Pintura do mestre russo Nicholai Roerich |
Transcrição, bem ampliada, de uma pequena página de um bloco de notas-diário, já com bastantes anos.
Quando, pela nossa
aspiração e amor à Divindade, a sua Presença faz-se sentir em nós, então
Ela pode quase falar-nos ou dirigir-se-nos, pelo menos dizendo ou
fazendo sentirmos: - Eis-me aqui, como amor, paz, alegria...
O Amor é realmente o canal de ligação da Divindade com todos os seres humanos e quando circula entre eles a Divindade está presente, certamente em função da nossa maior ou menor entrega, merecimento e sensibilidade a tal comunhão e osmose.
Assim, mesmo os que já partiram,
os mortos ao mundo físico, para as pessoas com o amor mais desperto e a circular em si, não estão mais longe e podem receber de nós as
vibrações ou emanações em que estamos, e em espacial o Amor, e podem-nos igualmente
transmitir (em sonhos, subtis toques e meditações) alguma sensibilidade e discernimento acerca das pessoas, situações e ambientes que nos rodeiam e que frequentemente nos escapam ou iludem. É a famosa comunhão no Corpo místico da Humanidade, entre nós tão mencionada por místicos e místicas, ou poetas como Antero de Quental e Fernando Pessoa...
Já os seres que se tornam
seguidores de preceitos rígidos, religiosos ou morais, nas suas atitudes e comportamentos,
fossilizam-se em relação a estas e outras realizações mais íntimas e elevadas, as quais exigem
aspiração e meditação, receptividade e fluidez. Por vezes é a criança inocente, a jovem
despreocupada, que furam as limitações sociais, mergulham nas profundezas anímicas e
fazem circular as energias comungáveis. É o valor de qualidades como a sensibilidade interior, a espontaneidade, a pureza, a sinceridade e a entrega criativa e plena ao presente, que devemos manter vivas em nós, cultivando-as, mesmo que em contracorrente com o que a sociedade neoliberal e autoritária tenta fomentar ou impor, nomeadamente pela meditação, a oração, a contemplação, a criatividade...
Das meditações mais
profundas são aquelas em que o nosso ser se torna um cálice, um graal, cheio
de aspiração para ser enchido pelos raios e bênçãos da Divindade, e consegue sentir clarificação, ver luz, sentir o amor e emanar tal, subtilmente, psico-electrico-magneticamente...
Abertos à Divindade, aspirando a Ela, é então que a respiração se torna uma autêntica comunhão-meditação, pela qual o nosso ser pessoal se vai tornando progressivamente mais consciente e sensível ao espírito vivo e palpitante dentro de si.
Estamos sempre realmente com acesso ou ligados ao subtil plano supramental búdico [do sânscrito Buddhi, de luz e sabedoria], do Amor, mas não estamos suficientemente abertos a ele, nem conscientes, pois só vemos o plano físico e quanto ao resto dos múltiplos planos e estados de consciência superiores consideramos no Ocidente serem apenas construções ou conceptualizações cerebrais, neuronais.
Se tentarmos tornar-nos um pouco mais conscientes destes planos em que temos o nosso pluridimensional ser, expandiríamos bastante a nossa consciência e até os corpos subtil e espiritual com que estamos dotados e já não estaríamos tão sujeitos à manipulação da ciência materialista e dos media de que somos apenas corpos físicos e cérebros, pela qual as pessoas acabam por se zombificar bastante, nomeadamente via narrativas oficiais e censuras das redes sociais, perdendo a sua liberdade interior e exterior e a sensibilidade à Natureza e ao Espiritual.
Quanto a Deus, Pai e Mãe, Ele é como o Espelho do Infinito espaço, do Akasa, onde todos os nossos actos, pensamentos e sorrisos se refletem, passam e se transmutam, mas é primacialmente e verdadeiramente o doador de tudo, a Fonte, pelo que Lhe devemos pedir mais religação e amor, nas nossas práticas, orações e acções
As religiões ficam algo ineficazes porque frequentemente limitam a liberdade de elevação, a espontaneidade e a criatividade dos seus fiéis, sujeitando-as a ritos e práticas algo já costumeiras e onde o espírito libertador não sopra, embora certamente estejam nelas os ensinamentos formadores e libertadores, em especial dos seus mestres e místicos, santas e santos que conseguiram verdadeiramente ver e vivenciar no íntimo o espírito, o amor, o mestre, a Divindade.
Todos nós devíamos assim, mesmo os que já não se sentem obrigados por preceitos ou ritos, a ter ainda assim alguns amigos mais íntimos: os autores ou mestres que mais gostamos, e até de uma ou mais religiões, e volta e meia dialogar com eles, com suas metodologias e palavras, e por aí chegar melhor às inspirações do campo unificado de energia consciência e às bênçãos Divindade e dos seus mais próximos que possamos em nós merecer manifestarem-se.
Boas orações, realizações e graças!
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