A escolha entre o vício e a virtude, o que será bem ou melhor e o que será mal ou pior, a partir dos ensinamentos de Pitágoras, referida em autores como Xenephon, Pérsio e outros, foi simbolizada com a vigésima letra do alfabeto grego, o Y, denominado então como o Y de Pitágoras, o ípsilon (que se lê até mais upsilon), já que tendo sido um mestre do caminho da harmonia do corpo e alma com o espírito e o Cosmos, ensinara o discernimento da escolha certa em tal símbolo, entre outros que atravessarão os séculos algo misteriosos, a partir da sua escola de Crotona.
Vemos portanto que este símbolo, tanto da sabedoria perene ou universal como mais especificamente da tradição pitagórica e, em seguida, da literatura e sabedoria greco-romana, teve ao longo dos séculos quem o trabalhasse, e assim Jesus emprega-o espontaneamente quando fala da via estreita e da via larga, tal como alguns dos primeiros padres da Igreja que conheceram melhor a sabedoria pagã, e poderíamos chamá-los tanto pitagóricos como espirituais pois, face à existência do egoísmo e da solidariedade, das virtudes e vícios, da violência e do amor, do bem e mal (relativos, pelo menos), valorizaram a existência do caminho de harmonização, aperfeiçoamento, ascensional, bem como da auto-consciencialização, ponderação serena e livre determinação, qualidades e capacidades que nos nossos dias vemos enfraquecidas, com os meios de comunicação a servirem desígnios controladores, como tem vindo acentuar-se com várias manipulações, tais como as das farmacêuticas, as alimentares e de bebidas, as editoriais, e as de ideias, preconceitos e fobias.
Saber-se discernir a cada momento o melhor caminho, a melhor compreensão, a melhor acção ou atitude exige de nós serenidade desprendida e aspiração à verdade, ao bem, ao justo, o que tem de ser trabalhado, estudado, respirado, meditado, aprofundado regularmente ou constantemente, seja de manhã, seja a meio da noite, seja especialmente ante qualquer desafio urgente ou opção mais difícil.
Frequentemente somos confrontados com escolhas, comentários, julgamentos, conflitos e não podemos ficar sempre calados, indecisos, submissos ou ignorantes, sobretudo quando há vidas em perigo, em sofrimento, em opressão, em alienação e perdição, ou quando simplesmente temos de decidir-nos por uma das duas vias ou hipóteses, e então a tradição do Y pitagórico estimula-nos a meditarmos e discernirmos o que nos eleve e será o melhor e o que nos rebaixa e subanimaliza, para tal discernimento ajudando antevermos as consequências próximas e futuras...
Saibamos pois manter a bússola da verdade acessa no nosso peito, e com a mente e coração investigar as situações-problemas, para cooperarmos com o Bem, a Verdade e a Justiça e não sermos cúmplices da ignorância ou, pior ainda, do erro, da mentira, da violência e do ódio ou mal.
«Nasce o homem mortal no mundo vão,
E apenas com a vista o ar mede,
Logo um caminho vê, que se divide
Em duas veredas do viver humano.
Áspera aquela à mão direita
Ao caminhante mísero despede;
E a da esquerda a nada impede o passo,
Antes o oferece deleitoso e fácil.
Mas no fim são diversas: a primeira
Por penhascos de penas se remata
Em glória perdurável, e verdadeira.
Com seus deleites a segunda mata.
Quem quiser acertar consulte a Consciência
Quanto à melhor via a optar.»
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