same will eventually occur in Europe. It is unlikely with the current political elites, but it will be inevitable as we continue to strengthen, if not with the present politicians, then with a change of political elites in Europe.
I would like to thank you for your dedicated work in 2025 and express my confidence and hope that all the challenges facing our country will be successfully resolved.
Thank you very much. (Applause.)
All the best.
 
 

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