domingo, 28 de agosto de 2022

Poema espiritual: enigmas da travessia da Vida e da ligação Divina.

                  Um poema escrito no Sábado, 21.11.1992, e das milhares de folhas de diários...

«Há quantas vidas caminhamos nós sobre a Terra,

por entre montanhas de alegria e os vales da dor?

Quis então delimitar um espaço onde pudesse edificar

e lançar a escada que leva ao Céu e a Deus,

mas só via areia movediça ou gente apressada,

e mesmo os templos tinham horas de fechar.


Cobri-me também do manto da rapidez,

contraí os lábios e a boca nos ajuntamentos

e atravessei as cidades ocas e fervilhantes

até encontrar o oásis no coração trémulo.


Sentia água lá no fundo de tudo,

um filão simples mas puro.

Chegar até ele no fundo, era o enigma.

Consultei então os sábios da minha livraria.


Um disse-me: a tua parte feminina tem de sofrer e morrer

enquanto o masculino em ti como árvore crescerá.

Mas um outro replicou: a serpente enganou-te

e a tua vontade e afecto jazem por terra.


Fechei os olhos, levantei as mãos ao céu

e pedi à Divindade que me guiasse,

mas só sentia o meu peito aberto

como uma catedral imensa e vazia

por onde passava o Espírito infinito.


Tudo o que fizera e sentira no dia

estendia-se em tiras no turbilhão do céu,

e da eternidade onde meu ser habitava

que era eu senão a Consciência?


Eis a pérola achada no seio dos mares revoltos,

mas como a manter luminosa entre as dualidades?

- Paciência infinita, adoração íntima intensa

E o Fogo Divino brilhando sempre em ti, salvar-te-ão.

 

Pintura do mestre alemão Bô Yin Râ

2 comentários:

Anónimo disse...

Que poema maravilhoso, Pedro!

Pedro Teixeira da Mota. disse...

Graças muitas, e desculpas pelo atraso. Boas inspirações!