A nossa relação com o Amor não é facilmente consciencializada, abrangida ou conhecida pois, brotando e desenrolando-se a vários níveis, o Amor acaba por ser vivido pouco consciente, voluntária e profundamente.
Tentarmos compreende-lo melhor exige tanto sinceridade como auto-conhecimento, para que na sua busca interna possamos ir mais fundo do que trazer, à superfície da consciência, emoções, sentimentos, motivações, frustrações e desejos que, estando muito entretecidos com o Amor, ou com os arredores do seu fogo, o impedem de flamejar e de se desvendar clarificadora e libertadoramente. Também o pouco tempo que meditamos na sua demanda limita a nossa descoberta e religação a ele.
Na realidade pouca gente sabe ou realizou bem o que é o Amor, para além da experiência imediata de gostar de certas pessoas ou coisas, ou de estar apaixonado e dizer, ou talvez mesmo sentir: eu amo-te. Mas nos níveis mais profundos, subtis e espirituais, íntimos, atmosféricos e universais, pouco o vivenciamos e conhecemos, para além do que algumas religiões, pensadores, místicos ou poetas afirmaram e transmitiram por escrito ou por osmoses iluminantes a discípulos.
Tentarmos compreende-lo melhor exige tanto sinceridade como auto-conhecimento, para que na sua busca interna possamos ir mais fundo do que trazer, à superfície da consciência, emoções, sentimentos, motivações, frustrações e desejos que, estando muito entretecidos com o Amor, ou com os arredores do seu fogo, o impedem de flamejar e de se desvendar clarificadora e libertadoramente. Também o pouco tempo que meditamos na sua demanda limita a nossa descoberta e religação a ele.
Na realidade pouca gente sabe ou realizou bem o que é o Amor, para além da experiência imediata de gostar de certas pessoas ou coisas, ou de estar apaixonado e dizer, ou talvez mesmo sentir: eu amo-te. Mas nos níveis mais profundos, subtis e espirituais, íntimos, atmosféricos e universais, pouco o vivenciamos e conhecemos, para além do que algumas religiões, pensadores, místicos ou poetas afirmaram e transmitiram por escrito ou por osmoses iluminantes a discípulos.
Creem alguns ou admitem que é a energia fundamental do universo, acreditando-se mesmo em certos casos, apesar de toda a violência natural e histórica do ódio e do mal, que a Divindade, a Fonte de tudo, é Amor e deu origem à manifestação cósmica por Amor, como alguns hinos sagrados do Oriente cantam, citados e glosados, por exemplo, por esse grande ser de amor, Rabindranath Tagore e que o próprio Fernando Pessoa quando o leu sublinhou e traduziu em anotação.
Podemos manter esta fé viva na divindade do Amor por uma intuição pessoal e subjectiva, uma aposta ou assentimento interior, pela qual podemos pressentir tais níveis primordiais. Ou então por uma vivência do Amor divino íntimo, certamente sob as limitações da alma humana incarnada, tal como alguns devotos, místicos e mestres ao longo dos séculos alcançaram.
Podemos manter esta fé viva na divindade do Amor por uma intuição pessoal e subjectiva, uma aposta ou assentimento interior, pela qual podemos pressentir tais níveis primordiais. Ou então por uma vivência do Amor divino íntimo, certamente sob as limitações da alma humana incarnada, tal como alguns devotos, místicos e mestres ao longo dos séculos alcançaram.
É claro que, com tal fé-esperança ou então realização, estaremos mais abertos a sentir tal fundo íntimo do ser e corrente universal omnipenetrante e, ainda que constantemente distraindo-nos, discutindo, desiludindo-nos, sofrendo e morrendo, fatalmente renasceremos no Amor vital que é em nós, fiéis do Amor, a fonte íntima e divina do ser, e que é também energia, consciência, dinamismo e felicidade. Algo que portanto nos cumpre meditar e recuperar sempre, tal como na Índia se assumiu com a afirmação e oração Sat Chit Ananda, Eu sou Ser, Consciência e Felicidade.
É certo que estamos a sair constantemente desta sacralidade independente (swaraj) íntima, o que é natural na vida em sociedade, e a gerar expectativas do exterior, as quais muitas vezes são projectadas em pessoas que se revelarão incapazes de satisfazer tais desejos, aspirações e ideais e assim vamos passando por encantamentos e desilusões sucessivas, frequentemente sem nos apercebermos bem das dimensões ilusórias em que nos deixamos enredar, nomeadamente nas motivações e razões de tais esperanças e fracassos dos nossos projectos e acções, amizades, grupos e relações.
Embora cada ser seja único e cada relação única também, o que deveria apelar a uma intensidade de plenitude de cada encontro, descoberta e aceitação do outro, tão bem expressa no dito nipónico ichi go ichi e, uma vez na vida, ou seja, cada momento é único e por vezes tão valioso, passam-se porém tantas analogias ou linhas de força repetitivas nas relações humanas que elas nos devem fazer despertar para melhor discernir e compreender as ilusões e enganos do Amor, quando este é tingido por pequenos defeitos que afectam ou desfiguram a nossa persona, tais como são o egoísmo, a vaidade, o ciúme, a inveja, a ira, persona que no seu sentido primordial na Grécia significava a máscara que o actor assumia para por ela soar a sua mensagem.
Não vamos desenvolver agora o famoso e perene dito o Amor é cego, que aliás já está neste blogue razoavelmente desenvolvido, mas de facto uma certa cegueira quanto aos defeitos tanto facilita a tarefa ou o crescimento do Amor, como evita a desilusão precoce, para além de que o amor é unidade, união e logo diminuição da separatividade crítica.
Em verdade, se sabemos pouco de um ensinamento, de um mestre ou da outra pessoa, ou se os vemos sempre muito positivamente, mantêm-se mais uma tensão amorosa de afinidade, que cria energia amorosa forte e logo um estado mais envolvente entre os dois seres, que certamente depois sobreviverá ou não ao embate da realidade, mas que pelo menos teve assim uma estufa benévola e protectora inicial, geradora de momentos luminosos de encanto, criatividade, descoberta, partilha tanto no caso de um ensinamento como no das pessoas.
No aspecto humano, quando se começa a sentir e a saber muito ou quase tudo de outra pessoa arriscamos a encontrar aspectos que diminuem o sucesso da relação e a gerar-se uma diminuição de atração já que o ser humano congraça constantemente o justo e o agradável, o verdadeiro e o não ainda verdadeiro, pelo que qualquer desilusão pode ocasionar, num mecanismo de reacção, uma aceitação algo derrotada da verdade que nos separa do outro ser, ou da nossa irredutibilidade, o que enfraquece ou termina mesmo o estado de receptividade recíproca geradora, atractora ou desvendadora do Amor. Certamente se o amor ou a afinidade electiva é mesmo forte, então tudo se pode saber e tudo é acolhido, transmutado e assimilado na chama unitiva.
Estarmos muito sintonizados com outro ser na crença que é possível uma união total futura, ou que a união do presente é já em si bem valiosa, pois se sentida intensamente justifica a relação amorosa, mesmo que ainda não aprofundada e testada, é então uma forma de pré-cognição acertada ou de cegueira futurante do amor valiosa, um dos tipos da loucura que Erasmo elogiou na sua obra prima do Renascimento, e que não tem ainda em português uma tradução boa e completa.
O Amor é cego então voluntariamente para poder amar sem estar a ver o que o impediria de ser Amor tão forte, tanto mais que este arde unitivamente para o essencial e a plenitude de cada ser. Também por isso a veemência do Amor à distância ou platónico sempre foi fortemente vivenciada, poetizada e reconhecida ao longo dos séculos, já que na impossibilidade de vermos ou de estarmos juntos, projecta-se o melhor das nossas aspirações e sonhos no outro ser e, se este retribui, então o amor intensifica-se, universaliza-se, vencendo qualquer distância separativa e beatificando os dois seres.
O que poderemos então reconhecer e trabalhar para melhorar a nossa relação com o Amor, seja nesse nível supra-material, essencial e espiritual seja na vivência mesmo próxima e física?
Talvez antes de mais tentarmos consciencializar-nos bem ou com persistência que a fonte do Amor está no nosso coração ou íntimo e, logo, sentir, ver e acolher o outro, os outros, sabendo desprender-nos dos defeitos e desilusões e, simultaneamente, mantendo a comunhão, pelo fogo do Amor no graal do coração, com a Verdade, a Unidade, a Divindade, e sermos portanto portadores e intensificadoras da poção mágica ou sagrada do Amor na Vida, a qual não deve ser desvalorizada, deitada abaixo, dispersada, perdida ou derrotada por todo o tipo de dificuldades que encontramos no Caminho.
É certo que estamos a sair constantemente desta sacralidade independente (swaraj) íntima, o que é natural na vida em sociedade, e a gerar expectativas do exterior, as quais muitas vezes são projectadas em pessoas que se revelarão incapazes de satisfazer tais desejos, aspirações e ideais e assim vamos passando por encantamentos e desilusões sucessivas, frequentemente sem nos apercebermos bem das dimensões ilusórias em que nos deixamos enredar, nomeadamente nas motivações e razões de tais esperanças e fracassos dos nossos projectos e acções, amizades, grupos e relações.
Embora cada ser seja único e cada relação única também, o que deveria apelar a uma intensidade de plenitude de cada encontro, descoberta e aceitação do outro, tão bem expressa no dito nipónico ichi go ichi e, uma vez na vida, ou seja, cada momento é único e por vezes tão valioso, passam-se porém tantas analogias ou linhas de força repetitivas nas relações humanas que elas nos devem fazer despertar para melhor discernir e compreender as ilusões e enganos do Amor, quando este é tingido por pequenos defeitos que afectam ou desfiguram a nossa persona, tais como são o egoísmo, a vaidade, o ciúme, a inveja, a ira, persona que no seu sentido primordial na Grécia significava a máscara que o actor assumia para por ela soar a sua mensagem.
Não vamos desenvolver agora o famoso e perene dito o Amor é cego, que aliás já está neste blogue razoavelmente desenvolvido, mas de facto uma certa cegueira quanto aos defeitos tanto facilita a tarefa ou o crescimento do Amor, como evita a desilusão precoce, para além de que o amor é unidade, união e logo diminuição da separatividade crítica.
Em verdade, se sabemos pouco de um ensinamento, de um mestre ou da outra pessoa, ou se os vemos sempre muito positivamente, mantêm-se mais uma tensão amorosa de afinidade, que cria energia amorosa forte e logo um estado mais envolvente entre os dois seres, que certamente depois sobreviverá ou não ao embate da realidade, mas que pelo menos teve assim uma estufa benévola e protectora inicial, geradora de momentos luminosos de encanto, criatividade, descoberta, partilha tanto no caso de um ensinamento como no das pessoas.
No aspecto humano, quando se começa a sentir e a saber muito ou quase tudo de outra pessoa arriscamos a encontrar aspectos que diminuem o sucesso da relação e a gerar-se uma diminuição de atração já que o ser humano congraça constantemente o justo e o agradável, o verdadeiro e o não ainda verdadeiro, pelo que qualquer desilusão pode ocasionar, num mecanismo de reacção, uma aceitação algo derrotada da verdade que nos separa do outro ser, ou da nossa irredutibilidade, o que enfraquece ou termina mesmo o estado de receptividade recíproca geradora, atractora ou desvendadora do Amor. Certamente se o amor ou a afinidade electiva é mesmo forte, então tudo se pode saber e tudo é acolhido, transmutado e assimilado na chama unitiva.
Estarmos muito sintonizados com outro ser na crença que é possível uma união total futura, ou que a união do presente é já em si bem valiosa, pois se sentida intensamente justifica a relação amorosa, mesmo que ainda não aprofundada e testada, é então uma forma de pré-cognição acertada ou de cegueira futurante do amor valiosa, um dos tipos da loucura que Erasmo elogiou na sua obra prima do Renascimento, e que não tem ainda em português uma tradução boa e completa.
O Amor é cego então voluntariamente para poder amar sem estar a ver o que o impediria de ser Amor tão forte, tanto mais que este arde unitivamente para o essencial e a plenitude de cada ser. Também por isso a veemência do Amor à distância ou platónico sempre foi fortemente vivenciada, poetizada e reconhecida ao longo dos séculos, já que na impossibilidade de vermos ou de estarmos juntos, projecta-se o melhor das nossas aspirações e sonhos no outro ser e, se este retribui, então o amor intensifica-se, universaliza-se, vencendo qualquer distância separativa e beatificando os dois seres.
O que poderemos então reconhecer e trabalhar para melhorar a nossa relação com o Amor, seja nesse nível supra-material, essencial e espiritual seja na vivência mesmo próxima e física?
Talvez antes de mais tentarmos consciencializar-nos bem ou com persistência que a fonte do Amor está no nosso coração ou íntimo e, logo, sentir, ver e acolher o outro, os outros, sabendo desprender-nos dos defeitos e desilusões e, simultaneamente, mantendo a comunhão, pelo fogo do Amor no graal do coração, com a Verdade, a Unidade, a Divindade, e sermos portanto portadores e intensificadoras da poção mágica ou sagrada do Amor na Vida, a qual não deve ser desvalorizada, deitada abaixo, dispersada, perdida ou derrotada por todo o tipo de dificuldades que encontramos no Caminho.
Pintura do mestre russo Nicholai Roerich: Portador do Graal... |
Assim o Amor tanto exige a força fiel guerreira, verdadeira e justa para perseverar no Amor em si, ou para quem se ama e quer amar, ou para o que é necessário na nossa orientação de ser e agir, como também a doçura, a gentileza, a poesia, pois a justiça-força e o amor unitivo devem desenvolverem-se criativa e beneficamente pelos corações e mãos dadas ou juntas, na vida, na sociedade e também muito na Natureza, tão "desamada" e saqueada pela ignorância e ganância de alguns.
Pedimos e recebemos, e logo damos então graças quando a Ordem do Universo, ou Alma Mundo, ou Providência Justiça Divina, nos permite sentir, viver e transmitir mais o Amor Divino, mas saibamos também não ficar presos em estados de expectativa, dependência ou frustração quando as frequências do Amor na vida ora não são alcançadas por nós intimamente, ou não se correspondem entre os seres, ou quando o amor emanado por nós não é bem acolhido, ou quando somos bloqueados e oprimidos, libertando-nos disso sorrindo e desprendendo-nos de tais encadeamentos e ressentimentos, no fundo forçados e ilusórios. "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará", é mantra valioso de ser meditado, e num dos seus sentidos se complementa ou cumpre muito bem noutro mantra do mestre da Palestina: "Onde dois ou três se reunirem me meu nome [na vibração do Amor] eu estarei no meio de vós"
É importante então estarmos conscientes de que o Amor em nós não está só dependente de outras pessoas, pois o vero Amor arde pela sua própria natureza, tal como o Sol irradia as suas frequências vibratórias de amplo espectro sem as dirigir a ninguém em especial.
E estarmos conscientes da pluridimensionalidade da Vida e que devemos também comungar com os espíritos celestiais, os mestres (em especial o subtil mestre interior),e sobretudo com a própria fonte do Amor, a Divindade (para que seus raios e bênçãos cheguem até cada um de nós, interiormente) e, logo, com o Amor espiritual que conseguirmos acender e que não se deixa limitar nas opressões, impossibilidades ou desencontros humanos ou sociais mas que desabrocha numa identidade espiritual íntima realizada, e que se abre e confia ao universal e perene e que pode então nesse nível de intensificação comungar ou viver mais plenamente com outro ser, maxime com a sua alma-gémea...
Tentemos nos nossos recolhimentos de sensibilidade interior ou orações-meditações consciencializar-nos que o Amor é o fogo do Espírito que arde, conforme a Graça Divina que desce, dentro do nosso peito-coração-ser, a nossa força mais íntima e que a devemos nutrir, proteger e valorizar para a podemos aprofundar, desenvolver e partilhar com os seres, as causas, os ensinamento que sentimos que devem ser apoiados e comungados, ou que verdadeiramente amamos, em liberdade, criatividade, verdade e unidade...
Aum Tat Sat... Tu és esta Verdade... Tu és Isso Divino...
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